quarta-feira, 30 de setembro de 2009

O Pacto Germano-Soviético num debate polémico entre Historiadores


Annie Lacroix-Riz






No mais completo respeito pela tradição civilizacional judaico-cristã, de reescrever a história, as classes no poder têm recorrido à falsificação, rasura, emenda e truncagem de factos e documentos, na sua tentativa de reescrever à História.
Publicamos hoje um texto sobre o pacto germano-soviético da historiadora francesa Annie Lacroix-Riz, em resposta a um apelo de Bernard Fischer. (Odiario.info)


Annie Lacroix-Riz

RESPOSTA A BERNARD FISCHER SOBRE O PACTO GERMANO-SOVIÉTICO E QUESTÕES RELACIONADAS


Caro camarada,

O tambor do pacto germano-soviético começou a soar, depois do de Katyn, há alguns meses e em todas as ocasiões possíveis (não há falta de aniversários e de comemorações). Mme Marie Jégo, cujos dias e noites são assombrados pelos bolcheviques, quer estejam em actividade ou não, ainda ontem ironizava no Le Monde, a propósito de “Moscovo tentado a reabilitar o pacto”, rezando assim : “Assinado em 23 de Agosto de 1939 por Viatcheslav Molotov e Joachim von Ribbentrop, os ministros dos negócios estrangeiros da URSS e da Alemanha nazi, o pacto ”de não-agressão” depressa se tornou numa aliança entre Estaline e Hitler, prontos a desmembrar a Europa de leste e do norte, desde a Finlândia aos países bálticos, passando pela Polónia”. Este discurso tão categórico quanto errado está de acordo com a prosa que o Le Monde há muito oferece aos seus leitores; o seu dossier organizado para o quinquagésimo aniversário da morte de Estaline em Março de 2003 constituiu um dos topos dessa actividade notável do “diário de referência”. Mas não basta que uma funcionária do “diário dos assuntos Vedomosti, a jornalista Andreï Kolesnikov” se entregue ao género psico-trágico (“O cocktail Molotov-Ribbentrop é de detonação lenta. Explode na cabeça das pessoas. Mutila a consciência da nação russa”) para transformar uma jornalista anti-soviética numa historiadora a sério.

Em ‘Le Choix de la défaite : les élites françaises dans les années 1930’, Paris, Armand Colin, 2006, 671 p., reeditado em 2007, e em ‘De Munich à Vichy, l'assassinat de la 3e République’, 1938-1940, Paris, Armand Colin, 2008, 408 p., estudei pormenorizadamente as questões internacionais suscitadas pelo teu e-mail de hoje aquilo a que chamas “a questão das consequências reais [das] relações [germano-soviéticas] do ponto de vista de um determinado número de países europeus geograficamente intermédios como, por exemplo, a Finlândia, a Polónia e a Checoslováquia; é a famosa questão da assinatura dos acordos de Munique e da anexação da região dos sudetas pela Alemanha de Hitler. Na Polónia, há uma questão de verdade histórica importante no que se refere à questão dos massacres de Katyn. Na União Soviética, há a questão das relações entre Estaline e o estado-maior do exército vermelho, por exemplo, um tal Toukhatchevsky”, o qual foi incontestavelmente culpado de traição (ver o índice, e quanto à questão de Toukhatchevski stricto sensu, ‘Le choix de la défaite’, p. 393-399).

Quanto a Katyn, será de ler com proveito a interpretação do meu colega britânico Geoffrey Roberts, em ‘Stalin's Wars: From World War to Cold War’, 1939-1953, New Haven & London : Yale University Press, 2006. Infelizmente, esta obra excelente, tal como todas as que redigiu antes (‘The unholy alliance: Stalin's pact with Hitler’, Londres, Tauris, 1989, e ‘The Soviet Union and the origins of the Second World War. Russo-German relations and the road to war’, 1933-1941, New York, Saint Martin's Press, 1995), não está traduzida em francês, enquanto que todos os livros que arrasam Estaline (desde o seu nascimento até à sua morte) e a sua comitiva foram traduzidos logo no ano seguinte à sua publicação, nomeadamente os disparates horríveis do publicista Simon Sebag Montefiore sobre ‘La cour du tsar rouge ou Le jeune Staline’). Podemos encontrar uma certa repetição na longa re-análise, “Geoffrey Roberts, ‘Stalin's Wars: From World War to Cold War, 1939-1953: un événement éditorial’”, que coloquei no meu site (www.historiographie.info) em 2007, aqui anexa, “Geoffrey Roberts, ‘Stalin's Wars, From World War to Cold War, 1939-1953: un événement éditorial’”.

