segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Ato de solidariedade ao povo palestino nesta terça, na Assembléia Legislativa do RS


Do blog RsUrgente


A Federação Árabe Palestina do Brasil, o Comitê de Solidariedade ao Povo Palestino e um conjunto de outras entidades e organizações sociais e políticas promovem nesta terça-feira (13), às 10 horas, no Plenarinho da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, um ato de solidariedade ao povo palestino e contra o massacre promovido por Israel em Gaza. Após o ato, será realizada uma marcha pelo centro de Porto Alegre.

O Comitê de Solidariedade ao Povo Palestino defende as seguintes propostas:

1) A luta pela imediata retirada das tropas israelenses do território palestino;

2) O imediato reconhecimento do Estado Palestino;

3) O boicote aos produtos israelenses. A idéia é não comprar produtos fabricados pelos sionistas, que hoje escondem o “Made in Israel” para driblar a repulsa mundial, mas tem o código de barras iniciado com o número 0729;

4) Rompimento das relações diplomáticas entre Brasil e Israel;

5) Não ao acordo Mercosul/Israel;

6) Responsabilização pelas atrocidades cometidas por Israel.

AS VINHAS DA IRA - 1940 - CLÁSSICO DO CINEMA




Titulo original:The Grapes Of Wrath
Duração:129 minutos (2 horas e 9 minutos)
Gênero:Drama
Direção:John Ford
País de origem:EUA/1940
Roteiro:Nunnally Johnson, baseado em livro de John Steinbeck
Fotografia:Greg Tolland
Direção de arte:Richard Day
Figurino:Gwen Wakeling
Áudio: Inglês
RMVB Legendado PT
P/B
Créditos: F.A.R.R.A. - Eudes Honorato






Elenco
* Henry Fonda .... Tom Joad
* Jane Darwell .... Ma Joad
* John Carradine .... Casy
* Charley Grapewin .... avô Joad
* Dorris Bowdon .... Rose-of-Sharon Rivers
* Russell Simpson .... Pa Joad
* O.Z. Whitehead .... Al Joad
* John Qualen .... Muley Graves
* Eddie Quillan .... Connie Rivers
* Zeffie Tilbury .... avó Joad





Sinopse
É a história de uma família de pequenos agricultores que, expulsos de suas terras no Oklahoma durante a depressão, atravessam o país em busca de melhor sorte na Califórnia.
Ambientado na época da grande depressão que assolou os Estados Unidos nos anos 30, o filme escolhe uma família de fazendeiros para representar o drama de todas as outras que tiveram que deixar suas terras à força, oprimidos pelo "progresso" e o avanço industrial, comandados por antagonistas que não tinham rosto: os bancos e o capitalismo.
Este detalhe é ilustrado no filme, quando um pobre fazendeiro, desesperado em conter o avanço dos tratores que vieram destruir sua casa, não sabe para quem deve apontar sua arma. Antes, o "inimigo" era uma pessoa física, agora é uma instituição privada. Não há nada que eles possam fazer a não ser encarar a estrada e partir para um espécie de exôdo que tem paralelos com o da bíblia.

Crítica:


As Vinhas da Ira
(Grapes of Wrath, The, 1940)
Por Alexandre Koball



O melhor trabalho de John Ford e um dos grandes clássicos do cinema de todos os tempos.

Nos Estados Unidos após a Grande Depressão, milhões de americanos passaram a viver na miséria, tendo suas fazendas vendidas aos grandes bancos. A vida era horrível, e um senso de grande desumanidade era imperativo para essas pessoas. Vivendo como gado, indo e vindo atrás de um trabalho qualquer, por míseros centavos ao dia – o suficiente para poderem sobreviver, mas às vezes, nem isso!

É esse cenário infeliz que Tom Joad (o sempre inesquecível Henry Fonda, possivelmente no melhor papel de sua carreira ao lado de 12 Homens e Uma Sentença e Era uma Vez no Oeste) descobre logo no início de sua jornada. Voltando da prisão por homicídio depois de quatro anos, ele descobre a fazenda de seus pais abandonada, e descobre que eles estão prestes a se mudar para a Califórnia, terra das laranjas e do emprego fácil.

