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Em setembro de 2010, em
plena corrida presidencial, um grupo de organizações da sociedade civil
encaminhou aos então candidatos um conjunto de questões relativas às
propostas de modificação do Código Florestal. Já àquela época, avançava
na Câmara dos Deputados o projeto ruralista de modificação da
legislação florestal e as organizações queriam saber o que pensavam os
aspirantes ao cargo maior do País.
A hoje presidenta da República, Dilma Rousseff, questionada se
apoiava ou não a anistia proposta pelo texto então em tramitação, disse
textualmente: “construímos no governo Lula um consenso de que a
eventual conversão de multas só deve ocorrer após ações efetivas de
recuperação das áreas desmatadas ilegalmente. Temos que estimular e
apoiar esta transição, dando condições técnicas e materiais para nossos
agricultores recuperarem estas áreas” (veja aqui). A partir daí, a candidata e depois presidenta teve a oportunidade de repetir diversas vezes que não passaria a mão na cabeça de quem desmatou ilegalmente. Isso alimentou um sentimento difuso de esperança na sociedade, que, depois de aprovado o projeto ruralista pelo Congresso Nacional, passou a manifestar de forma inequívoca, por todos os meios disponíveis, amplo apoio à presidenta para que ela cumprisse com sua palavra. Ciente de que ela estava emparedada entre sua palavra e os anseios da sociedade, de um lado, e os interesses de uma parte expressiva de sua base de apoio parlamentar, os cidadãos brasileiros sinalizaram que ela poderia contar com eles para confrontar a chantagem dos representantes da elite agrária brasileira. Na tarde da última sexta-feira, 25 de maio, exatamente um ano após a aprovação do relatório Aldo Rebelo na Câmara dos Deputados, três ministros vieram a público, com muitas palavras e nenhum documento, para reafirmar que o projeto seria vetado. Não na sua íntegra, como sinal de respeito ao Congresso Nacional. Mas os pontos que significassem anistia teriam sido extirpados. Mais desmatamentos? De jeito nenhum, tudo seria eliminado. O Brasil dormiu desconfiado, mas esperançoso, durante o final de semana, e acordou indignado na segunda-feira. Com 12 vetos e uma Medida Provisória, nasceu já remendado o Código Florestal do século 21 – e repleto de anistias. Perguntam-se muitos: mas como? A presidenta não disse que não aceitaria? Os ministros não afirmaram veementemente que a anisitia havia sido retirada? Então, como alguns ainda dizem que há anistia na lei? A partir de agora vai começar a guerra de comunicação. Tal como Goebbels, o Governo Federal vai insistir na tese de que uma mentira contada mil vezes vai virar verdade. Assim, para que não fique o dito pelo não dito, explico porque Dilma Roussef, contrariando tudo o que havia dito até agora, assinou embaixo da maior anistia ambiental da história do país. A ministra do Meio Ambiente, repetindo um mantra ecoado pelos ruralistas, afirmou publicamente que o projeto não tem anistia. Teria como objetivo, simplesmente, legalizar ocupações “antigas”, feitas de acordo com as regras da época. A Lei Federal 12.651, de 25 de maio de 2012, o novo Código “Florestal”, continua mantendo, no entanto, a figura de “área rural consolidada”. Segundo o artigo 3o, ela é uma “área de imóvel rural com ocupação antrópica preexistente a 22 de julho de 2008” (inciso IV). Um incauto leitor da lei deve logo pensar: “então, antes de 2008, os proprietários rurais não precisavam proteger as florestas existentes em suas terras ou a quantidade de área protegida era menor”. Ledo engano. Desde 1934, com o “velho” Código Florestal, o proprietário é obrigado a manter as florestas das áreas “vulneráveis a erosões” e respeitar os 25% da propriedade que não poderiam ser convertidos para agropecuária, o que posteriormente veio a ser denominado de “reserva legal”. Em 1965, como todo mundo desmatava alegando que não sabia quais eram essas tais áreas vulneráveis, veio o “novo” Código Florestal e deixou claro que essas áreas eram os topos de morro, as encostas íngremes, as nascentes, as beiras de rio. E fixou padrões e metragens, para ninguém dizer que não sabia que ali não podia desmatar. Em 1986, houve uma alteração pontual: as matas ciliares deveriam ser protegidas em, no mínimo, 30 metros contados das margens, e não apenas cinco como era até então. Em 1996, veio outra modificação: na Amazônia Legal (e só lá), a reserva legal seria aumentada de 50% para 80% do imóvel, em áreas de floresta, e diminuída de 50% para 35%, em áreas de cerrado (clique no quadro abaixo para ampliar). O “novíssimo” Código Florestal isenta de recuperação todas as Áreas de “Preservação Permanente” e a grande maioria das áreas de reserva legal que tenham sido desmatadas até 2008 (e não em 1965, 1989 ou 1996). Ou seja, desmatou, fica desmatado. Se havia multa, está anulada. Se a área havia sido embargada, está liberada. Isso é anistia. Mas como? O artigo 63 (não vetado) diz que nas encostas com mais de 45º de inclinação, nas bordas de chapadas, nos topos de morro e áreas com altitude superior a 1.800 metros de altitude – todos protegidos desde 1965 – serão mantidas as atividades agropecuárias implantadas até 2008. Mesmo pastagens, altamente degradadoras de áreas montanhosas, estão permitidas. Recuperação? Zero. O artigo 67 (não vetado) diz que, nos imóveis de até quatro módulos fiscais, não é preciso recuperar a reserva legal irregularmente desmatada antes de 2008 (e não em 1934 ou 1996). Isso significa que em mais de 90% dos imóveis rurais – que ocupam 24% da área do país – não haverá recuperação. Com as brechas que essa regra traz é muito provável que essa anistia se estenda para parte significativa dos 10% de imóveis restantes, impactando uma área bem maior (saiba mais). O artigo 11-A (incluído pela MP) permite, em seu §6º, que haja nos manguezais a “regularização das atividades e empreendimentos de carcinicultura e salinas cuja ocupação e implantação tenha ocorrido antes de 22 de julho de 2008”. Os manguezais, não custa lembrar, estão indiretamente protegidos pela lei desde 1965, e diretamente desde 1993, na Mata Atlântica, e 2002, na Amazônia. Esse artigo, além de promover essa anistia, permite que novas áreas sejam abertas para instalação de criações de camarões, contrariando o conselho unânime dos cientistas brasileiros (veja aqui). Mesmo no caso das matas ciliares e nascentes, que erroneamente foi tomado pela grande mídia como “o” caso de anistia (como se as anteriores não existissem), e que o Governo Federal, na pirotecnia feita no dia 