sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Dias de Nietzsche em Turim,
de Júlio Bressane



Sinopse:
A recriação do período entre abril de 1888 e janeiro de 1889, em que o filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900) viveu na cidade de Turim, na Itália. Foi lá que Nietzsche escreveu alguns de seus textos mais conhecidos, como "Ecce Homo", "Crepúsculo dos Ídolos" e "Os Ditirambos" e entregou-se totalmente às suas próprias idéias, envolvendo-se com a arte, a ciência e sua própria vida.


Gênero: Drama
Origem/Ano: BRA/2001
Direção: Júlio Bressane
Roteiro: Júlio Bressane e Rosa Dias

Formato: rmvb
Áudio: Português
Duração: 84 min
Tamanho: 281 MB
Partes: 3
Servidor: Rapidshare


Elenco:
Fernando Eiras...Friedrich Nietzsche
Tina Novelli...Cândida Fino
Paulo José...David Fino
Leandra Leal...Irene Fino
Mariana Ximenes...Julia Fino
Paschoal Vilaboin…Alfaiate

Crítica:
Arrowhttp://www.contracampo.com.br/31/diasdenietzsche.htm








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...mais um Clássico do cinema mundial...



Le Mépris(O Desprezo), 1963.

formato: rmvb
tamanho: 340 mb
idioma: francês
legendas: PT-BR

Direção: Jean-Luc Godard
Roteiro: Jean-Luc Godard
Fotografia: Raoul Coutard
Música: Georges Delerue
Produção: Georges De Beauregard.
Elenco: Michel Piccoli, Jack Palance, Jean-Luc Godard, Brigitte Bardot, Giorgia Moll, Fritz Lang, Raoul Coutard, Linda Veras
Cor. 35mm. 103 Min
França/Itália. 1963


Sinopse: O roteirista Paul Javal é contratado para trabalhar no script de uma adaptação de “A Odisséia”, que está sendo dirigida por Fritz Lang em Capri, Itália, e produzida por Prokosch. Num dia, Javal deixa a mulher, Camille, pegar uma carona com Prokosch, e acaba se atrasando para encontrá-la. Camille pensa que o marido a está usando como um “presente” para o produtor, e o casamento se desfaz.

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...e continuam falando mal de Cuba...

Atendidos por médicos cubanos oito milhões de bolivianos

LA PAZ. — A brigada cubana de colaboradores da Saúde na Bolívia cumprimentou o Dia da Medicina Latino-americana, que é celebrado cada 3 de dezembro, com o atendimento gratuito a oito milhões de pacientes.

De acordo com um comunicado da embaixada de Havana em La Paz, atualmente prestam serviçosnesse país mais de 2 mil profissionais desse setor, dos quais 1.533 são médicos.

De fevereiro de 2006 — quando chegou a brigada em meio a emergência por inundações — e até a data, os médicos da Ilha salvaram 9.382 vidas e atenderam 6.543 partos, acrescente esse texto.

Outro avanço da presença dos médicos cubanos na Bolívia é que de agosto de 2005, quando começou a Operação Milagre, recuperaram a visão até este mês de novembro, mais dee 184.080 pessoas de baixas rendas.


Ah! como o poder seduz!... e seduziu os petistas...

Andanças militantes



Wilson Lopes

Um reencontro entre militantes num jantar regado a café, leite, alguns salgados, um pote de margarina e meio pacote de bolachas de sal. Na pauta da conversa solta: uma trajetória de luta que se encontrava. No centro das atenções: moradores de rua, sem-terras, desempregados, sem-tetos, marginalizados e oprimidos de nosso povo. Temáticas principais, em torno das quais se delinearam a caminhada de militantes e de governo.

Um reencontro de andanças militantes. Esta a experiência que me fora oportunizado vivenciar dias atrás, com uma antiga companheira de luta e seu companheiro, um trabalhador que a duras penas conseguira construir sua casa própria e que recém descobrira a luta, após quarenta anos vivenciados somente no interior das fábricas.

