sábado, 17 de abril de 2010

Artigo de Juremir Machado da Silva...



Estado Pronto-Socorro

Juremir Machado da Silva
 

Cada época inventa novas formas de organização social e política. O Estado existiu na antiguidade. Tomou nova forma no século XVI, sendo chamado de Estado moderno. Ao longo do tempo, a administração e as funções do Estado foram discutidas e idealizadas por estudiosos "desinteressados". O filósofo grego Platão, pai do corporativismo, defendia que o Estado deve ficar nas mãos dos filósofos, que viviam (vivem?) com a cabeça nas nuvens. Algumas tentativas foram feitas. Um fracasso atrás do outro. No Brasil, FHC ouviu alguns amigos filósofos, como José Arthur Gianotti, e percebeu que o melhor era só fazer de conta que os seguia. Karl Marx achou que seria melhor entregar o controle do Estado aos intelectuais revolucionários. Não foi uma saída melhor.

As outras alternativas também não são convincentes: os militares, os burocratas, os sacerdotes e os políticos. Por enquanto, a pior solução continua sendo disparado a melhor: o povo. O papel do Estado é um tema tão polêmico quanto o que discute a quem deve caber a administração estatal. Em tempos de Fórum da Liberdade, não deixa de ser interessante refletir sobre a (in)coerência do discurso dos liberais. O Fórum da Liberdade deste ano é uma homenagem a Ludwig von Mises. Esse cidadão ficou famoso como um dos pilares do "Estado mínimo". Na abertura do Fórum da Liberdade, contudo, o poderoso executivo Carlos Ghosn, presidente mundial da Renault-Nissan, louvou a ajuda governamental americana às montadoras de automóveis que derraparam feio com a crise de 2008. Ludwig von Mises deve ter se revirado no túmulo.

Salvo se, como muitos, ele foi um liberal heterodoxo. Os liberais heterodoxos gostam, como diz o clichê, de privatizar lucros e socializar prejuízos. São os chamados pragmáticos. Na hora de quebra, adotam linguagem de esquerda, coisas como "função social da empresa", o que lhes permite pedir dinheiro ao Estado para supostamente salvar os empregos da plebe. Assim que a grana entra, pragmaticamente, eles tratam de demitir boa parte da plebe para supostamente salvar os empregos da parte restante e dar "racionalidade" ao negócio. É sempre em nome do bem que se contradizem. O bem deles. Ou os bens deles. Defendem o Estado Pronto-Socorro, uma emergência sempre pronta e com todos os  equipamentos necessários para salvar a vida de um paciente fanfarrão que adora praticar esportes radicais, o capitalismo.

Vi, no entanto, que alguns liberais ortodoxos gaúchos, a exemplo de outros pelo mundo, são, em tese, contra esse tipo de mamata oportunista. Acham trapaça criticar a intervenção estatal na alta e pedir penico na baixa. Ficam com ar de anjinhos no meio dos tubarões. Os mais velhos sorriem como que dizendo, "ah, esses meninos ainda vão aprender a se contradizer". O raciocínio dos defensores do Estado Pronto-Socorro é límpido: esse troço é nosso. Nós o inventamos para que ele nos proteja da plebe. Nada mais justo que nos tire do atoleiro. É uma concepção pragmática e heterodoxa. Um bom "jeitinho".


Juremir Machado da Silva é jornalista e professor

*Artigo publicado pelo jornal Correio do Povo, de Porto Alegre, em 14 de abril de 2010

Europa: duas nuvens vulcânicas no ar...


Bento XVI, de fala mansa e por vezes cruel, mostra-se um reverendo omisso (Foto: Janusz Stachoń/Wikipedia)

