terça-feira, 20 de outubro de 2009

Homenagem a MARIO BENEDETTI

CA barão


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Inquisição católica em pleno século XX

Por Steven

A grande mídia adora falar da Alemanha Nazista, mas omite outro regime sanguinário: a Ustasha croata. O regime Ustasha - Estado "Independente" da Croácia (NDH, em croata Nezavisna Država Hrvatska) nasceu em 1941 graças à invasão nazi-fascista na Iugoslávia durante a 2GM. O Vaticano apoiou o regime de Ante Pavelic porque desejava um poderio católico nos Balcans. O NDH (mistura de nazismo com inquisição católica) exterminou cerca de 1000000 de ortodoxos sérvios (matou outros não-católicos também) , 60000 judeus, 30000 ciganos e milhares de opositores. A cumplicidade da igreja católica com este regime sanguinário foi intensa, a ponto de padres promoverem conversões forçadas de não-católicos , massacres e campos de extermínio (Jasenovac, por exemplo). A crueldade Ustasha era tão grotesca que chocava até mesmo os alemães e italianos, que tiveram que dar um freio na Ustasha. . O chefe religioso do NDH, cardeal Stepinac, foi beatificado pelo papa JP2 em 1998.O assunto Ustasha é um grande tabu na grande mídia nacional e internacional, graças ao lobby da igreja católica. O Vaticano, após a queda do NDH, jamais admitiu qualquer ligação com o regime. Nem mesmo o site oficial do Vaticano possui texto repudiando as barbaridades do NDH. O papa JP2 nunca aceitou visitar Jasenovac, atitude compartilhada pelo atual papa,B16. O Vaticano, através de seu banco, receptou e lavou o dinheiro roubado pelos fugitivos do regime nazi-católico da Croácia (Ustasha) no final da 2GM, além de ajudar vários figurões do NDH que nem Ante Pavelic,Andrija Artukovic e Dinko Sakic fugirem pra América do Sul e EUA(Operação Ratlines). A cumplicidade vaticana com os croatas lhe rendeu uma ação judicial.Advogados dos EUA, representando sobreviventes e parentes de vítimas do regime Ustasha, estão tentando processar, sem sucesso, o Banco do Vaticano.
Ver site dos advogados http://www.vaticanbankclaims.com/faqs.html
As folhas do processo contra o Banco Vaticano http://www.vaticanbankclaims.com/5AC.pdf
O livro "O holocausto do Vaticano" de Avro Manhattan, aborda este holocausto
http://www.hlage.com/E-Books-Livros-PPS/Holocausto_do_Vaticano-Avro...
http://genocidios.faithweb.com/croacia.html
Stepinac - Santo Patrono del Genocidio
http://www.bibliotecapleyades.net/vatican/esp_vatican26d.htm#EL%20O...
EL OTRO HOLOCAUSTO. EL VATICANO Y EL GENOCIDIO EN CROACIA
Noticia sobre Artukovic
http://www.elpais.com/articulo/internacional/BALCANES/YUGOSLAVIA/SE...
Comienza en Zagreb el juicio contra Artukovic, el 'Himmler balcánico'
http://www.elpais.com/articulo/sociedad/CROACIA/EXTREMA_DERECHA/Pro...
Protestas por la beatificación de un cardenal de la Croacia fascista
http://www.elpais.com/articulo/opinion/CROACIA/ESPANA/CONFERENCIA_E...
Iglesia y fascismo
http://www.angelfire.com/extreme/genio/nazisorosacerdotes.html
Sobre Nazis, Oro y Sacerdotes
http://pavelic-papers.com/timeline/index.html
http://www.holocaustresearchproject.org/essays&editorials/croat...
The Holocaust in The Independent State of Croatia: Genocide between Political Religion and Religious Politics
http://www.nytimes.com/1994/09/06/world/serbian-church-blocking-pop...
Serbian Church Blocking Pope's Visit to Belgrade
http://www.nytimes.com/1997/04/12/world/fascists-reborn-as-croatia-...
Fascists Reborn as Croatia's Founding Fathers
http://www.juliagorin.com/wordpress/?p=1771
Bust of Croatian Fuehrer Unveiled at Croatian Cultural Center in Melbourne
http://www.ahdmelbourne.com.au/Gallery/tabid/58/ctl/SlideShow/mid/3...
Bust of Pavelic
ANTE PAVELIC, POGLAVNIK (FUHRER) USTASHA DA CROACIA (FANTOCHE NAZI)COM SUA MULHER E PRELADOS (PRIMAZ STEPINAC E O NUNCIO MARCONE)



PRIMAZ STEPINAC (DIR.) E SEUS ALIADOS USTASHAS.

