quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Hank Mobley - Workout [1961]

É impossível imaginar que esse play tem mais de 40 anos.
A pegada desse cara é embaçada, e ainda tem o Grant Green
e Paul Chambers pra deixar o som mais redondo.
Esse disco do Hank Mobley é fora de serie.
Recomendadíssimo mesmo!
Créditos:Saravaclub


1. Hank Mobley - Workout
2. Hank Mobley - Uh huh
3. Hank Mobley - Smokin'
4. Hank Mobley - The best things in life are free
5. Hank Mobley - Greasin' easy
6. Hank Mobley - Three coins in a fountain


FELICIDADE REALISTA

Mário Quintana

A princípio, bastaria ter saúde, dinheiro e amor, o
que já é um pacote
louvável, mas nossos desejos são ainda mais
complexos.
Não basta que a gente esteja sem febre: queremos,
além de saúde, ser
magérrimos, sarados, irresistíveis.
Dinheiro? Não basta termos para pagar o aluguel, a
comida e o cinema:
queremos a piscina olímpica e uma temporada num spa
cinco estrelas.
E quanto ao amor? Ah, o amor... não basta termos
alguém com quem podemos
conversar, dividir uma pizza e fazer sexo de vez em
quando. Isso é pensar
pequeno: queremos AMOR, todinho maiúsculo. Queremos
estar visceralmente
apaixonados, queremos ser surpreendidos por
declarações e presentes
inesperados, queremos jantar à luz de velas de
segunda a domingo, queremos
sexo selvagem e diário, queremos ser felizes assim e
não de outro jeito.
É o que dá ver tanta televisão.
Simplesmente esquecemos de tentar ser felizes!
Ana Moura - Para Alem da Saudade
Album dedicado a todos os Portugueses e todos aqueles que gostam de fado. Uma grande cantora com uma grande voz!

01. os buzios
02. e viemos nascidos do mar
03. a voz que canta a nossa história
04. Águas do sul
05. o fado da procura
06. rosa cor de rosa
07. primeira vez
08. não fui eu
09. mapa do coração
10. aguarda-te ao chegar
11. até ao fim do fim
12. fado das horas incertas
13. vaga no azul amplo solta
14. velho anjo
15. a sós com a noite

Créditos:PirataTuga

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PESQUISA COM CÉLULAS EMBRIONÁRIAS NÃO É INCENTIVO AO ABORTO; ASSINE A PETIÇÃO

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Em março de 2005, o Congresso Nacional aprovou a Lei 11.105, que autoriza o uso de células-tronco embrionárias em pesquisa e tratamento de doenças hoje incuráveis. O placar foi estrondoso: 96% dos senadores e 85% dos deputados federais deram-lhe a vitória. O presidente Luís Inácio Lula da Silva rapidamente a sancionou. Só que ela foi parar no Supremo Tribunal Federal (STF), porque o então procurador geral da República, Cláudio Fonteles, alegou que é inconstitucional. A motivação é religiosa. Fonteles é católico.

Finalmente, na próxima semana, dia 5 de março, a ação irá a julgamento. Contra a lei, a Igreja Católica, representada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). A favor, grande parte da sociedade brasileira, associações de portadores de várias doenças e familiares e 16 mil cientistas. São membros de 50 sociedades científicas, entre as quais a Academia Brasileira de Ciências, a Federação de Sociedades de Biologia Experimental e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência.

De um lado, o obscurantismo, que prefere preservar embriões congelados que sobram nas clínicas de fertilização assistida. Do outro, o direito à liberdade de pesquisa, ao progresso de tratamentos e à esperança de cura ou melhor qualidade de vida para milhares de brasileiros com mal de Parkinson, diabetes, doenças neuromusculares, câncer e secção da medula espinhal por acidentes e armas de fogo. Entre eles, os músicos e compositores Herbert Vianna (Paralamas do Sucesso) e Marcelo Yuka (ex-RAPPA, hoje F.U.R.TO -- Frente Urbana de Trabalhos Organizados) e o adolescente João.

