terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

FMLN - El Salvador

EL SALVADOR

Chamado de apoio a Mauricio Funes Presidente

El Salvador realiza eleições presidencias no próximo dia 15 de março. Mauricio Funes, candidato da Frente Farabundo Marti para Libertação Nacional, tem grandes chances de vitória e entrenta o candidato da Arena, representante da direita e do autoritarismo local. Um dos desafios da campanha é superar o medo da mudança, fruto de 12 anos de sangrenta guerra civil, alimentado pelo meios de comunicação controlados pela direita. Por isso todo apoio internacional é bem vindo. Veja a seguir um manifesto de apoio, e ao final um link para subscrição.

EM DEFESA DE EL SALVADOR

El Salvador é um dos países mais pobres e o mais violento da América Latina.

É um país traumatizado por uma guerra civil atroz, que durou 12 anos, e deixou uma imensa sequela de dor, medo e ressentimento.

O ícone do absurdo desta guerra é o corpo crivado de balas de Monsenhor Romero, arcebispo de San Salvador, assassinado durante a celebração de uma missa.

Desde os acordos de paz, há 19 anos, governa um mesmo partido, autoritário e oligarca : Arena, que é hoje o último bastião da velha direita nas Américas.

Durante a permanência da Arena no poder, emigraram ilegalmente -especialmente para os Estados Unidos e Canadá- quase três de milhões de salvadoreños, escapando da fome e do desemprego. Eles representam um terço de toda a população do país.

Por qualquer ângulo que se mire, El Salvador é hoje um país que sofre. Uma chaga aberta. E o pior : um país que sofre uma terrível manipulação político-psicológica, onde o governo, com o apoio quase absoluto dos meios de comunicação, trabalha ostensivamente uma política de medo e terror.

Ao longo dos anos, o partido governista se tornou especialista em manipular o trauma da guerra e em incutir o medo de um suposto "perigo esquerdista" na população.

Em El Salvador, ficou congelado no tempo o pior dos piores ambientes de propaganda da guerra fria.

Mas apesar de tudo isso, existe, hoje, a possibilidade concreta de que Mauricio Funes, um ex-jornalista de 49 anos, que conta com o apoio das esquerdas e de setores independentes, vença as próximas eleições presidenciais, previstas para 15 de março.

Ele está na frente em todas as pesquisas, porém a Arena, tem usado, nos últimos dias, uma poderosa máquina política, econômica e de comunicação para esmagar a candidatura.

Por isso é fundamental que vozes independentes, de todo o mundo, se unam em favor da candidatura de Mauricio Funes, da FMLN.

Mauricio é a expressão plena de um El Salvador que quer deixar para trás seu lastro de traumas coletivos e pessoais, recuperar a autoestima e pensar que existe outra maneira de ser e viver no mundo.

Ele é a primeira grande liderança da geração pós-guerra. Sua candidatura é um signo de paz em um cenário político onde ainda pontilham comandantes que se enfrentaram nos dois lados na guerra.

E uma forte esperança de mudança, em um país onde o governo e o partido governista ainda abrigam pessoas direta e indiretamente ligadas ao assassinato de Don Romero.

Na verdade, a candidatura de Mauricio Funes encarna mais que um processo político, e sim um processo de renovação emocional e espiritual que vive El Salvador.

Um processo de crer em si mesmo, de respeitar e de se fazer respeitar, de sentir-se digno e protegido, de deixar atrás a sombra escura de suas piores experiências sociais e pessoais.

Em suma, de recuperar a alegria de viver como nação, como sociedade e como pessoas.

Participe deste processo de mudança, paz e esperança de El Salvador, assinando este manifesto de apoio à candidatura de Mauricio Funes e de repúdio aos abusos eleitorais da Arena.

Mais de 50 mil pessoas já assinaram este documento; coloque seu nome:


http://www.mauriciofunespresidente.com/manifesto.php?act=v&l=pt

Publicação da Democracia Socialista - Tendência do PT


contato@democraciasocialista.org.br

O repúdio à ditadura da Folha

Altamiro Borges

Circula pela internet um manifesto, aberto à adesão dos interessados, de repúdio ao editorial da Folha de S.Paulo publicado na semana passada. Na ocasião, para desqualificar a vitória de Hugo Chávez num referendo democrático sobre a possibilidade da reeleição, o jornal da Famíglia Frias escancarou toda a sua postura autoritária, de viés fascista, ao insinuar que o governo bolivariano seria pior do que a ditadura militar brasileira que prendeu, matou e torturou milhares de patriotas entre 1964-1984. O asqueroso editorial chega a qualificar a ditadura brasileira de “ditabranda”.

Além do repúdio, a petição também presta solidariedade à professora Maria Victoria Benevides e ao jurista Fabio Konder Comparato, os primeiros a condenarem o editorial na sessão de cartas do jornal, e que foram duramente insultados pela abjeta direção da Folha. “Que infâmia é essa de chamar os anos terríveis da repressão de ‘ditabranda’?”, questionou Benevides. “O autor do vergonhoso editorial e o diretor que o aprovou deveriam ser condenados a ficar de joelhos em praça púbica e pedir perdão ao povo brasileiro, cuja dignidade foi descaradamente enxovalhada”, afirmou Comparato.