Também encontrarás no meu artigo “Le PCF entre assaut et mea culpa: juin 1940 et la résistance communiste” (www.historiographie.info) igualmente anexo ao meu e-mail, elementos de resposta à polémica tão infindável como infundada sobre o pacto germano-soviético e as suas consequências sobre o movimento operário internacional, neste caso francês. Este artigo pretendia demonstrar a desonestidade duma operação mediática inimiga destinada a uma enorme confusão, o livro, lamentável pela ausência de informação e de documentação original, de Jean-Pierre Besse et Claude Pennetier: ‘Juin 40, La négociation secrète. Les communistes français et les autorités allemandes’. Venerado pelo Le Monde e pelo Libération (entre outros), alcançou logicamente grande crédito junto do PCF, habituado desde que conquistou a respeitabilidade de membro da “esquerda europeia” (e renunciou ao mesmo tempo à sua identidade comunista) a atirar a culpa para cima do seu muito honroso passado. De Munique a Vichy, fortemente consagrado às questões internas (e em especial à repressão anticomunista), trata do aspecto “francês” do pacto germano-soviético durante o período que precede o do artigo.

Como ainda ontem recordei a um amigo belga que mo pediu a propósito do pacto germano-soviético, não sem antes evocar as “perversões” presumidas do estalinismo (termo intelectual minimal, na gama dos crimes e horrores estalinistas com que a população francesa, “europeia”, etc. é inundada quase quotidianamente), não pude publicar a crítica do importantíssimo livro de Roberts “nos presumíveis Cahiers d'histoire critique, herdeiros (devotados) dos Cahiers d'histoire de l'institut de recherches marxistes, que outrora acompanhei, com a desculpa de que a dita revista crítica não podia correr o risco de “cobrir” a minha indulgência para com os soviéticos: o que eu escrevi sobre a Polónia dos coronéis e o seu papel abominável no período entre-duas-guerras (‘Le choix de la défaite’ e ‘De Munich à Vichy’), o que Roberts, Carley e eu própria demonstramos quanto ao isolamento diplomático e militar da URSS na época da “guerra de inverno” dá toda uma luz diferente à alegada “matança” que a URSS deveria reconhecer e explicar, se é que a executou (conservo uma certa dúvida, dado, por um lado, a natureza da decisão e o seu carácter estritamente excepcional e, por outro lado, a ausência de qualquer informação de arquivo internacional sobre estes acontecimentos no início de 1940 – mas talvez tenha “falhado” os bons correios) ; tal como deveria reconhecer e explicar, pelo menos depois da guerra, o incontestável acordo secreto sobre a “partilha” germano-soviética de 1939 das zonas de influência, incluindo a Polónia)” (extracto de um correio de 29 de Agosto).

Também me referia acima à excelente obra do historiador americano-canadiano Michael Jabara Carley, ‘1939, the alliance that never was and the coming of World War 2’, Chicago, Ivan R. Dee, 1999, felizmente traduzida, ‘1939 : l'alliance de la dernière chance: une réinterprétation des origines de la Seconde Guerre mondiale’, Presses de l'Université de Montréal, 2001, ainda por cima disponível on-line. Carley detesta o comissário do Povo dos negócios estrangeiros Molotov, ao qual, segundo a moda da época, atribui todas as características do horrível estalinista acanhado; lamenta profundamente o seu predecessor Litvinov, que recebeu a paga a 3 de Maio de 1939 por causa do comportamento dos anglo-franceses assim como as suas próprias ilusões quanto a estes últimos; mas reconhece, tal como Roberts (e eu própria), a ausência de responsabilidade dos soviéticos no acontecimento de 23 de Agosto de 1939, e a estrita manutenção da linha externa soviética na era Molotov.

Soube ontem, depois de ter redigido a mensagem acima referida, que as autoridades russas acabavam de publicar uma série de documentos sobre a política externa polaca a partir de 1934. Julguei perceber que esses textos continham os acordos secretos entre Berlim e Varsóvia, na sequência da assinatura do “acordo amigável” germano-polaco de 26 de Janeiro de 1934 (firmado por dez anos). Irei lê-los com um prazer tanto maior quanto os arquivos franceses e alemães (em especial) dos anos 1933-1939 já me forneceram muitos pormenores. Recordemos que, ao lado de Pilsudski, o funcionário polaco das decisões, o coronel Beck era um conhecido assalariado de Berlim segundo os arquivos originais diplomáticos e militares franceses (o que também é claro nos alemães publicados), e que assim se manteve mesmo depois da derrota ignominiosa da Polónia (tão ignominiosa como o desastre francês). Pilsudski nomeara-o chefe da política externa polaca a partir do Outono de 1932, e Beck conquistou em Maio de 1935 a sucessão do seu benfeitor (já morto) na chefia da ditadura. Estes dois oficiais dum exército em ruínas desde a sua origem (ver o texto de arquivos anexos, “L'Armée polonaise au début des années vingt”) eram apenas os mandatários dos privilegiados polacos, como “o príncipe Janusch Radziwill, um dos latifundiários mais importantes não apenas da Polónia, mas de toda a Europa”: unido não só aos Junkers alemães como aos grandes siderúrgicos alemães, este nobre de nascimento alemão foi um dos principais inspiradores de uma política pro-alemã que significava a morte da Polónia enquanto Estado, e de uma ditadura perfeitamente adaptada, sobretudo depois do golpe de estado de Pilsudski de 1926, no “interesse dos grandes proprietários” (EMADB, renseignement militaire Depas 866, 17 de Junho 1935, 7 N 3024; “Principales personnalités que pourra rencontrer” le MAE (Laval, aquando da sua viagem a Varsóvia), nota anexa à carta 247 de Laroche à Laval, Varsóvia, 10 Abril 1935, URSS 1918-1940, 982, arquivos do MAE).