Herbert, 47 anos, ficou paraplégico após acidente com ultraleve. Marcelo, 41, durante tentativa de assalto, quando levou nove tiros que o deixaram paralisado da cintura para baixo. João tem distrofia muscular de Duchenne. A doença é genética, letal e afeta apenas meninos, degenerando todos os músculos do corpo. No Brasil, existem cerca de 28 mil casos. Aos 3, 4 anos de idade, começam a ter quedas freqüentes e dificuldades para subir escadas, correr; aos 12, muitos param de andar; ao redor dos 17, a maioria morre por insuficiência respiratória ou cardíaca. João já tem 15.

E você, o que acha? Veja as fotos abaixo. Chocam, mesmo! Mas estas imagens ajudam a reforçar o absurdo e a desumanidade que representariam a revogação da atual lei. As duas primeiras são do João: aos 6 anos, fofinho como todo menino da sua idade, e recentemente. A terceira é de um tubo de congelação, onde o embrião fica armazenado nas clínicas de fertilização assistida.

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Quem você acha que tem mais direito de viver: o João ou os embriões excedentes nas clínicas de fertilização, que permanecerão eternamente nesses tubinhos ou irão para o lixo? É a escolha que os 11 ministros do STF terão que fazer na próxima semana. Ou decidem pela vida dos Herberts, Marcelos e Joões de todas as idades, que não têm tempo para esperar. Ou pela vida dos embriões, que nunca serão gentes de carne e osso.

Mentiras sobre o uso das células-tronco embrionárias estão sendo disseminadas a torto e a direito. É fundamental, portanto, colocar a questão em pratos limpos. É, de novo, pela vida de milhares de Herberts, Marcelos, Joões...

Células-tronco embrionárias: a rejeição delas é mentira

As células-tronco embrionárias são encontradas em embriões humanos de até 14 dias. São as únicas capazes de formar os 216 tipos de tecidos do corpo humano – inclusive neurônios, as células nervosas -- e de produzir cópias idênticas de si mesmas.

Por isso, as pesquisas com as células embrionárias (é o seu outro nome) sugerem que elas realmente representam uma possibilidade de tratamento para inúmeras condições que desafiam a medicina. Por exemplo: 1) doenças neuromusculares, algumas letais, como a distrofia muscular de Duchenne do João e as escleroses múltipla e lateral amiotrófica; 2) doenças que afetam o sistema nervoso central (cérebro), como o mal de Parkinson; 3) pessoas com lesão da medula espinhal por acidentes, como Herbert Vianna, ou armas de fogo, como Marcelo Yuka, que provocam paraplegia e às vezes tetraplegia (paralisação do pescoço para baixo).

Os cientistas não sabem ainda quando isso será realidade, mas têm certeza: as células-tronco embrionárias são a esperança para curar ou melhorar a qualidade de vida de portadores dessas doenças.

Conseqüentemente, a liberação das suas pesquisas é questão de vida. É mentirosa a informação de que seriam rejeitadas pelo corpo humano. Por uma razão: até hoje, elas – atenção! -- nunca foram injetadas em seres humanos.

Embriões excedentes em clínicas de fertilização, o alvo

A reprodução assistida permite que casais, que não conseguem engravidar por meio da relação sexual, tenham filhos. É a fertilização in vitro, uma opção quando a natureza falha. O “encontro” dos óvulos e espermatozóides se dá em laboratório, fora do organismo materno. Caso haja fecundação, formam-se embriões. Aí, dois ou três são implantados no útero e os restantes congelados. No instante em que isso ocorre, os embriões não são visíveis a olho nu -- são menores que um ponto na letra i. Não têm bracinho, mãozinha, carinha, perninha, corpinho, ao contrário do fazem crer alguns opositores do uso das células-tronco embrionárias.

