domingo, 10 de outubro de 2010

TODO APOIO A CAMPANHA DE BOICOTE CONTRA ISRAEL PELOS FRANCESES

Colonização e apartheid: é isso que está ferindo a lei


Israel é que deve ser levados à justiça!

Em Bordeaux, Persignam, Mulhouse, Paris e Pontoise, ativistas deverão, em breve, comparecer a um tribunal devido à sua participação na campanha não violenta do BDS - Boicote, Desinvestimento e Sanções - contra Israel.

O presidente do Instituto Nacional de Vigilância contra o Anti-semitismo (BNCVA) declarou à imprensa que já são 80 acusações relativas a incidentes semelhantes, em toda a França. Estes processos são resultado das declarações enganosas proferidas pelo Primeiro-Ministro Fillon e o ministro do interior Hortefeux, bem como as instruções recentemente emitidas aos magistrados pelo ministro da justiça Alliot -Marie.

Este é um ataque sem precedentes sobre a campanha BDS engendrado pelas agências pró-Israel em conluio com o governo Sarkozy, cujas medidas racistas contra os ciganos estão causando indignação em toda a Europa.

Para coroar tudo isso, essas acusações estão baseadas em uma lei de 29 de julho de 1881 para atacar os ativistas BDS “... A grande ironia é que essa lei penaliza a prática de “... ódio , discriminação ou violência contra pessoa ou grupo devido à sua origem ou devido a pertencer ou não a uma determinada etnia, raça, nação ou religião ".

Queremos perguntar, então:

Quem, com total impunidade, está praticando violência e discriminação em uma base diária nos Territórios Ocupados da Palestina?

Quem, com total impunidade, aprova a legislação do apartheid contra os próprios palestinos concidadãos?

Quem, com total impunidade, comete crimes de guerra, e chacinas e persegue a população civil na Cisjordânia e em Gaza?

Quem, com total impunidade, estão violando a lei internacional, colonização e exploração os recursos dos territórios ocupados?

Quem, com total impunidade, tem imposto nos últimos cinco anos um cerco mortífero à Faixa de Gaza?

É Israel que está violando a lei internacional quando pratica a ocupação, a colonização, a apartheid e os crimes de guerra; quando nega os direitos dos presos e os direitos dos refugiados.

É Israel que devem ser cobrados na justiça!

O objetivo da campanha BDS é obrigar Israel a respeitar a lei.

Por que o sistema jurídico francês condena os cidadãos que realizam ações pacíficas para que a lei seja respeitada e aplicada? Cidadãos franceses que pedem boicote, desinvestimento e sanções contra Israel são impulsionados pela necessidade urgente de acabar com a sistemática violação da lei por parte de Israel e inabalável impunidade que lhe foi concedida pelo governo francês.

A campanha BDS/ França apela a uma ampla manifestação de apoio a todos aqueles, sem exceção, que estão sendo processados por causa de suas ações de boicote e exige que Israel seja indiciado e que as comissões de apoio sejam estabelecidas e desenvolvidas em todo o país.

A campanha BDS/ França está colocando sua equipe de advogados ao serviço daqueles que estão sendo processados e de todos os ativistas do BDS. A partir de agora, a campanha para promover BDS e indiciar Israel deve ser ainda mais reforçada. Devemos utilizar as próximas manifestações como oportunidades para demonstrar a força de nossa campanha, comparecendo em grande número.

BDS Campanha França

www.bdsfrance.org

campagnebdsfrance@yahoo.fr

Membros da França BDS Campanha: filisteu ABNA, Aliança para a liberdade edignidade, a Alternativa Libertária , américains contre la guerre, américains pour la paix ET la justiça Montpellier, Associação dos Palestiniens en France, Associação dostravailleurs magrebinos en France, Associação dos tunisiens en France, AURDIP ,CCIPPP , féministes Collectif des pour l' égalité, Collectif judeo arabe et pour citoyenla paix , Collectif des musulmans de France, palestiniens Comités pour le Droit auretour , Comités BDS França Clichy Palestina, BDS França Montpellier, França BDSNord Est , Orne Palestina, BDS Mulhouse, AFPs Gennevilliers, AFPs/ Cruas , BDS Ardèche Méridionale , CNT, CAPJPO - europalestine ,A coordenação inter- associativa pour la Palestina, Coordenação de acção pour l ' nãoviolente de l' Arche , artesãos Fédération du monde , Fédération des Tunisiens pour unedes Deux Rives citoyenneté , Federação pour une alternativa sociale et écologique ,Fórum bairros sociais des populaires , União Geral dos Estudantes Palestinos ,Génération Palestina, La guerre ter - Toulouse, Parti des Indigènes de la République ,Mouvement des objecteurs de croissance , quartiers Mouvement pour la des justiça sociale , banlieues imigrações Mouvement , Mouvement pour une alternativa não violente , a ANP et musulmanes spiritualité Réseau juif internacional antisioniste ( IJAN ), Respaix , consciências Réveil des , Stop Toulouse apartheid, Une toile contre le mur - Annemasse, Solidaires União Sindical , Union des travailleurs tunisiens immigrés , União Juive française pour la paix . 
 

Análise sobre o PSOL e o segundo turno presidencial

101010_psol1 Raphael Tsavkko - Dilma ficou no quase, Serra foi além do esperado, Marina surpreendeu e Plínio decepcionou.
Dilma foi vítima da imprensa golpista e da incessante criação de factóides, e também de suas mudanças de discurso. Marina conseguiu uma façanha, juntou de maconheiros à hypes, de filhinhos de papai do Leblon-Jardins e evangélicos fundamentalistas.
Plínio, por outro lado, perdeu votos para Marina, especialmente entre a juventude e, ainda mais, perdeu votos dentre os de esquerda que preferiam enterrar Serra do que aguentar um segundo turno, que promete ser absolutamente sujo.

Mas, agora, precisamos pensar adiante. O que fazer no segundo turno?

As demonstrações de superação de seu sectarismo infantil, em algumas esferas do PSOL, podem não ser suficientes para que isto se transforme em um apoio à Dilma no segundo turno, ou mesmo ao Agnelo no Distrito Federal e assim por diante. Imagino que, internamente, Heloísa Helena, ferida, esteja se mexendo para garantir uma neutralidade por parte do partido, neutralidade esta que significa dar vantagem aos fanáticos evangélicos e ao DemoTucanato.

É hora de unificar as esquerdas e buscar puxar o discurso de Dilma, ou ao menos suas práticas numa possível vitória, para a esquerda.

Obviamente enfrenta-se um dilema moral. Muitos no PT dão como certa a migração dos votos da Esquerda (PSOL, PSTU, PCB) para o PT. É um erro tático muito grave. Os votos do PSOL até podem, na maioria, migrar, mas PSTU e PCB tem um público diferente e, mesmo pequenos, cada voto contará em um segundo turno apertado.
Para o segundo turno contam esses votos: mais da metade concentrados em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, além do DF, onde ela ficou em primeiro lugar. Qualquer que seja a decisão de apoio no segundo turno – a convocação de assembléias para definir deve confirmar a tendência a abstenção, tornando mais difícil a operação política da direção de apoiar Serra -, esse eleitorado se orientará, em grande medida, não pela decisão partidária, ficando disponível para os outros candidatos. Em 2006, nem o PSol conseguiu que seus votos deixassem de ir para outros candidatos, desobedecendo a orientação do voto em branco.
Estamos diante de uma campanha suja, difícil, baixa, e se a esquerda abandonar o PT ao PMDB de mãos beijadas, veremos barbaridades acontecendo. Às vezes é necessário pragmatismo, responsabilidade.

Não digo um apoio automático, programático. Mas é preciso se fazer uma critica imensa internamente  e compreender que, talvez, apenas se colocar contra Serra não seja suficiente. Puxar voto nulo pode ser não só insuficiente, como pode ajudar as forças de direita.

Sou o primeiro a criticar o PT e o governo na sua falta de comprometimento com diversos pontos importantes ao movimento social. Não só não houve Reforma Agrária - nem sequer um ensaio - como a idéia parece ter sido abandonada pelo partido num provável novo governo.

Isto é condenável e vergonhoso. Mas é igualmente condenável e vergonhoso o papo de que PT e PSDB são iguais. De fato ficarão mais parecidos enquanto a Esquerda permitir que o PMDB se aproxime mais e mais, enquanto fizer uma oposição inconsequente em mitos casos.

É através dos movimentos sociais que se compõe a luta, mas também no parlamento. Abandonar o PT ao PMDB e até mesmo permitir que Serra ameace seriamente em conjunto com a Onda Verde que em sua grande maioria é uma Onda Azul, é extremamente inconsequente.

O apoio deve ser crítico. Deve-se deixar claras as inúmeras discordâncias, mas unir o possível pelo bem comum, pela manutenção de alguma esperança e contra a substituição pelo que representa o atraso religioso com a intransigência e sanha privatista e intolerante.

Acredito que é impossível uma aliança plena entre PT e PSOL. Alguns pontos podem ser debatidos, mas outros não são passíveis de contemporização. De um lado acredito que o PSOL possa abrandar as críticas a alguns programas como Bolsa Família, ProUni e etc, ou ao menos centrar as críticas e torná-las produtivas, por outro lado, questões como Reforma Agrária e Urbana não são passíveis de qualquer contemporização.

Mas, mesmo assim, acredito que, mesmo criticamente, um apoio, possa aproximar os setores da esquerda do PT com o PSOL e outros partidos de esquerda que queiram compor e até mesmo possa fortalecer os movimentos sociais.

Ouvi comentários de que o PT não hesitaria em apoiar o PSOL se a situação fosse inversa. Justo. Mas não nos esqueçamos de que quem abandonou diversas bandeiras históricas foi o PT. O PSOL as manteve, logo, seria muito mais simples para o PT apenas resgatar seu passado que o PSOL abandonar seu presente.

