segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Cesária Évora: África perde uma voz, o Céu ganha uma alma


Director e Chefe de redacção


Não seria exagero dizer que Cesária Évora foi, é e será sempre a voz da África para milhões de pessoas. De facto, Cesária Évora é património mundial para os países membros da CPLP e constituirá uma eterna mais-valia para o espaço lusófono… porque Cesária Évora é mais do que uma voz, é mais do que um coração e ainda mais do que uma alma.
Há duas palavras que surgem do riquíssimo vocábulo da língua portuguesa para a descrever, e estas duas palavras são Cesária Évora. Definem-na no seu espaço, no seu contexto, colocam-na na Pátria que ela amava e cuja voz de referência ela se tornou. Se cantava de pé descalço foi porque ela sentia a sua terra a percorrer as suas veias, é porque Cabo Verde, primeiro e em segundo lugar, África, é parte integral da sua plasma. Quando pegava num microfone num palco, foi porque dignou-se a enriquecer a cultura mundial com aquele dom com que ela já tinha honrado todos os recantos da sua Ilha, São Vicente, e há muitos anos.

Aos 70 anos de idade, o corpo de Cesária Évora nos deixou no Hospital Baptista de Sousa, ilha de São Vicente, Cabo Verde neste sábado, 17 de dezembro. Mas  vai continuar a viver entre nós muito mais do que a voz dela, pois esta era simplesmente um veículo para transmitir seu coração, sua alma e o coração e a alma da África. O que vai continuar a viver entre nós é a melancolia, a nostalgia, o amor correspondido e não, a esperança e o desejo vividos, usufruídos e queimados, a humanidade, a morna, a lágrima, a tristeza e nobreza e alegria ... da África e dos africanos, do Cabo Verde e dos cabo-verdeanos na voz de Cesária Évora, singular, ímpar, digna.

E isso, ninguém nem nada poderá destruir ou tirar de nós, nunca. Esse anjo da cultura mundial, nasceu no Mindelo, Capital da ilha de São Vicente, Cabo Verde em 27 de agosto de 1941, passou os primeiros anos da sua vida cantando e encantando São Vicente com o seu talento, e somente em 1988, aos 47 anos de idade, ela gravou seu primeiro álbum, em Paris.

Cesária Évora saltou para o palco mundial em 1992, aos 50 anos de idade, depois de apresentar seu quarto álbum, Miss Perfumado, em Paris, e depois dos shows subseqüentes, na cidade de Paris Theatre. Seis álbuns tinham referências Grammy, um prêmio que ela ganhou em 2004 (World Music, Voz d'Amor). Onze álbuns são apenas parte do seu legado, sendo o último Nha Sentimento (2009).

Cesária Évora, ou "Cize" para seus amigos, havia nascido em uma família musical - seu pai Justiniano da Cruz tocava cavaquinho, viola e violino, seu irmão tocava saxofone e entre os amigos da família, estava o compositor cabo-verdiano, B. Leza. O instrumento da Cesária Évora, porém, foi sua alma, através da sua voz, e desde tenra idade ela cantou nas ruas, nas praças "para esquecer as coisas tristes" nas suas palavras. Mais tarde acrescentou como palcos abençoados, acariciados e honrados pela sua voz bares, hotéis, salas de concerto. Acrescentaram-se mas nunca substituíram os caminhos, as ruas e as praças que ela pisava sem sapatos, a Rainha da Morna não precisava.

Sua interpretação da canção Sôdade dá asas a qualquer coração ou alma de qualquer geração de qualquer idade em qualquer lugar na Terra. Quem ouve a voz de Cesária Évora ouve uma alma a voar, ouve a história contada de milhares de anos de segredos africanos, ouve o espírito de Cabo Verde, o coração da África, a nobreza da Mulher.

Quão feridos os corações da África, de Cabo Verde, do espaço CPLP hoje. Porém, o legado da Cesária Évora é tornar a tristeza em alegria. E que rico legado é esse…

Timothy Bancroft-Hinchey
Director e Chefe de redacção do PATRIALATINA
Versão portuguesa
Pravda.Ru

EXCLUSIVO NO CLOACANEWS - PRIVATARIA TUCANA CHEGA AO CINEMA


A Privataria Tucana - O Filme from Cloaca News on Vimeo.

Mídia vassala do império rufa os tambores de alegria e mancheteia morte de Kim –Jong – Il


           Coreanos choram a morte de Kim-Jong-Il
 

Praticamente, a mesma manchete em toda a mídia.

Afinal, sabe-se que mais de 90 por cento dos freqüentadores da mídia não têm o mínimo interesse pela Coréia do Norte.

Por que então tamanha importância?

Comercial?

Não é.

Ideológica?

Não é.

Educacional, turística  e outras mais?

Também não.

Por que tanto regozijo midiático?

Simples.

A Coréia do Norte é uma potencia Nuclear.

Os Estados Unidos já tentaram por diversas vezes invadir o país.

As ameaças de invasão pela turma que se locupleta com o sangue dos seus e dos outros, foram inúmeras, mas recuavam sempre na Hora H.

A Coréia do Norte estava sempre com o dedo no botão nuclear.

Pronto para disparar.

Coréia do Norte não possui a riqueza de um Iraque, de uma Líbia.

De uma geografia como o do Afeganistão e da ameaçada Síria.