Outra mentira difundida: os cientistas acabariam utilizando todos os embriões disponíveis em clínicas de reprodução assistida. Primeiro, os cientistas que apóiam as pesquisas defendem as restrições previstas na Lei 11.105. Segundo, a própria lei é rigorosa. Ela estabelece que apenas poderão ser usados em pesquisas e tratamento:

* Os embriões que sobram nas clínicas de fertilização assistida. São embriões inviáveis para a reprodução, pois têm, por exemplo, doenças genéticas.

* Ou os congelados há mais de três anos. É que, com o passar dos anos, os embriões deterioram-se, perdendo o “prazo de validade”. Após três anos a probabilidade de gerar um ser humano é quase zero.

Importante: em qualquer dessas circunstâncias, os embriões só serão usados em pesquisas com consentimento prévio dos genitores. Portanto, casais contrários a tal uso terão o desejo respeitado, independentemente do motivo.

Falso problema ético, desinformação ou hipocrisia

A lei 11.105 é taxativa. É proibida a produção de embriões produzidos especificamente para a pesquisa. Somente podem ser utilizados os congelados há mais de três anos e os inviáveis.

Ou seja, são embriões que nunca serão implantados em um útero humano. Logo, não tem sentido discutir neste caso a questão do início da vida, como defendem os opositores das pesquisas com células embrionárias. É um falso problema ético. Insistir sugere desinformação ou hipocrisia.

Tem mais. Se esses embriões não forem utilizados em pesquisas serão descartados. Em português: a revogação da lei não mudaria em nada o destino inglório deles – o lixo; em compensação, prejudicaria o futuro de milhares de crianças, adolescentes, adultos e idosos, que precisam urgentemente que as pesquisas com células embrionárias avancem no Brasil.

“Ah, mas tem gente defendendo a adoção dos embriões. Não é uma saída?"

Não. A proposta é absurda. Se nos orfanatos brasileiros sobram milhares de crianças à espera de adoção, como é possível alguém pensar em adotar um tubinho? Tudo bem, embrião congelado não dá trabalho. Você não tem que dar mamadeira, educar, dar banho, levar à escola, às festas dos amiguinhos. É só pagar a clínica de reprodução assistida para guardá-lo. Mas será a opção a mais digna e humana? Por que não utilizá-los de forma ética e responsável em benefício do futuro e da evolução da humanidade, salvando vidas? Detalhe: a maioria dos casais que tem embriões congelados se recusa a doá-los para implantação em outro útero.

Pesquisa com embriões congelados não é aborto!

Opositores da Lei 11.105 também apregoam que as pesquisas com células embrionárias seriam aborto. É mentira. Pesquisar embriões congelados não significa interrupção de gravidez em andamento nem nada parecido. Afinal, se eles não forem inseridos no útero, nunca haverá gestação. Logo, nãoaborto.

A questão do aborto, porém, é igualmente importante. É problema de saúde pública no Brasil. O seu debate tem que ser feito separadamente do das células embrionárias, pois envolve outras questões éticas, jurídicas e de saúde.

Células reprogramadas podem provocar tumores

Os opositores das pesquisas com células-tronco embrionárias alardeiam que existem mais de 65 doenças sendo tratadas com células-tronco adultas. Infelizmente, é outra mentira. Basta consultar as mais respeitadas publicações científicas do mundo para descobri-la.

Aliás, se as células-tronco adultas permitissem resultados tão espetaculares, por que os pesquisadores que trabalham com elas insistiriam na necessidade de continuar as investigações com as células embrionárias?

“Mas e o anúncio de que as células de pele podem ser programadas para se comportarem como embrionárias... Elas não seriam o recurso para se dispensar o uso de embriões em pesquisas?”

Realmente, trabalhos recentes sugerem que células-tronco adultas, como as da pele, podem ser programadas para se comportarem como embrionárias. Mas os próprios cientistas responsáveis por esses estudos e a maioria daqueles que trabalham com células-tronco adultas são categóricos: a pesquisa com células embrionárias é fundamental. São elas que ensinarão os cientistas a programar as células adultas, de modo a que se transformem nos tecidos desejados.

