domingo, 19 de agosto de 2007

Kosovo

A exortação do presidente dos EUA à independência unilateral do Kosovo pode incendiar de novo os Bálcãs e faz lembrar a responsabilidade das potências ocidentais pelas guerras civis na região

Ignacio Ramonet

Há oito anos sem solução, a espinhosa questão do Kosovo instala-se, outra vez, no centro da política internacional. O presidente dos Estados Unidos George W. Bush alarmou as chancelarias declarando, sem dúvida aquecido por um acolhimento triunfal em Tirana (Albânia), em 10 de junho passado, que era necessário saber dizer basta “quando as negociações se prolongam em demasiado”. De acordo com Bush, Kosovo deve declarar unilateralmente sua independência, e Washington a reconhecerá sem esperar o veredito do Conselho de Segurança da ONU [1].

Questiona-se porque cinqüenta anos não foram suficientes para criar um Estado independente na Palestina (com as trágicas e conhecidas conseqüências), e porque, em contrapartida, é necessário solucionar a questão do Kosovo o mais rapidamente possível.

Bálcãs, onde as potências ocidentais também são culpadas

Nos Bálcãs, precipitação diplomática pode ser sinônimo de catástrofe. Vale lembrar a pressa da Alemanha e do Vaticano em reconhecer, em 1991, a secessão da Croácia, que favoreceu o desmembramento da ex-Iugoslávia e o desencadeamento da Guerra Servo-Croata, seguido pela Guerra da Bósnia-Herzegovina. Sem minimizar o papel nefasto do ex-presidente Slobodan Milosevic e dos extremistas partidários da Grande Sérvia, é necessário admitir que as potências européias têm responsabilidade em tais conflitos, os mais mortíferos do Velho Continente desde a II Guerra Mundial.

A precipitação favoreceu, também, a Guerra do Kosovo, em 1999, quando potências européias e os Estados Unidos recusaram-se a prosseguir as negociações com Belgrado [2] e rejeitaram o debate no Conselho de Segurança. Em seguida, sem o apoio da ONU, utilizaram-se da Organização do Tratado do Atlântico do Norte (Otan) para bombardear a Sérvia durante vários meses e forçar suas forças a deixarem o Kosovo.

Em junho de 1999, a resolução 1244 da ONU pôs fim à ofensiva, e colocou Kosovo sob administração das Nações Unidas, enquanto uma força da Otan, o KFOR (constituída de 17 mil homens) garantia a defesa. A resolução 1244 reconheceu a vinculação do Kosovo à Sérvia. O que é decisivo, pois o princípio adotado pelas potências implicadas nas recentes guerras dos Bálcãs sempre foi o de respeitar as fronteiras internas da antiga República Socialista Federal da Iugoslávia. Em nome desse princípio, os projetos da Grande Croácia e da Grande Sérvia, que ameaçavam desmontar a Bósnia-Herzegovina, foram recusados e combatidos. É nesse alicerce, sustentado também pela Rússia, entre outros países, que a Sérvia se apóia, hoje, para recusar o plano proposto pelo mediador internacional Martti Ahtisaari.

Os riscos de uma uma independência não-negociada

A independência será, talvez, a solução inevitável para o Kosovo, em vista dos enormes obstáculos à sua manutenção no âmbito administrativo da Sérvia. Mas tal caminho pode ser encarado apenas em estreita e prolongada harmonia com Belgrado, preocupada com a proteção da minoria sérvia que reside na região.

Uma independência precipitada como pede o presidente Bush, não negociada no âmbito da ONU, poderia provocar a constituição, em curto prazo, de uma Grande Albânia, que relançaria automaticamente os irredentismos croata e sérvio, às custas da Bósnia-Herzegovina. Sem falar do precedente internacional explosivo que isso constituiria para múltiplas entidades tentadas a proclamar — elas também unilateralmente — sua independência. A saber: Palestina (em relação a Israel), Saara Ocidental (ao Marrocos), Transdniestria (à Moldávia), Curdistão (à Turquia), Tchetchnia (à Rússia), Abakhazia (à Geórgia), Nagorno-Karabakh (ao Azerbaijão), Taiwan (à China), ou mesmo na própria Europa, o País Basco e a Catalunha (à Espanha e França), para citar apenas esses casos. Bush está pronto para garantir tais independências como declara querer fazer para o Kosovo?