ANTE PAVELIC NA MISSA



Um livro polêmico????



Holocausto_do_Vaticano-Avro_Manhattan.pdf

Por Steven

Introdução:

Este livro tem sido, freqüentemente, criticado, condenado, banido, mutilado, destruído e até mesmo queimado, do mesmo modo como tem sido citado, recomendado, reproduzido e elogiado, em muitas partes do mundo, por causa dos eventos e revelações nele descritos.

O indivíduo comum não pode aceitar os fatos espantosos de que há poucas décadas a Igreja Católica tenha advogado conversões forçadas, ajudado a construir campos de concentração e tenha sido responsável pelos sofrimentos, torturas, e execuções de centenas de milhares de não-católicos, pelos feitos friamente perpetrados através de seus membros leigos e eclesiásticos. Além do mais, que muitas dessas atrocidades tenham sido executadas pessoalmente por alguns dos seus sacerdotes, e até mesmo frades.

Um dos principais objetivos deste livro é relatar onde, quando e por quem tais atrocidades foram cometidas. O autor levou metade de uma década de penosas investigações, antes de aceitar o que parecia inacreditável. O resultado é este livro documentado a partir das mais diversas fontes de autoridade possíveis. Dentre elas, pessoas com quem o autor se relacionou pessoalmente. Algumas destas desempenharam papel insignificante nos eventos religiosos, políticos e militares aqui narrados. Outras foram testemunhas oculares. De fato não poucas até mesmo foram vítimas das inacreditáveis atrocidades sancionadas e promovidas pela Igreja Católica. Os nomes da maioria dos participantes, leigos católicos, militares, sacerdotes, frades, bispos, arcebispos e cardeais, bem como os das vítimas não católicas, homens, mulheres e crianças, incluindo clérigos, são tão genuínos como os nomes das localidades, vilas e cidades onde as atrocidades aconteceram. Sua autenticidade pode ser verificada por qualquer pessoa que deseje fazê-lo. Documentos e fotos dos campos católicos de concentração, das execuções em massa e das conversões forçadas ao Catolicismo, alguns dos quais constam deste livro, estão guardados nos arquivos do Governo Iugoslavo, da Igreja Ortodoxa, das Nações Unidas e de outras instituições oficiais.

A revolução ecumênica, embora aparentemente fascinante, tem-se demonstrado apenas como um outro Cavalo de Tróia, através do qual o poder católico, vestido de trajes contemporâneos, continua a deixar claro que a Igreja está mais ativa do que nunca. Os exemplos chocantes do terrorismo católico contemporâneo, ocorridos em Malta e no Vietnã, muitos dos quais tiveram lugar durante o ofício do “bondoso e velho Papa João XXIII” e, de fato, sob o pontificado de Paulo VI, dispensam qualquer elucidação. Eles são as provas mais condenatórias de que a Igreja Católica, apesar de sua alegada liberalização, fraternização e atualização, basicamente não mudou sequer um til. A portentosa significação do que está descrito neste livro, por conseguinte, deveria ser cuidadosamente escrutinada, para evitar que o passado se repita no futuro. Ou até mesmo agora, no presente.

Avro Manhattan
http://www.hlage.com/E-Books-Livros-PPS/Holocausto_do_Vaticano-Avro_Manhattan.pdf