A Polónia do trio infernal Beck-Pilsudski-Radziwill passava por ser um pivot do “cordão sanitário” franco-inglês, o que lhe valera em 1920-1921 a atribuição, graças à ajuda militar francesa, via Weygand (e o seu adjunto de Gaulle), da Galícia oriental, apesar de prometida à Rússia pela “Linha [étnica] Curzon”. Passou a ser o caniche do Reich hitleriano a partir do acordo de 26 de Janeiro de 1934, sem abdicar das suas funções de cão de guarda do “cordão sanitário” útil para todos, incluindo os “Aliados” ocidentais ; mas não de garantia da submissão do povo polaco a uma das ditaduras (regime particularmente conveniente para a missão de “cordão sanitário”) das mais sangrentas no período entre-duas-guerras: na rica panóplia do leste da Europa francês, Varsóvia, quanto a esse respeito, disputava o primeiro lugar com Belgrado e Bucareste; sabe-se, de resto, a importância que, nessa altura tal como hoje, Paris, paladino dos “direitos do Homem” deu à “democracia burguesa” que reinava em Praga. No entanto, o rolo compressor da propaganda repetiu, a partir dos anos 90, que a Europa oriental, com a queda da URSS e a libertação consecutiva das nações escravas satélites, “reencontrara” a “democracia” que perdera “a partir de 1945” (1918-1939, um paraíso democrático; 1939-1945, o nirvana democrático).

Podemos encontrar nas duas obras acima referidas, a confirmação das minhas afirmações que podem parecer brutais e, em especial, informações documentadas sobre a participação directa dos coronéis polacos, com Beck em primeiro lugar, “abutres” ou “hienas”, segundo os amáveis qualificativos dos seus cúmplices alemães, franceses, ingleses, etc., na liquidação da Checoslováquia, na da Petite Entente (teoricamente) anti-alemã que agrupava a Checoslováquia, a Jugoslávia e a Roménia, e na perseguição dos judeus da Polónia. Juntarei factos precisos suplementares e apresentarei novas fontes na minha contribuição destinada ao colóquio internacional de Varsóvia previsto para meados de Outubro sobre a campanha da Polónia de 1939 (“La Pologne dans la stratégie politique et militaire de la France (octobre 1938-août 1939)”, colóquio em que também participará Geoffrey Roberts.

Que a política polaca foi conduzida numa cumplicidade total com o Reich hitleriano não atenua em nada, como demonstram as obras referidas, a esmagadora responsabilidade dos dirigentes económicos e políticos da França, ébrios de anti-sovietismo, tão lestos a baixarem-se diante da Alemanha como os seus homólogos polacos, e actores de primeiro plano desde 1938 quanto à perseguição dos judeus da Polónia refugiados em França (entre outros judeus estrangeiros), questão tratada em ‘De Munich à Vichy’. De notar que os dirigentes “republicanos” deram toda a liberdade aos fascistas italianos e aos nazis alemães para perseguirem os seus inimigos em território francês, respectivamente desde 1922-1923 e 1933 (ver ‘Le choix de la défaite’). Isto também se aplica, evidentemente, aos Apaziguadores de Londres e de Washington. A Polónia era uma pequena potência submetida às grandes potências imperialistas, incluindo a França na altura, e as responsabilidades que os seus dirigentes assumiram 1º nos crimes praticados contra os povos eslavos (incluindo os polacos) e contra os judeus e 2º no seu desaparecimento enquanto Estado, de 1939 a 1945, foram amplamente partilhadas pelos seus tutores estrangeiros. Para citar apenas um exemplo, não era só a Polónia que tinha o poder de impedir a entrada do exército vermelho em território polaco em 1938 (para salvar a Checoslováquia) ou em 1939 (para salvar a própria Polónia) mas também os seus mestres franceses e ingleses, que além disso ainda tinham “garantido” no papel as suas fronteiras em Março-Abril de 1939, e que a encorajaram a tratar Moscovo como “lacaio” segundo a expressão de Jdanov (Junho de 1939). Exactamente do mesmo modo que as elites checoslovacas, com receio de classe e com medo de ver as suas fronteiras salvas pelo exército vermelho, cederam às pressões exercidas por Paris e por Londres para obter delas a destruição do seu próprio Estado.

