quarta-feira, 8 de julho de 2009

Xadrez, a ginástica dos neurônios...

Vacilo não tem vez

Democrática e de fácil acesso, a prática do xadrez ajuda a desenvolver a concentração, o raciocínio lógico, a imaginação e o potencial de aprendizad.

Por: Ricardo Criez - RedeBrasilAtual


Vacilo não tem vez

Despreocupada, Nathalia se diverte (fotos: Gerardo Lazzari)

A molecada corre de um lado para o outro para se distrair e driblar o friozinho da tarde de outono. O ruído e o clima dão ares de gincana aos intervalos de cada rodada. Os competidores e o público sentem-se num parque de diversões. Nem parecem estar num ambiente – um dos ginásios do complexo poliesportivo do Ibirapuera, em São Paulo – em que os protagonistas jogam emocionantes partidas de... xadrez. Trata-se da 6ª Copa Ayrton Senna de Xadrez Escolar, realizada sempre em junho pela Federação Paulista de Xadrez. Lucas Tavares Lira, de 8 anos, integrante de um grupo de 30 alunos de uma escola de Santos, considera o jogo “muito bom para a cabeça”. “Ele era muito inquieto, melhorou 100% depois que passou a jogar”, diz a mãe, Juliana Castro Tavares Lira, que sempre o acompanha nas competições.

Horácio
Horácio: incentivo
Marcio
Marcio: cada erro pode ser fatal

Nos últimos anos tem crescido o ensino de xadrez nas escolas públicas e privadas. Há projetos por todo o país, em iniciativas dos governos ou de clubes, entidades e federações. E há também o trabalho de formiguinha de voluntários e educadores dos mais variados campos do conhecimento (professores de educação física, ciências, matemática, história, português etc.), que perceberam como o xadrez pode ser uma poderosa ferramenta no processo de aprendizagem de um aluno.

“Batemos o recorde de inscritos”, disse Horácio Prol Medeiros, presidente da federação, sobre o evento de proporções gigantescas para os padrões do xadrez. Mais de 60 pessoas trabalharam na infraestrutura para acomodar 1.782 enxadristas de 210 cidades de todo o estado. “A ideia do xadrez escolar é exatamente incentivar aquelas crianças que ainda não participaram de competições oficiais”, explicou o dirigente.

Entre os alunos, ganhar era a última preocupação. “É divertido estar aqui”, disse Nathalia Soares Costa, de 8 anos, de uma escola particular paulistana, que venceu duas das quatro partidas que disputou. Ela garante que não fica chateada quando perde: “Quero continuar jogando e ganhar um troféu”.

Jogo e vida

Um dos motivos que levam professores a apostar no ensino do xadrez na escola é o fato de se poder traçar um paralelo entre o que ocorre no mágico tabuleiro quadricular de 64 casas e as situações do cotidiano. “Cada lance executado no tabuleiro corresponde a um efeito na partida, assim também são os próprios atos da vida”, destaca o Grande Mestre Internacional (GMI) Gilberto Milos Júnior, que chegou a ser número 34 no ranking mundial. O estudante Marcio Luiz da Costa Correia, de 13 anos, já compartilha esse pensamento. “É preciso pensar muito bem, um erro pode ser fatal”, diz o jovem aluno de uma escola de Santos.

Para Milos, atual número 4 do ranking brasileiro, o xadrez ajuda em primeiro lugar a organizar o raciocínio e administrar o tempo. Embora não tenham ido tão bem no torneio para iniciantes organizado pela FPX, os amigos Patrick Lanchotti e Renan Vianna Cardoso, ambos de 17 anos, estudantes da rede pública, procuram praticar esse pensamento. “O xadrez estimula o raciocínio lógico, a disciplina, a responsabilidade”, acredita Renan.

É senso comum entre os estudiosos e especialistas da arte da Caissa, a deusa mitológica dos tabuleiros, que a prática do jogo faz bem para o desenvolvimento de habilidades como atenção, concentração, raciocínio lógico, memória, organização de ideias, imaginação, antecipação, espírito de decisão, autocontrole, disciplina e perseverança. E até para a autoestima, a competição ética e o trabalho em equipe.

Livros
  • Xadrez Básico, de Orfeu D’Agostini
  • Xadrez para Todos, de James Mann de Toledo e Juliana Kyoko Kamada
  • Estratégia Moderna de Xadrez, de Ludek Pachman
Sites
Jogos on-line
  • O ICC é o maior clube de xadrez virtual do mundo. Pode-se acessá-lo sem gastar nada ou se cadastrar e pagar uma pequena anuidade.
  • Gratuito, o espanhol EducaRed também é muito bom.
Ouça
  • Brancas e Pretas, de Paulinho da Viola e Sérgio Natureza (Do álbum A Toda Hora Rola uma História, de 1982).