Temos diante dos olhos os incríveis estragos causados no Oriente Médio pelas iniciativas irresponsáveis do atual presidente dos Estados Unidos. Sua pesada incursão agora, num teatro tão explosivo como o dos Bálcãs — um dos mais perigosos do mundo — consterna e espanta.

Tradução: Marcelo de Valécio
marlivre@gmail.com

A dança dos vampiros

Ao desdenhar tão brutalmente o Piauí o presidente da Philips, Paulo Zottolo, cometeu um ato falho. Por isso mesmo suas palavras devem ser levadas a sério. E o preconceito que elas mostraram é da mesma natureza daquele contra o presidente Lula.

No excelente filme de Roman Polanski, “A dança dos vampiros” (1967, com ele próprio e Sharon Tate), há uma cena em que os tão implacáveis quanto desajeitados caçadores dos dráculas contracenam com os próprios num baile. É uma cena inesquecível: alguns são mortos que dançam para parecer que estão vivos, outros são vivos que dançam para parecer que são mortos.

A verdade vem à tona quando, inadvertidamente, os caçadores e Sharon Tate passam diante de um espelho. Os vampiros, como se sabe, não têm imagem no espelho. A verdadeira imagem denuncia as mútuas fraudes, e naturalmente os caçadores se vêem implacavelmente caçados, e por aí se vai a comédia macabra.

A cena lembra o que aconteceu com as declarações do presidente da Philips, Paulo Zottolo, um dos animadores do movimento “Cansei”, desdenhando o estado do Piauí. É evidente que o sr. Zottolo cometeu um ato falho, isto é, um “ato involuntário”, no sentido de que não media então as conseqüências de seu gesto. Mas por isso mesmo deve ser levado a sério. Aquilo, por assim dizer, lhe saiu “pela boca afora”. Pode ser até que ele estivesse, como se diz juridicamente, “tomado de forte emoção”.

Que emoção? A do seu movimento, sem dúvida, a das raízes profundas do movimento “Cansei”. E que são, na verdade verdadeira, toda a coleção de preconceitos contra o povo brasileiro, por parte das auto-proclamadas “elites”, ou “élites”, como se dizia antigamente num pseudo-francês grotesco e macarrônico. Elites? Elite, convenhamos, é José Mindlin, é Antonio Candido, é Machado de Assis, é Lima Barreto, é Milton Santos, Raimundo Faoro, é Carvalho Pinto para citar alguém do campo conservador. Quem se auto-proclama “élite”, assim como quem se auto-proclama “formador de opinião” não merece ser levado muito a sério não.

O movimento “Cansei” tem na origem o entalhe do forte preconceito de que nossos problemas vêm de sermos obrigados a conviver com um “zé povinho” ou “zé povão”, sobretudo no que toca à escolha de governantes. Por extensão, é o mesmo preconceito que periodicamente se alevanta contra o presidente que, por duas vezes, esse “zé povinho” ou “zé povão” escolheu, em 2002 e 2006.

Agora o preconceito contra o presidente, que bate sempre na tecla da sua “ignorância”, do seu “despreparo”, envereda pelas suas declarações de que a crise econômica nas bolsas do mundo inteiro não deva nos afetar tanto. Tal declaração, assim de bandeja, só pode ter raiz no fato de que o presidente “não sabe” ou “não quer saber das coisas”. E é evidente que as declarações sobre o preconceito mal conseguem disfarçar a expectativa vampiresca de que sim, algo dê errado, que a vida do povão despenque de novo no buraco de onde mal e mal começa a sair, para que então a popularidade do presidente caia também e o Palácio do Planalto volte a cair nos braços de quem espelhe a imagem dessa “élite”, ou, quem sabe, o seu vazio de imagem, já que nem como burguesa consegue se ver, preferindo, num ato falho histórico, se ver para sempre no alpendre da casa grande, a contemplar os cafèzais.