Por Flavio Aguiar no sitio RedeBrasilAtual

Duas nuvens vulcânicas pairam sobre a Europa neste fim de semana que se abre na sexta-feira 16 de abril.
A primeira é a nuvem vulcânica stricto sensu. Provinda do vulcão islândês Eyjafjallajoekull (quero ver um de nós dizer isso assim como dizemos "inconstitucionalissimamente") essa nuvem paralisou todo o tráfiego aéreo norte-europeu, de Londres a Berlim, com reflexos no mundo inteiro. Mais de 10 mil vôos foram, são ou serão ainda afetados pela volta à atividade desse vulcão, depois de quase 190 anos de hibernação.
Um geólogo em entrevista na CNN explicou que as partículas dessa nuvem são como vidro micro-moído: dentro de uma turbina de avião, elas a espandongam em minutos. E a situação assim vai ficar por muitas e muitas horas. Enquanto escrevo essas mal traçadas e apressadas linhas, às 15 horas de Berlim da sexta-feira, ainda não há previsão sobre o fim do fenômeno, que só chegará a termo com o fim das emissões de lava e fumaça e a dispersão lenta, insegura e gradual do material já lançado na atmosfera.
Parece que 2009/2010 é um biênio caracterizado por uma espécie de “deu a louca no planeta”. São inundações, nevascas, secas, tremores de terra, ressacas, uma coisa atrás da outra, sem parar. Nem bem fomos sacudidos pelo terremoto na China, com centenas de mortos e milhares de desabrigados, depois dos da Turquia, Chile, Haiti e outros, e veio essa tsunami aérea a desorganizar a vida de todo mundo.
Não se sabe bem o significado disso tudo, mas eu arriscaria dizer que o planeta está com alguma espécie de indigestão. E, que isso pode obedecer a amplos e milháricos (em termos de anos) ciclos naturais, nós, os “sapiens pouco sapiens”, não estamos fazendo muito bem a nossa parte para ajudar a Terra e ajudar-nos diante de tudo isso.
Claro que tudo vai levar muito tempo, mas estamos diante de situações cada vez mais limite, que relembram lição do prof. Ignacy Sachs, da Sorbonne, um dos maiores especialistas do mundo em reforma agrária e produção de alimentos. Segundo ele, a escala gigantesca que certos problemas concentrados vêm atingindo (como a situação mundial dos aeroportos), mostra que é necessário pensar, em termos mundiais, não só numa mudança em padrões de produção, como também numa mudança nos padrões de consumo. Isso vai levar duas gerações pelo menos, pois depende de educação e medidas internacionais que os atuais governos, em geral, não estou conseguindo coordenar, sequer implementar. E também porque não adianta pensar que os norte-americanos, os europeus ocidentais e os japoneses vão manter o seu padrão de consumo e que chineses, indianos, latino-americanos venham a mudar os seus “por livre e espontânea vontade”, numa espécie de “sim, eu vou continuar com o meu carrão, já o vizinho que leve os filhos pra escola num carrinho de mão”.
Bom, essa é a primeira nuvem, que paralisou o tráfego aéreo europeu e mundial.
A segunda nuvem, de lato sensu, sentido amplo, no caso, metafórico, é bem mais complicada. Essa nuvem vulcânica vem em atividade há séculos, ora mais, ora menos. Mas recentemente tremeu e mostrou que pode explodir. Chama-se Igreja Católica Apostólica Romana. O caso do celibato católico e das denúncias de pedofilia na Igreja expôs uma fratura que, como a falha de San Andrés na Califórnia, ou o vulcão de nome impronunciável para nós, pode provocar uma tsunami de grandes proporções.
Qual é essa fratura? Será o celibato ou a pedofilia? Penso que não. A pedofilia é um caso simultaneamente criminal e psiquiátrico. Já a obrigatoriedade do celibato sacerdotal no mundo católico vem se comprovando algo cada vez  mais obsoleto, se é que foi adequado um dia. Não é “causa” de pedofilia, mas serve de caldo de cultura, e de uma cultura perversa, porque baseada na hipocrisia, na mentira, e por aí no pior dos pecados dentro do mundo cristão (não esqueci de minhas jesuíticas aulas), que é o da omissão.
E aí se expõe a fratura: ela se chama Bento XVI.
João Paulo II não era do meu agrado. Mas era um quadro político, ninguém pode negar. Um papa à altura do papado, para o mal e até para algum bem, mas sempre por seus méritos. De todos os papas, foi talvez o mais midiático. Anti-comunista ferrenho, fez o que prometia a sua força humana para promover a derrubada dos regimes comunistas no leste europeu, e conseguiu. Autoritário, prejudicou o que pode a teologia da libertação e os movimentos de esquerda na América Latina. Não conseguiu todos os seus objetivos, mas deu um trabalho danado e deixou cicatrizes indeléveis. Uma figura.
Já Bento XVI, de fala mansa e por vezes cruel, desde que assumiu o papado vem se mostrando um reverendo omisso. Não perde oportunidade para dar um fora. E suas emendas são sempre piores do que os sonetos, tardias, desengonçadas, inoportunas. Como aconteceu nesse caso das acusações de pedofilia. Ao invés de assumir uma postura investigativa e condenatória dos malfeitos e dos malfeitores logo de cara, tergiversou, dançou quadrilha, deu pulos para lá e para cá, pensando que assim fugia da brasa e da frigideira. Não conseguiu. E agora o que se vê é a Igreja tendo de usar todo o poderio de sua retórica e de sua presença para defender... um omisso. O que a torna ainda mais conservadora, e exigirá também umas duas gerações de bispos e cardeais para uma correção de rumo, se é que tem remédio. O Cardeal Ratzinger, secundando João Paulo II, também era uma figura. Danosa, mas figura.
Bento XVI: virou uma figurinha. O ex-poderoso inquisidor vem se revelando uma figurinha omissa, opaca, sem brilho. Mas por isso mesmo mais danosa ainda.
Camponeses realizam seminário no Nordeste - A produção nas terras da Revolução Agrária
 Mário Lúcio de Paula   