Os dirigentes russos parecem dispostos, por razões que só eles sabem, a abordar a sua história nacional do período entre-duas-guerras e da Segunda Guerra mundial dum modo mais sério do que até aqui, não só o fim da URSS, mas da era de Khrouchtchev. O qual modo tratava com um alto grau de fantasia a história dos anos 1920-1950, como observou em ‘La Russie en guerre’ o excelente jornalista e escritor britânico Alexander Werth, um russófilo de longa data, pai de Nicolas, o papa francês duma “sovietologia” armada em história dos “crimes de Estaline”. A historiadora que eu sou congratula-se com esta viragem perceptível desde há algum tempo, e aprecia o que se anuncia pelo menos como o fim da fase de intoxicação pura e simples que caracterizou as três últimas décadas no que se refere à URSS e à sua história. A cidadã também. As duas esperam com impaciência saber como é que a ideologia dominante nos vai dar contas em Maio-Junho de 2010 do 70º aniversário do Desastre francês de Maio-Junho de 1940, sobre o qual há tanto a dizer.

Cordialmente.

Annie Lacroix-Riz

30 de Agosto de 2009


Carta de Bernard Fischer a intelectuais comunistas franceses

Camaradas

Podem ver abaixo uma mensagem para o fórum de discussão do site www.comite-valmy.org na sequência da publicação nesse site de uma mensagem de um jornalista russo relativa ao septuagésimo aniversário do pacto germano-soviético.

No dia 3 de Setembro de 1939, faz agora setenta anos, uma semana depois da assinatura do famoso facto germano-soviético, dá-se a invasão da Polónia pela Alemanha de Hitler, é o início da segunda guerra mundial.

Toda a história da segunda guerra mundial é polémica. Passados setenta anos, há um grande número de versões relacionadas com os principais acontecimentos desta guerra, e a assinatura do pacto germano-soviético é efectivamente um acontecimento importante desta guerra. Este ano não aparecerá nenhuma nova versão, nem da Ria Novosti, nem deste site, nem de qualquer outro sítio e nenhum juízo moral seja em que sentido for alterará o que quer que seja à história.

Do meu ponto de vista, as questões mais importantes são as questões das causas da segunda guerra mundial, a questão da situação política na Alemanha entre 1933 e 1939, a questão da luta contra o fascismo, a questão da política do partido comunista alemão entre 1933 e 1939, a questão das relações entre a Alemanha e a União Soviética entre 1933 e 1939 e a questão das consequências reais dessas relações do ponto de vista dos governos de um determinado número de países europeus geograficamente intermédios como, por exemplo, a Finlândia, a Polónia e a Checoslováquia; é a famosa questão da assinatura dos acordos de Munique e da anexação da região dos sudetas pela Alemanha de Hitler. Na Polónia, há uma questão de verdade histórica importante no que se refere à questão dos massacres de Katyn. Na União Soviética, há a questão das relações entre Estaline e o estado-maior do exército vermelho, por exemplo, um tal Toukhatchevsky.

Vocês conhecem certamente essas questões e certamente têm a vossa opinião particular. A minha única pergunta é a seguinte : Quantos historiadores trabalham actualmente nestas questões, na Rússia, na França ou noutros países ? Por exemplo, façamos essa pergunta a Annie Lacroix Riz ou então a Bruno Drweski

Saudações militantes.
Bernard Fischer

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Gorilas da mídia grunhem como gorilas hondurenhos

agolpistas

Se havia algum véu sobre a índole golpista e fascista da mídia brasileira, ele acaba de ser rasgado com o golpe dos gorilas em Honduras.

O caso é grave.

Parece haver nas ações da direita brasileira de hoje cada vez mais coisas entre o céu, onde está a imaginação, e a terra, onde se vive a realidade, do que sonha a nossa vã filosofia.

Pelas melhores regras do que se considera ser a ciência política, pela sabedoria acumulada nas academias e até pelas experiências do passado, tais e tais causas deveriam gerar tais e tais efeitos; desta ou daquela situação teria de resultar esta ou aquela conseqüência.

Mas não tem sido assim.

Isso se deve à mais interessante inovação que a direita trouxe para o debate político: o Departamento de Gerência de Falsidades e Mentiras.

Ou seja: a mídia.

O caso, examinado de perto, mostra que, como na parábola do camelo da Bíblia, não leva nenhum dos defensores da “democracia” direitista a entrar no reino dos céus — ou, até, em lugares onde o ingresso exige méritos muito mais modestos.

O bicho teria menos trabalho para passar pelo buraco de uma agulha do que um desses “democratas” para ser abrigado na morada dos justos.

A calamitosa seqüência de truques para justificar o golpe é uma prática que faz primeiro o sujeito perder a pose, depois o respeito e por fim qualquer condição de continuar falando em democracia.

Mas nada disso parece incomodar esses trastes.

É aí que reside a natureza didática do caso: eles se repetem tanto que acabam se tornando uns chatos, uns tolos, uns idiotas.

Nos países onde se vive sob a proteção das leis, o Poder Judiciário funciona como uma garantia para os cidadãos.

Sua ação gera um ambiente de tranqüilidade, a expectativa de ordem e o conforto de saber que as decisões serão tomadas sempre de acordo com as mesmas praxes e critérios.