Para Antonio Villar Marques de Sá, professor da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília, o xadrez, por ser um jogo complexo, é uma das melhores atividades para desenvolver a capacidade intelectual dos jovens. Villar aponta o xadrez como uma atividade socializadora, que pode ser trabalhada com pessoas de todas as classes sociais, de qualquer idade ou sexo, e também por pessoas com deficiências.

A tenacidade e a disciplina de Margareth Giorghe são bons exemplos para os mais jovens. Ela aprendeu a jogar com o pai, na Áustria, mas só passou a praticar efetivamente após os 30 anos, quando veio para o Brasil. E não parou mais.

Aos 90 anos, segue disputando competições em São Bernardo do Campo em ótimo nível. “É uma ginástica para a mente”, garante ela, que joga até consigo mesma, em casa. Margareth já disputou finais de Campeo­nato Brasileiro, além de ter conquistado títulos municipais, regionais e estaduais. “Eu não teria chegado a essa idade, com essa lucidez, sem a prática diária do xadrez.”

“Assim como os demais esportes, o xadrez também funciona como um fator de inclusão social”, aponta o Mestre Internacional (MI) James Mann de Toledo, que trabalha há 25 anos como professor de xadrez e já formou vários campeões brasileiros de categorias menores. “E tem uma grande vantagem em relação às demais modalidades: é mais barato e precisa de pouca gente para ser praticado.”

O educador Mário Cardozo ajudou a disseminar o jogo nas escolas públicas de Belém e em instituições que cuidam de menores infratores na capital paraense, com bons resultados de inclusão. No ano passado, levou a modalidade para a aldeia indígena dos Tembé, na pequena cidade de Capitão Poço, a mais de 300 quilômetros de Belém. Atualmente todos jogam o “jogo dos reis” na tribo, onde já é possível mensurar uma verdadeira revolução: a soma de todas as médias de 5ª a 8ª série do ensino fundamental passou de 5,9 para 7,2 de um ano para o outro.

Famosos

A história é repleta de pessoas famosas em outras áreas da humanidade que se aventuraram no tabuleiro. Napoleão Bonaparte, um dos maiores estrategistas militares da história, foi um grande entusiasta do xadrez. Na corte, seu adversário mais constante era o general Michel Ney, seu mais brilhante estrategista, que sempre levava a melhor contra o “terrível corso”.

Por uma questão cultural e climática, o xadrez está para a Rússia assim como o futebol para o Brasil. Para ter uma ideia dessa distância quilométrica, há 170 GMI russos no mundo, ante 17 argentinos e apenas 8 brasileiros. Lenin, um fascinado pelo jogo, chegou a dizer que teve de optar “entre o xadrez e a revolução”.

Che Guevara e Fidel Castro também praticavam o jogo, inclusive na Sierra Maestra, antes da tomada de Havana. Che era reconhecidamente um jogador mais forte, tendo inclusive empatado em 1962 com o GMI argentino Miguel Najdorf, numa partida na qual o grande mestre teria sido muito “camarada”.

Albert Einstein, um dos maiores gênios do século 20, não cansava de massacrar Julius Robert Oppenheimer, o cabeça do Projeto Manhattan, que resultou na fabricação da primeira bomba atômica. Einstein também era muito amigo do campeão mundial e matemático alemão Emmanuel Lasker, a quem sempre pedia para “deixar esse jogo das pedrinhas para enfrentar, com ele, alguns problemas de matemática e física”.

O compositor ucraniano Sergey Prokofiev, autor de Concerto para Piano nº 3 e do balé Romeu e Julieta, era um enxadrista da maior categoria e obteve até uma fantástica vitória, em 1914, sobre o cubano José Raúl Capablanca, que posteriormente viria a ser campeão mundial.

Índia ou China

Há várias lendas sobre a origem do xadrez. Uma das histórias mais conhecidas – e que encontra suporte em fontes arqueo­lógicas – menciona o sábio Sissa. Ele era um brâmane que viveu no noroeste da Índia entre os anos 600 e 700 e foi incumbido pelo rajá Bahlait de inventar um jogo que embutisse valores éticos e morais, como a prudência, a determinação e a coragem. Sissa, então, criou o chaturanga, o “exército formado por quatro membros”, precursor do atual xadrez.