Então Vinhas da Ira vira... um road movie! Atravessando vários estados com esperança de emprego, toda a família de Joad – e mais um ex-padre – sobe em um pau-velho de um caminhão com tudo que pôde carregar da velha fazenda e parte em busca de um futuro melhor. Mal sabem eles que quanto mais andarem, mais difíceis vão ficar as coisas. O filme tem uma linha do tempo e um ritmo praticamente perfeitos nesse ato. Méritos de um roteiro bem adaptado e transposto para as telas, a partir de um romance do autor John Steinbeck. Os acontecimentos são fortes, vividos com intensidade, por causa de um dos melhores elencos que o cinema já viu.

Henry Fonda como o sofrido, mas sempre forte Joad, mostra as várias caras que uma interpretação histórica deve possuir. Suas últimas falas no filme são antológicas para o cinema – de arrepiar mesmo. John Steinbeck diz-se encantado pela sua interpretação após assistir ao filme. Todos os integrantes da família têm cenas muito boas, mostrando o cuidado que o roteiro teve ao desenvolver cada um de seus personagens. Enfim, até as duas crianças, mesmo com tempo limitado na tela, têm passagens muito bonitas. Atores mirins geralmente são irritantes, ainda mais quando utilizados para fins emocionais.

O filme apenas não é perfeito porque... bem, este é um filme de John Ford. O diretor sempre exagerou no sentimentalismo, e aqui algumas passagens tornam-se quase que muito melosas. Ainda assim pode-se considerar que ele tenha conseguido ficar no limite do aceitável (coisa que em seu filme posterior, Como Era Verde Meu Vale, não aconteceu) em termos de forçar as lágrimas dos espectadores. Ora, o tema já é sofrível por si só, não foi necessário nenhum empurrão do diretor (com ritmo cadenciado e música de fundo apropriada, por exemplo). Os vilões – os exploradores donos das terras – e os mocinhos – todos os explorados – estão, como sempre nos filmes do diretor, bem definidos. Até mesmo o fato de Joad ter comitido homicídio é cuidadosamente bem justificado, para não haver dúvidas de seu caráter.

A parte técnica do filme é igualmente esplendorosa às interpretações e ao roteiro. O filme é um retrato belíssimo dos Estados Unidos na primeira metade do século passado, mesmo que visto do seu pior ângulo. As paisagens amplas, rios largos, plantações enormes, estradas longínquas, são todos elementos que embelezam o filme e o tornam ainda mais especial e imperdível de se assistir nos dias atuais. A trilha sonora também é muito decente, com belos temas que fortalecem as imagens e também as interpretações.

Estranho é o fato de o filme ter perdido o Oscar principal em 1941. Rebecca, de Alfred Hitchcock, acabou levando o prêmio. Rebecca é também uma obra-prima (embora mais pessoal e menor), mas mesmo seus personagens bastante complexos não chegam perto do desenvolvimento que todos os personagens de Vinhas da Ira possuem. A parte técnica do filme de John Ford também é muito superior e, finalmente, o próprio roteiro é mais sólido e bem montado. Talvez perdeu porque outro filme sobre a pobreza norte-americana vencera um ano antes: o fraco E o Vento Levou..., que possuí personagens vagos e irritantes, mas isso é outra história.

Em relação ao Oscar ainda, a verdade é que já no próximo ano a Academia resolveu consertar seu “erro”, elegendo como melhor filme em 1942 um trabalho de John Ford: Como Era Verde Meu Vale. Este sim, cheio de maniqueísmos baratos típicos do diretor e outros clichês inúmeros. Venceu Cidadão Kane, aliás, uma grande injustiça. Isso também daria discussão para dar e vender, e não cabe aqui. De qualquer forma, hoje em dia, Vinhas da Ira é um filme amplamente mais lembrado que aquele trabalho posterior do diretor, provando, de certa forma, sua superioridade em todos os sentidos. Vale lembrar ainda que John Ford levou Melhor Diretor os dois anos consecutivos. Desde lá, seu nome não saiu mais da história do cinema.