De qualquer modo, pode-se dizer que a frase de Zottolo se transformou no epitáfio do “Cansei”.

Presidente da Phillips "cansou" da existência do Piauí

Em entrevista ao Valor Econômico, Paulo Zottolo, um dos líderes do movimento Cansei diz que "não se pode pensar que o país é um Piauí" e que "se o Piauí deixar de existir ninguém vai ficar chateado". Governador Wellington Dias protesta e senadores atacam executivo: "Tolo, ignorante, imbecil, megalomaníaco".

O presidente da Phillips do Brasil, Paulo Zottolo, cansou também da existência do Estado do Piauí. Em entrevista ao jornal Valor Econômico, o executivo disse que, ao apoiar o movimento Cansei, desejava remexer no “marasmo cívico” do Brasil, e exemplificou: “Não se pode pensar que o país é um Piauí, no sentido de que tanto faz quanto tanto fez. Se o Piauí deixar de existir ninguém vai ficar chateado”. A colunista Mônica Bérgamo, da Folha de São Paulo, informou que o governador do Piauí, Wellington Dias (PT) encaminhará ao presidente Lula e ao Congresso Nacional um ofício para que o governo e o parlamento se posicionem a respeito das declarações do executivo.

Em nota enviada a Mônica Bérgamo, Dias afirmou:

“Tenho certeza de que o capitalismo afasta o homem do ser humano. Que Deus dê a ele a oportunidade de conhecer o Piauí e os homens e mulheres que aqui vivem. Para se ter uma idéia, o Piauí tem 80% de suas florestas nativas preservadas e produz oxigênio para o Brasil e para o mundo. O Piauí, segundo estudos em andamento, tem uma das maiores bacias de gás e petróleo do país. É do Piauí a melhor escola do Brasil, eleita dois anos consecutivos pelo Enem. O Piauí tem a melhor produtividade de soja, mel e algodão do país. Por coincidência, um piauiense, José Horácio de Freitas, foi diretor financeiro da Philips. Por ele e por todos os cidadãos piauienses deveríamos ter respeito. E faço a ele o convite para vir conhecer o Piauí”.

“É um tolo, arrogante e imbecil”, diz Mão Santa

Os senadores do Piauí reagiram duramente às declarações de Zottolo. No plenário do Senado, Mão Santa (PMDB) disparou: “É um tolo, um arrogante tolo, porque tem uns dólares da Philips, ignorante da nossa história. Ó tolo, ó ignorante, imbecil mesmo. Nunca vi. É tolo. O nome dele é tolo”. E acrescentou: “Hoje é o aniversário, ó tolo, ó ignorante, ó imbecil, de Teresina. Teresina, tolo, ignorante, imbecil da Philips. Você está cansado? Nós não nos cansamos, não. Nós somos da luta”.

Indignado, Mão Santa prosseguiu: “Ali, está Rui Barbosa, ó tolo, ó ignorante, da Philips, cansado! Rui Barbosa, olhe lá, veja nos resultados eleitorais, ele só venceu em Teresina, mostrando uma clarividência. Ó tolo, ó ignorante, ó imbecil e cansado da Philips".

Simpático ao movimento Cansei, o senador Heráclito Fortes (DEM), também atacou as declarações do presidente da Phillips: “Para comandar uma campanha dessa natureza, como o Cansei, é preciso, no mínimo, ter equilíbrio e respeitar os Estados da Federação, porque também cansei de arrogância e de prepotência".

Fortes criticou o ataque preconceituoso do executivo e, na mesma linha de Mão Santa, afirmou: “Só me resta chegar à conclusão de que, além de tolo, Zottolo é megalomaníaco”


Corpo, Alma e Sociedade
:: Flávio Gikovate ::

Nossa trajetória, como espécie ímpar, passa pelo crescimento e diferenciação do cérebro e de todo o sistema nervoso, o que permitiu uma maior e melhor utilização do “equipamento” assim disponível. Talvez a mais formidável seja a possibilidade de constituição da linguagem. Ela depende do aprimoramento de inúmeras áreas cerebrais, muitas delas com localização mais bem conhecida na atualidade.

