sexta-feira, 18 de abril de 2008

Cuba liberaliza agricultura:
de volta ao capitalismo?


Anunciadas discretamente, medidas visam sanar enorme déficit alimentar da ilha e retomam um antigo debate: como organizar a produção, em sociedades não comandadas pelo mercado?
As duas medidas começaram a ser adotadas sem alarde: nenhum discurso de dirigentes, nenhum artigo no Granma ou no Juventud Rebelde. Mas são para valer. Em diversas reuniões regionais com produtores rurais, autoridades do ministério da Agricultura de Cuba têm anunciado que: a) o planejamento da produção rural deixará de ser feito em Havana, e passará ao plano local; b) os agricultores poderão comprar autonomamente os insumos (ferramentas, equipamentos de irrigação, fertilizantes, cercas e roupas apropriadas) de que precisam para produzir, ao invés de recebê-los do Estado. As primeiras lojas já foram abertas. Não se aceitam pesos cubanos — apenas CUCs, atrelados ao dólar.

As mudanças confirmam o sentido de dois discursos pronunciados pelo novo presidente, Raúl Castro, nos últimos meses. Em julho do ano passado, ao falar na província agrícola de Camaguey, ele preconizou mudanças “estruturais” no campo, considerando-as necessárias para produzir mais alimentos e reduzir a dependência externa. Em 24 de fevereiro último, ao assumir o posto que era de seu irmão, ele afirmou que algumas restrições impostas aos camponeses “causam mais mal que bem” e prometeu eliminá-las em breve. Além disso, o secretário de Cultura do Partido Comunista Cubano, Eliadas Acosta, acaba de declarar (19/3) à imprensa internacional que o governo está estudando uma série de medidas “que o povo espera e são necessárias”. Não especificou quais são.

É possível que o semi-sigilo em torno das últimas decisões esteja relacionado ao prolongado (e quase sempre tenso) debate que a tradição marxista travou, pelo menos desde a Revolução Soviética, sobre o papel do planejamento estatal na construção do socialismo. Muitos dos participantes desta polêmica veriam as decisões agora adotadas em Cuba como um retorno à lógica do capital. Era esta a posição que prevalece na ilha hoje — embora tenha havido diversos ziguezagues, desde a tomada do poder pela guerrilha comandada por Fidel, em 1959.

A crítica do marxismo ao mercado era precisa.
O problema foram as alternativas…


Para o marxismo do século 20, a construção do socialismo baseava-se na conquista do poder e no controle da produção. O mercado era visto (corretamente…) como uma máquina de produzir desigualdades e irracionalidade. Ele tende a criar um abismo cada vez mais largo entre os mais e os menos favorecidos, numa sociedade. Imagine, para um exemplo muito simples, uma feira livre onde os camponeses oferecem diretamente seus produtos ao público. Aqueles que têm solo mais fértil, água mais abundante, conhecimentos ou capacidade empreendedora superiores, poderão vender produtos melhores ou mais baratos, conquistar fregueses, ampliar seus ganhos, adquirir máquinas e equipamentos que os tornarãm cada vez mais eficientes e competitivos.

Devido à própria eficiência, obrigarão os demais a vender suas terras, tornar-se assalariados e… ser demitidos, por ocasião das ondas de modernização tecnológica. O mesmo mercado, cujas leis básicas são o egoísmo e o lucro, estimulará os agricultores, neste exemplo, a devastar florestas e utilizar maciçamente agrotóxicos e sementes transgênicas. Farão isso sempre que houver relação custo-benefício favorável — ainda que as conseqüências para a natureza, ou a saúde dos consumidores, sejam ruins.

Preciso na crítica, o velho socialismo fracassou em oferecer uma saída superior ao comando dos mercados. A estatização da produção (em Cuba, 90% do PIB é gerado em empresas sem nenhuma autonomia real frente ao Estado) e o planejamento central separaram (”alienaram”) quem produz de quem decide. Ao invés de empreender, esperam-se ordens. Todas as decisões essenciais sobre o que e como produzir no setor rural da ilha eram tomadas, por exemplo, no edifício de 17 andares do ministério da Agricultura. Os próprios dirigentes locais do ministério eram vistos como “gente que apenas joga os problemas para a frente, porque não tem nem recursos, nem poder, para resolver nada”, segundo o presidente de uma cooperativa agrícola ouvido por Mark Frank, repórter da Agência Reuters.