O reencontro com militantes que mantiveram sua fidelidade aos pobres e que não deixaram se cooptar pela atual conjuntura de um governo que a cada dia se torna mais neoliberal, sempre traz um sopro de vitalidade. Reencontrar antigos/as companheiros/as é com certeza renovar-se no caminho de quem não se cansa de refazer o compromisso com as origens. É viver esta volta à fonte, de quando se aspirava por um governo saído do meio do povo com uma proposta de governar para e com o povo.

Por um lado lembranças de lutas, de greves e mobilizações e a certeza de que a militância-popular ainda conserva o seu ardor. Por outro, sofridas dores de ter que cortar na própria carne as partes que se deixaram cooptar e que hoje se tornaram redutos de privilégios, capitaneados pela mesma elite até ontem combatida.

Recordações de velhos combatentes que até ontem sentiam orgulho de estarem com o povo, de serem chamados de populares e que não se envergonhavam de suas vestes surradas, de amassarem barros, de andarem em meio aos esgotos abertos ao céu, de percorrerem becos e vielas das favelas, de marcarem ponto nos acampamentos e assentamentos e que se sentiam vivos em meio às mobilizações, às greves e aos enfrentamentos.

Militantes que outrora entravam no palácio do planalto esbravejando palavras de ordem, criticando ações políticas e econômicas com clareza e razoabilidade conjuntural, sem a mínima vergonha de seus trajes de trabalhadores, convictos da classe a que pertenciam e mais convencidos ainda de que as mudanças viriam da luta do povo.

Militantes estes que pouco a pouco se viram envolvidos pelo manto da resignação. Estranhamente seus procedimentos e suas palavras passaram a transmitir excesso de tolerância, silêncio em demasia, afirmações do tipo “sempre foi assim”. E antes que se pudesse imaginar, o espírito de luta que antes movia estes companheiros se arrefeceu. Aprisionado na teia da cooptação, estes lutadores já não mais são povo, agora são governo.

Lembranças amargas de um governo que paulatinamente migrou do chão da fábrica para o escritório do patrão. Dores pelos militantes que ao adentrarem os corredores do palácio do planalto, facilmente deixaram sua essência de lutadores para trás. Que sem muita resistência aderiram aos “protocolos palacianos” e que já não mais se reconhecem dentro de suas antigas lutas, nem de seus antigos ideais.

Militantes que depois de um tempo percorrendo o palácio do governo cercaram-se de mimos, e já não mais esbravejam, apenas sussurram mansamente pedindo calma; já não mais criticam e sim defendem, afirmando que o governo está fazendo o impossível; que não querem mais saber de suas vestes amarrotadas, mas fazem questão do terno e da gravata; e já não mais partilham pão com mortadela e churrasco de lingüiça com companheiros e companheiras, nas praças e ruas, mas preferem os restaurantes requintados, com seus pratos exóticos, na companhia de antigos adversários.

E assim desta forma, a grossa crosta de poder e riqueza impregnados nas paredes daquele “nobre recinto palaciano”, outrora construído como espaço de representatividade do povo, vai passando para o corpo dos aguerridos militantes, corrompendo-os. Cooptados eles esquecem não somente quem eram, mas a quem representam e a responsabilidade que carregam por terem sonhados juntos o sonho de milhões de pessoas do povo que neles confiaram.

Sonhos, projetos, companheiros e companheiras, jazem nos corredores do palácio do planalto. Os companheiros de ontem são recebidos às escondidas. Afinal, o que pensarão os diretores-presidentes das grandes corporações? Como seremos vistos lá fora na companhia destes... Um momento de lucidez e um olhar para trás chama-os à atenção, desvanecidas as lembranças, logo se dão conta de que agora são governo e como governo... Como esquecer a irrefutável verdade de que “a cabeça pensa a partir de onde os pés pisam”.

Amargas lembranças e dores infindáveis pelos companheiros que se deixaram picar pela “mosca azul do poder”(Frei Betto), fazendo emergir a mais cruel de todas as patologias políticas: o “câncer da corrupção”. Amargas constatações de um governo “salomônico” que vê em cada aliança, um “casamento político”. De costas para o povo, vai defendendo corruptos e acobertando velhas raposas. Alimentando cobiças e ganâncias escabrosas em troca da votação de projetos que espoliam ainda mais os que quase nada têm, com pesadas taxações. Sem projeto para o povo, entrega um “pote de ouro” às multinacionais e aos banqueiros, e recebe uma moeda de volta.

