domingo, 9 de agosto de 2009

II Guerra Mundial e a Rússia...

Veracidade e adulteração

Rússia Hoje, JB Online

Neste ano, o início da Segunda Guerra Mundial completa 70 anos. Em 23 de agosto de 1939 foi firmado o pacto Mólotov-Ribbentrop, em 1º de setembro a Alemanha atacou a Polônia. Naturalmente, esse acontecimento sugere uma onda de comentários históricos e histórico-políticos no Ocidente. Como a Rússia deve tratá-los? A crítica da URSS estalinista é “contra a Rússia”, ou não? É preciso discutir essa crítica, mas exatamente como?

Sob o presidente da Rússia foi criada uma comissão para contestar tentativas de falsificação da história em detrimento dos interesses da Rússia. É surpreendente, mas essa ideia foi muito mal recebida pela maioria dos comentaristas russos e estrangeiros. A primeira objeção dos analistas diz respeito ao próprio nome da comissão: contra falsificações “em detrimento dos interesses da Rússia”. Então, quer dizer que somos favoráveis a “falsificações que beneficiem a Rússia”?

Embora o nome da comissão pareça ter duplo sentido, a essência se expressa de forma clara: o Estado é contra, e somente contra falsificações que causem malefícios (principalmente, políticos) ao próprio Estado. Isto não quer dizer que o estado apóie “outras” falsificações que “o beneficiem”.

Não, tudo é bem mais simples: se não houver prejuízo aos seus interesses, o Estado também não se imiscuirá nesses assuntos (por exemplo, se se falsificar a História do Brasil ou se na História da Rússia for falsificado o que diz respeito à correlação entre os Lênin e Armand, etc.). Outra coisa é o que entender a) como “falsificação” e b) como “interesses da Rússia”.

Em certo sentido, toda história tem “falsificação”. Além da constatação elementar dos acontecimentos (“Napoleão nasceu em 15 de agosto de 1769”, “as tropas alemãs atravessaram a fronteira da URSS em 22 de junho de 1941”), as demais são afirmações de cunho histórico mais complexas, e, por isso mesmo, as interpretações são improváveis e irrefutáveis.

Do ponto de vista da mecânica histórica, não há leis universais matematicamente exatas - e quantos historiadores não tentaram aboli-las! A história é feita por pessoas, cujos motivos dos seus atos sempre, em primeiro lugar, até o fim não são conhecidos; e, em segundo lugar, têm sentido diversos, contraditórios e, consequentemente, poderão ser interpretados de formas diferentes. Cada acontecimento histórico, com toda semelhança que tem com outros, independe, individualmente, como e quais pessoas o praticaram.

Finalmente, qualquer acontecimento parece completamente diferente do outro, dependendo do contexto em que seja analisado. Agrupar todos os fatos em um só contexto “objetivo”, em princípio, é impossível. Bem, para isso, a rigor, é preciso um observador completamente objetivo que em busca das causas e das consequências dos acontecimentos deve descrever toda a história da Humanidade, das cavernas até o dia do acontecimento em análise, sem que omita nada.

Se essas condições não forem observadas, cumpri-las também será absolutamente impossível, e a descrição histórica é sempre incompleta e subjetiva. Isto é, pode ser considerada “falsificação”. Falsificações simplesmente costumam ser conscientes e “honestas”.

E nas falsificações da história não é preciso inventar, ou deformar os fatos. Basta simplesmente não mencionar algo. Diga a verdade, e só a verdade, nada além da verdade - mas nem toda a verdade. E não se exige nenhuma outra mentira.

Mas, no que diz respeito às avaliações históricas (a única coisa que, afinal de contas, é do interesse da opinião pública), impera a absoluta arbitrariedade. O que é “progressista” e o que é “reacionário”, sobretudo se, no fim das contas, decorridos entre 200 e 300 anos do acontecimento analisado, pode ser considerado progressista, ou reacionário. Isso se discute tanto acaloradamente como construtivamente, e é como sobre as vantagens comparativas das louras e das morenas.

Da mesma forma, diz respeito, nesse caso, também, à ideia de “interesses da Rússia”. Quantos interessados e quantos interesses. Cada grupo ideológico corporativo trata esses “interesses” de formas diferentes. E, com frequência, de formas diametralmente opostas.

A objeção é evidente: sim, é claro que o pacto de Stálin com Hitler amarrou as mãos deste último e impulsionou a guerra. É também um evidente cinismo dos “protocolos secretos” com a divisão da Polônia e dos países do Mar Báltico. Mas quem de outros países tem o direito de julgar?