Vinhas da Ira foi recentemente relançado em DVD no Brasil, e esta é uma grande chance para colocar os olhos no filme. É o melhor trabalho de John Ford. Cada elemento presente no filme – literalmente – é algo de assustador em termos de cinema. Sua mensagem humana, política, as interpretações, o roteiro. É um filme mais que obrigatório, um daqueles trabalhos onde não me importo de utilizar o já tão antes utilizado clichê: não se fazem mais filmes como este nos dias atuais. Como este, definitivamente não!

“Eu estarei nos cantos escuros. Estarei em todo lugar. Onde quer que olhe. Onde houver uma luta para que os famintos possam comer, eu estarei lá. Onde houver um policial surrando um sujeito, eu estarei lá. Estarei onde os homens gritam quando estão enlouquecidos. Estarei onde as crianças riem quando estão com fome e sabem que o jantar está pronto. E, quando as pessoas estiverem comendo o que plantaram e vivendo nas casas que construíram, eu também estarei lá.”




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Créditos: UmQueTenha

Apoio a Mariza Abreu: "onda" de um segmento


Créditos:


Marlize Machry Bins escreve:

"Até para um leitor desatento chamou a atenção a divulgação maciça dos chamados formadores de opinião sobre a "onda" de apoios que fizeram com que a secretária Mariza Abreu permanecesse no comando da SEC. Especialmente nos programas de Lasier Martins e nos espaços destinados à jornalista Rosane de Oliveira.

A fórmula era simples: na famosa página 10, Rosane de Oliveira anunciava a saída da secretária e, à tarde, Lasier Matins entrevistava a governadora ou a própria secretária que informava que só ficaria "se a sociedade a apoiasse". O apoio maciço da "sociedade" veio. A "onda" de apoios da sociedade apareceu. São originárias do grande empresariado. Não apareceu um educador, um pedagogo, um sindicalista, um aluno, um professor. A "sociedade" que prestou solidariedade à secretária Mariza Abreu brota do grande empresariado.

E pasmem. A defesa de Mariza Abreu no jornal Zero Hora de hoje é apresentada por um economista (Gustavo Ioschpe). Não quero dizer que um economista não possa falar sobre educação, longe disso, mas é estranho que num tema tão palpitante como a educação a Zero Hora não consiga um especialista em EDUCAÇÃO para apoiar ou se contrapor à política implantada na SEC. Imagine se no ápice da crise dos mercados um pedagogo da UFRGS ou da Unisinos escrevesse um artigo sobre a explosão de Wall Street, preconizando soluções para o problema. O que se diria?

Nesta incrível "onda" de apoios informados pela RBS e pela própria secretária, não estão presentes alunos, professores, especialistas em educação, as universidades e sequer um DEPUTADO da base aliada. Estamos correndo um sério risco de assistir o debate deste tema ser pautado pelos grandes empresários. Para ser coerente, Zero Hora deveria ouvir os excluídos pedagogos sobre as renúncias fiscais, os subsídios, e os ICMS não recolhidos e etc."

Filme sobre a máfia italiana...

Filme italiano Gomorra nomeado aos prêmios Bafta 2009


Créditos:PatriaLatina


Londres (Prensa Latina) O filme italiano Gomorra, do diretor Mateo Garrone, competirá na categoria de melhor fita estrangeira nos prêmios Bafta 2009, os Oscar britânicos, cujos ganhadores se darão a conhecer em 8 de fevereiro.
A fita inspira-se no livro do escritor Roberto Saviano, ameaçado hoje de morte por contar 100 histórias nas quais revela interioridades da camorra, a máfia italiana, que desde 1980 assassinou mais de três mil 600 pessoas.
Nessa mesma categoria competirão Persépolis, dos iranianos Vincent Paronnaud e Marjane Satrapi; Il e a longtemps que je t'aime, do francês Philippe Claudel; O complexo Baader Meinhof, do alemão Uli Edel; e Waltz with Bashir, do israelense Ari Folman.
A Academia de Cinema da Grã-Bretanha anunciará na próxima quinta-feira os nomeados nas restantes categorias.