No Brasil, a “grande imprensa” quer transformar essa vertente democrática em um fator de tumulto.

Seus mandantes a todo momento interferem nos atos do Poder Judiciário, do Poder Legislativo e do Poder Executivo.

Eles invalidam leis que o Congresso aprovou, inventam regras novas no meio do jogo e decidem o que a Constituição quis ou não quis dizer a cada artigo.

O “comentarista” da Rede Globo, Arnaldo Jabor, por exemplo, já avisou que a solução para o impasse na embaixada brasileira em Honduras tem de ser ”razoável”.

O que será que ele e seus iguais consideram ”razoável”?

Vai ser preciso adivinhar, ou perguntar a eles, ou, quem sabe, pedir que escrevam eles próprios novas leis para o país.

Se perguntados o que pretendem fazer, suas respostas certamente serão parecidas com aquela célebre explicação dada por um oficial norte-americano, durante a Guerra do Vietnã, após pulverizar uma aldeia acusada de abrigar guerrilheiros comunistas: ”Para salvar a aldeia, tivemos de destruí-la.”

Pobre Rio Grande do Sul...

A monocultura que vai terminar na pobreza



Por Paulo Mendes Filho (*)

Uma cidade, Encruzilhada do Sul. Uma monocultura, eucaliptos. Uma situação insustentável. Miséria, favelas, pobreza e desilusão que tende a piorar. Basta conhecer, observar e conversar com as pessoas, com os agricultores e as agricultoras familiares do município para perceber o que está em curso. A monocultura dos eucaliptos modificou a paisagem, a economia e principalmente a estrutura social do município. Indo lá, vendo e conversando, observamos que a invasão dos capitalistas está desequilibrando rapidamente a paisagem da região e a estrutura social e econômica da cidade.

Quem ainda não vendeu suas terrinhas e insiste em ficar, convive com as visitas dos desesperados animaizinhos que fogem da invasão. São mulitas, mão-pelada, gato-do-mato, ratões e capivaras famintos que devoram tudo que veem pela frente. As plantações, os maciços estão cada vez mais absorvendo a paisagem e desalojando tudo que ali existe. As matas ciliares estão cercadas e desprotegidas pela baixíssima possibilidade de alguém conferir se está dentro ou não da lei ambiental.

Falando em lei, a conversa é de que existem dois pesos e duas medidas. A dureza da lei ambiental para os agricultores e a moleza para os empresários da monocultura. Tudo remando a favor dos novos senhores da terra, da energia e da água. Tudo a favor para que os resistentes e teimosos agricultores tradicionais e os ecochatos abandonem suas terras e suas ideologias a favor do império.

O poder público propagandeando empregos de papel e sinalizando impostos que serão sonegados, apóia o projeto de olho nas contribuições de campanha. A adesão individual de alguns técnicos do poder público também é observada.

Uma invasão de poucos e grandes empresários que está sendo facilitada e apoiada estrategicamente pelo governo Yeda e por vários governantes municipais. Incentivando politicamente o plantio. Recebendo recursos das empresas. Facilitando créditos. Modificando o zoneamento ambiental da silvicultura. Desestruturando a Fepam e a Emater (Extensão Rural) e permitindo a prática do fato. Encontra-se em curso a maior ocupação de terra do Rio Grande do Sul por parte de um único grupo. Um verdadeiro império!

Uma verdadeira Encruzilhada ou quem sabe uma grande Cruzada rumo ao poder concentrado da energia, da água e da terra. É disso que estamos falando. A expansão de um único dono em mais de um milhão de hectares com a destruição de comunidades rurais, deslocamento de famílias inteiras para a favelação nas cidades e a concentração de poder. Esta nova situação vai influenciar por anos a vida da sociedade gaúcha. A mesma sociedade que é desrespeitosa com a luta de milhares pela Reforma Agrária abre as pernas para a invasão de uma única empresa que vai aumentar a violência das cidades.

A busca pela energia (pasta de celulose), a terra (poder estratégico) e água (Aquifero Guarani) faz com que a invasão tome conta de tudo rapidamente. Não há tempo a perder. Planta logo que o poder garante. Em nossas barbas, está se estruturando o maior império do século XXI. Uma dominação que vai influenciar gerações futuras. Que vai excluir milhões de pessoas e vai concentrar poder e capital para poucos. Uma dominação sem precedentes que trará a insustentabilidade do nosso Estado.

(*) Diretor do Semapi - Sindicato dos Empregados em Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas e de Fundações Estaduais do RS.

OEA e Honduras.....



OEA repudia expulsão de chanceleres de Honduras






Adital


O Conselho Permanente da OEA (Organização dos Estados Americanos) se reuniu hoje (28), em Washington, para debater as últimas medidas adotadas pelo governo provisório de Honduras, encabeçado por Roberto Micheletti e instaurado após a deposição de Manuel Zelaya, em 28 de junho. Ontem, Micheletti impediu a entrada de chanceleres da OEA e da Espanha no país.