Reflexões de Fidel: A Alba e Copenhague



osvaldobertolino 



aaaaaaareflrexoes

Nos atos festivos da 7ª Reunião Cúpula da Alba, que teve lugar na histórica região boliviana de Cochabamba, pôde-se observar quão rica é a cultura dos povos latino-americanos e quantas simpatias despertam os cantos, danças, vestes autóctones e rostos expressivos dos seres humanos de todas as etnias, cores e matizes: indígenas, negros, brancos e mestiços, nas crianças, nos jovens e nos adultos de todas as idades. Ali se expressavam milênios de história humana e a rica cultura, que explicam a decisão com que os líderes de vários povos do Caribe, da América Central e da América do Sul convocaram essa Cúpula.
A reunião teve grande sucesso. A sede foi a Bolívia. Há uns dias, escrevi sobre as excelentes perspectivas desse país, herdeiro da cultura aimara-quíchua. Um pequeno grupo dos povos da área está empenhado em demonstrar que um mundo melhor é possível. A Alba — criada pela República Bolivariana da Venezuela e Cuba, inspiradas nas ideias de Bolívar e de Martí, como um exemplo sem precedentes de solidariedade revolucionária — tem demonstrado quanta coisa se pode fazer em apenas cinco anos de cooperação pacífica. Esta começou logo depois da vitória política e democrática de Hugo Chávez. O imperialismo o subestimou; de forma grosseira, tentou derrubá-lo e eliminá-lo. Por ter sido a Venezuela o maior produtor de petróleo do mundo durante um longo período no século 20 e uma propriedade virtual das multinacionais ianques, o caminho empreendido era particularmente difícil.
O poderoso adversário contava com o neoliberalismo e a Alca, dois instrumentos de dominação com os quais esmagou sempre toda resistência no hemisfério depois da Revolução em Cuba.
Provoca indignação pensar na forma grosseira e pejorativa com que o governo dos Estados Unidos impôs o governo do milionário Pedro Carmona e tentou eliminar o presidente eleito, Hugo Chávez, quando a URSS se tinha desintegrado e faltavam poucos anos para a República Popular da China se tornar a potência econômica e comercial que é hoje, graças ao crescimento de mais do 10% durante duas décadas. O povo da Venezuela, como o de Cuba, resistiu à brutal investida. Os sandinistas se recuperaram, e a luta pela soberania, independência e socialismo ganhou força na Bolívia e no Equador. Honduras, que aderiu à Alba, foi vítima de um brutal golpe de Estado, inspirado pelo embaixador ianque e impulsionado da base militar dos Estados Unidos em Palmerola.
Hoje há quatro países latino-americanos que eliminaram radicalmente o analfabetismo: Cuba, Venezuela, Bolívia e Nicarágua; o quinto, Equador, avança aceleradamente para atingir esse objetivo. Os planos de saúde integral nos cinco países vai a um ritmo que nunca teve nos povos do Terceiro Mundo. Os programas de desenvolvimento econômico com justiça social se tornaram projetos dos cinco Estados, que já possuem um reconhecido prestígio no mundo pela sua posição corajosa diante do poder econômico, militar e midiático do império. À Alba aderiram três países caribenhos de origem negra e língua inglesa, que lutam resolutamente pelo seu desenvolvimento.
De per si, isto é um grande mérito político, se no mundo de hoje este fato fosse o único grande problema da história do homem.
O sistema econômico e político que, numa breve etapa histórica, levou à existência de mais de um bilhão de famintos e de muitas outras centenas de milhões, cujas vidas apenas ultrapassam a metade da média de que desfrutam os dos países privilegiados e ricos, era até este momento o principal problema da humanidade.
Na Cúpula da Alba se colocou com muita ênfase um novo problema de extrema gravidade: a mudança climática. Em nenhum outro momento da história humana houve um perigo de tal magnitude.
Enquanto Hugo Chávez, Evo Morales e Daniel Ortega se despediam da população nas ruas de Cochabamba ontem, domingo, nesse dia, conforme informações divulgadas pela BBC Mundo, Gordon Brown presidia em Londres uma reunião do Fórum das Grandes Economias do mundo, integrado mormente pelos países capitalistas de maior desenvolvimento, máximos responsáveis pelas emissões de dióxido de carbono, gás que origina o efeito estufa.
A importância das palavras de Brown é que não as pronunciou um representante da Alba ou um dos 150 países emergentes ou subdesenvolvidos do planeta, mas da Grã Bretanha, onde se iniciou o desenvolvimento industrial e um dos que mais dióxido de carbono emitiu à atmosfera. O primeiro-ministro britânico advertiu que se não se chegar na Cúpula das Nações Unidas em Copenhague a um acordo, as consequências serão “desastrosas”.
Enchentes, secas e ondas de calor letais são algumas das consequências “catastróficas”, afirmou por sua vez o grupo ecológico Fundo Mundial para a Natureza, referindo-se ao assinalado por Brown. “A mudança climática ficará fora do controle nos próximos cinco a dez anos, se não forem diminuídas drasticamente as emissões de CO2. Não haverá um plano B se Copenhague fracassar”.
A mesma fonte de notícias afirma: “O especialista da BBC, James Landale, explicou que nem tudo está se saindo como se esperava.”BBC, James Landale, explicou que nem tudo está se saindo como se esperava.”
Newsweek publicou: “A cada dia, parece mais improvável que os Estados se comprometam a alguma coisa em Copenhague”.
O presidente da reunião, Gordon Brown, declarou ― segundo informou o importante órgão norte-americano de imprensa ― que “se não se chegar a um acordo, sem dúvida, os prejuízos por causa das emissões descontroladas não poderão ser reparados com um acordo futuro”. A seguir enumerou conflitos como “emigração descontrolada e 1,8 bilhão de pessoas com escassez de água”.
Na verdade, como informou a delegação cubana em Bangcoc, os Estados Unidos estavam à frente dos países industrializados que mais se opuseram à redução necessária das emissões.
Uma nova Cúpula da Alba foi convocada na reunião de Cochabamba. Desse modo, o cronograma será: 6 de dezembro, eleições na Bolívia; 13 de dezembro, reunião da Alba em Havana; 16 de dezembro, participação na Cúpula das Nações Unidas em Copenhague. Ali estará o pequeno grupo de países da Alba. Já não é questão de “Pátria ou Morte”; realmente e sem exagero, é uma questão de “Vida ou Morte” para a espécie humana.. Já não é questão de “Pátria ou Morte”, sem exagero e realmente, é uma questao de “Vida ou Morte para” uma espécie humana.
O sistema capitalista não apenas nos oprime e saqueia. Os países industrializados mais ricos desejam impor ao resto do mundo o peso principal da luta contra a mudança climática. Quem pensam enganar com isso? Em Copenhague, a Alba e os países do Terceiro Mundo vão lutar pela sobrevivência da espécie. 
aaafidel

