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Um blog de informações culturais, políticas e sociais, fazendo o contra ponto à mídia de esgoto.
sábado, 7 de maio de 2011
Gerônimo é o símbolo vivo da rebeldia contra a opressão da burguesia estadunidense
A barbárie e a estupidez jornalística no caso da morte de bin Laden
Elaine Tavares no Correio do Brasil
Imaginem vocês se um pequeno operativo do exército cubano entrasse em
Miami e atacasse a casa onde vive Posada Carriles, o terrorista
responsável pela explosão de várias bombas em hotéis cubanos e pela
derrubada de um avião que matou 73 pessoas. Imagine que esse operativo
assassinasse o tal terrorista em terras estadunidenses. Que lhes parece
que aconteceria? O mundo inteiro se levantaria em uníssono condenando o
ataque.
Haveria especialistas em direito internacional alegando que um
país não pode adentrar com um grupo de militares em outro país livre,
que isso se configura em quebra da soberania, ou ato de guerra.
Possivelmente Cuba seria retaliada e, com certeza, invadida por tropas
estadunidenses por ter cometido o crime de invasão. Seria um escândalo internacional e os jornalistas de todo mundo anunciariam a notícia como um crime bárbaro e sem justificativa.
Mas, como foi os Estados Unidos que entrou no Paquistão, isso parece
coisa muito natural. Nenhuma palavra sobre quebra de soberania, sobre
invasão ilegal, sobre o absurdo de um assassinato. Pelo que se sabe, até
mesmo os mais sanguinários carrascos nazistas foram julgados. Osama
não. Foi assassinato e o Prêmio Nobel da Paz inaugurou mais uma
novidade: o crime de vingança agora é legal. Pressuposto perigoso demais
nestes tempos em que os EUA são a polícia do mundo.
Agora imagine mais uma coisa insólita. O governo elege um inimigo
número um, caça esse inimigo por uma década, faz dele a própria imagem
do demônio, evitando dizer, é claro, que foi um demônio criado pelo
próprio serviço secreto estadunidense. Aí, um belo dia, seus soldados
aguerridos encontram esse homem, com toda a sede de vingança que lhes
foi incutida. E esses soldados matam o “demônio”. Então, por respeito,
eles realizam todos os preceitos da religião do “demônio”. Lavam o
corpo, enrolam em um lençol branco e o jogam no mar. Ora, se era Osama o
próprio mal encarnado, porque raios os soldados iriam respeitar sua
religião? Que história mais sem pé e sem cabeça.
E, tendo encontrado o inimigo mais procurado, nenhuma foto do corpo?
Nenhum vestígio? Ah, sim, um exame de DNA, feito pelos agentes da CIA. Bueno, acredite quem quiser.
O mais vexatório nisso tudo é ouvir os jornalistas de todo mundo
repetindo a notícia sem que qualquer prova concreta seja apresentada.
Acreditar na declaração de agentes da CIA é coisa muito pueril. Seria
ingênuo se não se soubesse da profunda submissão e colonialismo do
jornalismo mundial.
Olha, eu sei lá, mas o que vi na televisão chegou às raias do
absurdo. Sendo verdade ou mentira o que aconteceu, ambas as coisas são
absolutamente impensáveis num mundo em que imperam o tal do “estado de
direito”. Não há mais limites para o império. Definitivamente são tempos
sombrios. E pelo que se vê, voltamos ao tempo do farwest, só que agora, o céu é o limite. Pelo menos para o império.
Darth Vader é fichinha!
Elaine Tavares é jornalista.
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