Texto: Prensa Latina

Faça download do filme neste link: Torrent e legenda


Arquivo anexado Gomorra.2008.iTALiAN.DVDRip.XviD_SVD_volpebianca_.torrent


e a legenda adequada para esta versão:

Arquivo anexado Gomorra.2008.iTALiAN.DVDRip.XviD_SVD.rar

Links alternativos para download:

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Torrent

LEGENDAS


Duas criticas do filme:

I – Gomorra, de Matteo Garrone, é aquele tipo de filme que chega cercado de uma série de apelos externos. Em primeiro lugar, a sua origem, o livro homônimo de Roberto Saviano sobre as operações da Máfia napolitana, a Camorra. Tema indigesto. Em especial, para o escritor. Outro dia mesmo ficamos sabendo que Saviano está jurado de morte pela Camorra. A organização, como prova de espírito devoto, prometeu matá-lo "até o Natal". Provavelmente para não conspurcar a festa máxima da cristandade. Isto, quanto ao livro. O filme participou do Festival de Cannes e ganhou o Grande Prêmio do Júri. Junto com Il Divo, de Paolo Sorrentino, Gomorra apareceu para a crítica internacional como signo de renascimento do grande cinema italiano, este cinema que andava apresentando obras pouco mais que anódinas nos últimos anos. É também o escolhido para representar a Itália na competição do Oscar estrangeiro, cujos finalistas serão conhecidos dia 22 de janeiro. Enfim, um título badalado. E isso sem que faça qualquer concessão ao público médio ou ao gosto (suposto conservador) da Academia de Hollywood. Gomorra é, todo ele, um filme na contramão. Trabalha com tema e subtema incisivos - a ação do crime organizado em Nápoles e a atração que esses criminosos exercem sobre a juventude. Talvez, por essa segunda característica, Gomorra tenha sido chamado, e não apenas por brasileiros, de "Cidade de Deus napolitano". Existe a aproximação. Mas o espectador que for conferir o filme italiano, verá que, estilisticamente, ele é muito diferente do de Fernando Meirelles. É verdade que ambos tratam da criminalidade na juventude e na infância. Mas o fazem de maneira diferente, diria mesmo que oposta. Cidade de Deus é um trabalho muito mais comprometido com o prazer do espectador. Dá o seu recado sem abdicar de uma ginga, de um balanço, de uma agilidade narrativa e de um encanto fotográfico que fez com que parte da crítica mais sisuda torcesse o nariz para ele. "Cosmética da fome" foi o rótulo criado para defini-lo e a supostos congêneres que, segundo essa tese, estetizariam a miséria e a violência. Essa discussão já faz parte do passado. Lembrá-la serve apenas para definir Gomorra pelo seu contraste com Cidade de Deus. Garrone procura empregar uma linguagem mais seca e o mais despojada possível para tratar do seu assunto. Não existe qualquer pretensão de "embelezar" um plano, uma cena, uma seqüência para torná-los mais agradáveis ou palatáveis ao espectador. Pelo contrário. O realismo é cru. Como se o diretor dissesse: "Vou tratar de um assunto desagradável, fruto da miséria, da indiferença social, da conivência política e não tenho nenhuma intenção de transformar esse coquetel de dissabores em algo ameno, em espetáculo para desfrute da boa consciência da classe média." Portanto, Gomorra é um filme a palo seco, como dizem os espanhóis. Sem acompanhamento de qualquer espécie: pouca ou nenhuma música, iluminação desglamourizada, paisagens áridas, buscando o reverso da Nápoles de cartão-postal. Porque é lá, nesse lugar de rostos e práticas que lembram mais os de um país subdesenvolvido que os de uma economia do Primeiro Mundo, que se mexem essas relações sociais tensas e violentas. Um pouco à maneira coral (sem protagonista, dividindo-se a atenção entre vários personagens), Gomorra se distribui por várias histórias, episódios que comentam uma única e mesma realidade. O alfaiate que emprega seu talento na produção de grifes piratas, o chefão que paga as famílias dos presos, a mãe que será morta porque seu filho traiu a organização e, sobretudo, a dos dois rapazes que se encantam pelas armas e pelo poder que elas representam. Essa "vontade de potência" da juventude criminosa, tão bem expressa em Cidade de Deus, encontra a sua contrapartida em Gomorra. É talvez o que mais impressione no filme e o que mais incomode - no sentido positivo do termo. Já tem sido dito que Gomorra, o filme, é uma adaptação apenas parcial do livro de Saviano. Não contém, por exemplo, toda a análise econômica da presença do crime organizado na Itália. E nem poderia. Concentra-se apenas na exteriorização desse poder e o faz explodir na tela, em imagens fortes, eloqüentes, que falam por si, sem qualquer necessidade de explicação.