O presidente provisório expulsou três chanceleres da OEA e dois da embaixada espanhola do aeroporto internacional de Tegucigalpa, capital de Honduras. O objetivo do grupo era preparar a visita de uma missão composta por Insulza e ministros de relações exteriores de vários países da região.

O representante permanente do México na OEA, o embaixador Gustavo Albin Santos, expressou surpresa e rechaço à ação de Micheletti. Para Santos, essa "não é uma saída política deste país".

Para o embaixador da Argentina, Rodolfo Gil, "a delegação da OEA tem que ir negociar apenas uma coisa: a restituição de Zelaya", informou a TeleSul. O argentino pediu que o organismo enviasse "mensagem bem clara" aos candidatos presidenciais.

Segundo o secretário geral da OEA, o chileno José Miguel Insulza, a delegação tinha o consentimento de Micheletti para entrar no país, mas o presidente provisório mudou de opinião.

"Esse não era o momento oportuno", justificou Micheletti, que acrescentou que a delegação "já estava advertida". Os chanceleres foram detidos, por horas, no aeroporto internacional da capital Tegucigalpa e enviados para Miami. "Houve muita rudeza no tratamento, mas tudo verbal", esclareceu Insulza.

Apenas um alto funcionário da OEA, o chileno John Biehl, foi aceito no país e já estabeleceu contatos com candidatos presidenciais das eleições gerais do país, previstas para 29 de novembro.

Ontem, Insulza também criticou o estado de sítio em Honduras, que suspendeu garantias constitucionais como liberdade de expressão, de circulação e de reunião. A medida foi aprovada por Micheletti no último sábado (26) e já permitiu que os golpistas fechassem, na madrugada de hoje (29), a Rádio Globo e o Canal 36.

"As possibilidade de uma normalização em Honduras, com vistas a um restabelecimento constitucional e, portanto, a ter eleições democráticas, é o caminho contrário ao eleito ontem", disse Insulza, como mostrou a TeleSul, em referência ao estado de sítio.

As eleições gerais de 29 de novembro não são reconhecidas por governos e organismos internacionais como a OEA, já que foram convocadas por um governo tido como ilegítimo.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

A verdade sobre as deformações dos bebês nascidos no Iraque

Fonte: uruknet
Tradução de Guadalupe Magalhães
Créditos: blogdovelhocomunista

Um médico iraquiano disse à Sky News que o número de bebês que nasce com deformações está constantemente a aumentar na cidade de Fallujah, fortemente bombardeada durante a guerra. Há quinze meses uma investigação levada a cabo pela Sky News revelou um número crescente de crianças que nascem com deformidades em Fallujah. A preocupação é que o aumento das deformidades deve estar ligado à utilização de armas químicas pelas forças dos EUA.

Recentemente voltamos ao Iraque para nos inteirarmos da situação e saber o que tinha acontecido a algumas das crianças identificadas. Em Maio do ano passado contamos a história de Fátima Ahmed, uma menina de três anos, que nasceu com duas cabeças. Quando nós a filmamos ela parecia um feixe, absolutamente apática, mal conseguindo respirar e não se conseguia mexer. Mesmo agora, depois de ter visto as fotografias vezes sem conta, ainda sinto um grande choque e uma enorme tristeza quando olho para ela. Mas os prognósticos para Fátima nunca foram bons e como eu temia, ela não completou o seu 4.º aniversário. A sua mãe, Shukriya, falou-nos sobre a noite em que a filha morreu. Limpando as lágrimas e com a voz embargada, Shukriya disse que tinha deitado a filha como habitualmente, mas acordou com a horrível sensação de que algo estava errado. Ela disse-nos que ela sentiu o momento da morte da filha, mas que isso não tornava a dor mais leve. O pai de Fátima agarrou na mãozinha da filha mas já estava fria. “Já se foi” disse para a sua mulher inconsolável.

Uma outra menina que encontramos o ano passado foi Tiba Aftan que nasceu com um enorme tumor na face. Agora está a tatear o futuro, esperando que tudo corra melhor pois foi para a vizinha Jordânia para lhe ser removido o tumor. O tumor cobria metade da fronte de Tiba, estava a invadir um dos seus olhos e continuava a crescer à medida que a menina também crescia. Embora a operação tenha sido um sucesso, Tiba precisará de mais cirurgias e a última viagem custou todo o dinheiro que a família tinha.

Mas desde a nossa última investigação, fizemos novos dossiês com casos de crianças com deformações, nascidas em Fallujah nos últimos oito meses.

Há uma grande variedade de problemas, desde anormalidades do abdômen ou dos membros, até as deformações do rosto. Também vimos fotos de fetos com toda a espécie de deformações e que não sobreviveram. Não há uma explicação precisa sobre o que terá causado as anormalidades e não há números para comparar estes casos com os de uma década atrás, uma vez que não foram guardados registros durante o tempo de Sadam Hussein. As nossas provas são factuais, mas as pessoas afirmam repetidamente que acreditam que as deformidades estarão relacionadas com os fortes bombardeamentos sobre Fallujah perpetrados pelos EUA, em 2004.