 

Nos dias 06 e 07 de março de 2010 foi realizado o "I Seminário de Produção da Área Revolucionária José Ricardo", Lagoa dos Gatos/PE.


Após o Corte Popular (divisão da fazenda em lotes, entregues a cada família) na Área Revolucionária1 José Ricardo, concluído em abril do ano passado, se verificou um aumento imediato da produção na área. (ver quadro)
Estimulados pelo progresso obtido — fruto de sua luta e trabalho — os camponeses perceberam que podem avançar ainda mais.

O Programa agrário

Os debates acerca do I Plano de Produção se deram como parte da discussão sobre como fazer avançar mais a Revolução Agrária na Área José Ricardo, através da aplicação dos pilares fundamentais do Programa Agrário e de Defesa dos Direitos do Povo que são:
1 Tomar e cortar todas as terras do latifúndio;

2 Desenvolver as forças produtivas e impulsionar novas relações de produção;

3 Construir nas áreas tomadas os embriões do Novo Poder.

Já tendo cumprido o primeiro ponto com o Corte Popular em 2009, os camponeses concentram agora esforços para desenvolver os passos seguintes.

Quadro de Produção 2009/2010 na área José Ricardo 

Principais Produtos Produção 2009 Meta para Inverno/2010
Macaxeira 63 Toneladas 100 Ton.
Mandioca (brava) 75 Ton. 89 Ton.
Batata 71 Ton. 109 Ton.
Milho 15,2 Ton. + 600 sacos em espiga 36,4 Ton. + 38 sacos em espiga
Feijão 9 Ton. 21,8 Ton.
Alface 28.650 pés 114.600 pés
Coentro 9,6 T + 380 kg de sementes 41 Ton.
Quiabo 78 Ton. 126 Ton.

Os preparativos do Seminário

O Comitê de Defesa da Revolução Agrária — CDRA e a Escola Popular elaboraram um documento preparatório do Seminário, que foi debatido com todos da área e cada família respondeu um "Questionário da Produção 2009/2010", cujos resultados globais seriam apresentados no Seminário. Assim o CDRA pôde debater amplamente as idéias do Plano de Produção. Os debates preparatórios remexeram com a área e várias propostas surgiram, como a possibilidade de organizar a compra de insumos e herbicidas para todos da área de forma centralizada, já que assim os custos reduziriam em até 45%.