25/5, usou como exemplo para dizer que “não havia mais anistia”, ela está lá, inteirinha. O art.61-A (incluído pela MP) prevê a “recuperação” de uma faixa de 5 a 100 metros em beiras de rio desmatadas até 2008 (e não em 1965 ou 1986), quando a área que deveria ter sido preservada variava de 30 a 500 metros. No caso de nascentes, protegidas desde 1965, mas cuja área exata de proteção (raio de 50 metros) foi estabelecida em 2002, a “recuperação” vai variar de 5 a 15 metros, mesmo para desmatamentos realizados em 2007. Nesse último caso, diga-se de passagem, a MP diminui a proteção mesmo em relação ao texto que fora aprovado pela Câmara dos Deputados há menos de um mês, no qual a recuperação prevista era de 30 metros. Em todos os casos, com exceção das beiras de rio situadas em imóveis com mais de 10 módulos fiscais, a “recuperação” será de apenas parte daquilo que deveria ter sido protegido. E por que estou usando aspas para falar de recuperação em beiras de rio e nascentes? Porque a MP incluiu uma novidade surpreendente: essa – pouca – restauração poderá, agora ser feita com “espécies lenhosas perenes ou de ciclo longo, nativas ou exóticas”. Para quem não sabe, isso quer dizer eucalipto, laranja, café, videiras, palma de dendê etc. Ou seja: o que era vegetação nativa, será – parcialmente – recomposto com espécies de uso econômico e nenhuma função ambiental. Portanto, recuperação ambiental mesmo, zero. Anistia 100%. Uma “correção” publicada hoje no Diário Oficial determina que esse dispositivo vale apenas para áreas de até quatro módulos fiscais. Mas o problema da anistia não é apenas, ou principalmente, moral. É ambiental. O “novíssimo” Código Florestal diz em seu Art. 3º que as áreas de preservação permanente têm a função de “preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas”. Com a anistia promulgada pela Presidente Dilma Rousseff, haverá uma grande parte dessas áreas que nunca mais cumprirão com essa função, pois jamais voltarão a ter vegetação nativa. Em várias regiões do país há mais APPs e reservas legais desmatadas do que preservadas (leia mais). Justamente nessas regiões falta água, sobram enchentes, morrem nascentes, acaba a fauna. E assim será. Somando-se todas as anistias com todos os pontos onde há uma diminuição na proteção das florestas que não foram ainda derrubadas e como prenunciado aqui (leia aqui), deixamos de ter, na prática, uma lei de proteção às florestas existentes em áreas privadas. O remendo de lei aprovado tem todos os defeitos das leis anteriores (poucas medidas de apoio a sua implementação), mas poucas de suas virtudes. É contraditório e complexo de interpretar. Ao não cumprir com a palavra empenhada perante a sociedade, a presidenta Dilma Rousseff se tornou cúmplice do projeto de país que a ala mais retrógrada de nossa elite econômica está desenhando. E entrará para história como aquela que, mesmo podendo, mesmo tendo todo o apoio da sociedade, não evitou o maior retrocesso nos padrões de proteção ambiental da história brasileira. E talvez mundial, pois não me consta que em outros países a proteção às florestas esteja diminuindo, muito pelo contrário. Em pleno século 21, voltaremos a um patamar anterior ao de 1934, quando nosso primeiro Código Florestal foi aprovado. |
Um blog de informações culturais, políticas e sociais, fazendo o contra ponto à mídia de esgoto.
terça-feira, 29 de maio de 2012
Cumplicidade com o atraso
Capitalismo é incompatível com justiça e igualdade social
Lula Falcão no A VERDADE
Um por um, os direitos que os
trabalhadores europeus conquistaram com décadas e mesmo séculos de luta,
estão sendo abolidos na Europa. Bastou mais uma profunda crise
econômica do capitalismo para que os governos europeus completassem a
destruição do Estado do bem-estar social e provassem que o lucro não
rima com justiça social ou que é impossível haver igualdade enquanto
existir a propriedade privada dos meios de produção.
Durante décadas, o Estado do bem-estar
social (Welfare State, em inglês) foi apresentado pelos partidos
burgueses, entre eles os partidos social-democratas, como prova de que a
propriedade privada dos meios de produção e o lucro podem conviver com o
respeito aos direitos trabalhistas e à garantia de padrões mínimos de
educação, saúde, habitação, renda e seguridade social. Mas, como a
mentira tem pernas curtas, bastou uma profunda crise econômica do
capitalismo para que os governos europeus completassem a demolição do
Estado do bem-estar social, obra iniciada nos anos 70 e aprofundada com a
política econômica neoliberal, caracterizada por ataques sistemáticos
aos direitos dos trabalhadores e ampla liberdade de exploração para o
capital na década de 80.
Agora, os que prometiam alcançar a
igualdade social no capitalismo fazem discursos e publicam artigos nos
seus jornais apontando os gastos sociais dos governos como o responsável
pela crise, confirmando assim, a incompatibilidade entre os interesses
da classe capitalista de obter lucros cada vez maiores e os dos
trabalhadores e da imensa maioria da sociedade de ter uma vida digna.
Na verdade, o chamado Estado do
bem-estar social foi uma tentativa de deter na Europa o vigoroso
crescimento do movimento operário após a Segunda Guerra Mundial e de
enganar as massas de que era possível obter direitos sociais sem
precisar fazer uma revolução. Entretanto, como provam as greves gerais e
manifestações que sacodem o continente, tal intento foi em vão.
Austeridade só para os trabalhadores
O fato é que um por um os direitos que
os trabalhadores europeus conquistaram com décadas e mesmo séculos de
luta estão sendo abolidos com reformas trabalhistas que os governos a
mando da União Europeia, do Banco Central Europeu (BCE) e do Fundo
Monetário Internacional estão implementando. O objetivo é permitir que
os capitalistas demitam sem pagar nenhum direito ao trabalhador,
aumentem a jornada de trabalho e tornem letra morta os contratos
coletivos de trabalho, em resumo, pagar um salário menor pela força de
trabalho explorada.
Com efeito, a Grécia, para receber um
empréstimo do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do BCE, foi obrigada
a adotar medidas anti-povo como a redução em 22% do salário mínimo,
demissão de 150 mil servidores públicos e privatização de empresas
públicas. Em Portugal, o governo do conservador Pedro Passos Coelho
(PSD), também em troca de um empréstimo do BCE, implementa a mesma
política: diversas empresas estatais foram privatizadas, os salários dos
aposentados foram reduzidos e a Saúde e a Educação públicas estão sendo
sucateadas.