Luiz Zanin (http://blog.estadao.com.br/blog/zanin)

II – “Outros países têm a máfia. Na Bulgária, a máfia tem o país”, afirmou o parlamentar búlgaro Atanas Atanasov, ex-chefe de contra-inteligência do país, na edição da última quinta-feira do “New York Times”. “Gomorra” faz a região sul da Itália ficar muito parecida com a Bulgária descrita por Atanasov: como se o Estado só existisse ali para coletar impostos e recolher cadáveres, quem manda são os chefões do crime organizado que se mantêm no poder graças ao medo provocado na população por suas milícias, entre outros expedientes. Vencedor do Grande Prêmio (espécie de vice-campeonato) no Festival de Cannes deste ano, “Gomorra” é baseado em “romance de não-ficção” do jornalista napolitano Roberto Saviano, 29. Além de informações sobre os episódios verídicos recriados no livro, seu site traz diversos artigos publicados ao longo desta semana pela imprensa internacional sobre a sua inclusão entre os jurados de morte da Camorra (que planejaria assassiná-lo até o final do ano, segundo um informante anônimo) e sua decisão de abandonar a Itália. Desde 2006, ele tem escolta policial. O site de Saviano informa que o livro foi publicado em 33 países – entre eles o Brasil, onde teria sido editado pela “Editora Betrand”, supostamente a Bertrand Brasil, do grupo editorial Record, mas ele ainda não saiu por aqui – e deu origem também a uma peça teatral. Os direitos de distribuição do filme no Brasil foram comprados pela Paris, que ainda não informou a data prevista para o lançamento. Na adaptação do diretor e roteirista romano Matteo Garrone, 40, “Gomorra” se aproxima, com tintas bem contemporâneas, da forte tradição política do cinema italiano dos anos 60 e 70, homenageada pela 30ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo com a publicação de um livro de entrevistas e a exibição de clássicos como “Investigação Sobre um Cidadão Acima de Qualquer Suspeita” (1969), de Elio Petri, e “O Caso Mattei” (1972), de Francesco Rosi. Logo na seqüência de abertura, uma carnificina deixa claro que não haverá nenhuma estilização da violência ou romantização de personagens; prevalece um registro semidocumental que sublinha a brutalidade com que agem as milícias e a banalização da vida em ambiente social de perspectivas muito restritas. Na primeira parte do filme, são apresentados diversos núcleos dramáticos, quase todos entrelaçados pelos apartamentos e corredores claustrofóbicos de um conjunto habitacional. Há um “doutor”, com pinta de respeitável, que faz os pagamentos da Camorra e ouve reclamações; um menino que observa com fascínio a integração dos mais velhos às milícias; dois jovens que resolvem agir por conta própria, cientes de que, na máfia ou contra ela, não viverão por muito tempo; um fabricantes de roupas, endividado com os chefões, e seu costureiro-chefe; um empresário que localiza terrenos para depósito ilegal de substâncias químicas e seu dedicado assistente; um grupo que procura desestabilizar o estado de coisas para tentar assumir o controle do crime na região. Em torno deles, aparecem colombianos que traficam drogas, chineses que tentam entrar a qualquer custo no mercado de alta costura e grandes corporações envolvidas em negócios escusos. A economia globalizada tem máfias, ou as máfias têm a economia globalizada?

Sérgio Rizzo (http://ilustradanocinema.folha.blog.uol.com.br)

Genocidio em Gaza...