A luta pela produção

Participaram do Seminário lideranças das Áreas de Peri-peri e Santa Luzia, além de dezenas de camponeses da área José Ricardo. Professores e estudantes da Universidade Federal de Alagoas, acompanhados de duas estudantes de Serviço Social da Universidade de Valência (Espanha), bem como de Pernambuco, prestigiaram o evento e deram contribuições importantes aos debates.
Na abertura do Seminário, um dirigente da Liga dos Camponeses Pobres do Nordeste destacou os avanços da Revolução Agrária na região, como a recente tomada de um latifúndio no Ceará. O dirigente ainda frisou a luta política travada no seio do movimento camponês após a declarada capitulação da direção do MST, expressa na entrevista de João Pedro Stédile ao jornal Zero Hora/RS quando afirmou que "a ocupação não interessa mais".
— A LCP, erguendo alto a bandeira da revolução agrária conclama todos os camponeses pobres sem terra ou com pouca terra, incluindo as bases combativas que ainda se encontram sob a direção do MST a se lançarem à luta pela completa destruição do latifúndio — convocou.

Romper os grilhões da "reforma agrária"

O agrônomo e professor da UFAL, Cícero Avião, em sua exposição, apresentou uma pesquisa sobre os assentamentos rurais que mostrava dados alarmantes: a maioria deles, após alguns anos da conquista da terra, se encontram abandonados, sem produção próspera, e em vários casos, as famílias que inicialmente lutaram por aquele pedaço de terra já não se encontravam mais nas áreas.
Na pesquisa foram elencados uma série de fatores como causa do fracasso destes assentamentos, entre os quais:
1 - o endividamento das famílias com os créditos oferecidos pelo governo;

2 -  os assentados não recebem apoio técnico adequado;

3
- a falta de organização cooperada das famílias camponesas. Este último foi o fator apontado pelo Prof. Cícero como o principal, já que sem organização coletiva os camponeses se isolam na pequena produção individual e não conseguem superar dificuldades como o baixo desenvolvimento técnico da produção e sua consequente baixa produtividade, a exploração do atravessador, entre outros.
Os argumentos expostos explicam em parte a causa do fracasso da "reforma agrária" de Luiz Inácio e seus antecessores na gerência do Estado burguês-latifundiário, quando os pouquíssimos projetos que saem do papel terminam na ruína para grande parte das famílias camponesas.
O professor Cícero ainda ressaltou a importância do planejamento de cada parcela, da criação de animais, tanto para o consumo e venda, como para a utilização do esterco para fertilização do solo.
A área revolucionária deve preservar a área de mata, importante para não deixar o solo descoberto, protegendo-o das chuvas torrenciais do inverno que causam a erosão do solo e também do forte sol do verão, que pode matar os microorganismos do solo, responsáveis pela decomposição da matéria orgânica. Além disso, essas áreas constituem sempre reserva de alimentos (caça) e madeira, além de ser vital para a preservação da água — destacou o professor.

Desenvolver o trabalho cooperado

No segundo dia o Seminário debateu a importância do trabalho cooperado e a organização dos Grupos de Ajuda Mútua. Fernando Barbosa — integrante do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos — abordou os aspectos ideológicos e políticos do trabalho cooperado.
Se só pensarmos em nós mesmos e em nossos filhos, se quisermos crescer individualmente sem nos importar com os demais companheiros, ou seja, se nos basearmos pelo individualismo, só construiremos novos 'Cordeirinhos' [referência ao coronel Cordeirinho, antigo proprietário da fazenda] . Ao contrário, se queremos uma nova sociedade, devemos cultivar a solidariedade, a ajuda mútua não só na produção, mas em todos os aspectos da vida na área, como a educação das crianças e dos jovens, a construção de obras que beneficiarão a todos, o apoio à outras áreas em luta e conflito com o latifúndio — explicou Fernando .

O camponês encontra novas soluções

— Tenho bichos para dar de comer todos os dias e não tenho filhos para me ajudar, então não posso participar do grupo de ajuda mútua todos os dias, mas sempre que tem algum trabalho coletivo na área gosto de participar — disse sr. Jairo, abrindo o debate.
— Trabalho com horta e neste sol não posso ficar nem um dia sem irrigar porque senão a alface amarela, o coentro murcha... mas no inverno não preciso aguar por causa da chuva, então dá pra entrar num grupo de produção — animou-se sr. João Alves.
O sr. "Ciço", que faz parte do primeiro grupo de ajuda mútua da área José Ricardo, contou sobre o trabalho da semana:
— Foi muito animado e todos trabalharam igual, deu uma animação maior e rendeu bem mais.
Éder, jovem que também está neste grupo, problematizou:
— Foi muito bom e vai dar certo, mas vimos que alternar as áreas cultivadas todos os dias da semana fica difícil, porque demora a voltarmos na primeira parcela de terra trabalhada; estamos vendo como vamos fazer — disse pensativo.
Maria falou:
— Eu estava trabalhando com costura e pensei mesmo só em mim, em ganhar mais, mas aí vi que não ia dar conta de tanto trabalho sozinha. Chamei outras companheiras e formamos um grupo, o trabalho avançou bem mais e foi outra coisa! — relatou animada.