Na Itália, o Governo de Mario Monti, um
técnico nomeado pelo Banco Central, adota uma reforma trabalhista que
além de eliminar vários direitos trabalhistas, cobra mais impostos dos
trabalhadores autônomos e quer o fim da indenização quando da demissão
do trabalhador.
Na Espanha, o governo segue a mesma
receita e impõe uma reforma para flexibilizar os contratos de trabalho e
retirar vários direitos.
Na Holanda, uma das principais economias da Europa, o governo também pretende reduzir os salários dos aposentados, mas não os lucros dos seus bancos e monopólios. Até na Alemanha, um dos poucos países europeus que não está em recessão, as vagas de trabalho oferecidas são em sua maioria em tempo parcial, mal pagas e sem direitos a benefícios sociais.
Na Holanda, uma das principais economias da Europa, o governo também pretende reduzir os salários dos aposentados, mas não os lucros dos seus bancos e monopólios. Até na Alemanha, um dos poucos países europeus que não está em recessão, as vagas de trabalho oferecidas são em sua maioria em tempo parcial, mal pagas e sem direitos a benefícios sociais.
O resultado desses planos de austeridade são devastadores para a sociedade e, em particular, para a juventude.
Dados divulgados em abril pela União
Europeia revelaram que a taxa de desemprego entre os jovens de 15 a 24
anos passa dos 50% na Espanha e na Grécia. Na França, o desemprego entre
os jovens é de 21% e em Portugal, 30,8% dos jovens com menos de 25 anos
estão desempregados. Na Bulgária, Eslováquia, Irlanda e Itália, o
desemprego está acima de 30%.
Vale resaltar que essas taxas oficiais
levam em consideração apenas os trabalhadores que procuraram emprego nas
quatro semanas anteriores à pesquisa ser realizada. Ou seja, os jovens
que desistiram de procurar trabalho, os que estudam em tempo integral ou
vivem com os pais são considerados empregados, bem como os que têm
emprego temporário ou estágio.
Esse enorme desemprego entre os jovens
forma o que alguns economistas chamam de “geração perdida”, isto é,
milhões de jovens que depois de formados não conseguem emprego, ficam
desatualizados e tornam-se supérfluos para os capitalistas, os donos dos
meios de produção. Ou seja, passam a viver de trabalho temporário ou se
entregam à criminalidade, atividade que mais cresce junto com o tráfico
de drogas e de pessoas no capitalismo do século XXI. Enfim, ficam
desempregados para o resto de suas vidas. Ocorre o que já advertia Karl
Marx e Frederic Engels no Manifesto do Partido Comunista, de 1848, “a
burguesia é incapaz de assegurar ao seu escravo (trabalhador
assalariado) a própria existência no quadro da escravidão”.
FMI exige mais arrocho
Não bastasse, a última reunião do
Conselho do Fundo Monetário Internacional (FMI), realizada em 22 de
abril, em Washington, EUA, aprovou comunicado exigindo que os governos
da Zona do Euro adotem medidas drásticas para “acalmar os mercados e
evitar que a situação se agrave”. Wolfgang Schaeuble, ministro das
Finanças da Alemanha, assim justificou essas novas medidas: “Os países
europeus com crises financeiras adotaram reformas de profundo calado.
Isso inclui os mercados trabalhistas, os sistemas de seguridade social,
administrações públicas e instituições financeiras. É a única forma que
poderemos restaurar a confiança dos nossos cidadãos e investidores”.
Leia por cidadãos, os banqueiros.
Essa política da chamada troica
FMI-BCE-CE (Comissão Europeia) leva o povo a pagar duas vezes por um
serviço: primeiro, o verdadeiro cidadão paga um imposto ao Estado para
que esse Estado garanta seus direitos. Porém, como o dinheiro do imposto
pago é transferido para os bancos e grandes corporações, o povo fica
sem nenhuma assistência e passa a ser obrigado a pagar por saúde,
educação, habitação, etc.
Em decorrência dessa espoliação, o
número de famílias europeias sem abrigo e que recorre às instituições
humanitárias para sobreviver, aumentou imensamente e milhares de
estudantes de escolas particulares abandonaram os estudos por falta de
pagamento das mensalidades.
Segundo documento do Eurostat, mais de
115 milhões de pessoas, ou seja cerca de 23.4% da população nos 27
Estados membros da União Europeia, encontram-se em risco de pobreza e
exclusão social. Entre crianças e menores de 18 anos este número é ainda
maior: 27%.
Na Espanha, desde o início do ano,
milhares de famílias não conseguem pagar as prestações de suas casas e
centenas de empresas não pagam os empréstimos feitos. De acordo com o
Banco Central espanhol, os bancos privados do país têm 176 bilhões de
euros em ativos imobiliários que não serão pagos por falência dos
devedores. Portanto, outra consequência dessas medidas é a
proletarização dos pequenos e médios empresários. De acordo, com a
Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), todo mês centenas
de empresas fecham as portas no país. As causas, segundo a
Confederação, são a queda do consumo das famílias e o aumento dos
impostos.
Na realidade, todos os países que têm
seguido a receita do FMI e da Comissão Europeia, isto é, a receita de
tudo realizar para manter intocável o lucro da classe capitalista,
tiveram um aprofundamento da recessão.
A Grécia, país que está em recessão há
cinco anos, teve nesse primeiro semestre de 2012, uma queda de 7% no PIB
em comparação com o ano passado. Não bastasse, a dívida grega, apesar
de todos os pagamentos bilionários que o país fez, passou de 263 bilhões
de euros em 2008 para 355 bilhões em 2012. Portugal, segundo o boletim
do Banco Central do país, viu sua atividade econômica recuar 2,7% e o
consumo terá uma queda de 7,5% até 2013. O Reino Unido, mesmo mantendo
sua moeda, vive em recessão e tem os piores índices sociais de sua
história. Na Espanha, 5,6 milhões de pessoas estão desempregadas.
Tal é o verdadeiro Estado de bem-estar social que o capitalismo é capaz de oferecer à juventude e ao povo.
Quem paga a conta?
Por outro lado, ao mesmo tempo em que
aperta o cinto dos trabalhadores, os governos seguem drenando o dinheiro
público para alimentar a vampiragem da moderna classe capitalista, o
capital financeiro.