Além disso, as células reprogramadas estão associadas a:

* maior risco de geração de tumores;

* introdução de um vírus no organismo, cujos efeitos são imprevisíveis;

* ativação de mutações que se acumulam nas células-tronco adultas (mas estão silenciadas) e que podem ser muito patogênicas em tecidos derivados de células-tronco embrionárias reprogramadas.


O motivo desses riscos é o fato de a reprogramação das células adultas ir na contramão da natureza. É como se o pano de uma calça pronta fosse usado para fazer uma saia. Explicamos. Imagine um tecido novinho, que nunca foi utilizado para nada. Você pode fazer dele o que desejar: calça, camisa, saia, vestido, blusa. Ele equivale à célula-tronco embrionária.

Agora, experimente pegar a calça pronta e transformá-la em saia. A roupa pode ficar com um furinho ou outra imperfeição que já existia na calça, mas você não via. É possível, inclusive, que ela fique tão comprometida que você não poderá usá-la. A roupa pronta equivale à célula-tronco adulta. É impossível prever no que resultará ao ser transformada em embrionária.

Academias de ciências dos Estados Unidos e da Itália apóiam

Conclusão: tanto as pesquisas com células embrionárias quanto as com células-tronco adultas têm que ser feitas simultaneamente e comparadas.

É a opinião majoritária dos cientistas, aqui e no exterior. Isso inclui as academias de ciências ao redor do mundo, entre as quais a dos Estados Unidos e a da Itália, onde fica o Vaticano, a sede mundial da Igreja Católica.

Afinal, o que os cientistas querem é curar os pacientes. Dois anos de pesquisas com células-tronco adultas, realizadas após a aprovação da Lei 11.105, confirmam essa necessidade.

A luta pela vida está acima de todos os credos religiosos

É preciso que fique bem claro: respeitamos todos os credos religiosos; defendemos a liberdade e a tolerância religiosa. Consideramos, porém, que a liberdade de pesquisa não pode ser restringida por questões religiosas num Estado laico, como é do Brasil. Não se pode misturar ciência com religião. A junção é obscurantismo.

Não à toa 41 mil brasileiras e brasileiros – de diferentes níveis socioeconômicos, profissões, etnias, crenças religiosas, inclusive católicos – assinaram a petição Pró-células-tronco embrionárias, destinada ao Supremo Tribunal Federal. A petição representa a voz sociedade civil. O Viomundo ajudou a divulgá-la desde o início. Luiz Carlos Azenha foi um dos primeiros a assinar. “A causa é justa”, justifica.

Faça o mesmo. Quem quiser apoiá-la, ainda dá tempo. Hoje são os Herberts, os Marcelos e os Joões que precisam que as pesquisas com células-tronco embrionárias prossigam. Amanhã talvez seja um de nós ou alguém muito querido.

Portanto, as Ministras e os Ministros do STF terão, no dia 5 de março, a chance de tomar uma decisão histórica: aprovar – já! -- a liberação das pesquisas com células-tronco embrionárias, e ajudar os cientistas a mudar a vida de milhares de brasileiros que hoje padecem e outros tantos que adoecerão nos próximos dias, meses e anos. A questão não é só de humanidade. É também de soberania científica do País. A não-aprovação das pesquisas com células tronco embrionárias excluirá irreversivelmente o Brasil desses avanços da ciência e da medicina.

Senhoras Ministras e senhores Ministros, por favor, não joguem a esperança no lixo! É por todos nós e pelas futuras gerações.

A cientista Mayana Zatz, professora de Genética da USP, assina embaixo. Ela é a porta-voz da Academia Brasileira de Ciências no tema células embrionárias e há 30 anos trabalha com doenças neuromusculares letais ou altamente incapacitantes. Já viu milhares de crianças, jovens e adultos afetados morrerem sem qualquer chance de cura. Daí o seu desejo: “Que a esperança vença o obscurantismo”.