Mas ao contrario dessas nações, possui o que de mais precioso hoje para revidar a qualquer tentativa de invasão e ocupação.

Possui a Bomba Atômica que qualquer nação que se preze, que se autodenomine de nação, precisa ter.

Se até uma tribo como Israel possui, por que o Brasil não pode ter?

Pense nisso, se você acredita que o seu país é uma nação.

Túlio Muniz: Portugal e a exportação de professores

A mídia cartelista
por Túlio Muniz, via e-mail, noVIOMUNDO

– Manchete na edição on-line do “Público”: Passos Coelho sugere a emigração a professores desempregados.
Fugir “a salto” era, no Portugal da ditadura fascista, migrar para França “pulando” a Espanha. Eis que o primeiro ministro da direita portuguesa, Passos Coelho (um político estreante e inábil) reifica a modalidade: se não se pode solucionar a Educação, livra-te dela, ainda que a custa da inteligência de um país.
Os links acima são exemplos da crueldade acerca do que é a genuína direita européia, que mergulha o continente numa era de incertezas e exploração capitalista poucas vezes vistas na História. Acentua-se a gravidade em contextos como os de Portugal, país com uma das maiores defasagens de escolaridade entre seus habitantes (quase 20% não completaram nível algum). A refletir e acompanhar.
Entretanto, uso do delicado acontecimento para remeter ao que abunda na Europa e claudica por cá. Portugal, em que pese a crise econômica e social que atravessa, nos lega uma lição primorosa de jornalismo, essa invenção fantástica do século XIX, na definição Foucault.
Nenhuma das manchetes acima foi gerada por matéria de um dos grandes jornais de Portugal citados no início deste texto, mas pelo “Correio da Manhã”, uma espécie de “O Dia” lusitano. Diferente do que cá ocorre, a imprensa portuguesa não deixa de repercutir um assunto que é de interesse público, ainda que o mote seja o de um concorrente. O mesmo se dá nas redes de TV, nas emissoras de rádio, mesmo que o assunto contrarie este ou aquele interesse privado. Afinal, eis a justificativa da existência do jornalismo, a difusão e o amplo debate público de determinada questão.
No Brasil, há uma interdição ao debate e a citação de um concorrente pelo outro, com exceção poucos de veículos de alcance nacional, como a revista Carta Capital ou a TV Record, raridade replicante nas mídias locais e regionais (em Fortaleza, “O Povo” eventualmente cita e repercute seu principal concorrente, o “Diário do Nordeste”/Globo, mas a recíproca inexiste). Ironia: a rede Recod, de propriedade da Igreja Universal do Reino de Deus é hoje o melhor e mais ético jornalismo televisivo do País, no âmbito das empresas privadas.
Contudo, a não-citação da concorrência, longe de ser uma questão de disputa de mercado, revela-se como estratégia cartelista de poder. “Cartel”, termo oriundo da economia que significa “acordo explícito ou implícito entre concorrentes para, principalmente, fixação de preços ou quotas de produção, divisão de clientes e de mercados de atuação. O objetivo é, por meio da ação coordenada entre concorrentes, eliminar a concorrência, com o conseqüente aumento de preços e redução de bem-estar para o consumidor” (a definição é do próprio Ministério da Justiça, http://portal.mj.gov.br/sde).
Fora do foco das redes e TV e dos jornalões, o lançamento e consequente repercussão do livro “A Privataria Tucana” do jornalista Amaury Ribeiro Jr , provavelmente, o maior fenômeno editoral do século (80 mil exemplares tirados e praticamente vendidos em uma semana), é também símbolo da importância de veículos credíveis de imprensa (Carta e Record).
Sobretudo, é prova da irreversível penetração da internet na sociedade, legando ao vexame público jornais e jornalistas ávidos por escândalos, desde que não contrariem aos interesses de seus patrões e/ou de patrocinadores de iniciativas e de suas publicações e projetos pessoais.
A imprensa européia não é imune de controle por parte do mercado, mas não zomba da inteligência do público, tampouco prescinde da presença de intelectuais em suas páginas, diariamente e não a conta gotas semanais, prescrição comum no Brasil (mesmo em certo jornalismo universitário), cuja imprensa é inimiga do pensamento.
“Privataria” e sua desconsideração evidenciam a estratégia orquestrada de poder dos grupos privados de comunicação de massa. O silêncio para com o “concorrente” (aspas, pois aqui não se trata de concorrência e sim de aliado cartelista) ocorre para não promover ao hipotético adversário de mercado, mas para também, e sobretudo, legitimar o próprio silêncio em torno de assunto que contrarie aos interesses do cartel (não confundir com “máfia”, apesar das semelhanças).
Grosseiramente invisibilizado pela mídia convencional, “Privataria” demonstra como o cartel foi assimilado pela grande (?) mídia nacional não só em termos de disputa mercado, mas também de negação de um imaginário já consolidado entre a população, que lhe presta assistência e audiência, mas não mais se deixa guiar acriticamente como há duas décadas.
Lembremos da reeleição de Lula em 2006: sob massacre e bombardeio da mídia cartelista, ele não só venceu o segundo turno como seu adversário (Alckmin) teve menos votos que obtivera no primeiro.
Portanto, o caso de “Privataria” não é o primeiro. Será o último?

Túlio Muniz, jornalista, historiador, doutor pela Universidade de Coimbra (Portugal) e professor (temporário) da Universidade Federal do Ceará.