O FMI anunciou em abril mais US$ 430
bilhões para financiar os bancos e monopólios europeus em crise. Esses
430 bilhões sairão evidentemente dos governos e, consequentemente, dos
povos que pagam impostos. Os EUA não se comprometeram com nenhum
centavo, mas o Fundo quer que o Brasil entre com 10 bilhões de euros. Em
2009, o Brasil tirou da Saúde e da Educação do nosso povo US$ 10
bilhões que enviou generosamente para a Europa. A crise se aprofundou e,
agora, querem mais dinheiro do nosso país, na base do “Deus lhe
pague!”.
No total, do final do ano passado até abril de 2012, foram quase 1,5 trilhão de euros para financiar a banca.
Mas isso não é nada. De acordo com o
FMI, a conta do total de crédito que os governos terão que garantir para
evitar a falência do sistema financeiro na Europa pode ultrapassar a
US$ 2,6 trilhões até 2013. Uma cifra espantosa, mas ainda menor que a
que foi utilizada pelo governo dos Estados Unidos para salvar sua classe
capitalista: 16 trilhões de dólares.
De onde vem esse dinheiro, senão dos impostos pagos pelos trabalhadores?
Vejamos o exemplo da Grécia. O governo
deste país em troca das medidas draconianas contra seu povo recebeu um
empréstimo de 130 bilhões de euros. No entanto, esses 130 bilhões
ficaram sob controle do FMI para assegurar que serão gastos
exclusivamente com o pagamento da dívida da Grécia. A Espanha, no mesmo
dia que doou 66 bilhões de euros para o Fundo, adotou um ajuste fiscal
no valor de 27 bilhões de euros, composto por aumento dos impostos e
cortes nos gastos sociais.
A justificativa para essa política é
sempre obter a confiança do chamado “mercado”, isto é, do capital
financeiro que, como definiu Lênin, significa a fusão do capital
bancário com o capital industrial, e não simplesmente, como apresenta a
moderna socialdemocracia, o capital bancário.
Em resumo, os governos capitalistas
fazem opção em favor do capital em vez do emprego, da salvação de bancos
e monopólios em vez da Saúde e da Educação e do bem-estar do povo.
Fica, portanto, evidente, a total
impossibilidade de se alcançar a igualdade social, o fim do desemprego e
da pobreza enquanto o controle da economia estiver nas mãos de um
punhado de ricos. Provas: 1 bilhão de pessoas famintas, quase 300
milhões de desempregados, as guerras constantes e o empobrecimento da
população, enquanto, um reduzido grupo de pessoas que forma a classe
rica vive na fartura e no esbanjamento.
A repressão ao movimento operário e popular
Mas, por que as centenas de greves e de
manifestações ocorridas até agora no continente europeu e que
conseguiram derrubar 10 governos (Grécia, Portugal, Irlanda, Eslováquia,
Romênia, Itália, Reino Unido, Espanha, Grécia, Islândia e, agora, da
Holanda), alguns da socialdemocracia, outros da direita, não tiveram
força para estabelecer governos revolucionários ou comprometidos com os
trabalhadores?
Um dos obstáculos ao desenvolvimento e
avanço da luta revolucionária é, sem dúvida, a brutal repressão
desencadeada pelos governos burgueses e seus aparelhos de repressão.
Na última greve geral realizada na
Espanha, que teve cerca de 100 manifestações contra a reforma
trabalhista, mais de 500 pessoas foram presas por participar dos
protestos. Na Grécia, antes de cada greve geral várias prisões são
realizadas e nos dois últimos anos o número de presos políticos aumentou
vertiginosamente. Pior, devido a uma nova lei penitenciária, um preso
político para ser libertado é obrigado a pagar 10.000 euros, o
equivalente a R$ 25.000. Logo, se o preso for um desempregado a pena se
transforma em prisão perpétua. Essa, aliás, é uma política globalizada
pela burguesia. No Equador, o estudante Marcelo Rivera, ex-presidente da
Federação dos Estudantes Universitários (FEUE) encontra-se preso há
30meses e após cumprir a pena terá que pagar uma multa de mais de R$ 500
mil reais para sair da cadeia. Nos EUA, em um protesto do movimento
Occupy Wall Street no início do ano contra a dívida dos financiamentos
estudantis nos Estados Unidos, centenas de estudantes foram detidos pela
Polícia de Nova York. As cidades de Oakland, Nova York e Los Angeles
foram as que mais registraram os maiores protestos na linha “Ocupe” e,
também, as que mais registraram prisões. Em comunicado, a polícia
afirmou que os protestos diminuíram depois que os governos destas
cidades usaram de força para retirar centenas de manifestantes acampados
em ruas destas cidades. Ainda nos EUA, a lei, que criminaliza os
protestos estabelece que qualquer pessoa que “entre ou permaneça em
qualquer edifício ou terreno (de acesso) restringido sem a autoridade
legal para fazê-lo, será castigada com uma multa ou o encarceramento por
10 anos, ou ambos”.
Na França, durante as últimas jornadas
nacionais de greves e protestos contra a reforma previdenciária, segundo
o Ministério do Interior, duas mil pessoas foram presas, e nos
confrontos com a polícia, vários jovens foram assassinados.
Tem mais: O Governo espanhol decidiu
adotar mais sanções para quem convocar manifestações pela internet e
fizer frente à polícia. O anúncio foi feito pelo ministro do Interior,
Jorge Fernández Díaz, que disse no Parlamento ter a intenção de impor
uma pena mínima de dois anos de prisão para quem convoque “tumultos”.
“Há que robustecer a autoridade legítima de quem legitimamente tem a
exclusividade de poder atuar através da força”, disse o ministro do
Interior. As medidas do Governo espanhol surgem na sequência de vários
protestos e manifestações que têm acontecido por todo o país desde o
início da crise.
A importância da repressão para manter o
sistema capitalista é tão grande que entre as exigências feitas à
Grécia pela União Europeia está a de o país não realizar cortes das
verbas para a Defesa, de forma a garantir a repressão aos movimentos
populares e às greves e a compra de armas da França e da Alemanha.
Este é também o motivo para, mesmo com
os países mergulhados numa profunda recessão, o comércio mundial de
armas convencionais ter crescido 24% no período 2006-2010. De acordo com
o estudo do Instituto Internacional de Estudos para a Paz de Estocolmo
(Sipri), em 2010, foi gasto em armas um total de 1,6 trilhão de dólares,
dinheiro esse que seria suficiente manter 212 milhões de crianças
dignamente.