O rajá gostou e fez questão de presentea­r o sábio com qualquer coisa que ele solicitasse. Sissa pediu como recompensa um grão de trigo pela primeira casa do tabuleiro, dois pela segunda, quatro pela terceira, oito pela quarta e, assim, sucessiva e exponencialmente até a 64ª casa. Mal sabia Bahlait que nem mesmo uma camada de trigo de três metros de espessura que cobrisse todo o planeta seria capaz de pagar pelos serviços do sábio!

Da Índia, o chaturanga teria ido para a Pérsia (atual Irã) e se disseminado pelo mundo por meio da cultura árabe e da influência política e geográfica da nova força do Islã, a partir do século 7. A Europa sofreu grande influência, em particular com a invasão direta da Espanha pelos muçulmanos. Após a expulsão dos mouros, os europeus apropriaram-se da cultura árabe, alteraram as regras e criaram o xadrez moderno.

Estudos recentes, contudo, indicam que o xadrez poderia ser muito anterior ao chaturanga. Em 1985, o americano Sam Sloan­ escreveu um longo artigo intitulado “A origem do xadrez”, no qual cita fontes e documentos segundo os quais o jogo teria surgido na China, no século 3 a.C., e só posteriormente migrado para a Índia.

Lances inocentes
Laurence Fishburne e Max Pomeranc em Lances Inocentes

O tabuleiro no cinema
No cinema, uma das partidas mais famosas foi disputada entre o astronauta Frank Poole e o computador Hal 9000 no filme 2001: Uma Odisseia no Espaço, de Stanley Kubrick (1968), durante uma viagem entre a Terra e Júpiter. Poole utilizou como jogada uma variante inferior da Abertura Ruy López e facilitou o trabalho do computador, que ainda não tinha a velocidade e o cálculo destrutivo dos microprocessadores de hoje. Mas o melhor filme sobre xadrez já realizado chama-se Lances Inocentes – Procurando por Bobby Fischer (1993), de Steven Zaillian. Com estrelas como Ben Kingsley, Laurence Fishburne e Joe Mantegna no elenco, retrata bem o universo do jogo, do aprendizado ou da competição, e é uma ótima lição de vida para pais, professores e alunos.

Pirata Amélia

Partido Pirata, de Amélia Andersdotter, defende direitos a privacidade e ao compartilhamento de informações na internet (Foto: Divulgação)

Amélia Andersdotter, de 21 anos, estudante de Economia e Espanhol da Universidade de Lund, na Suécia, pode se tornar uma das mais jovens representantes do Parlamento Europeu na próxima legislatura, que começa em julho de 2009. Ela se candidatou pelo Partido Pirata Sueco, que já conquistou uma cadeira no Parlamento. Se Irlanda ratificar em breve o chamado Acordo de Lisboa, que amplia as representações, o partido e ela terão direito a mais uma cadeira.

Fundado em 2006, o Partido Pirata Sueco defende maior liberdade de acesso aos conteúdos na internet e já é um dos maiores em filiações no país, com quase 50 mil membros. Se conseguir a cadeira, Amélia considerar doar parte de seu salário para organizações como Attac, a Ordfront (uma editora alterantiva sueca), a Anistia Internacional e o Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher.

Entrevista

Amélia Andersdotter

estudante de Economia e Espanhol da Universidade de Lund, na Suécia e possível integrante do Parlamento Europeu pelo Partido Pirata

Blog Velho Mundo – Você pode apresentar quais serão as prioridades do Partido Pirata no Parlamento Europeu, na legislatura que começa em julho de 2009?

O “pacote Telecom” (o conjunto de regulamentos que rege as telecomunicações na União Européia) será uma de nossas prioridades mais importantes neste segundo semestre, na medida em que ele virá para o processo de conciliação no Parlamento. Também vamos trabalhar com excessos e limitações em matéria de copyright. Em geral esse não é um item prioritário no Parlamento, mas nós contamos transformá-lo numa prioridade exercendo pressão sobre a Comissão encarregada e sua presidência, que é de um sueco.

Há um trabalho contínuo da União Européia no que diz respeito à política para Tecnologia de Informação, tanto no que se refere ao combate a crimes quanto no que diz respeito à transparência nos processos de decisão. Também tentaremos trabalhar sobre essa questão.

"Temos eleitores tanto de grupos de esquerda quanto de grupos de direita. Então precisávamos ingressar num grupo tão neutro quanto o possível para não termos de tomar muitas definições no conflito entre direita e esquerda" – Amélia Andersdotter

Se depender de nós, vamos dar início a uma discussão sobre política de comércio, sobretudo no que diz respeito a medicamentos e também no que se refere a negociações sobre comércio.

Blog Velho Mundo – O Partido Pirata deve integrar o bloco dos Partidos Verdes Europeus – Aliança Europa Livre, que tem 55 cadeiras no Parlamento. Por quê? Que papel o Partido Pirata poderá desempenhar dentro dele.