A resposta do jornal lembrou a reação de Bush, Cheney e Rumsfeld aos críticos de suas políticas terroristas. “A Folha respeita a opinião dos leitores que discordam da qualificação aplicada em editorial ao regime militar brasileiro e publica algumas delas. Quanto aos professores Comparato e Benevides, figuras públicas que até hoje não expressaram repúdio às ditaduras de esquerda, como aquela ainda vigente em Cuba, sua ‘indignação’ é obviamente cínica e mentirosa”. Juntos, o editorial fascista e a resposta arrogante indicam a urgência da coleta de adesões ao manifesto.

A íntegra do manifesto

“Ante a viva lembrança da dura e permanente violência desencadeada pelo regime militar de 64, os abaixo-assinados manifestam o seu mais firme e veemente repúdio a arbitrária e inverídica revisão histórica contida no editorial da Folha de S. Paulo de 17 de fevereiro. Ao denominar de ditabranda o regime político vigente no Brasil de 1964 a 1985, a direção do jornal insulta e avilta a memória dos muitos brasileiros e brasileiras que lutaram pela redemocratização do país”.

“Perseguições, prisões iníquas, torturas, assassinatos, suicídios forjados e execuções sumárias foram crimes corriqueiramente praticados pela ditadura militar no período mais longo e sombrio da história polí¬tica brasileira. O estelionato semântico manifesto pelo neologismo ditabranda é, a rigor, uma fraudulenta revisão histórica forjada por uma minoria que se beneficiou da suspensão das liberdades e direitos democráticos no pós-1964”.

“Repudiamos, de forma igualmente firme e contundente, a nota de redação, publicada pelo jornal em 20 de fevereiro em resposta as cartas enviadas pelos professores Maria Victória de Mesquita Benevides e Fabio Konder Comparato. Sem razões ou argumentos, a Folha de S.Paulo perpetrou ataques ignominiosos, arbitrários e irresponsáveis a atuação desses dois combativos acadêmicos e intelectuais brasileiros. Assim, vimos manifestar-lhes nosso irrestrito apoio e solidariedade ante as insólitas críticas pessoais e políticas contidas na infamante nota da direção editorial do jornal. Pela luta pertinaz e conseqüente em defesa dos direitos humanos, Maria Victoria Benevides e Fabio Konder Comparato merecem o reconhecimento e o respeito de todo o povo brasileiro”.

A história suja da famíglia Frias

O manifesto já teve a adesão de mais de mil pessoas - entre outras, do professor Antonio Candido, do jurista Goffredo da Silva Telles Jr., dos sociólogos Emir Sader e Caio Toledo e dos historiadores Augusto Buonicore e Antonio Mazzeo. Como afirma o jornalista e ex-preso político Alípio Freire, é preciso reagir às bravatas de Otavio Frias Filho, diretor editorial da Folha. “Elas não podem ser atribuídas apenas aos ‘maus bofes’ de um jovem (?) herdeiro rico, mimado, que se supõe gênio (o que diariamente lhe repete a sua corte), que não conhece limites e, portanto, é afeito a chiliques. Embora seja também isso, é muito mais, e só pode ser entendido a partir da história daquele jornal”.

Como se sabe, o Grupo Folhas sempre esteve ligado aos setores mais reacionários da sociedade. Clamou pelo golpe militar de 64 para “combater o comunismo e a república sindical de Jango”; apoiou a setor “linha dura” dos generais golpistas; cedeu suas peruas para transportar os presos políticos à tortura; e foi o jornal de “maior tiragem do país”, segundo repete Mauro Santayana, não pela quantidade de exemplares, mas sim pelo número de tiras (policiais) na redação. Neste período sombrio, Grupo Folhas também esteve envolvido em casos obscuros de corrupção, como o da antiga Rodoviária Júlio Prestes. A empresa prosperou nas masmorras da ditadura militar.

“O menino idiota chamado Otavinho”

Alípio Freire, no artigo para o jornal Brasil de Fato, cita alguns episódios marcantes da história do Grupo Folhas. Lembra o caso da jornalista Rose Nogueira, presa pelos órgãos de repressão da ditadura. “Vinte e sete anos depois [1997], descubro que fui punida não apenas pela polícia toda-poderosa... Ao buscar, agora, nos arquivos da Folha a minha ficha funcional, descubro que, em 9 de dezembro de 1969, quando estava presa no Dops, incomunicável, ‘abandonei’ meu emprego de repórter do jornal”, relata a jornalista, que estava de licença-maternidade quando da sua prisão ilegal e que foi demitida sem qualquer direito trabalhista da Folha.

Alípio também retoma uma pérola do renomado Mino Carta: “A Folha não só nunca foi censurada, como emprestava as suas C-14 [peruas usadas no transporte do jornal] para recolher torturados ou pessoas que iriam ser torturadas na Oban. Isso está mais do que provado. É uma das obras-primas da Folha... Hoje você vê esses anúncios do jornal – desse menino idiota chamado Otavinho – que contam de um jeito que parece que a Folha, nos anos de chumbo, sofreu muito. Ela não sofreu nada. Quando houve mínima pressão, o Sr. Frias afastou o Cláudio Abramo da direção do jornal. Digo que foi a ‘mínima pressão’ porque o Sr. Frias estava envolvido na pior das candidaturas, apoiava o Frota [general Sílvio Frota, ministro do Exército de Geisel].