Os agricultores queixavam-se. “A terra não espera, quando precisa de algo”, disse a Patrícia Grogg (da Agência IPS), Rubén Torres, um agricultor familiar de Villa Clara. Talvez por isso, a ineficiência da produção cubana de alimentos é caricatural. As importações necessárias para manter a população (11 milhões de habitantes, menor que a da cidade de S.Paulo) alimentada ultrapassam 1 bilhão de dólares ao ano, num país com enorme carência de divisas. A comida que um cubano médio pode adquirir num mercado é certamente menos variada, e de pior qualidade, do que a que se obtém na “xepa” de uma feira livre de uma capital brasileira.

As reformas são provocadas pela necessidade de encarar
o pós-Fidel. Mas julgá-las “capitalistas” seria grosseiro


As reformas são certamente impulsionadas pelo fim da era Fidel. Por quanto tempo uma população bem-formada, instruída e crítica poderá suportar a penúria alimentar (e a de itens básicos em geral), quando já não houver mais o símbolo humano que corporifica a revolução e suas conquistas?

Julgar que as novas medidas são, por si mesmas, um “retorno ao capitalismo”, seria empobrecer ao extremo o leque de alternativas ao sistema. Não haverá, além do estatismo, outras formas superar as lógicas do capital? Por que não dar ao agricultor liberdade de produzir — estabelecendo ao mesmo tempo, por exemplo, um sistema de tributos que redistribua a riqueza; normas severas de proteção ambiental; estímulos aos que optam por cultivar produtos orgânicos?
Reorganizar a produção de riquezas é um dos grandes desafios de Cuba, nos próximos anos. Será preciso (e não apenas no campo) superar a fase do planejamento burocrático, mantendo ao mesmo tempo conquistas como a igualdade, o acesso de todos a Educação e Saúde excelentes, o elevado nível cultural da população.

Haverá, certamente, impasses e solavancos. Instituído para atrair dólares e custear as importações, o sistema de duas moedas é uma terrível armadilha. Amplia incessantemente os privilégios dos cubanos com acesso a divisas estrangeiras, desfazendo a idéia de que todo es para todos e corroendo um dos trunfos simbólicos da revolução. Além disso, décadas de centralismo minaram a capacidade de empreendimento e autonomia.

Mas as mudanças revelam que a liderança cubana não está acomodada ao legado de Fidel, nem se limita a seguir burocraticamente seus passos. Busca saídas. É possível que aposte em trunfos como uma população intelectualmente refinada e criativa, ou o apoio e solidariedade internacional que Cuba sempre desperta, quando lança ao mundo sinais de esperança.

Créditos: EsquinaDemocratica

Egberto Gismonti - Dança das Cabeças (1977)



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Mariza Abreu x Professores


A edição de hoje do Diário Oficial do Estado indica que a secretária estadual de Educação, Mariza Abreu, resolveu partir para o confronto com as entidades que representam os professores. Contrariando posicionamentos históricos de ex-secretários de Educação, Abreu preteriu os nomes preferenciais da lista tríplice indicados pelo CPERS para ocupar as vagas no Conselho Estadual de Educação. Mas não foi só. A secretária também preteriu o nome indicado pelo Sindicato dos Professores do Rio Grande do Sul (Sinpro).

Enquanto isso, professores realizaram plenárias em seis municípios do Estado. Segundo o CPERS, as aulas foram suspensas em pelo menos 40 escolas de Porto Alegre, Caxias do Sul, Passo Fundo, Cachoeira do Sul, Santiago, Carazinho e Santana do Livramento. Em debate a pauta de reivindicações entregue ao governo do Estado no fim de março que, segundo os professores, até agora não avançou. Em Passo Fundo, centenas de educadores e estudantes promoveram uma caminhada no centro da cidade em protesto contra a política educacional do governo Yeda.

Na avaliação do CPERS, a intransigência de Mariza Abreu está impossibilitando qualquer avanço na discussão de temas que preocupam educadores, pais e estudantes. O Rio Grande do Sul está retrocedendo em suas políticas educacionais, denuncia o sindicato. “O Estado passou a conviver com salas de aula superlotadas, multisseriação e falta de professores e de funcionários. A precarização avança com o fechamento de laboratórios e bibliotecas”. No dia 25 de abril, os professores da rede pública estadual realizam sua segunda assembléia geral, no Gigantinho, em Porto Alegre.