Percebemos esse bloco como o mais neutro politicamente. Nós temos eleitores tanto de grupos de esquerda quanto de grupos de direita. Então precisávamos ingressar num grupo tão neutro quanto o possível para não termos de tomar muitas definições no conflito entre direita e esquerda. Também tivemos uma oferta vantajosa por parte deste bloco, em termos de benefícios, se entrássemos para ele.

Esperamos poder contribuir para a definição de uma política quanto à informação, por parte desse grupo, que seja digna do século 21.

Blog Velho Mundo – Caso você tenha sucesso em obter ainda uma cadeira para o seu partido no Parlamento Europeu, o que será possível com a ratificação do Acordo de Lisboa – e só falta a Irlanda ratificá-lo –, você se tornará uma das parlamentares mais jovens da história dessa instituição. Qual o significado disso? Os jovens europeus estão participando mais da política, seja no nível formal ou não?

Se eu entrasse para o Parlamento, isso mostraria que há uma jovem geração de políticos na Europa interessada nos rumos que essa União está tomando. Aparentemente, os jovens europeus se preocupam mais com questões específicas, como o meio ambiente, ou a política de informação. Eles têm os políticos de gerações mais velhas como um tanto quanto obtusos, porque eles (políticos) não conseguem perceber a importância dessas questões. Mas no interior desses agrupamentos em torno das questões ambientais ou do livre compartilhamento de arquivos na internet em relação aos direitos de propriedade intelectual, não estão apenas membros do Partido Verde ou do Partido Pirata. Há também uma miríade de grupos formados por jovens ativistas que trabalham 24 horas por dia por mudanças nesses setores. Infelizmente não dispomos até agora do sucesso e do alcance da “Big Media”, mas com o tempo nós vamos assumir o controle dessa área de uma vez por todas.

Blog Velho Mundo – Você ou o seu partido têm alguma proposta a respeito da presente crise econômico/financeira mundial?

Não.

Créditos: Flávio Aguiar - RedeBrasilAtual

Você sabe a origem da carne que come?


No Brasil, ninguém pode saber a origem da carne

De acordo com uma investigação feita pelo jornal Folha de S. Paulo, as carnes vendidas em grandes redes de supermercados como Wal-Mart [no RS adota o nome fantasia Nacional e BIG], Carrefour e Pão de Açúcar não possuem, em seu rótulo, a origem do produto. De acordo com a Associação Paulista de Supermercados (Apas) e os supermercados, os consumidores não têm como saber de forma exata a procedência das carnes que compram. A informação é do portal Amazônia.org.

Em entrevista ao jornal, Daniela de Fiori, vice-presidente de sustentabilidade do Wal-Mart Brasil, explica que a única forma, hoje, de os consumidores terem garantia de não compactuar com o desflorestamento da Amazônia é frequentar mercados em que confiam. No entanto a reportagem da Folha encontrou carne de frigorífico do Pará no Wal-Mart do Morumbi (zona oeste da capital paulista). As peças foram embaladas em maio (antes das denúncias). Também havia carne de frigoríficos de outros Estados da Amazônia Legal.

Além do embargo ao Pará, a representante do Wal-Mart diz que as três redes exigem, agora, que os frigoríficos contratem auditorias. "Dada à gravidade das denúncias, entendemos que não há outro caminho, mesmo que isso custe para o setor. As outras medidas [como a suspensão da compra de carne do Pará] são paliativas."

O Carrefour, por meio de assessoria de imprensa, disse que 40% da carne comercializada por ela têm um selo de origem na embalagem. Essas carnes, diz a empresa, são totalmente garantidas, inclusive do ponto de vista ambiental.

Em outros produtos, como os embalados a vácuo, existem normalmente apenas o nome da cidade onde o frigorífico fornecedor opera. Ou seja, mesmo conhecendo muito a geografia brasileira, é complicado saber se determinada cidade está localizada na Amazônia ou não.

"Nós não suspendemos a compra pelo CNPJ dos fornecedores. O controle é feito pelo número do Serviço de Inspeção Federal (SIF), ele que é importante [para rastrear o animal desde o local onde nasceu]", diz Nelson Raymundi, gerente de comercialização de carnes do Grupo Pão de Açúcar. Ele afirma que a maior parte da carne da rede vem do Mato Grosso (que faz parte da Amazônia Legal), Goiás, Minas Gerais e São Paulo. Segundo o Pão de Açúcar, sua etiqueta Taeq, que representa 3% das carnes vendidas, é a única que tem 100% de controle.