É forte minha convicção de que a aquisição da linguagem corresponde a um divisor de águas entre duas circunstâncias completamente diferentes. Nossa espécie viveu, ao longo de dezenas de milhares de anos, sem ter conseguido sistematizar e transferir às gerações seguintes um sistema de sinais que denominassem objetos, ações e sensações. Penso que estiveram, mais que tudo, às voltas com seus impulsos instintivos e com a resolução de suas necessidades de sobrevivência. Formavam, como os outros mamíferos, arcos reflexos condicionados e os respeitavam. Reagiam aos desejos sexuais, às situações agressivas e a algumas regras de sobrevivência que tivessem aprendido a respeitar. Nesse domínio, tudo são suposições e não sou qualificado para ir mais adiante nos detalhes.

Avançando nos milênios, e continuando no plano das conjecturas, imagino que em algum momento fomos capazes de dar uso efetivo ao “equipamento” que já possuíamos há muito mais tempo. Símbolos sonoros - e depois também registrados sob a forma de desenhos, nossa primeira escrita - puderam ser associados fixamente aos atos e a determinados objetos com suas propriedades. Refiro-me ao fato de que o mesmo símbolo passava a ter o mesmo significado para todos os membros de um determinado grupo. Sendo assim, puderam ser transferidos de uma geração à outra, o que permitiu, talvez pela primeira vez, a sistemática e rápida acumulação de experiências e conhecimento. Nos meus devaneios imagino que essa deve ter sido a primeira grande revolução “tecnológica”, em tudo similar à que estamos vivendo atualmente.

É difícil imaginar o quanto a aquisição da linguagem deve ter influenciado a vida de cada pessoa e também a forma como viviam socialmente. Algum tipo de vida em grupo era anterior à aquisição da linguagem, já que ela dependia de que os mesmos símbolos fossem usados por várias pessoas com igual significado. Chamamos os símbolos de palavras. Elas passavam a substituir, na mente de cada um, o objeto ou situação à que se referia, assim como os números vieram a substituir a quantidade de objetos. De uma hora para outra, passamos a correlacionar as palavras entre si sem termos que nos ater diretamente aos fatos, assim como os matemáticos podem inventar correlações entre números que já quase não tem nada a ver com as quantidades a que inicialmente se referiam. Surge a possibilidade de construirmos pensamentos, ou seja, conjunto de frases constituídas por palavras que, um dia, foram “apenas” símbolos indicativos de objetos, sensações ou situações.

Tenho que me empenhar para não me perder e não me confundir enquanto escrevo essas linhas, de modo que suponho que o leitor não se encontrará em situação muito diferente. É como se estivéssemos assistindo a um curso de matemática ou mesmo de informática! Não vamos nos envolver demais nesta seara. O fato é que somos capazes - e isso sabemos por vivência pessoal - de utilizar nosso cérebro de forma a construir pensamentos, imaginar situações que não estamos vendo, refletir sobre o que nossos órgãos dos sentidos nos informam. Nos sonhos “vemos” o que não existe, já que estamos com os olhos fechados; sabemos distinguir o que vemos do que imaginamos, mesmo quando ambos nos chegam sob a forma de imagens. Somos sensíveis a determinados sons que, em nós, determinam emoções especiais, e assim por diante. O mais importante de tudo isso é que somos conscientes de nossa condição. Sabemos que, como os outros animais, somos mortais. Vivemos sabendo que, um dia, iremos morrer e nosso corpo irá ser reintegrado à terra.