A experiência aprimora o plano

As falas se sucederam e revelaram pontos importantes que ainda não estavam tão claros no documento inicial do CDRA sobre o Plano de Produção. O exemplo de sr. João serviu para demonstrar que nem todos poderão se incorporar em grupos de troca de trabalho no verão, tendo que esperar mesmo pelo inverno. Já o sr. Jairo, que cuida de sua criação, fez ver que a ajuda mútua não é só troca de trabalho, mas também aqueles realizados voluntariamente para melhorias na parcela de algum companheiro (como drenar brejos, ou construir cercas), trabalho que somente uma família não consegue fazer, ou mesmo mutirões para cuidado e melhorias gerais da área. Surgiram a partir deste debate e relatos outras idéias, como a ajuda mútua para a colheita e lavação de batatas, transporte das mercadorias e comercialização.
A presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Lagoa dos Gatos, conhecida por todos como "Zefinha", reforçou a defesa da implementação do trabalho cooperado e alertando de que "não será fácil, pois nunca houve em Lagoa dos Gatos um trabalho organizado desta forma, mas, era importante persistir em realizá-lo."

Surgem os primeiros Grupos de Ajuda Mútua

Após o Seminário, três Grupos de Ajuda Mútua (GAM) foram organizados, estes discutiram e definiram a organização do trabalho.
O primeiro grupo definiu que o trabalho coletivo será, de modo geral, de dois dias na semana (um em cada parcela), nos outros dias cada membro poderá avançar o trabalho na sua própria parcela ou trabalhar ‘alugado' para garantir sua alimentação semanal.
Outro grupo definiu os dias (toda 2ª e 6ª feiras) para os trabalhos no Grupo de Ajuda Mútua; o terceiro grupo definiu que antes do inverno só poderão trocar um dia de trabalho na semana, já que a irrigação diária os prende à sua parcela, mas no inverno será possível dedicar mais dias de trabalho mútuo.
Assim, os camponeses assimilaram o conceito geral da ajuda mútua, mais desenvolvido por elas no próprio Seminário, e estão criando à sua maneira, de forma rica e flexível, seus primeiros GAMs. Tais grupos não se configuram como "coletivos" artificiais e impostos aos camponeses, como existe de costume em movimentos oportunistas, mas são formas adequadas à sua condição e necessidade.

Um plano de produção para o inverno2

Terminado o Seminário, o Plano de Produção para o Inverno da AR José Ricardo foi aprovado pela Assembléia do Poder Popular, lançando metas que desafiam todos da área a cumpri-lo, aumentando a produção e impulsionando a Revolução Agrária. Na conclusão do plano será realizado um 2º Seminário, para avaliar os resultados e definir os planos para o verão.

Tom Zé – Jogos de Armar (2000)


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Créditos: UmQueTenha




Para compreender melhor o que significa CD auxiliar leia aqui nesse sitio(http://migre.me/wA7q) e desfrute dessa proposta fantástica e socializadora de Tom Zé...

Duke Ellington - The Great Paris Concert [2CD, 1963]