As pessoas exigem uma investigação independente sobre o impacto dos vários tipos de armas usadas pelos norte-americanos, incluindo o controverso fósforo branco. Contudo, desde que começamos a dar voz aos pedidos de ajuda do povo de Fallujah, as coisas começaram a ficar piores. O Dr. Ahmed Uraibi especialista em pediatria em Fallujah, disse-nos que o número de deformidades com que ele tinha de lidar aumentou no último ano.

O povo de Fallujah quer saber quantos mais bebês deficientes serão precisos para que alguém repare neles e comece a agir.
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Liberdade e justiça social







Frei Betto - Correio da Cidadania

Na década de 1980 visitei, com freqüência, países socialistas: União Soviética, China, Alemanha Oriental, Polônia, Tchecoslováquia e Cuba. Estive também na Nicarágua sandinista. As viagens decorreram de convites dos governos daqueles países, interessados no diálogo entre Estado e Igreja.

Do que observei, concluí que socialismo e capitalismo não lograram vencer a dicotomia entre justiça e liberdade. Ao socializar o acesso aos bens materiais básicos e aos direitos elementares (alimentação, saúde, educação, trabalho, moradia e lazer), o socialismo implantara, contudo, um sistema mais justo à maioria da população que o capitalismo.

Ainda que incapaz de evitar a desigualdade social e, portanto, estruturas injustas, o capitalismo instaurou, aparentemente, uma liberdade – de expressão, reunião, locomoção, crença etc. – que não se via em todos os países socialistas governados por um partido único (o comunista), cujos filiados estavam sujeitos ao "centralismo democrático".

Residiria o ideal num sistema capaz de reunir a justiça social, predominante no socialismo, com a liberdade individual vigente no capitalismo? Essa questão me foi colocada por amigos durante anos. Opinei que a dicotomia é inerente ao capitalismo. A prática de liberdade que nele predomina não condiz com os princípios de justiça. Basta lembrar que seus pressupostos paradigmáticos – competitividade, apropriação privada da riqueza e soberania do mercado – são antagônicos aos princípios socialistas (e evangélicos) de solidariedade, partilha, defesa dos direitos dos pobres e da soberania da vida sobre os bens materiais.

No capitalismo, a apropriação individual e ilimitada da riqueza é direito protegido por lei. E a aritmética e o bom-senso ensinam que quando um se apropria muitos são desapropriados. A opulência de uns poucos decorre da carência de muitos.

A história da riqueza no capitalismo é uma seqüência de guerras, opressão colonialista, saques, roubos, invasões, anexações, especulações etc. Basta verificar o que sucedeu na América Latina, na África e na Ásia entre os séculos XVI e a primeira metade do século XX.

Hoje, a riqueza da maioria das nações desenvolvidas decorre da pobreza dos países ditos emergentes. Ainda agora os parâmetros que regem a OMC são claramente favoráveis às nações metropolitanas e desfavoráveis aos países exportadores de matérias-primas e mão-de-obra barata.

Um país capitalista que agisse segundo os princípios da justiça cometeria um suicídio sistêmico; deixaria de ser capitalista. Nos anos 80, ao integrar a Comissão Sueca de Direitos Humanos, fui questionado, em Uppsala, por que o Brasil, com tanta fartura, não conseguia erradicar a miséria, como fizera a pequena Suécia. Perguntei-lhes: "Quantas empresas brasileiras estão instaladas na Suécia?". Fez-se prolongado silêncio.

Naquela época, nenhuma empresa brasileira operava na Suécia. Em seguida, indaguei: "Quantas empresas suecas estão presentes no Brasil?". Todos sabiam que havia marcas suecas em quase toda a América Latina, como Volvo, Scania, Ericsson e a SKF, mas não precisamente quantas no Brasil. "Vinte e seis", esclareci. (Hoje são 180). Como falar em justiça quando um dos pratos da balança comercial é obviamente favorável ao país exportador em detrimento do importador?

Sim, a injustiça social é inerente ao capitalismo, poderia alguém admitir. E logo objetar: mas não é verdade que, no capitalismo, o que falta em justiça sobra em liberdade? Nos países capitalistas não predominam o pluripartidarismo, a democracia, o sufrágio universal, e cidadãos e cidadãs não manifestam com liberdade suas críticas, crenças e opiniões? Não podem viajar livremente e até mesmo escolher viver em outro país, sem precisar imitar os "balseros" cubanos?

De fato, nos países capitalistas a liberdade existe apenas para uma minoria, a casta dos que têm riqueza e poder. Para os demais, vigora o regime de liberdade consentida e virtual. Como falar de liberdade de expressão da faxineira, do pequeno agricultor, do operário? É uma liberdade virtual, pois não dispõem de meios para exercitá-la. E se criticam o governo, isso soa como um pingo de água submergido pela onda avassaladora dos meios de comunicação – TV, rádio, internet, jornais, revistas – em mãos da elite, que trata de infundir na opinião pública sua visão de mundo e seu critério de valores. Inclusive a idéia de que miseráveis e pobres são livres...