Karl Marx influenciado pelo PIG sobre Simón Bolívar?


Extraido do Blog doMello

Ninguém sabe com 100% de certeza o que aconteceu na História. Já se disse que ela é sempre aquela contada pelos vencedores. Em geral, os poderosos e sua mídia (o PIG através dos tempos), que só são contestados com relevância agora, com o surgimento da internet.
Li um artigo de Paulo Guedes em O Globo hoje e fiquei com a impressão de que Karl Marx se deixou levar pelo eurocentrismo e acreditou nas informações da imprensa espanhola, que desenhou Simón Bolívar como um covarde, traidor:
Seu biógrafo, Karl Marx, admitiu numa carta a Engels que “seria ultrapassar todos os limites querer apresentar como um novo Napoleão o mais covarde, brutal e miserável dos canalhas”.
Curioso é que essa versão de Marx não é corroborada nem pela imprensa antichavista e, portanto, antibolivariana. Criticam Chávez, Evo, Corrêa e até o casal Kirchner, mas Bolívar é preservado.
Será que Karl Marx comprou a versão do PIG da época ignorando completamente o materialismo histórico?
Leia o artigo completo de Paulo Guedes:
Raízes do socialismo bolivariano
Simón Bolívar nasceu em Caracas em 24 de julho de 1783, filho de uma família da nobreza crioula da Venezuela.
De acordo com os costumes dos americanos ricos da época, foi mandado para a Europa aos 14 anos de idade. Esteve presente na coroação de Napoleão Bonaparte como imperador, em 1804. Tenho simpatia pela figura histórica de Simón Bolívar, o Libertador. Compreendo a impaciência de Hugo Chávez com uma elite política corrupta, incompetente e sem consideração pela miséria dos povos latinoamericanos. Compreendo também sua solidariedade com os países vizinhos. Mas temo que o socialismo bolivariano se torne mais uma tragédia de reengenharia social para o círculo de influência chavista.
E também uma guerra expiatória desse fracasso contra países que não aderirem, como a Colômbia.
Prossegue o biógrafo: “No comando de Puerto Cabello, a mais sólida fortaleza da Venezuela, Bolívar dispunha de uma guarnição numerosa e grande quantidade de munição. Mas, quando os prisioneiros espanhóis se rebelaram, apesar de desarmados, Bolívar partiu precipitadamente durante a noite com seus oficiais. Ao tomar conhecimento da fuga de seu comandante, a guarnição retirou-se do local.
A balança pendeu em favor da Espanha, obrigando o general Miranda, comandante supremo das forças insurgentes, a assinar o Tratado de La Victoria, devolvendo a Venezuela ao controle espanhol. Miranda tentaria embarcar em La Guaira num navio inglês, mas foi convencido por Bolívar a ficar pelo menos uma noite no local. Às 2 horas da madrugada, com Bolívar à frente, soldados armados apoderaramse da espada e da pistola de Miranda e lhe ordenaram que se levantasse e se vestisse. Puseramno a ferro e o entregaram aos espanhóis. Despachado para Cádiz, na Espanha, Miranda morreu acorrentado, após alguns anos de cativeiro.” “
Em direção a Valência, Bolívar deparou com o general espanhol Morales à frente de 200 soldados e cem milicianos. Ao ver dispersada sua guarda, Bolívar fez meia-volta com seu cavalo, fugiu a toda velocidade, passou por um vilarejo num galope desabalado, chegou à baía próxima e embarcou, ordenando a toda a esquadra que o seguisse e deixando seus companheiros em terra privados de qualquer auxílio.
Piar, homem de cor, general conquistador das Guianas, que ameaçara levar Bolívar à corte marcial por deserção e covardia, não poupava de ironias o “Napoleão das Retiradas”.
Bolívar aprovou um plano para se livrar dele. Sob falsas acusações de ter conspirado contra brancos, planejado um atentado contra Bolívar e aspirado ao poder supremo, Piar foi levado a julgamento por um conselho de guerra, condenado à morte e fuzilado em 16 de outubro de 1817. Seu biógrafo, Karl Marx, admitiu numa carta a Engels que “seria ultrapassar todos os limites querer apresentar como um novo Napoleão o mais covarde, brutal e miserável dos canalhas”.