O aspecto mais interessante de nossa condição é que não vivenciamos toda essa gama de pensamentos e sensações como se elas estivessem em relação com o nosso corpo, em especial com o cérebro. Quando pensamos, imaginamos ou conversamos, não temos a sensação de que nosso cérebro está em atividade, de que determinadas reações químicas no interior dos neurônios são responsáveis por nossos sorrisos ou lágrimas. Não é assim que nos percebemos. Temos a nítida impressão de que nossa atividade intelectual - ou seja, as correlações que fazemos entre palavras, frases, conceitos etc.- e nossas emoções são totalmente independentes do corpo. Temos a impressão, portanto, de que somos duplos, constituídos de duas entidades: a que possui um corpo e uma outra, imaterial, que foi chamada de alma. Nossa alma contém nossos pensamentos, sensações e também valores, algo que construímos a partir do uso autônomo das nossas funções psíquicas. Nossa alma, por vezes, olha para nosso corpo e não o reconhece como nosso! É comum que isso aconteça quando envelhecemos e nos assustamos com nossa imagem refletida inesperadamente em alguma superfície espelhada.

As dores físicas, registradas na alma, nos lembram que as entidades não estão tão separadas assim. Acontece o mesmo quando nos percebemos tomados por impulsos corpóreos, tais como o desejo sexual, a fome, a sede, reações agressivas etc. Eles chegam à consciência - palavra que corresponde, assim como mente, a sinônimo do que estou chamando de alma - e, por vezes, não são muito bem recebidos. É como se nossa alma tivesse que “suportar” uns tantos desaforos do nosso corpo. É como se nossa alma, superior, tivesse que conviver com os mesquinhos anseios corpóreos.

Ao mesmo tempo temos que aceitar que a alma não é capaz de subjugar totalmente o corpo, o que determina uma inexorável tensão interna, um conflito entre partes. A alma constrói um conjunto de valores que nem sempre levam em conta as reais peculiaridades do corpo. Tal sistema de valores parece ter sido elaborado em função de uma idéia de que, através dos pensamentos e da ação da mente, seríamos capazes de transcender totalmente nossa condição mamífera e mortal, muitas vezes percebida como algo quase intolerável.

O corpo também costuma ter suas “queixas” em relação à alma. Costuma sentir como exagerados e desnecessários os freios derivados do sistema de valores constituídos pela alma. A realização de determinados desejos naturais acaba por determinar uma ofensa ao código mental, de modo a provocar um conflito íntimo que pode até mesmo determinar efeitos nocivos à saúde corpórea. Se a pessoa age de acordo com o desejo do corpo, a alma reclama e determina sentimentos de vergonha ou culpa. Se o corpo é privado de agir, pode adoecer. E assim vamos tentando equilibrar nossa dualidade e suas conseqüências.

O anseio de transcendência, de que essa parte imaterial, sentida como superior, que habita nosso corpo seja capaz de sobreviver à nossa morte física, deve ter influído na construção da hipótese da imortalidade da alma. Não tenho a menor intenção de opinar a respeito desse tema. Gostaria de reafirmar o ponto de vista no qual estou me baseando: independentemente de sua origem e de seu caráter mortal ou imortal, vivenciamos em nossa subjetividade a presença da alma, qual seja, um conjunto de pensamentos, sensações e valores que não nos parecem vinculados ao corpo. Não desconheço o fato de que alterações orgânicas cerebrais de todos os tipos podem interferir em nosso estado psíquico, especialmente na disposição, humor, assim como provocar distúrbios senso-perceptivos e de cognição mais ou menos graves. Não desprezo nada disso. Apenas registro que, do ponto de vista da psicologia normal e de como vivemos o cotidiano, a alma parece destacada do corpo. Além disso, nem sempre somos competentes para perceber a influência, que efetivamente sofremos, das nossas condições corpóreas, especialmente aquelas relacionadas com a química cerebral.

Não há mais a menor dúvida de que alterações metabólicas cerebrais podem interferir dramaticamente na forma como pensamos, sentimos e agimos.

Ou seja, a alma está sim sujeita às condições do cérebro -- assim como de todo o corpo. Acontece que a recíproca também é verdadeira: muitos dos nossos pensamentos desastrosos, relativos a medo ou a maus presságios, determinam imediatamente as reações físicas correspondentes. Nosso corpo reage aos nossos pensamentos da mesma forma que reage aos fatos que a eles corresponderiam. As reações corpóreas não distinguem entre realidade e imaginação!