ISRAEL COMETE ATO DE GUERRA CONTRA O MUNDO



As crianças continuam a morrer em Gaza e constituem um terço das vítimas. Em todos os ataques de Israel aos palestinos, elas parecem constituir os alvos preferenciais – como nas operações Chuva de Verão e Nuvens de Outono, em junho e novembro de 2006, quando foram mortos 405 palestinos, entre eles 112 crianças. Ontem, um caminhão das Nações Unidas, que levava ajuda humanitária aos sitiados, foi atingido pelas armas de Israel, e seu motorista morreu, o que levou a ONU a suspender as operações de socorro.
O porta-voz da organização desmentiu a versão israelita de que nas escolas atingidas pelos ataques dos últimos dias se homiziavam militantes do Hamas. Ao atacar as escolas e o caminhão das Nações Unidas, o Exército de Israel cometeu ato de guerra contra o mundo. Pela primeira vez, ao que se sabe, um Estado constituído comete ato de agressão contra as nações reunidas pela Carta de São Francisco, além de violar repetidamente suas resoluções e as Convenções de Genebra, conforme denuncia a Cruz Vermelha Internacional. Segundo seu primeiro-ministro, Israel não se preocupa com public relations.
Quando os soviéticos ocuparam os campos de concentração poloneses e revelaram ao mundo a brutalidade dos nazistas, todos os meios de comunicação cuidaram de mostrar a horrenda realidade da `solução final`. A comoção internacional diante dos relatos dos sobreviventes – que em nada exageravam – favoreceu o movimento pela oficialização do Estado de Israel. Durante os anos seguintes, a violência do Exército de Israel contra os palestinos foi piedosamente tolerada: afinal, os judeus haviam sido dizimados nas câmaras de gás, submetidos a experiências genéticas pelos mengeles nazistas, obrigados a conduzir aos fornos crematórios os corpos de seus próprios familiares. O mundo não meditou que os palestinos não haviam inventado o nazismo, nem sido os algozes do Holocausto. Apesar disso, é sobre eles que recai o ódio e o terrorismo do Estado de Israel. Afinal, é mais fácil dizimar palestinos do que alemães.
Como todos os povos do mundo, os judeus têm direito às suas esperanças, suas crenças e sua sobrevivência histórica. Seria bom que, como tantos outros povos, se amalgamassem com a Humanidade como um todo. Não há povos biologicamente ou culturalmente puros. A pluralidade genética dos judeus é confirmada por inúmeros estudos, e as diversas seitas religiosas confirmam que há muitas formas de reverenciar Jeová e os profetas. O povo judeu não é responsável pelo sionismo, nem pelos rumos do Estado de Israel.
Já em 1948, a direita do novo Estado, quase toda procedente dos países eslavos, e conduzida pelo ímpeto da memória dos pogroms, tinha como objetivo a limpeza étnica da Palestina (conforme a análise fundada do professor Ilan Pappe, da Universidade de Haifa, em seu livro The ethnic cleansing of Palestine). Trata-se de conhecido autor judeu, o que nos mostra que nem tudo está perdido. O problema maior é que, conforme o grande sábio hebreu Yeshayahu Leibowitz, todos os Estados têm seu Exército, mas Israel é um Exército que tem o seu Estado.
Naqueles meses iniciais da ocupação da Palestina, os recém-chegados estabeleceram seu plano de genocídio. Sendo, então, pouco mais de 20% dos habitantes, ocuparam 80% do território, expulsaram seus habitantes. Destruíram 400 aldeias e 11 cidades além de desalojarem, para acampamentos no deserto, mais de 750 mil palestinos.
A cada nova operação militar de Israel, desde o massacre de Sabra e Chatila, em 1982, morrem sempre mais crianças. O que tem impedido a consumação do extermínio é a alta natalidade entre os palestinos, sempre registrada em comunidades ameaçadas de extinção.
Os dirigentes de Israel desafiam, com arrogância e desprezo, a opinião pública mundial, e proíbem que jornalistas estrangeiros documentem seus crimes de guerra. É provável uma trégua efêmera, a fim de que se reorganizem, re-elaborem seus planos e voltem a atacar, sob qualquer argumento. Durante todo o ano passado, até o início da agressão recente, no dia 27 de dezembro, os foguetinhos do Hamas não haviam provocado uma só morte em Israel. E, de acordo com Richard Falk, relator especial da ONU sobre o conflito (a quem Israel negou entrada em seu território), há 18 meses que a atual operação vinha sendo preparada, com o bloqueio econômico e os assassinatos seletivos.

Mauro Santayana (jornalista)
maurosantayana@jb.com.br
Créditos: www.patrialatina.com.br
Fonte: Jornal do Brasil (09/01/09).