O comportamento da Inglaterra e da França é um pouco melhor. “A pacificação do agressor”, a impotência da Liga das Nações, o estímulo de muitos anos ao nazismo, a alimentação de Hitler com a Thecoslováquia, a renúncia a ações resolutas, inclusive da aliança militar com a URSS – todos os países europeus às vésperas da guerra se comportaram insanamente e, até certo ponto, de forma vil. Em geral, a situação para a imagem da política externa russa é complicada. Para ajudá-la de alguma forma a desatar esse nó, foi criada também, segundo me parece, essa comissão.

Mas eu ainda queria chamar a atenção para o seguinte: a Rússia, sua sociedade e seu estado estão grandemente envolvidos com o passado, as suas vitórias e ultrajes, mas muito pouco com o futuro. Ocorrem discussões acaloradas sobre Stálin e Lênin, mas fala-se muito pouco sobre os caminhos do desenvolvimento econômico. Essa preocupação com a história não é casual. Simplesmente a imperial “consciência de defesa” (por causa da URSS) em relação ao mundo contemporâneo também instintivamente se oculta na concha do passado. Mas, ao perder forças em discussões sobre questões do século 20, os russos não poderão responder aos desafios do século 21.

Leonid Radzikhovski é analista político independente, cientista político e candidato a doutor em Ciências Psicológicas. Colabora com uma série de meios de comunicação. Entre 1995 e 1997, foi deputado da Duma de Estado (Câmara Baixa do Parlamento russo); em 1996, escreveu os discursos do candidato a presidente da Federação Russa Aleksandr Liébied.

Brasil contaminado....

Agronegócio fez do Brasil o maior consumidor de veneno



A posição, antes ocupada pelos Estados Unidos, foi assumida em 2008, ano em que o mercado de agrotóxicos movimentou sete bilhões de dólares. A partir de informações publicadas pela Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef) – organização patronal que reúne empresas do agronegócio como Basf, Bayer, Down Agrosciences, Dupont, Monsanto e Syngenta – o Portal do Movimento dos Sem-terra (MST) elaborou um resumo sobre o consumo de venenos na agricultura brasileira. Reproduzimos abaixo o artigo na íntegra.

"Os dados são preocupantes. Enquanto as transnacionais exultam com seus lucros, o Brasil ocupa o posto de maior consumidor de venenos do mundo. A posição, antes ocupada pelos Estados Unidos, foi assumida em 2008, ano em que o mercado de agrotóxicos movimentou sete bilhões de dólares.

Foi no ano passado também que uma série de decisões judiciais – obtidas após recursos movidos por empresas de agrotóxicos – impediu a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de realizar a reavaliação de 14 ingredientes ativos (utilizados em mais de 200 agrotóxicos).

Esse cenário contribuiu para o Brasil continuar a produzir e importar agrotóxicos proibidos em diversos países do mundo. Segundo informações do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas da Fundação Oswaldo Cruz, o que não é vendido União Européia, Estados Unidos, Canadá, Japão e China, acaba vindo para o mercado brasileiro.

Neste ano de 2009, a Avisa retomou os processos de reavaliação de 13 substâncias. Porém, os interesses das empresas de agrotóxicos mostram que mais uma vez será árdua a tarefa do órgão. Dentre os dados recolhidos de informações da Andef, está o que a associação chama de “Desafios Estratégicos para a Indústria de Defensivos Agrícolas”, uma lista com oito itens que tem como ponto de destaque a necessidade de “agilizar processo de registro de novos produtos”.

Percebe-se também que as indústrias de veneno estão preocupadas com os consumidores. Em quarto lugar, vemos que um dos desafios apontados é o de “esclarecer para a sociedade que alimentos ‘convencionais’ [sic] do agronegócio são mais saudáveis”."

MST

Fonte: vermelho.org.br
Créditos: patrialatina.com.br

Paulo Henrique Amorim na Conferência de Comunicação....

Fúria da Globo é em relação à Conferência de Comunicação


Em debate promovido pelo portal Vermelho, na sexta-feira (07), Paulo Henrique Amorim, do blog Conversa Afiada, disse que veículos como a Globo e a Folha de S. Paulo estão "exageradamente golpistas", em consequência da convocação da Conferência Nacional de Comunicação (Confecom) e pela descoberta de petróleo na camada de pré-sal durante o governo Lula.