E assim lá se vão as andanças de um governo que de discurso em discurso engana o povo e se auto-engana. Que alardeia a CPMF como um imposto para taxar os ricos e que na prática afeta diretamente os pobres. Que argumenta enfaticamente que todo o dinheiro do imposto vai direto para a saúde, quando a situação dos hospitais e postos de saúde mostram descaso e abandono. Poderia se perguntar: A CPMF é para quem mesmo?

De Napoleão Bonaparte se dizia possuir tamanha eloqüência que era capaz de fazer qualquer opositor indignado que adentrava seu palácio esbravejando, sair de lá louvando e desejando vida longa ao rei, vida longa ao rei. Parece que esta eloqüência deixou a França do século XVIII, para aportar no Brasil do século XXI.

Um governo que pode arrogar para si duas façanhas, até então, impensáveis: o fortalecimento ainda mais dos ricos e o enfraquecimento ainda mais dos pobres. Nunca os banqueiros e os grandes empresários lucraram tanto. Já os pobres... bem, os pobres tiveram que se contentar com o Programa Bolsa Família, uma espécie de nacionalização do assistencialismo. Enquanto a reforma agrária sequer entra na pauta do governo, o agronegócio está na ordem do dia. Enquanto os sem-terras são recebidos às escondidas, os usineiros são tratados como heróis.

Constatar que alguns militantes foram “incendiários ontem, bombeiros hoje” chega a causar desalento. Contudo, seria ingenuidade não fazê-lo. O mais coerente é chacoalhar estes velhos e aguerridos companheiros para que acordem e recordem a base de onde vieram. Mas que não deixem para fazer isto somente em tempo de eleição, pois isto seria uma atitude desrespeitosa, mesquinha e vil, além de desmedida falta de caráter, de coerência e de compromisso para com o povo.

Recordem estes lutadores que a luta não é feita de dentro do palácio do planalto. Ela nasce e se frutifica do lado de fora, na rua, nas mobilizações, na periferia, debaixo dos viadutos, nos acampamentos e assentamentos, na greve dos trabalhadores e desempregados.

Onde a esperança vence o medo? No povo, não no governo. O governo passa, o povo fica. Ao governante terá restado o peso histórico de ter realizado ou frustrado não o seu sonho, mas o sonho de milhares de sem-terras, moradores de rua, desempregados, sem-teto, gente pobre e simples do povo, que depositaram nele sua confiança.

Ainda há esperança? Sim. E como há! Esta teima em não se desvanecer. Ainda é tempo de acordar? Claro que é. Sempre é tempo. Enquanto houver militantes que guardam a proposta original e a defende mesmo sendo destituídos de seus cargos ou tendo que se destituir deles, por fidelidade aos pobres, ainda há esperança.

São estes militantes, que por manterem seu espírito de liberdade e de indignação intactos dos privilégios, é que mostram o quanto o governo tem se afastado do povo. São estes “lutadores que lutam a vida toda, e por isto são indispensáveis”, no dizer de Bertold Brecht, que por carregarem consigo a chama acesa de um projeto possível, é que mostram que o sonho sonhado e desejado por muitos não está morto e que ainda é possível concretizá-lo. É tempo de renovar a esperança, é tempo de acordar!

Wilson Aparecido Lopes é assessor da Pastoral do Povo da Rua em Osasco (SP) e do MST na Grande São Paulo.

Privatização da revolta



Frei Betto

A violência urbana privatiza a revolta, individualizada na ação deletéria do bandido que, movido pela ambição desmedida, extrapola os limites da lei e da ordem para saciar seus desejos.

Numa sociedade marcada pela desigualdade e pela “cultura da morte”, denunciada por João Paulo II, a lei do talião tende a prevalecer sobre a ação política capaz de assegurar à maioria condições dignas e pacíficas de vida.

O mais grave, porém, como o comprova o filme “Tropa de elite”, é a polícia e o cidadão, céticos frente aos recursos legais, como o Judiciário, adotarem o mesmo procedimento dos bandidos. Prende-se ao arrepio da lei, tortura-se, esfola-se, mata-se, reduzindo caso de política a caso de polícia.

Restaura-se a Lei de Lynch, agora turbinada pelo sofisticado apelo à terceirização: já não é preciso que o cidadão suje as mãos de sangue ao linchar o bandido. A polícia é paga para que o faça, respaldada pela impunidade e o apoio desse segmento da população convencido de que “bandido bom é bandido morto”.

O paradoxal é que os mesmos que defendem o método “olho por olho, dente por dente” são contrários aos direitos humanos... exceto os deles! Eles, sim, querem para si todos os direitos da Carta da ONU, que em 2008 comemorará 60 anos.

O paradoxo se explica por serem portadores da mesma anti-ética do preconceito e da discriminação que motivou colonizadores ibéricos ao massacre dos indígenas da América Latina; Hitler ao holocausto dos judeus; Bush ao genocídio no Iraque.

É dom de Deus a biodiversidade. E deveria nos servir de parâmetro para a vida social, sem transformarmos a diferença em divergência, como ocorre com freqüência entre patrão e empregado, branco e negro, ocidental e oriental etc.

É o que sublinha o episódio bíblico da Torre de Babel. Seus construtores a erigiam movidos pelo orgulho de “falarem uma só língua” (unanimidade) e de inverterem, prometeicamente, a relação entre Criador e criaturas: a torre simbolizava o poder humano de penetrar os céus e destronar Javé. Este, porém, preferiu a pluralidade à unanimidade, diversificando a linguagem. O que aos humanos pareceu confusão e maldição, era bênção aos olhos divinos.

O preconceito, raiz da discriminação, nos é incutido pela cultura advinda da família, da escola, da mídia. Faz-me temer o semelhante porque ele não se veste tão bem quanto eu; não tem uma aparência que me agrada; adota atitudes que suspeito ameaçadoras; manifesta idéias que não coincidem com as minhas,...

Em nenhum momento o preconceituoso se dá conta de que ele é mero acaso da loteria biológica. Não escolheu a família e a classe social em que nasceu. E num mundo em que, de cada 3 nascidos vivos, 2 nascem condenados à pobreza e à miséria, o privilégio de estar acima da linha da pobreza deveria ser encarado como uma dívida social.

Pior é quando aquele que procede da pobreza é investido de uma função de poder – como integrar o aparato policial-militar – e passa a tratar como dessemelhante o semelhante de origem. Basta observar uma batida policial em favelas e periferias.

Outrora, a violência urbana ocorria, no Brasil, como fenômeno no varejo, a ponto de um bandido famoso como Meneghetti se gabar de jamais ter causado dano físico às suas vítimas. Hoje, ocorre no atacado, com gangues organizadas, do narcotráfico (abastecido pelo mesmo consumidor que aplaude o policial que mata bandidos) aos comandos carcerários. O Estado, também cego às causas, trata de fazer PAC da Segurança, construir prisões, equipar a polícia, prometer rigor, fazer vista grossa à repressão que, primeiro atira, depois pergunta...

Os apologistas de Lynch não percebem que, enquanto as causas da violência não forem atacadas, eles também se tornam vítimas da mais sutil violência: o medo interiorizado. Temem sair à noite; gastam fortunas com esquemas de segurança, do alarme em carros às trancas de portas; vivem confinados na síndrome do pavor. É o arrastão psicológico, que induziu a maioria a aprovar, em plebiscito, o comércio privado de armas.

É tudo que o sistema espera de todos nós: mudemos os métodos, não o próprio sistema. Assim, aprimoram-se os recursos repressivos – escutas telefônicas, vigilância eletrônica, gases paralisantes – sem abrir os olhos à cultura do óbvio, apontada pelo profeta Isaías há 2.700 anos: só haverá paz como fruto da justiça. O que, em termos atuais, significa que, sem democracia econômica, a democracia política será sempre um arremedo virtual.


Frei Betto é escritor, autor, em parceria com Mario Sergio Cortella, de “Sobre a esperança”(Papirus), entre outros livros.