Mas há ainda outra condição que impede
que a revolução triunfe de imediato. Trata-se do pequeno vínculo dos
partidos revolucionários com as massas, em particular, com a classe
operária. Como afirma Lênin, “A revolução proletária é impossível sem a
simpatia e o apoio da imensa maioria dos trabalhadores à sua vanguarda: o
proletariado. Mas esta simpatia e este apoio não se obtêm subitamente,
não se decidem em votações, mas se conquistam em uma demorada e difícil
luta de classes”. (Saudação aos comunistas italianos, franceses e
alemães).
De fato, para realizar uma revolução é
necessário que a maioria dos operários não só compreenda a necessidade
da revolução, mas esteja disposta a se sacrificar por ela. Entretanto,
só é possível desenvolver essa consciência revolucionária se as
concepções dos partidos social-democratas de humanizar o capitalismo ou,
como fazem hoje alguns partidos de esquerda no Brasil, de apresentar
como alternativa à crise do sistema o desenvolvimento do próprio
capitalismo forem derrotadas. Propõem que o “estado de bem-estar social”
deve ser o principal objetivo da luta dos trabalhadores, esquecendo que
o capitalismo em sua fase final, para não dizer moribunda, é além de
profundamente reacionário, incapaz de realizar algum progresso
definitivo para a sociedade. Com esse discurso, propagam ilusões nas
massas e as afastam da revolução. Mas aqui também, como revela a atual
crise capitalista, a mentira tem pernas curtas.
Não há, portanto, porque se desesperar
com tal traição. É preciso seguir em frente e trabalhar dia a dia de
maneira firme e infatigável para aumentar o vínculo dos comunistas
revolucionários com as massas e retomar a hegemonia no movimento
operário e popular.
Lula Falcão é membro do Comitê Central do PCR
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Carta de Salvador do III BlogProg
Altamiro Borges em seu blog
A participação de quase 300 ativistas digitais de todo o país, no III
Encontro Nacional de Blogueiro@s, realizado entre os dias 25 e 27 de
maio em Salvador, na Bahia, consolidou o primeiro ciclo do mais
importante movimento digital do Brasil, iniciado em agosto de 2010.
Surgido como uma reação aos monopólios de mídia, que se baseiam num modelo usurpador quase que exclusivamente voltado à defesa dos interesses do grande capital em detrimento das aspirações populares, o movimento nacional dos Blogueiros e Blogueiras Progressistas desdobrou-se em inúmeros encontros municipais, regionais e estaduais, além de três encontros nacionais (São Paulo, Brasília e Salvador) e um internacional, realizado, em outubro de 2011, na cidade de Foz do Iguaçu, no Paraná.
Neste curto espaço de tempo, este movimento ganhou legitimidade política e enorme dimensão social. Foi capaz de influir fortemente no debate sobre a necessidade de se democratizar a comunicação no Brasil. Em suma, temos saído vitoriosos nesta guerra dura contra a mídia ainda hegemônica. Lutamos com as armas que temos, todas baseadas na crescente força da blogosfera e das redes sociais.
O principal reflexo dessa atuação, ao mesmo tempo organizada e fragmentada, tem sido o incômodo permanente causado nos setores mais conservadores e reacionários da velha mídia nacional, um segmento incapaz não apenas de racionalizar a dimensão do desafio que tem pela frente, mas totalmente descolado das novas realidades de comunicação e participação social ditadas, inexoravelmente, pelas novas tecnologias. Apegam-se, de forma risível, a um discurso tardiamente articulado de defesa das liberdades de imprensa e de expressão, conceitos que mal entendem, mas que confundem, deliberadamente, para manipular o público em favor de interesses inconfessáveis. Posam, sem escrúpulo algum, de defensores de uma liberdade que não passa, no fim das contas, da liberdade de permanecerem à frente dos oligopólios de comunicação que tantos danos têm causado à democracia brasileira. Para tal, chegam a pregar abertamente restrições à internet, apavorados que estão com a iminente ruína de um modelo de negócios em franca crise em todo o mundo, com a queda de tiragem da mídia impressa e da audiência da radiodifusão, com consequências diretas no processo de captação de receita publicitária.
Para tornar ainda mais nítida e avançada a discussão sobre a democratização da comunicação no Brasil, o III BlogProg decidiu concentrar suas energias, daqui em diante, em duas questões fundamentais.
A primeira é a luta por um novo marco regulatório das comunicações assentado em uma Lei de Mídia capaz de estabelecer formalmente a questão da comunicação como um direito humano essencial. Neste sentido, o III BlogProg decidiu interagir com a campanha do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC). Campanha esta que visa pressionar o governo federal, de modo a desencadear de imediato o debate sobre este tema estratégico para toda a sociedade brasileira.
A segunda batalha decisiva é a de reforçar a defesa da ação da blogosfera e das redes sociais diante do constante ataque de setores conservadores estimulados e financiados pela velha mídia. Trata-se de um movimento articulado, inclusive, no Congresso Nacional, com o objetivo de criar obstáculos e amarras capazes de cercear a livre circulação de ideias pela internet, além de criminalizar o ativismo digital. Em outro front, cresce a judicialização da censura, feita com a cumplicidade de integrantes do Poder Judiciário, utilizada para tentar asfixiar financeiramente blogs e sítios hospedados na rede mundial de computadores. Mais preocupante é o aumento de casos de violência contra Blogueiros e ativistas digitais em todo o país, inclusive com assassinatos, como no caso dos Blogueiros Edinaldo Filgueira, do Rio Grande do Norte, e Décio Sá, do Maranhão.
A nossa luta, portanto, não é a luta de um grupo, mas de toda a sociedade pela neutralidade e pela liberdade na rede. É pela implantação de uma cultura solidária e democrática do uso e da difusão das informações. É uma luta pela igualdade das relações desse uso com base única e exclusivamente no que diz e manda a Constituição Federal, a mesma Carta Magna que proíbe tanto o monopólio da comunicação como a propriedade de veículos de comunicação por parte de políticos - duas medidas solenemente ignoradas pelas autoridades, pelos agentes da lei e, claro, pelos grupos econômicos que há décadas usufruem e se locupletam desse estado de coisas.
Para tanto, este III Encontro adota - como norte para orientar a nova fase da luta - uma ideia simples e direta: Nada além da Constituição!
As bandeiras da liberdade de informação e de expressão, assim como a da universalização do acesso à banda larga, são nossas. Qualquer tentativa de usurpá-las – ainda mais por parte de quem jamais defendeu a democracia no Brasil – é uma manipulação inaceitável.