Solidariamente é também o anseio desta repórter e o do Azenha. Ah, quer assinar a petição e passá-la adiante? É só clicar abaixo:

Roberta Sá - Braseiro (2004)




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A INCONSCIÊNCIA DO TERCEIRO MUNDO

Por Raúl Crespo

Todos vivemos sob a ameaça constante de nossa própria aniquilação. Parece que buscamos a morte e a destruição tanto como a vida e a felicidade. Estamos como impulsionados a assassinar e a ser assassinados, igual que a viver e deixar viver. Só mediante a mais ultrajante violação de nós mesmos, conseguimos aperfeiçoar nossa capacidade de vida, adaptados a uma civilização dirigida para a sua própria destruição.

Por isso temos tanto medo de viver e de amar como de morrer.

Povos cuja cultura foi alterada para a domesticação e o conformismo por décadas de ocupação, carecem de clareza e consciência de objetivos prioritários, que r lhes permite ver as próprias polaridades, paradoxos não resolvidos e assim, desconfiaremos uns dos outros, sentiremos que nos querem fazer dano e tentaremos fazê-lo.

Enquanto se invistam milhões em congressos e aparelhagem de paz, ou bobagens destrutivas, enquanto não nos valorizarmos, enquanto não apreciarmos o desenvolvimento intelectual, educativo, social para a transformação individual primeiro, coletiva depois e, conseguir tornar-nos pessoas livres seguiremos como estamos cheios de conflitos.

Todas as escolas, universidades devem se comprometer em resgatar o homem marginal, que tanto abunda em suas salas de aula em qualidade de alunos e professores, para levar essa transformação para o mesmo povo.

O homem de hoje, o capitalista de ontem, neoliberal específico como resultado do costumbrismo explorador, com avanços modernos que a ciência descobre segue sendo um marginal. Temos construído os últimos gritos de conforto e comodidade, ficamos à margem, fora sem nos levarmos em conta, assim a existência não tem sentido ao perder a consciência, o contato com nós mesmos.

O fenômeno se manifesta de maneira mais profunda nas grandes cidades, cópias das grandes urbes dos países desenvolvidos. Conglomerados de prédios, escritórios, centros comerciais, avenidas, autopistas, tudo em função da comodidade, rapidez e efetividade procurando o comprador compulsivo para o desperdício e, o homem cada vez mais só, adoecendo, se suicidando, em conflito consigo mesmo, acompanhado das pílulas e a televisão, sempre se guardando, receando a sua permanente falta de fé no ser humano, fundamentalmente em si próprio.

O pobre homem vive em locais luxuosos, com veículos de luxo, muitos com motoristas e empregados tratados com discriminação, roupa importada com nomes alheios, indo a festas com outros pobres homens, onde se anula, se elogia, se critica a vida de todos, sem mais entretenimento que uma viagem de drogas ou álcool, uma sedução furtiva designada no geral à decepção, confirmando mais uma vez sua pouca fé na humanidade. Quando não se sabe viver no presente, o futuro resulta ser sempre uma ameaça trágica. Assim foi no passado, assim poderá ser no futuro.

Dividir para vencer é o slogan imperial em ação desde faz um século ou mais para povos colonizados.

Se você confia lhe traem; se fala, lhe mal interpretam. Você sempre brigará por seus direitos, viver com medo e apreensão será uma constante. A violência, o sadismo, a vingança são parte permanente da vida dessas grandes cidades capitalistas, depósito de todas essas ingratidões e inconsciências que são parte da natureza humana em grandes proporções.

Se você decide deixar de ser marginal, se encontrará com as mais variadas desculpas para impedir-lhe as saídas. As travas da capitalização, por ser pobre, mal vestido, por ser veado, por ter cometido erros, por ser mulher, por estar grávidas, por ser de tal ou qualquer religião, por ser negro, por ser de tal partido, por ser mãe solteira, por ter sido guerrilheiro. É tanta a criatividade demonstrada pelos marginais para impedir que escapassem de tua ignorância mental e desestima. Impedir-lhe o crescimento e desenvolvimento é a estratégia, é quase inútil falar constantemente de paz, amor, prazer; você encontrará a negação do ser. São pequenos os grupos que procuram alternativas, poucos os que forcejam para sair desses novos campos de concentração férteis de mentiras e enganos.