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A América Latina na visão de Chomsky...

A América Latina é o lugar mais estimulante do mundo: Chomsky


A América Latina é hoje o lugar mais estimulante do mundo, diz Noam Chomsky. Há aqui uma resistência real ao império; não existem muitas regiões das quais se possa afirmar o mesmo.
Entrevistado por La Jornada, um dos intelectuais dissidentes mais relevantes do nosso tempo assinala que a esperança na mudança anunciada por Barack Obama é uma ilusão, já que são as instituições e não os indivíduos que determinam o rumo da política. No máximo, o que o mandatário representa é uma viragem da extrema-direita para o centro da política tradicional estadunidense.
Presente no México para celebrar os 25 anos de La Jornada, o autor de mais de cem livros, o linguista, crítico anti-imperialista, analista do papel desempenhado pelos meios de comunicação na fabricação do consenso, explica como a guerra às drogas se iniciou nos Estados Unidos como parte de uma ofensiva conservadora contra a revolução cultural e a oposição à invasão do Vietname.
Seguidamente, apresentamos a transcrição completa das suas declarações.
A América Latina é hoje o lugar mais estimulante do mundo. Pela primeira vez em 500 anos há movimentos para uma verdadeira independência e separação do mundo imperial; estão a integrar-se países que historicamente têm estado separados. Esta integração é um pré-requisito para a independência. Historicamente, os Estados Unidos derrocaram um governo após outro; agora já não podem fazê-lo.
O Brasil é um exemplo interessante. Em princípios dos anos 60, os programas de [João] Goulart não eram tão diferentes dos de [Luiz Inácio] Lula. Naquele caso, o governo de [John F.] Kennedy organizou um golpe de Estado militar. Assim, o Estado de segurança nacional propagou-se por toda a região como uma praga. Hoje em dia, Lula é o bom rapaz, a quem estão a tratar de cultivar, em reacção aos governos mais militantes na região. Nos Estados Unidos não são publicados os comentários de Lula favoráveis a [Hugo] Chávez ou a Evo Morales. São silenciados porque não são o modelo.
Há um movimento para a unificação regional: começam a formar-se instituições que, embora não funcionem de todo, começam a existir. É o caso do Mercosul e da Unasul.
Outro caso notável na região é o da Bolívia. Depois do referendo houve uma grande vitória, e também uma sublevação bastante violenta nas províncias da Meia Lua, onde estão os governadores tradicionais, brancos. Um par de dezenas de pessoas morreram. Houve uma reunião regional em Santiago do Chile onde se expressou um grande apoio a Morales e uma firme condenação da violência, e Morales respondeu com uma declaração importante. Disse que era a primeira vez na história da América Latina, desde a conquista europeia, em que os povos tinham tomado o destino dos seus países nas suas próprias mãos sem o controle de um poder estrangeiro, ou seja, Washington. Essa declaração não foi publicada nos Estados Unidos.
A América Central está traumatizada pelo terror reaganiano. Não é muito o que ali sucede. Os Estados Unidos continuam a tolerar o golpe militar nas Honduras, embora seja significativo que não o possam apoiar abertamente.
Outra mudança, ainda que atropelada, é a superação da verdadeira patologia da América Latina, provavelmente a região mais desigual do mundo. Trata-se de uma região muito rica, sempre governada por uma pequena elite europeizada, que não assume nenhuma responsabilidade para com o resto dos seus respectivos países. Pode constatar-se em coisas muito simples, como o fluxo internacional de capital e bens. Na América Latina, a fuga de capitais é quase igual à da dívida. O contraste com a Ásia oriental é muito impactante. Aquela região, muito mais pobre, teve muito mais desenvolvimento económico substantivo, e os ricos estão sob controle. Não há fuga de capitais; na Coreia do Sul, por exemplo, castiga-se com a pena de morte. O desenvolvimento económico lá é relativamente igualitário.
CONTROLE DEBILITADO
Havia duas formas tradicionais com as quais os Estados Unidos controlava a América Latina. Uma era o uso da violência; a outra, o estrangulamento económico. Ambas foram debilitadas.
Os controles económicos são agora mais débeis. Vários países libertaram-se do Fundo Monetário Internacional através da colaboração. Também foram diversificadas acções entre o sul, no que a relação do Brasil com a África do Sul e a China entrou como factor. Puderam enfrentar alguns problemas internos sem a poderosa intervenção dos Estados Unidos.
A violência não acabou. Houve três golpes de estado no que vai deste século. O venezuelano, abertamente apoiado pelos Estados Unidos, foi revertido, e agora Washington tem que recorrer a outros meios para subverter o governo, entre eles ataques mediáticos e apoio a grupos dissidentes. O segundo foi no Haiti, onde França e os Estados Unidos retiraram o governo e enviaram o presidente para a África do Sul. O terceiro é o das Honduras, que é um caso misto. A Organização de Estados Americanos assumiu uma postura firme e a Casa Branca teve que segui-la, e proceder muito lentamente. O FMI acaba de outorgar um enorme empréstimo às Honduras, que substitui a redução de assistência estadunidense. No passado, estes eram assuntos rotineiros. Agora, essas medidas (a violência e o estrangulamento económico) foram debilitadas.
Os Estados Unidos estão a reagir e têm dado passos para remilitarizar a região. A Quarta Frota, dedicada à América Latina, tinha sido desmantelada nos anos 50, mas está a ser reabilitada, e as bases militares na Colômbia são um assunto importante.
A ILUSÃO DE OBAMA
A eleição de Barack Obama gerou grandes expectativas de mudança para a América Latina. Mas são só ilusões.
Sim, há uma mudança, mas a viragem é porque o governo de Bush foi tão ao extremo do espectro político estadunidense que quase qualquer um se teria movido para o centro. Aliás, o próprio Bush, no seu segundo mandato, foi menos extremista. Desfez-se de alguns dos seus colaboradores mais arrogantes e as suas políticas foram mais moderadamente centristas. E Obama, de forma previsível, continua com esta tendência.
Virou para a posição tradicional. Mas qual é essa tradição? Kennedy, por exemplo, foi um dos presidentes mais violentos do pós-guerra. Woodrow Wilson foi o maior intervencionista do século XX. O centro não é pacifista nem tolerante. De facto, Wilson foi quem se apoderou da Venezuela, expulsando os ingleses, porque tinha sido descoberto petróleo. Apoiou um ditador brutal. E dali continuou com o Haiti e a República Dominicana. Enviou os marines e praticamente destruiu o Haiti. Nesses países deixou guardas nacionais e ditadores brutais. Kennedy fez o mesmo. Obama é um regresso ao centro.
É o mesmo com o tema de Cuba, onde durante mais de meio século os Estados Unidos se envolveram numa guerra, desde que a ilha ganhou a sua independência. No princípio, esta guerra foi bastante violenta, especialmente com Kennedy, quando houve terrorismo e estrangulamento económico, ao qual se opõe a maioria da população estadunidense. Durante décadas, quase dois terços da população esteve a favor da normalização das relações, mas isso não está na agenda política.
As manobras de Obama foram para o centro; suspendeu algumas das medidas mais extremas do modelo de Bush, e até foi apoiado por boa parte da comunidade cubano-estadunidense. Moveu-se um pouco para o centro, mas deixou muito claro que não haverá mudanças.
AS “REFORMAS” DE OBAMA
O mesmo sucede na política interna. Os assessores de Obama durante a campanha foram muito cuidadosos em não o deixar comprometer-se com nada. As palavras de ordem foram «a esperança» e «a mudança, uma mudança em que acreditar». Qualquer agência de publicidade sensata teria feito com que essas fossem as palavras de ordem, pois 80 por cento do país pensava que este seguia pelo carril errado. McCain dizia coisas parecidas, mas Obama era mais agradável, mais fácil de vender como produto. As campanhas são apenas assuntos de mercadotecnia, assim se entendem a si mesmas. Estavam a vender a “marca Obama” em oposição à “marca McCain”. É dramático ver essas ilusões, tanto fora como dentro dos Estados Unidos.
Nos Estados Unidos, quase todas as promessas feitas no âmbito da reforma laboral, de saúde, de energéticos, ficaram quase anuladas. Por exemplo, o sistema de saúde é uma catástrofe. Trata-se provavelmente do único país no mundo no qual não há uma garantia básica de cuidados médicos. Os custos são astronómicos, quase o dobro de qualquer outro país industrializado. Qualquer pessoa que tenha a cabeça no lugar sabe que é a consequência de se tratar de um sistema de saúde privado. As empresas não procuram saúde, estão aí para obter lucros.
Trata-se de um sistema altamente burocratizado, com muita supervisão, altíssimos custos administrativos, onde as companhias de seguros têm formas sofisticadas de evadir o pagamento das apólices, mas não há nada na agenda de Obama para fazer algo a esse respeito. Houve algumas propostas light, como por exemplo “a opção pública”, mas ficou anulada. Se lermos a imprensa de negócios, descobrimos que a manchete da Business Week reportava que as seguradoras celebravam a sua vitória.
Foram realizadas campanhas com muito êxito contra esta reforma, organizadas pelos meios de comunicação e pela indústria para mobilizar segmentos extremistas da população. Trata-se de um país no qual é fácil mobilizar as pessoas com o medo, e inculcar-lhes todo o tipo de ideias loucas, como que Obama lhe vai matar a avó. Assim conseguiram reverter propostas legislativas já por si débeis. Se na verdade tivesse havido um verdadeiro compromisso no Congresso e na Casa Branca, isto não teria singrado, mas os políticos estavam mais ou menos de acordo.
Obama acaba de fazer um acordo secreto com as companhias farmacêuticas para lhes assegurar que não haverá esforços governamentais para regular o preço dos medicamentos. Os Estados Unidos são o único país no mundo ocidental que não permite que o governo use o seu poder de compra para negociar o preço dos medicamentos. 85 por cento da população opõe-se, mas isso não implica diferença alguma, até que todos vejam que não são os únicos que se opõem a estas medidas.
A indústria petrolífera anunciou que vai utilizar as mesmas tácticas para derrotar qualquer projecto legislativo de reforma energética. Se os Estados Unidos não implantarem controles firmes sobre as emissões de dióxido de carbono, o aquecimento global destruirá a civilização moderna.
O diário Financial Times assinalou com razão que, se havia uma esperança de que Obama pudesse ter mudado as coisas, agora seria surpreendente que cumprisse de facto com o mínimo das suas promessas. A razão é que não queria mudar tanto as coisas. Trata-se de uma criatura daqueles que financiaram a sua campanha: as instituições financeiras, as energéticas, as empresas. Tem a aparência de bom tipo, seria um bom acompanhante de jantar, mas isso não permite mudar a política; afecta-a um pouco. Sim, há mudança, mas é um pouco mais suave. A política provém das instituições, não é feita por indivíduos. As instituições são muito estáveis e muito poderosas. Evidentemente, encontram a forma de enfrentar o que acontece.
MAIS DO MESMO
Os meios de comunicação estão um pouco surpreendidos de que se esteja a regressar onde sempre se esteve. Relatam-no, é difícil não o fazer, mas o facto é que as instituições financeiras gabam-se de que tudo está a ficar como antes. Ganharam. A Goldman Sachs nem sequer tenta ocultar que, depois de ter afundado a economia, está a entregar suculentos prémios aos seus executivos. Creio que no trimestre passado acabou de anunciar os ganhos mais altos da sua história. Se fossem um pouquinho mais inteligentes, tentá-lo-iam ocultar.
Isto deve-se ao facto de que Obama está a responder àqueles que apoiaram a sua campanha: o sector financeiro. Basta olhar para aqueles que escolheu para a sua equipa económica. O seu primeiro assessor foi Robert Rubin, o responsável pela derrogação de uma lei que regulava o sector financeiro, o que beneficiou muito a Goldman Sachs; além disso, tornou-se no director do Citigroup, fez uma fortuna e saiu justamente a tempo. Larry Summers, que foi a principal figura responsável por travar toda a regulação dos instrumentos financeiros exóticos, é agora o principal assessor económico da Casa Branca. E Timothy Geithner, que como presidente da Reserva Federal de Nova Iorque supervisionava o que acontecia, é secretário do Tesouro.
Numa reportagem recente foram examinados alguns dos principais assessores económicos de Obama. Concluiu-se que grande parte deles não deveriam estar na equipa de assessoria, mas a enfrentar acções legais, porque estiveram envolvidos em má gestão na contabilidade e noutros assuntos que detonaram a crise.
Por quanto tempo se podem manter as ilusões? Os bancos estão agora melhor que antes. Primeiro receberam um enorme resgate do governo e dos contribuintes, e utilizaram-no para se fortalecerem. São maiores que nunca; absorveram os fracos. Ou seja, está a assentar-se a base para a próxima crise. Os grandes bancos estão beneficiar de uma apólice de seguros do governo, que se chama “demasiado grande para falir”. Se se é um banco enorme ou uma casa de investimentos importante, é-se demasiado importante para fracassar. Se se é a Goldman Sachs ou o Citigroup, não se pode fracassar porque isso derrubaria toda a economia. Por isso, podem fazer empréstimos arriscados, para ganhar muito dinheiro, e, se alguma coisa falhar, o governo resgata-os.
A GUERRA CONTRA O NARCO
A guerra contra a droga, que dilacera vários países da América Latina, entre os quais se encontra o México, tem velhos antecedentes. Revitalizada por Nixon, foi um esforço para superar os efeitos da guerra do Vietname nos Estados Unidos.
A guerra foi um factor que levou a uma importante revolução cultural nos anos 60, a qual civilizou o país: direitos da mulher, direitos civis. Ou seja, democratizou o território, aterrorizando as elites. A última coisa que desejavam era a democracia, os direitos da população, etc., de modo que lançaram uma enorme contra-ofensiva. Parte dela foi a guerra contra as drogas.
Esta foi projectada para transladar a concepção da guerra do Vietname, do que nós estávamos a fazer aos vietnamitas, para o que eles nos estavam a fazer a nós. O grande tema no final dos anos 60 nos meios de comunicação, incluindo os liberais, foi que a guerra do Vietname foi uma guerra contra o Estados Unidos. Os vietnamitas estavam a destruir o nosso país com drogas. Foi um mito fabricado pelos meios de comunicação nos filmes e na imprensa. Inventou-se a história de um exército cheio de soldados viciados em drogas que, ao regressar, se transformariam em delinquentes e aterrorizariam as nossas cidades. Sim, havia uso de drogas entre os militares, mas não era muito diferente do que existia noutros sectores da sociedade. Foi um mito fabricado. Disso se tratava a guerra contra as drogas. Assim foi mudada a concepção da guerra do Vietname para uma na qual nós éramos as vítimas.
Isso encaixou muito bem nas campanhas a favor da lei e da ordem. Dizia-se que as nossas cidades se dilaceravam com o movimento antibélico e os rebeldes culturais, e que por isso tínhamos que impor a lei e a ordem. Aí cabia a guerra contra a droga.
Reagan ampliou-a de forma significativa. Nos primeiros anos da sua administração intensificou-se a campanha, acusando os comunistas de promover o consumo de drogas.
A princípios dos anos 80, os funcionários que levavam a sério a guerra contra as drogas descobriram um aumento significativo e inexplicável de fundos em bancos do sul da Flórida. Lançaram uma campanha para detê-lo. A Casa Branca interveio e suspendeu a campanha. Quem o fez foi George Bush pai, nesse tempo encarregado da guerra contra as drogas. Foi quando a taxa de encarceramento aumentou de forma significativa, em grande parte com presos negros. Agora, o número de prisioneiros per capita é o mais alto do mundo. No entanto, a taxa de criminalidade é quase igual à de outros países. Trata-se de um controle sobre parte da população. Trata-se de um assunto de classe.
A guerra contra as drogas, como outras políticas, promovidas tanto por liberais como por conservadores, é uma tentativa para controlar a democratização de forças sociais.
Há alguns dias, o Departamento de Estado de Obama emitiu o seu certificado de cooperação na luta contra as drogas. Os três países que foram “descertificados” são Mianmar, uma ditadura militar – não importa, é apoiada por empresas petrolíferas ocidentais –, a Venezuela e a Bolívia, que são inimigos dos Estados Unidos. Nem o México, nem a Colômbia, nem os Estados Unidos, em todos os quais há narcotráfico.
UM LUGAR INTERESSANTE
O elemento central do neoliberalismo é a liberalização dos mercados financeiros, o que torna vulneráveis os países que têm investidores estrangeiros. Se um país não pode controlar a sua moeda e a fuga de capitais, está sob controle dos investidores estrangeiros. Podem destruir uma economia se não lhes agradar o que este país faz. Essa é outra forma de controlar povos e forças sociais, como os movimentos operários. São reacções naturais de um empresariado muito concentrado, com grande consciência de classe. Claro que há resistência, mas fragmentada e pouco organizada, e por isso podem continuar a promover políticas às quais se opõe a maioria da população. Por vezes, isto chega ao extremo.
O sector financeiro está como antes; as seguradoras de saúde ganharam com a reforma sanitária, as empresas energéticas ganharão com a reforma energética, os sindicatos perderam com a reforma laboral e, evidentemente, a população dos Estados Unidos e a do mundo perdem porque por si só a destruição da economia é grave. Se o meio ambiente for destruído, aqueles que deveras sofrerão são os pobres. Os ricos sobreviverão aos efeitos do aquecimento global.
Por isso a América Latina é um dos lugares verdadeiramente interessantes. É um dos locais nos quais há verdadeira resistência a tudo isto. Até onde chegará? Não se sabe. Não me surpreenderia que haja uma viragem à direita nas próximas eleições na América do Sul. Ainda assim, conseguiu-se um avanço que assenta as bases para algo mais. Não há muitos lugares no mundo dos quais se possa dizer o mesmo.
Fonte: La Jornada