Surgido como uma reação aos monopólios de mídia, que se baseiam num modelo usurpador quase que exclusivamente voltado à defesa dos interesses do grande capital em detrimento das aspirações populares, o movimento nacional dos Blogueiros e Blogueiras Progressistas desdobrou-se em inúmeros encontros municipais, regionais e estaduais, além de três encontros nacionais (São Paulo, Brasília e Salvador) e um internacional, realizado, em outubro de 2011, na cidade de Foz do Iguaçu, no Paraná.
Neste curto espaço de tempo, este movimento ganhou legitimidade política e enorme dimensão social. Foi capaz de influir fortemente no debate sobre a necessidade de se democratizar a comunicação no Brasil. Em suma, temos saído vitoriosos nesta guerra dura contra a mídia ainda hegemônica. Lutamos com as armas que temos, todas baseadas na crescente força da blogosfera e das redes sociais.
O principal reflexo dessa atuação, ao mesmo tempo organizada e fragmentada, tem sido o incômodo permanente causado nos setores mais conservadores e reacionários da velha mídia nacional, um segmento incapaz não apenas de racionalizar a dimensão do desafio que tem pela frente, mas totalmente descolado das novas realidades de comunicação e participação social ditadas, inexoravelmente, pelas novas tecnologias. Apegam-se, de forma risível, a um discurso tardiamente articulado de defesa das liberdades de imprensa e de expressão, conceitos que mal entendem, mas que confundem, deliberadamente, para manipular o público em favor de interesses inconfessáveis. Posam, sem escrúpulo algum, de defensores de uma liberdade que não passa, no fim das contas, da liberdade de permanecerem à frente dos oligopólios de comunicação que tantos danos têm causado à democracia brasileira. Para tal, chegam a pregar abertamente restrições à internet, apavorados que estão com a iminente ruína de um modelo de negócios em franca crise em todo o mundo, com a queda de tiragem da mídia impressa e da audiência da radiodifusão, com consequências diretas no processo de captação de receita publicitária.
Para tornar ainda mais nítida e avançada a discussão sobre a democratização da comunicação no Brasil, o III BlogProg decidiu concentrar suas energias, daqui em diante, em duas questões fundamentais.
A primeira é a luta por um novo marco regulatório das comunicações assentado em uma Lei de Mídia capaz de estabelecer formalmente a questão da comunicação como um direito humano essencial. Neste sentido, o III BlogProg decidiu interagir com a campanha do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC). Campanha esta que visa pressionar o governo federal, de modo a desencadear de imediato o debate sobre este tema estratégico para toda a sociedade brasileira.
A segunda batalha decisiva é a de reforçar a defesa da ação da blogosfera e das redes sociais diante do constante ataque de setores conservadores estimulados e financiados pela velha mídia. Trata-se de um movimento articulado, inclusive, no Congresso Nacional, com o objetivo de criar obstáculos e amarras capazes de cercear a livre circulação de ideias pela internet, além de criminalizar o ativismo digital. Em outro front, cresce a judicialização da censura, feita com a cumplicidade de integrantes do Poder Judiciário, utilizada para tentar asfixiar financeiramente blogs e sítios hospedados na rede mundial de computadores. Mais preocupante é o aumento de casos de violência contra Blogueiros e ativistas digitais em todo o país, inclusive com assassinatos, como no caso dos Blogueiros Edinaldo Filgueira, do Rio Grande do Norte, e Décio Sá, do Maranhão.
A nossa luta, portanto, não é a luta de um grupo, mas de toda a sociedade pela neutralidade e pela liberdade na rede. É pela implantação de uma cultura solidária e democrática do uso e da difusão das informações. É uma luta pela igualdade das relações desse uso com base única e exclusivamente no que diz e manda a Constituição Federal, a mesma Carta Magna que proíbe tanto o monopólio da comunicação como a propriedade de veículos de comunicação por parte de políticos - duas medidas solenemente ignoradas pelas autoridades, pelos agentes da lei e, claro, pelos grupos econômicos que há décadas usufruem e se locupletam desse estado de coisas.
Para tanto, este III Encontro adota - como norte para orientar a nova fase da luta - uma ideia simples e direta: Nada além da Constituição!
As bandeiras da liberdade de informação e de expressão, assim como a da universalização do acesso à banda larga, são nossas. Qualquer tentativa de usurpá-las – ainda mais por parte de quem jamais defendeu a democracia no Brasil – é uma manipulação inaceitável.
SÍRIA: Porta-voz do Governo nega qualquer responsabilidade das forças do governo sírio no massacre de al-Hula
Eba Khattar
A
publicação desta notícia da agência Síria SANA poderia não ser mais do
que uma modesta tentativa de contrapor outra informação à enxurrada
mediática imperialista, e mesmo assim já se justificaria. Mas é também
uma oportunidade de denunciar o facto de no vergonhoso coro
internacional da direita e da social-democracia - que reclama a
repetição na Síria da criminosa operação de ocupação que se verificou na
Líbia - participarem igualmente forças que se dizem progressistas e de
esquerda, sem escrúpulos de juntarem as suas vozes aos objectivos da
dominação e do terrorismo imperialista.
O
porta-voz do Ministério dos Estrangeiros e da Emigração, Dr. Jihad
Makdesi, negou qualquer responsabilidade das forças governamentais no
massacre ocorrido em Hula, na periferia da cidade de Homs, ao mesmo
tempo que condenou nos termos mais veementes esta matança terrorista
levada a cabo com clara intenção criminosa contra os filhos da Síria,
denunciado de igual modo o tsunami de mentiras desencadeado contra o
Estado sírio e a leviandade com que alguns governos e meios de
comunicação acusam o governo sírio pelo massacre.
Em conferência de imprensa realizada no domingo na sede do Ministério dos Estrangeiros e da Emigração Makdesi disse: “O Estado Sírio é, conforme a Constituição, responsável pela protecção dos civis, e a Síria reserva-se o direito de defender os seus cidadãos, porque aquilo que está em questão não é qualquer espécie de jogo político mas a responsabilidade pela segurança e a tranquilidade dos cidadãos que incumbe ao Estado”.
Makdisi garantiu que não se verificou qualquer entrada de artilharia ou de tanques em Houla, explicando que as forças de segurança e da ordem se mantiveram nas suas posições iniciais e que apenas intervieram em defesa própria face a este ataque, intervenção que terminou com os confrontos no final da noite de sexta-feira passada.