Flávio Gikovate é médico psicoterapeuta, pioneiro da terapia sexual no Brasil.

Conheça o Instituto de Psicoterapia de São Paulo.

Estréia no dia 5 de Agosto na Rádio CBN (Brasil)

O programa "No Divã do Gikovate" irá ao ar todos os domingos das 21h às 22h, respondendo questões formuladas pelo telefone e por e-mail gikovate@cbn.com.br

Email: instituto@flaviogikovate.com.br
História Revolucionária - Simon Bolívar


24 de julho de 1783 nasce em Caracas a principal personalidade histórica da Venezuela, líder maior na luta independentista contra domínio espanhol na América. Bolívar constrói uma verdadeira epopéia para conquistar a libertação dos povos explorados pelos espanhóis. Aclamado Libertador (1813} em Caracas após vitoriosa campanha em Nova Granada.
A Batalha de Ayacucho em 1824 pôs fim ao domínio espanhol nas Américas. Bolívar sonhava fazer uma verdadeira revolução social. Por iniciativa sua a escravatura foi abolida na Venezuela em 1816, Bolívar advogou veementemente a restituição das terras aos povos indígenas e ainda decretou o monopólio das riquezas do subsolo.
Esse e outros projetos de Bolívar foram solapados pela desunião oriunda dos interesses mesquinhos das oligarquias internas e pela influência externa das potências européias e dos EUA que puseram em prática a velha máxima de “dividir para governar”. Depois de um processo de desestabilização que foi de levantes militares a tentativas de assassinato, Bolívar foi expulso de seu país. Deprimido e doente, ainda teve que amargar a triste notícia do assassinato de seu mais fiel amigo e eficiente comandante militar, o Marechal António José de Sucre. Em 1830 morre o Libertador de tuberculose e de desgosto.
Bolívar disse: Tenho mil vezes mais fé no povo do que nos deputados (...) Jamais um Congresso
salvou uma república (...) Não conheço outra opção saudável que não seja a de devolver ao povo a sua soberania primitiva, para que refaça o pacto social.

Próceres da América Latina - http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=31704262

Fato histórico

Quando os espanhóis chegaram no século XVI, a Bolívia, rica em depósitos de prata, foi incorporada ao vicereino do Peru, e mais tarde ao de La Plata. A luta pela independência começou em 1809, mas permaneceu parte da Espanha até 1825, quando foi libertada por Simón Bolívar, a quem o país deve o seu nome. Tem como capitais LA PAZ ( Admnistrativa ) e SUCRE ( Constitucional judicial ), data da independencia 6 agosto de 1825, maior cidade SANTA CRUZ DE LA SIERRA, governo presidencialista.
Juan Evo Morales Ayma é o atual presidente da Bolívia e líder do movimento esquerdista boliviano cocalero, Morales é um admirador da ativista indígena guatemalteca Rigoberta Menchú e de Fidel Castro, este último pela oposição à política norte-americana. Morales propõe que o problema da cocaína seja resolvido do lado do consumo, que patrimonio cultural dos povos andinos e parte inseparavel da cultura boliviana e não uma simples regulação de uma convenção estrangeira. Nas eleições presidenciais de Dezembro de 2005 Morales conseguiu sair como vencedor ao obter 53,74% dos votos, frente a 28,59% de seu principal opositor, Jorge Quiroga. Pela primeira vez na Bolívia um indígena sobe ao poder mediante o voto popular por uma margem considerável sobre o segundo postulante.
"O pior inimigo da humanidade é o capitalismo. Isso é o que provoca levantes como o nosso, uma rebelião contra o sistema, contra o modelo neoliberal, que é a representação de um capitalismo selvagem.
Se o mundo inteiro não tomar conhecimento dessa realidade, que os estados nacionais não estão provendo nem mesmo o mínimo para a saúde, educação e o desenvolvimento, então a cada dia direitos humanos fundamentais estão sendo violados."
( Evo Morales )