No nosso assim chamado terceiro mundo, de grotesco modelo cultural, imperial, nos impõe que seres entediados existencialmente presos em ser peões carentes de sentido planificam, educam, orientam, fazem leis e se atrevem a corrigir as condutas de outros. Um marginal escravo mental planifica uma cidade sem árvores, uma comunidade sem espaço para correr e desfrutar, não atende as necessidades de outros porque desconhecem as suas próprias. Pendurando nas paredes dos escritórios, diplomas sem vida, com muitos programas ou modelos de exploração para os povos, e muito poucas mudanças para os outros.

No entardecer estes marginais especialistas voltam para suas casas, fecharão a cortina do autêntico, então voltarão a falar mal, esquivos, rancorosos, tomarão suas doses diárias de calmantes, brigarão com a família para lhes lembrar quem manda, levantarão cansados e entrarão sérios no escritório fazendo muito para que nada aconteça.

Este é o programa imposto de inconsciência para o terceiro mundo, onde os organismos de independência lhe dizem o que fazer, como fazê-lo e quando. Os títeres governantes de turno, os partidos políticos, os organismos públicos são ineficazes, porque sua militância, suas bases não são efetivas. As famílias não são efetivas porque seus pais e filhos o são. O sistema é medíocre porque seus componentes são marginais e, assim todos os povos aprendem a não serem efetivos, marginais de seus líderes e dirigências.

Nações, Estados, sociedades marginadas econômica, educativa, cultural, social, ecologicamente excluídas dos valores dos próprios costumes, povos que estão nos próprios países que não estão dentro deles, presos em duas culturas sem pertencer a nenhuma delas.

Escrevo em um sentido geral que direta ou indiretamente abrangem todas as formas possíveis de marginalidade. Ficamos ali no etimológico, estamos à margem e assim permanecemos. Marginalidade que não é necessariamente pobreza ainda que em nosso o seja, historicamente faz dela uma constante forma de vida como posição existencial, multidimensional. É um status de pobreza mental, de negação da própria experiência sul-americana, não consciência, não contato com as necessidades e objetivos nacionais e pessoais.

Versão em português: Tali Feld Gleiser de América Latina Palavra Viva.

MORANGOS SILVESTRES (Smultronstället, SUE, 1957)


Créditos: Fórum - dylan dog
Formato: RMVB
Áudio: Sueco
Legendas: Português (embutidas)
Duração: 1:31
Tamanho: 425 MB (05 partes)
Servidor: Rapidshare


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Diretor: Ingmar Bergman
Roteiro: Ingmar Bergman
Fotografia: Gunnar Fischer
Montagem: Oscar Rosander
Produtores: Allan Ekelund e Svensk Filmindustri

Elenco:
Victor Sjöstrom — Professor Isak Borg
Bibi Andersson — Sara
Ingrid Thulin — Marianne Borg
Gunnar Björnstrand — Evald Borg
Jullan Kindahl — Agda
Folke Sundquist— Anders
Björn Bjelfvenstam — Viktor

Um professor aposentado viaja de automóvel de Estocolmo até a universidade em que lecionou, a fim de receber um título honorífico. Durante a viagem, um pesadelo desencadeia uma série de associações mentais que o fazem recordar episódios de sua longa vida. Belo estudo da velhice e da compulsão do ser humano para as recordações. O filme não vale para quem quer só diversão: é esplêndido, mas sério e difícil. Destaca-se pelo excelente uso do flashback, ótima fotografia em preto-e-branco, direção muito criativa de Bergman e interpretação brilhante do antigo diretor Sjöstrom como o velho professor. Vencedor do Urso de Ouro em Berlim.

Artigo: www.mnemocine.com.br/cinema/crit/bergman_claudia.htm

Crítica: http://epipoca.uol.com.br/filmes_critica.php?acao=D&idf=8866&idc=2307

IMAGENS: