Raphael Tsavkko - Dilma ficou no quase, Serra foi além do esperado, Marina surpreendeu e Plínio decepcionou.
Dilma
foi vítima da imprensa golpista e da incessante criação de factóides, e
também de suas mudanças de discurso. Marina conseguiu uma façanha,
juntou de maconheiros à hypes, de filhinhos de papai do Leblon-Jardins e
evangélicos fundamentalistas.
Plínio, por outro lado,
perdeu votos para Marina, especialmente entre a juventude e, ainda mais,
perdeu votos dentre os de esquerda que preferiam enterrar Serra do que
aguentar um segundo turno, que promete ser absolutamente sujo.
Mas, agora, precisamos pensar adiante. O que fazer no segundo turno? As demonstrações de superação de seu sectarismo infantil, em algumas esferas do PSOL, podem não ser suficientes para que isto se transforme em um apoio à Dilma no segundo turno, ou mesmo ao Agnelo no Distrito Federal e assim por diante. Imagino que, internamente, Heloísa Helena, ferida, esteja se mexendo para garantir uma neutralidade por parte do partido, neutralidade esta que significa dar vantagem aos fanáticos evangélicos e ao DemoTucanato. É hora de unificar as esquerdas e buscar puxar o discurso de Dilma, ou ao menos suas práticas numa possível vitória, para a esquerda. Obviamente enfrenta-se um dilema moral. Muitos no PT dão como certa a migração dos votos da Esquerda (PSOL, PSTU, PCB) para o PT. É um erro tático muito grave. Os votos do PSOL até podem, na maioria, migrar, mas PSTU e PCB tem um público diferente e, mesmo pequenos, cada voto contará em um segundo turno apertado. Para o segundo turno contam esses votos: mais da metade concentrados em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, além do DF, onde ela ficou em primeiro lugar. Qualquer que seja a decisão de apoio no segundo turno – a convocação de assembléias para definir deve confirmar a tendência a abstenção, tornando mais difícil a operação política da direção de apoiar Serra -, esse eleitorado se orientará, em grande medida, não pela decisão partidária, ficando disponível para os outros candidatos. Em 2006, nem o PSol conseguiu que seus votos deixassem de ir para outros candidatos, desobedecendo a orientação do voto em branco.
Estamos diante de uma
campanha suja, difícil, baixa, e se a esquerda abandonar o PT ao PMDB de
mãos beijadas, veremos barbaridades acontecendo. Às vezes é necessário
pragmatismo, responsabilidade.
Não digo um apoio automático, programático. Mas é preciso se fazer uma critica imensa internamente e compreender que, talvez, apenas se colocar contra Serra não seja suficiente. Puxar voto nulo pode ser não só insuficiente, como pode ajudar as forças de direita. Sou o primeiro a criticar o PT e o governo na sua falta de comprometimento com diversos pontos importantes ao movimento social. Não só não houve Reforma Agrária - nem sequer um ensaio - como a idéia parece ter sido abandonada pelo partido num provável novo governo. Isto é condenável e vergonhoso. Mas é igualmente condenável e vergonhoso o papo de que PT e PSDB são iguais. De fato ficarão mais parecidos enquanto a Esquerda permitir que o PMDB se aproxime mais e mais, enquanto fizer uma oposição inconsequente em mitos casos. É através dos movimentos sociais que se compõe a luta, mas também no parlamento. Abandonar o PT ao PMDB e até mesmo permitir que Serra ameace seriamente em conjunto com a Onda Verde que em sua grande maioria é uma Onda Azul, é extremamente inconsequente. O apoio deve ser crítico. Deve-se deixar claras as inúmeras discordâncias, mas unir o possível pelo bem comum, pela manutenção de alguma esperança e contra a substituição pelo que representa o atraso religioso com a intransigência e sanha privatista e intolerante. Acredito que é impossível uma aliança plena entre PT e PSOL. Alguns pontos podem ser debatidos, mas outros não são passíveis de contemporização. De um lado acredito que o PSOL possa abrandar as críticas a alguns programas como Bolsa Família, ProUni e etc, ou ao menos centrar as críticas e torná-las produtivas, por outro lado, questões como Reforma Agrária e Urbana não são passíveis de qualquer contemporização. Mas, mesmo assim, acredito que, mesmo criticamente, um apoio, possa aproximar os setores da esquerda do PT com o PSOL e outros partidos de esquerda que queiram compor e até mesmo possa fortalecer os movimentos sociais. Ouvi comentários de que o PT não hesitaria em apoiar o PSOL se a situação fosse inversa. Justo. Mas não nos esqueçamos de que quem abandonou diversas bandeiras históricas foi o PT. O PSOL as manteve, logo, seria muito mais simples para o PT apenas resgatar seu passado que o PSOL abandonar seu presente. Chamar pelo voto nulo ou abstenção é um tiro no pé que inviabilizaria todas as conquistas e superações de sectarismo por parte do PSOL. Apoiar abertamente a Dilma talvez desagradasse aos setores mais radicais do partido e, por fim, se opor ferrenhamente ao Serra e deixar o voto livre aos filiados e militantes poderia ser um meio-termo mais aceitável. Devemos, pois, aguardar e torcer. |
Um blog de informações culturais, políticas e sociais, fazendo o contra ponto à mídia de esgoto.
domingo, 10 de outubro de 2010
Análise sobre o PSOL e o segundo turno presidencial
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
Olá,
Tomei a liberdade de transcrever seu texto no meu blog. Se você se importar, eu apago. Citei o fonte, ok?
Postar um comentário