Chamar pelo voto nulo ou abstenção é um tiro no pé que inviabilizaria todas as conquistas e superações de sectarismo por parte do PSOL. Apoiar abertamente a Dilma talvez desagradasse aos setores mais radicais do partido e, por fim, se opor ferrenhamente ao Serra e deixar o voto livre aos filiados e militantes poderia ser um meio-termo mais aceitável.

Devemos, pois, aguardar e torcer.

E a defesa dos direitos?


por Silvio Caccia Bava
Sem o MST, a violência no campo seria muito maior. Ele reúne, acolhe, inclui, dá dignidade e transforma o sentimento de revolta em ação coletiva, defende propostas de políticas públicas, politiza essas demandas. O mesmo pode-se dizer de movimentos sociais como os movimentos de moradia, de saúde, dos catadores, dos quilombolas, das mulheres, dos negros, e outros. Ao se constituírem como movimentos, eles vocalizam demandas de amplos setores da sociedade que se encontram, ainda, privados de seus direitos. São as pressões da sociedade sobre o sistema político que dão origem às mudanças e às novas políticas públicas.
Ainda que a grande imprensa continue a criminalizar os movimentos sociais, a sociedade brasileira mudou e reconhece a manobra. Estes movimentos, hoje, são reconhecidos, legitimados, com canais de interlocução com o governo federal. Eles têm papel fundamental na ampliação de nossa democracia. Eles se apresentam para a sociedade e trazem para o plano público e da política a questão da desigualdade e da injustiça. 
Mas os movimentos não brotam só da insatisfação popular. Para que eles surjam há todo um trabalho feito por redes de entidades, de associações de moradores, de sindicatos, de ONGs, fóruns de defesa de direitos, e mesmo pelas paróquias que ainda são progressistas. É nessas articulações heterogêneas que os indivíduos se organizam em coletivos, e daí surgem os movimentos sociais, quando surgem. 
Desde o fim dos anos 1970, em plena ditadura, um pequeno grupo de entidades se forma com apoio e solidariedade internacional. São ONGs que se constituem para apoiar a organização coletiva e a luta por direitos, nesse momento muito ligadas à igreja católica, às comunidades de base e à teologia da libertação. Sua especialidade: educação popular. Desenvolviam também trabalhos com clubes de mães, com a pastoral operária, com as associações de moradores. Nos anos 1980 as mudanças são grandes, com a construção de entidades nacionais, como as centrais sindicais, a Central de Movimentos Populares, a Confederação Nacional de Associações de Moradores, e outras. É o momento em que se destacam algumas redes e fóruns, como o Fórum Nacional da Reforma Urbana e o Fórum Nacional de Participação Popular.
Em todas estas redes está presente esse tipo particular de ONGs que se organiza para a defesa de direitos. Muito do trabalho de sistematização, de organização do debate público, de elaboração de propostas, conta com a expertise dessas ONGs, que agora são mais especializadas, justamente para corresponder à necessidade de ações mais propositivas.
Como a nossa democracia, assim como o respeito aos direitos, ainda são processos inacabados em nosso país, esse tipo particular de ONGs continua dando importantes contribuições até hoje. Muitas delas, não todas, se reúnem na Associação Brasileira de ONGs – a Abong.
E veio, agora, da Abong, o alerta de que suas associadas estão em perigo de vida. Paradoxalmente, a boa imagem do Brasil no exterior, associada à crise na Europa, levou a cooperação internacional, em grande parte, a suspender o financiamento dessas ONGs de defesa de direitos no Brasil. Pesquisas indicam uma redução do financiamento da ordem de 50%, do ano passado para este. 
A democracia brasileira precisa desses grupos de cidadãos e cidadãs que se organizam para a defesa de direitos. O seu trabalho, em sua diversidade, é de interesse público e deve ser valorizado e apoiado pelos cidadãos e pelos poderes públicos. Essas ONGs guardam a particularidade de ser produtoras de conhecimento, se envolvem com pesquisas, diagnósticos, sistematizações, análises, trabalho que é fundamental para dar sentido propositivo às pressões sociais. Especialmente porque, ao apresentarem propostas alternativas, vocalizam o dissenso, os conflitos, dão vida ao sistema político democrático. Os movimentos sociais, as redes de cidadania, os cidadãos e cidadãs, de uma maneira geral, se beneficiam com esse trabalho.
Pedir ao governo federal, com urgência, medidas de financiamento público para essas entidades é legítimo e necessário. Na Índia, assim como na Suécia e em outros países, há mais de dez anos, por lei, existe o financiamento público dos trabalhos dessas ONGs, com total respeito à sua autonomia. Não se trata de socorrer um grupo de entidades em crise de financiamento, se trata de tomar decisões políticas que assegurem o importante papel da sociedade civil brasileira na construção de nossa democracia.

Silvio Caccia Bava é editor de Le Monde Diplomatique Brasil e coordenador geral do Instituto Pólis.