Créditos:

Mephisto


Alemanha, 1930. Hendrik Höfgen (Klaus Maria Brandauer), é um ambicioso ator que não se interessa por política, se dedicando somente à sua carreira. Porém, quando os nazistas começam a tomar o poder, ele aproveita a oportunidade para interpretar peças de propaganda nazista para o Reich, e logo acaba se transformando no mais popular ator da Alemanha. Consumido pela fama, Handrik agora precisa sobreviver em um mundo onde a ideologia do mal é seu pior pesadelo e o verdadeiro preço da alma de um homem, se transforma na medida mais desprezível de todas.
créditos: Makingoff - parkyns
Gênero: Drama
Diretor: István Szabó
Duração: 144 minutos
Ano de Lançamento: 1981
País de Origem: Hungria / Alemanha
Idioma do Áudio: Alemão
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0082736/

Qualidade de Vídeo:
DVD Rip
Vídeo Codec: XviD
Áudio Codec: MP3
Áudio Bitrate: 128 kbps
Frame Rate: 23.976 FPS
Tamanho: 696 Mb
Legendas: No torrent


Klaus Maria Brandauer ... Hendrik Hoefgen
Krystyna Janda ... Barbara Bruckner
Ildikó Bánsági ... Nicoletta von Niebuhr
Rolf Hoppe ... Tábornagy
György Cserhalmi ... Hans Miklas
Péter Andorai ... Otto Ulrichs
Karin Boyd ... Juliette Martens
Christine Harbort ... Lotte Lindenthal
Tamás Major ... Oskar Kroge, színigazgató
Ildikó Kishonti ... Dora Martin, primadonna
Mária Bisztrai ... Motzné, tragika
Sándor Lukács ... Rolf Bonetti, bonviván


- Vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro (1981)
- Vencedor do Prêmio de Melhor Roteiro em Cannes (1981)
- Indicado à Palma de Ouro em Cannes (1981)
- 7 outros prêmios conquistados. Lista completa em http://www.imdb.com/title/tt0082736/awards
István Szabó, diretor de Mephisto, nasceu em Budapeste, no dia 18 de fevereiro de 1938. Diplomou-se pela Escola Superior de Artes Teatrais e Cinematográficas, saindo da qual começou a rodar curtas-metragens (Concerto, Variações sobre o mesmo tema, Você). Seu primeiro longa-metragem foi Tempo de sonhar, seguido por biografias de gerações (Pai, Filme de Amor, Rua dos Bombeiros nº 25), seguido do filme alegórico intitulado Histórias de Budapeste. Em 1979 rodou sua obra intitulada Confiança, também indicada para o Oscar, reconhecimento que acabou vindo somente com seu filme seguinte, Mephisto, baseado num romance de Klaus Mann, e rodado em 1981. (Dentre seus filmes posteriores, Coronel Redl e Hanussen também tiveram indicações para o Oscar). Além de filmes para o cinema, fez também filmes para televisão e óperas. É vice-presidente da Academia Européia de Artes Cinematográficas desde 1991, e membro de diversas instituições nacionais e internacionais de cinema. É um excelente artista detentor do prêmio Kossuth.

Ganhou o Prêmio Joseph Pulitzer em 1996 pela produção da série "O cinema faz cem anos" da TV húngara Magyar Televízió. Em 1997 ganhou o prêmio Corvinus do Instituto Europa de Budapeste. É também importante sua atividade pedagógica: leciona como professor universitário desde 1985 na Universidade de Artes Teatrais e Cinematográficas.

Seu filme intitulado O gosto da luz do sol (Sunshine) produzido em 1999, ganhou o Prêmio de Cinema Europeu, e no ano 2000 foi eleito pelo The National Board of Review norte-americano, a Associação Nacional de Críticos, como um dos dez melhores filmes do ano.
Crítica
Mephisto é uma angustiada reflexão sobre a manipulação que os sistemas de força impõem aos indivíduos. O ator Heindrick (numa extraordinária interpretação do austríaco Klaus Maria Brandauer), que, no passado, em Hamburgo, esteve ligado a um teatro bolchevique, revolucionário e antiburguês, torna-se em Berlim mais uma força do nazismo, que acaba por manipular sua criatividade.

A linguagem de Mephisto é sóbria e sombria; há sempre uma objetividade muito forte, apesar dos símbolos goethianos de que se vale o cineasta húngaro. Buscando em Mefistófeles um equivalente da alma alemã (vendida ao nazismo), Mephisto é um trabalho de extrema sinceridade sobre a manipulação que o poder totalitário exerce sobre a personalidade das pessoas.

Se o nazismo se vale do facho de luz para atordoar os indivíduos e melhor dominá-los, o cinema, nas mãos de autores como István Szabó, dele se utiliza para aclarar a cabeça dos espectadores e alertá-los do perigo de ver estancadas suas aspirações mais pessoais graças à ingestão, em seu interior, dum simples facho de luz. (Eron Fagundes)

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