O debate "Como enfrentar o PIG - Partido da Imprensa Golpista" organizado pelo Portal Vermelho contou com a presença Paulo Henrique Amorim, da TV Record e do blog Conversa Afiada; Laurindo Lalo Leal Filho, ouvidor da Empresa Brasil de Comunicação (EBC); e Altamiro Borges, diretor do Vermelho.

Após o debate, a noite de sexta-feira foi marcada também pelo coquetel de lançamento de dois livros publicados recentemente pela Associação Vermelho: ''Comunicação pública no Brasil: uma exigência democrática'', organizado por Renata Mielli; e ''A ditadura da mídia'', de Altamiro Borges.

Bem-humorado, o jornalista Paulo Henrique Amorim citou mais uma expressão que passará a utilizar no blog Conversa Afiada: o "PUM do PIG", Programa Unificado da Mídia do Partido da Imprensa Golpista, expressão que utiliza para denunciar a atuação unificada dos grandes veículos de comunicação em torno de alguns objetivos.

Segundo ele, há dois exemplos em curso de PUM, o primeiro é a opinião do PIG de que, devido à ineficácia do gov Lula, o Brasil morrerá de gripe suína, e o segundo é derrubar Sarney. E então o jornalista ironiza: "O PIG descobriu que o Sarney é o Sarney".

Lula cometeu erro estratégico

PHA se apresentou cético em relação aos resultados da Confecom. Para o jornalista, o governo Lula cometeu um erro estratégico ao não criar bases institucionais para derrotar o "PIG". O jornalista também defendeu a implementação de políticas públicas de estímulo aos veículos alternativos e considera que o avanço mais significativo na comunicação seja o trabalho de democratização do acesso à internet, embora lamente o engavetamento do projeto da Ancinav.

Além da Confecom, Paulo Henrique Amorim citou a descoberta de petróleo na camada de pré-sal como um dos motivos recentes de fúria da grande mídia e comparou a descoberta ao momento da campanha "O Petróleo é Nosso" e a situação política que levou ao suicídio de Getúlio. Já o professor Laurindo Lalo Leal foi além: "o golpe que matou Getúlio e o que derrubou João Goulart foram organizados pela imprensa".

A América Latina avança

Lalo defendeu que os caminhos para enfrentar o PIG passam pela presença regulatória mais forte do Estado em relação às concessões de espectro e o estímulo a veículos contra-hegemônicos. O ouvidor da EBC discorreu sobre os avanços em termos da democratização da comunicação em diversos países da América Latina, destacando-se o investimento em rádio e em veículos públicos.

Quanto ao Brasil, considera que o principal avanço foi a criação da EBC. Entretanto, ressaltou que qualquer tentativa de regulamentação é rapidamente taxada pelos veículos da mídia hegemônica como censura e citou o próprio caso da classificação indicativa e também a Ancinav.

"O debate sobre o PIG está crescendo, e deixa de ser coisa para especialistas". Com voz de satisfação, foi com esta frase que Altamiro Borges, o Miro, iniciou sua intervenção no debate. O jornalista valorizou a forte presença de movimentos sociais na conferência estadual de comunicação de São Paulo e soltou: "comunicação contaminada faz mais mal à saúde que água suja".

Processo da Confecom é pedagógico

Miro avaliou que o processo da Confecom é pedagógico, ajuda na tarefa de estimular o senso crítico e acredita que mais pessoas estão se dando conta de que a comunicação é um direito e uma questão primordial à democracia.

E levantou algumas bandeiras a serem defendidas na Conferência: fortalecimento da rede pública; rediscussão das concessões públicas; inclusão digital; fortalecimento da radiodifusão comunitária; estabelecimento de critérios para a distribuição da publicidade oficial, visto que hoje 48% desta verba é destinada só para a TV Globo; controle social e a constituição de um novo marco regulatório para a comunicação no país. E finaliza: "além do grande esforço da TV Pública". Miro defendeu ainda a criação da "Sociedade de Amigos da TV Brasil"

Para Miro, para combater o PIG é necessário organizar o "PIB", Partido Independente dos Blogueiros, termo alcunhado pelo jornalista Luiz Carlos Azenha, do blog "Vi o mundo", que estava presente ao debate.

Miro defende que, respeitando a diversidade, a riqueza dos blogs e outros veículos alternativos, é urgente criar uma sinergia entre esses veículos. Neste tema, Paulo Henrique Amorim defendeu a constituição de um fundo público, sem vínculos partidários ou religiosos, para financiar veículos alternativos.

O PL do Senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) também foi citado como instrumento que tem o objetivo de cercear o uso da internet, considerado até então um espaço mais democrático.

Da Redação,
Por Luana Bonone