O porta-voz do Governo sublinhou que esta tão suspeita sincronização dos ataques com a visita do enviado da ONU à Síria, Kofi Annan, constitui um golpe contra o processo político, assinalando que “a metodologia dos assassinatos brutais não faz parte da ética do exército sírio, e que quem anda a matar não é o exército regular sírio mas sim grupos terroristas armados”.
“Aquilo que sucedeu não serve os interesses do Estado sírio … não podemos negociar com o sangue dos nossos filhos, tal como não pode justificar-se o uso das armas contra o prestígio do Estado, sejam quais forem os argumentos políticos invocados,… desde que aprovámos o Plano de Annan o terrorismo e a delinquência aumentaram, porque não desejam que este Plano tenha sucesso”, sublinhou Makdesi.
O porta-voz do Governo assegurou que as violações documentadas do Plano Annan na Síria por parte dos terroristas armados já ultrapassam as três mil e quinhentas.
“A desestabilização é o caldo de cultura para os terroristas, e aí participam a al-Quaeda e os takfirís, mas não permitiremos que tirem vantagens de um tal contexto, por mais que ampliem as suas acções; e a solução para a crise na Síria reside e estender a mão ao Governo sírio e auxiliá-lo”, concluiu Makdisi.
Makdisi explicou que o que sucedeu em Hula foi já verificado: centenas de homens armados reuniram-se ao meio-dia de sexta feira, com carrinhas pick-up repletas de armas pesadas sofisticadas, tais como morteiros, metralhadoras pesadas e mísseis anti-tanque, o que não constitui novidade nos confrontos com as forças governamentais.
“Os homens armados dirigiram-se para a zona de Hula, que é protegida por tropas governamentais em apenas cinco posições, todas elas situadas fora dos lugares em que os massacres foram cometidos…estas posições foram atacadas em simultâneo desde as duas horas da tarde até às onze da noite, tendo resultado na morte de 3 efectivos das forças de segurança e em ferimentos em outros 16, alguns dos quais em estado crítico, e há corpos carbonizados devido à grande potência das armas utilizadas contra as forças governamentais”.
“Constituímos uma comissão militar de inquérito para investigar os factos cujos resultados serão divulgados no prazo de três dias”.
O porta-voz reiterou firmemente que não existiu qualquer entrada de tanques sírios ou de artilharia na região onde foram cometidos os massacres.
Makdisi sublinhou que o massacre de Hula não foi o único, uma vez que se verificou um outro na aldeia de Shomaniye, onde foram queimadas as culturas, as casas e o Hospital Nacional, garantindo que ambos estes injustificáveis massacres justificam uma reunião do Conselho de Segurança para analisar quem financia, arma, acolhe e instiga à intervenção da OTAN.
Makdisi informou que no plano diplomático o Ministro dos Estrangeiros e da Emigração Walid al-Moalem contactou com o enviado da ONU à Síria, Kofi Annan – que chegará ao país na segunda-feira – para o pôr ao corrente dos acontecimentos e das investigações oficiais que estão em curso sobre este assunto.
“Lamentamos que primeiros-ministros de alguns países que se consideram potências se antecipem às conclusões e lancem acusações levianas em importantes fóruns internacionais sem se fundamentar em factos, mas apenas naquilo que alguns opositores sírios ou círculos mediáticos enviesados divulgam, bem como aqueles que têm agendas políticas contra a Síria”, acrescentou.”
“A concentração de homens armados vindos de várias regiões como Roston, Telbisa ou Qsair, bem como o lançamento do ataque a uma hora determinada, o que é um facto que as informações de inteligência que possuímos confirma irrefutavelmente, significa que não se tratou de um ataque improvisado mas sim de uma acção premeditada e planeada”, disse.
Makdisi garantiu que “todos aqueles que sabotam a trégua, sejam eles os países da região que albergam os terroristas ou fazem vista-grossa à sua infiltração na Síria, ou sejam os países que financiam e ameaçam publicamente,são cúmplices deste crime cometido contra o sangue do povo sírio”.
Estamos comprometidos com o Plano Annan e desejamos que tenha sucesso, mas as chaves da solução não residem apenas na Síria: há que aposte na desintegração do Estado e em golpear a sua estabilidade, e em atrair uma intervenção militar estrangeira no nosso país”, denunciou Makdesi.
“Não existe nada que tenha o nome de “tropas armadas da oposição”, como foi mencionado no relatório de Ki-moon: ou existe uma oposição de opinião que é bem-vinda a dialogar com o Estado, que nunca fechou as portas ao diálogo, ou são terroristas e, portanto, o emprego de tal designação requer um exame por parte da equipa do Secretário-Geral das Nações Unidas, porque não pode dizer-se “forças da oposição armadas” e não pode justificar-se a acção armada contra o prestígio do Estado, seja qual for a razão política invocada”, sublinhou.
Makdesi referiu-se ao relatório do Secretário-Geral da ONU, no qual é mencionado que intervêm veículos armados e máquinas pesadas, e em que é também dito que existem cidades que se encontram fora do controlo do Estado. “Parece a pintura da Mona Lisa, que cada um interpreta à sua maneira, … ou existem cidades fora do controlo do Estado e é portanto direito constitucional proteger os seus cidadãos e expulsar os terroristas e homens armados, procurando que passem a intervir no plano político e não no plano militar, ou então nada do que é dito faz sentido, o que é o que nós dizemos”.
“Existem bairros que podem estar fora de controlo devido à presença dos grupos armados, mas não existem cidades nessa situação e, por isso, o relatório não está à altura do Secretário-Geral das Nações Unidas, e esperamos que o próximo relatório seja mais profissional e que assente em políticos experientes como os observadores que se encontram na síria, que entram nossa bairros e testemunham com os seus próprios olhos a presença dos grupos armados”.
Makdisi disse: ”O Ministro dos Negócios Estrangeiros informa Annan e Ban Ki Moon, bem como os nossos aliados e amigos sobre a violações diariamente cometidas pela oposição síria, e as mais recentes estatísticas (com dados até há 4 ou 5 dias) indicam que há registo de mais de 3.500 violações documentadas”.
Em conferência de imprensa realizada no domingo na sede do Ministério dos Estrangeiros e da Emigração Makdesi disse: “O Estado Sírio é, conforme a Constituição, responsável pela protecção dos civis, e a Síria reserva-se o direito de defender os seus cidadãos, porque aquilo que está em questão não é qualquer espécie de jogo político mas a responsabilidade pela segurança e a tranquilidade dos cidadãos que incumbe ao Estado”.
