domingo, 24 de maio de 2009

Cuidado com Obama....

Guerras maiores e mais sangrentas igual a paz e justiça

por James Petras

Stanley McChrystal. "Os Deltas são loucos... É preciso ser um psicopata certificado para aderir à Delta Force...", disse-me certa vez na década de 1980 um coronel do Exército dos EUA em Fort Bragg. Agora o presidente Obama promoveu o mais infame dos psicopatas, o general Stanley McChrystal, a chefe do comando militar dos EUA e da NATO no Afeganistão. A elevação de McChrystal à liderança é assinalada pelo seu papel central na direcção de equipes de operações especiais empenhadas em assassínios extra-judiciais, tortura sistemática, bombardeamento de comunidades civis e missões de busca e destruição. Ele é a própria corporificação da brutalidade e do sangue que acompanha a construção do império conduzida por meios militares. Entre Setembro de 2003 e Agosto de 2008, McChrystal dirigiu a Joint Special Operations (JSO) do Pentágono, comando que opera equipes especializadas em assassínios no estrangeiro.

A questão das equipes de Operações Especiais (Special Operations teams, SOT) é que elas não distinguem entre oposições civis e militares, entre activistas e seus simpatizantes e a resistência armada. As SOT especializam-se em estabelecer esquadrões da morte, recrutar e treinar forças paramilitares para aterrorizar comunidades, vizinhanças e movimentos sociais de oposição a regimes clientes dos EUA. O "contra-terrorismo" das SOT é terrorismo em reverso, concentrando-se sobre grupos sócio-politicos entre os servidores estado-unidenses e a resistência armada. O SOT de McChrystal alvejou líderes insurgentes locais e nacionais no Iraque, Afeganistão e Paquistão por meio de raids de comando e ataques aéreos. Durante os últimos cinco anos do período Bush-Cheney-Rumsfeld as SOT foram profundamente implicadas na tortura de prisioneiros políticos e de suspeitos. McChrystal foi um favorito especial de Rumsfeld e Cheney porque estavam a seu cargo as forças de "acção directa" das Special Missions Units. Os operativos da "Acção Directa" são os esquadrões da morte e torturadores, e o seu único envolvimento com a população local é aterrorizar e não fazer propaganda. Eles empenham-se na "propaganda da morte", assassinando líderes locais para "ensinar" os locais a obedecerem e submeterem-se à ocupação. A nomeação por Obama de McChrystal como chefe reflecte um agravamento da nova escalada militar da sua guerra do Afeganistão em face do avanço da resistência por todo o país.

A posição deteriorada dos EUA é manifesta no endurecimento do círculo em torno de todas as estradas que levam à capital do Afeganistão, Cabul, bem como na expansão do controle e influência Taliban por toda a fronteira Paquistão-Afeganistão. A incapacidade de Obama para recrutar novos reforços da NATO significa que a única oportunidade de a Casa Branca avançar o seu impulso para a construção militar do império é escalar o número de tropas estado-unidenses e aumentaram o rácio de mortes entre todos e quaisquer civis suspeitos em territórios controlados pela resistência armada afegã.

A Casa Branca e o Pentágono afirmam que a nomeação de McChrystal deveu-se às "complexidades" da situação no terreno e a necessidade de uma "mudança de estratégia". "Complexidade" é um eufemismo para o reforço da oposição em massa aos EUA, complicando as tradicionais operações de "bombardeamento e limpeza". A nova estratégia praticada por McChrystal envolve "operações especiais" em grande escala e a longo prazo para devastar e matar as redes sociais locais e líderes comunitários, os quais proporcionam apoio à resistência armada.

A decisão de Obama de impedir a divulgação de montes de fotografias que documentavam a tortura de prisioneiros pelas tropas de "interrogadores" dos EUA (especialmente sob o comando das "Forças Especiais") está directamente relacionada com a sua nomeação de McChrystal, cujas forças "SOT" estiveram altamente implicadas em tortura generalizada no Iraque. Igualmente importante, sob o comando de McChrystal a DELTA, SEAL e Equipes de Operações Especiais terão um papel mais destacado na nova "estratégia de contra-insurreição". A afirmação de Obama de que a publicação destas fotografias afectará adversamente as "tropas" tem um significado particular. A exposição gráfica do modus operandi de McChrystal durante os últimos cinco anos sob o presidente Bush minará a sua efectividade na execução das mesmas operações sob Obama.

A decisão de Obama de recomeçar os "tribunais militares" secretos de prisioneiros políticos estrangeiros, mantidos no campo prisional de Guantanamo, não é meramente uma reencenação das políticas de Bush-Cheney, as quais Obama condenou e prometeu eliminar durante a sua campanha presidencial, e sim parte de uma política mais vasta de militarização e coincide com a sua aprovação da maiores operações de vigilância policial secreta efectuadas contra cidadãos dos EUA.

Colocar McChrystal como encarregado das operações militares expandidas no Afeganistão-Paquistão significa colocar um notório praticante do terrorismo militar — a tortura e assassinato de oponentes da política dos EUA — no centro da política externa do país. A expansão quantitativa e qualitativa de Obama da guerra estado-unidense no Sul da Ásia significa números maciços de refugiados a fugirem da destruição das terras, lares e aldeias; dezenas de milhares de mortes civis e a erradicação de comunidades inteiras. Tudo isto será cometido pela administração Obama com o objectivo de "esvaziar o lago" (deslocar populações inteiras) para apanhar o peixe (insurgentes armados e activistas).

A restauração de Obama das mais infames políticas da Era Bush e a designação do mais brutal comandante de Bush baseia-se na sua adesão total à ideologia da construção do império conduzida por meios militares. Uma vez que alguém acredite (como Obama) que o poder e a expansão dos EUA baseiam-se em conquistas militares e contra-insurgência, todas as demais considerações ideológicas, diplomáticas, morais e políticas serão subordinadas ao militarismo. Ao centrar todos os recursos no êxito da conquista militar, escassa atenção é prestada aos custos suportados pelo povo alvo da conquista ou ao Tesouro dos EUA e à economia americana. Isto tem sido claro desde o princípio. Em meio à maior recessão/depressão com milhões de americanos a perderem o seu emprego e os seus lares, o presidente Obama aumentou o orçamento militar em 4% — levando para além dos 800 mil milhões de dólares.

A adesão de Obama ao militarismo é óbvia a partir da sua decisão de expandir a guerra afegã apesar da recusa de NATO em comprometer quaisquer tropas combatentes adicionais. Ela é obvia na sua nomeação do mais infame e endurecido general das Forças Especiais da era Bush-Cheney para encabeçar o comando militar destinado a subjugar o Afeganistão e as áreas fronteiriças do Paquistão.

É exactamente como George Orwell descreveu em Animal Farm: Os Porcos Democráticos estão agora a prosseguir as mesmas políticas militares brutais dos seus antecessores, os Porcos Republicanos, só que agora em nome do povo e da paz. Orwell pode parafrasear a política do presidente Barack Obama, como o "Guerras maiores e mais sangrentas igual a paz e justiça".


O original encontra-se em http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=13644

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