Live at the Olympia Theatre, Paris


1. Kinda Dukish 1:51
2. Rockin' In Rhythmn 3:47
3. On The Sunny Side Of The Street 3:01
4. The Star-Crossed Lovers 4:13
5. All Of Me 2:35
6. Theme From "The Asphalt Jungle" 4:06
7. Concerto For Cootie 2:35
8. Tutti For Cootie 4:46
9. Suite Thursday: Misfit Blues 3:37
10. Suite Thursday: Schwiphti 2:51
11. Suite Thursday: Zweet Zurzday 3:54
12. Suite Thursday: Lay-By 6:27
13. Perdido 5:21
14. The Eighth Veil 2:36
15. Rose Of Rio Grande 2:41
16. Cop Out 6:56
17. Bula 4:38
18. Jam With Sam 3:57
19. Happy-Go-Lucky Local 3:21
20. Tone Parallel To Harlem 13:59 Album Only
21. Don't Get Around Much Anymore (LP/Studio Version) 2:43
22. Do Nothing Till You Hear From Me (Live) 4:52
23. Black And Tan Fantasy 2:42
24. Creole Love Call 2:07
25. The Mooche 5:38
26. Things Ain't What They Used To Be (Live) 3:10
27. Pyramid 3:40
28. The Blues (From "Black, Brown & Beige") (Live) 3:48
29. Echoes Of Harlem 3:36
30. Satin Doll (Live) 2:39

Movimento dos Sem Mídia(MSM) reage às manipulações do PiG...

Eduardo Guimarães: MSM denunciará crime eleitoral


por Eduardo Guimarães, no Cidadania.com

Faço saber, a quem possa interessar, que o Movimento dos Sem Mídia, organização não-governamental da sociedade civil constituída em 13 de outubro de 2007 em assembléia-geral integrada por 52 sócios fundadores e que conta com 137 filiados, ingressará na Justiça Eleitoral com pedido de investigação dos seguintes fatos:
Em 27 de março deste ano, foi divulgada pesquisa eleitoral do instituto Datafolha que versou sobre a intenção de voto do eleitorado para o cargo de presidente da República. A sondagem apontou diferenças de 9  e de 10 pontos percentuais entre os pré-candidatos José Serra e Dilma Rousseff, em favor do primeiro, nos dois cenários principais apresentados aos pesquisados.
Sete dias depois (em 3 de abril), houve divulgação de pesquisa Vox Populi que revelou  quadro bem  diferente, com diferença de 3 e de 5 pontos, de acordo com o cenário de postulantes ao cargo de presidente, em favor do candidato do PSDB. No mesmo dia, o jornal Folha de São Paulo, proprietário do instituto Datafolha, publica denúncia de que o “tipo de questionário” apresentado pelo instituto concorrente aos pesquisados “é conhecido por distorcer resultados”.
Nos dias seguintes, a diferença dos levantamentos estatísticos e a denúncia da Folha provocaram uma vastidão de matérias na imprensa, com acusações tanto ao Datafolha quanto ao Vox Populi, sendo que as acusações do maior jornal do país tiveram espaço quase exclusivo nos grandes meios de comunicação.
Em 13 de abril, o instituto Sensus divulgou nova pesquisa sobre a sucessão presidencial mostrando quadro diametralmente diferente do apurado pelo instituto Datafolha. Nessa pesquisa, a diferença entre os pré-candidatos Dilma e Serra reduziu-se dos 9 e 10 pontos percentuais detectados pelo Datafolha 10 dias antes, para 0,4 e 2,8 pontos  nos dois respectivos cenários pesquisados.
A Folha de São Paulo, então, produziu acusações ainda mais sérias em sucessivas matérias largamente reproduzidas por toda a grande imprensa e que levaram o PSDB a entrar na Justiça Eleitoral contra o Sensus, requisitando as fichas das entrevistas da pesquisa para análise de especialistas contratados pelo partido. E, no último dia 16, a mesma imprensa e o mesmo partido político denunciaram supostas manobras protelatórias do instituto para fornecer os dados requeridos pela Justiça Eleitoral.
Finalmente, na última sexta-feira (16 de abril de 2010), o site da revista Veja divulgou, antes do jornal dono do instituto Datafolha, pesquisa deste instituto sobre a sucessão presidencial. A pesquisa mostrou resultado gravemente diferente do que foi apurado pelo Sensus e divulgado 3 dias antes. O Datafolha afirma que a diferença em favor de Serra seria, agora, de 10 e 12 pontos percentuais.
Não existe a menor dúvida de que um ou mais de um desses institutos de pesquisa (Datafolha, Sensus ou Vox Populi) cometeu um legítimo crime eleitoral. Existe até denúncia, amplamente comentada na imprensa, nesse mesmo sentido. Esse fato gera intranqüilidade social e tem um poder enorme de influir nos rumos da eleição.
A LEI Nº 9.504, de 30 DE SETEMBRO DE 1997, Art.33, § 4º, reza que “A divulgação de pesquisa fraudulenta constitui crime, punível com detenção de seis meses a um ano e multa no valor de cinqüenta mil a cem mil UFIR”.
Diante destes fatos, informo que o Movimento dos Sem Mídia pedirá à Justiça Eleitoral investigação rigorosa dos fatos supra mencionados em benefício da ordem pública e da segurança da sociedade de que a eleição deste ano transcorrerá sob a égide da democracia e da justiça.