Makdisi garantiu que não se verificou qualquer entrada de artilharia ou de tanques em Houla, explicando que as forças de segurança e da ordem se mantiveram nas suas posições iniciais e que apenas intervieram em defesa própria face a este ataque, intervenção que terminou com os confrontos no final da noite de sexta-feira passada.
O porta-voz do Governo sublinhou que esta tão suspeita sincronização dos ataques com a visita do enviado da ONU à Síria, Kofi Annan, constitui um golpe contra o processo político, assinalando que “a metodologia dos assassinatos brutais não faz parte da ética do exército sírio, e que quem anda a matar não é o exército regular sírio mas sim grupos terroristas armados”.
“Aquilo que sucedeu não serve os interesses do Estado sírio … não podemos negociar com o sangue dos nossos filhos, tal como não pode justificar-se o uso das armas contra o prestígio do Estado, sejam quais forem os argumentos políticos invocados,… desde que aprovámos o Plano de Annan o terrorismo e a delinquência aumentaram, porque não desejam que este Plano tenha sucesso”, sublinhou Makdesi.
O porta-voz do Governo assegurou que as violações documentadas do Plano Annan na Síria por parte dos terroristas armados já ultrapassam as três mil e quinhentas.
“A desestabilização é o caldo de cultura para os terroristas, e aí participam a al-Quaeda e os takfirís, mas não permitiremos que tirem vantagens de um tal contexto, por mais que ampliem as suas acções; e a solução para a crise na Síria reside e estender a mão ao Governo sírio e auxiliá-lo”, concluiu Makdisi.
Makdisi explicou que o que sucedeu em Hula foi já verificado: centenas de homens armados reuniram-se ao meio-dia de sexta feira, com carrinhas pick-up repletas de armas pesadas sofisticadas, tais como morteiros, metralhadoras pesadas e mísseis anti-tanque, o que não constitui novidade nos confrontos com as forças governamentais.
“Os homens armados dirigiram-se para a zona de Hula, que é protegida por tropas governamentais em apenas cinco posições, todas elas situadas fora dos lugares em que os massacres foram cometidos…estas posições foram atacadas em simultâneo desde as duas horas da tarde até às onze da noite, tendo resultado na morte de 3 efectivos das forças de segurança e em ferimentos em outros 16, alguns dos quais em estado crítico, e há corpos carbonizados devido à grande potência das armas utilizadas contra as forças governamentais”.
“Constituímos uma comissão militar de inquérito para investigar os factos cujos resultados serão divulgados no prazo de três dias”.
O porta-voz reiterou firmemente que não existiu qualquer entrada de tanques sírios ou de artilharia na região onde foram cometidos os massacres.
Makdisi sublinhou que o massacre de Hula não foi o único, uma vez que se verificou um outro na aldeia de Shomaniye, onde foram queimadas as culturas, as casas e o Hospital Nacional, garantindo que ambos estes injustificáveis massacres justificam uma reunião do Conselho de Segurança para analisar quem financia, arma, acolhe e instiga à intervenção da OTAN.
Makdisi informou que no plano diplomático o Ministro dos Estrangeiros e da Emigração Walid al-Moalem contactou com o enviado da ONU à Síria, Kofi Annan – que chegará ao país na segunda-feira – para o pôr ao corrente dos acontecimentos e das investigações oficiais que estão em curso sobre este assunto.
“Lamentamos que primeiros-ministros de alguns países que se consideram potências se antecipem às conclusões e lancem acusações levianas em importantes fóruns internacionais sem se fundamentar em factos, mas apenas naquilo que alguns opositores sírios ou círculos mediáticos enviesados divulgam, bem como aqueles que têm agendas políticas contra a Síria”, acrescentou.”
“A concentração de homens armados vindos de várias regiões como Roston, Telbisa ou Qsair, bem como o lançamento do ataque a uma hora determinada, o que é um facto que as informações de inteligência que possuímos confirma irrefutavelmente, significa que não se tratou de um ataque improvisado mas sim de uma acção premeditada e planeada”, disse.
Makdisi garantiu que “todos aqueles que sabotam a trégua, sejam eles os países da região que albergam os terroristas ou fazem vista-grossa à sua infiltração na Síria, ou sejam os países que financiam e ameaçam publicamente,são cúmplices deste crime cometido contra o sangue do povo sírio”.
Estamos comprometidos com o Plano Annan e desejamos que tenha sucesso, mas as chaves da solução não residem apenas na Síria: há que aposte na desintegração do Estado e em golpear a sua estabilidade, e em atrair uma intervenção militar estrangeira no nosso país”, denunciou Makdesi.
“Não existe nada que tenha o nome de “tropas armadas da oposição”, como foi mencionado no relatório de Ki-moon: ou existe uma oposição de opinião que é bem-vinda a dialogar com o Estado, que nunca fechou as portas ao diálogo, ou são terroristas e, portanto, o emprego de tal designação requer um exame por parte da equipa do Secretário-Geral das Nações Unidas, porque não pode dizer-se “forças da oposição armadas” e não pode justificar-se a acção armada contra o prestígio do Estado, seja qual for a razão política invocada”, sublinhou.
Makdesi referiu-se ao relatório do Secretário-Geral da ONU, no qual é mencionado que intervêm veículos armados e máquinas pesadas, e em que é também dito que existem cidades que se encontram fora do controlo do Estado. “Parece a pintura da Mona Lisa, que cada um interpreta à sua maneira, … ou existem cidades fora do controlo do Estado e é portanto direito constitucional proteger os seus cidadãos e expulsar os terroristas e homens armados, procurando que passem a intervir no plano político e não no plano militar, ou então nada do que é dito faz sentido, o que é o que nós dizemos”.
“Existem bairros que podem estar fora de controlo devido à presença dos grupos armados, mas não existem cidades nessa situação e, por isso, o relatório não está à altura do Secretário-Geral das Nações Unidas, e esperamos que o próximo relatório seja mais profissional e que assente em políticos experientes como os observadores que se encontram na síria, que entram nossa bairros e testemunham com os seus próprios olhos a presença dos grupos armados”.
Makdisi disse: ”O Ministro dos Negócios Estrangeiros informa Annan e Ban Ki Moon, bem como os nossos aliados e amigos sobre a violações diariamente cometidas pela oposição síria, e as mais recentes estatísticas (com dados até há 4 ou 5 dias) indicam que há registo de mais de 3.500 violações documentadas”.
fonte: Agência síria SANA
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