Uma outra alternativa para 2010??

O que está em jogo em 2010
Editorial do Correio da Cidadania 

Lulistas sinceros acreditam que o presidente está realizando um avanço social maior do que o próprio Getulio Vargas. Os que divergem desse ponto de vista não sabem "o que realmente está em jogo em 2010". Portanto, o ponto a discutir com eles diz respeito a esta questão.
 
O fenômeno Lula tem um efeito social real, independentemente do êxito ou do fracasso do seu governo.
 
O caso dele é semelhante ao de Obama. É o fato de um negro ocupar a Casa Branca que tem um efeito não identificável diretamente, mas certamente muito forte, na sociedade norte-americana. Os Estados Unidos não serão os mesmos depois de Obama, independentemente do que vier a acontecer com a sua administração: o povo negro percebeu que "pode".
 
A ascensão de um "pau de arara" à Presidência da República tem o mesmo significado: o povo percebeu que pode chegar lá. Portanto, o Brasil pós-Lula não será o mesmo. Mas o Brasil será esse?
 
Para quem se considera socialista esta não é a pergunta chave para definir o que está realmente em jogo em 2010, e sim esta outra: ao término do governo Lula, o Brasil estará mais próximo ou mais distante da ruptura socialista?
 
Cientes de que a resposta só pode ser negativa, os lulistas levantam a questão do futuro do Brasil mais em termos de ameaça aos que divergem da sua posição do que de esperança de grandes avanços, porque estão cansados de saber que, no pós-Lula, as políticas econômicas não serão muito distintas das atuais, seja eleito qualquer dos candidatos do campo da ordem estabelecida.
 
Fica valendo, portanto, apenas a ameaça: se a esquerda assumir uma postura divisionista, os tucanos vencerão e anularão todas as conquistas proletárias.
 
Ora, todos sabemos que, na medida em que o campo da ordem – hoje preponderante – for se tornando hegemônico, as conquistas da classe operária em épocas passadas irão sendo anuladas uma a uma. Não por outra razão, aliás, a campanha de 2010 está sendo diligentemente montada para atingir dois objetivos: incutir na mente do eleitorado que as coisas estão melhorando e que não há qualquer alternativa ao sistema capitalista.
 
Se a direita lograr atingir esses dois objetivos, a hegemonia neoliberal estará totalmente consolidada. O próprio povo passará a entender que, para poder melhorar de vida, os capitalistas têm que ser atendidos em todas as suas reivindicações. Claro que isto não significará o fim do socialismo porque o socialismo existirá enquanto um homem explorar outro. Mas adiará seu retorno à agenda política do país e isto representará milhões de pessoas esmagadas pela truculência do sistema.
 
Portanto, o que está em jogo em 2010 é a possibilidade (longínqua, mas real) de desarmar essa armadilha por meio de uma denúncia e de uma proposta alternativa que consigam sensibilizar uma parcela significativa do eleitorado.
 
Não façamos ilusões quanto ao tamanho dessa parcela. Não será grande. Porém, se criar uma base para expansão da proposta socialista, já representará um avanço político.
 
Na verdade, trata-se de uma tarefa quase impossível, dada a brutal desproporção entre os recursos dos candidatos do campo da ordem e os candidatos socialistas. Contudo, é a única saída autêntica para quem, perfeitamente a par da extrema debilidade da esquerda, vê na campanha eleitoral uma oportunidade mínima, porém valiosa, de lançar sementes para combater a consolidação da hegemonia burguesa.
 
Não venham, pois, os lulistas com cobranças históricas antecipadas. O que a história responsabilizará, isto sim, serão aqueles que não souberam ler corretamente a conjuntura.