Por que os votos dessa gente jamais produzem mudanças estruturais? No capitalismo, devido à abundância de ofertas no mercado e à indução publicitária ao consumo supérfluo, qualquer pessoa que disponha de um mínimo de renda é livre para escolher, nas gôndolas dos supermercados, entre diferentes marcas de sabonetes ou cervejas.

Tente-se, porém, escolher um governo voltado aos direitos dos mais pobres! Tente-se alterar o sacrossanto "direito" de propriedade (baseado na sonegação desse direito à maioria). E por que Europa e EUA fecham suas fronteiras aos imigrantes dos países pobres? Onde a liberdade de locomoção?

Sem os pressupostos da justiça social, não se pode assegurar liberdade para todos.

Frei Betto é escritor, autor de "Diário de Fernando – nos cárceres da ditadura militar brasileira" (Rocco), entre outros livros.

Ocupação 101 - Vozes da maioria silenciada - 2006



SINOPSE

O filme trata das raízes históricas do conflito entre Israel e Palestina, abrangendo uma ampla gama de assuntos, entre os quais: a primeira onda de imigração dos judeus europeus para a região da Palestina nos anos de 1880; as tensões dos anos de 1920; as guerras de 1948 e 1967; a primeira Intifada de 1987; o processo de paz de Oslo; a expansão dos acampamentos judeus; o bloqueio econômico e a ocupação de Israel na Faixa de Gaza; o papel dos EUA no conflito; o testemunho das vítimas da ocupação israelense.

DADOS DO ARQUIVO
Gênero: Documentário
Origem/Ano: EUA/2006
Formato: rmvb
Áudio: Inglês
Legendas: Português/BR (embutidas)
Qualidade: DVDrip
Duração: 90 min
Tamanho: 582 MB
Servidor: Rapidshare (6 partes)

Links:
Parte 1
Parte 2
Parte 3
Parte 4
Parte 5
Parte 6

Créditos: Sra. Bukowski - Laranja Psicodelica

Le Monde: Obama constrangido a repensar estratégia afegã


Obama em Pittsburgh: problemas na volta para casa


Por Corine Lesnes, enviada especial do Le Monde a Pittsburgh (EUA)*








Em Pittsburgh, como em Nova York, o grande ausente desta semana foi o Afeganistão. E no entanto é o problema mais espinhoso entre os que aguardam o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em seu retorno da cúpula do G20, após uma jornada diplomática que ele julgou frutífera e concl;uiu com uma imagem de endurecimento contra o Irã.
O presidente dos EUA terá que decidir sobre uma nova remessa de tropas ao Afeganistão, depois que o comandante das forças da Otan, o general Stanley McChrystal, emviou ao Pentágono sua requisição formal de recursos adicionais, em homens e dinheiro.
O clima degradou-se a tal ponto em Washington que surgiram graves divergências entre civis e militares. Estes providenciaram o vazamento, para a imprensa, em 22 de setembro, de um documento confidencial – nada menos do que um relatório do própriio general McChrystal. Foi o primeiro vazamento em uma administração conhecida por não gostar de tagarelices.
Neste documentode 66 páginas, o general se queixa da falta de recursos e anuncia que a coalizão marcha para o "fracasso". Quase tão impactante como a palavra "fracasso" é o fato de que o relatório foi obtido por Bob Woodward, o jornalista que é a vedete do Washington Post, com muito boas fontes na administração Bush, o que causa arrepios na capital. Desde então, os meios políticos tentam identificar o autor do vazamento.
Alguns se inclinam para a hipótese de militares inquietos ao ver a relutância dos democratas no Congresso em enviar reforços. Outros apontam que o próprio governo está dividido. O vice-presidente, Joe Biden, seria a favor de um reforço da missão antiterrorismo, sem tentar proteger as populações locais.
A agitação começou em agosto, cinco meses depois de Obama apresentar a estratégia do novo governo, que Obama resume sistematicamente com uma aliteração:"Defeat, disrupt, dismantle" ("Derrotar, quebrar, desmantelar") a Al Qaeda. Uma mistura de operações contraguerrilha e também de reconstrução ("construção de uma nação").
O Congresso americano já tinha algumas dúvidas sobre o método. As eleições eleições vieram perturbar tudo. Mas para Bruce Riedel, que conduziu a reforma da doutrina de março, a abordagem atual ainda é a melhor: proteger a população, construindo instituições sólidas. Isso vai levar tempo, avalia ele, "e talvez mais recursos".
Segundo a imprensa, o general McChrystal previu um pedido de 10 mil a 30 mil soldados adicionais, agregados aos reforços dtemporários de 21 mil homens, decididos em março por Obama. Mas, agosto foi um mês mortífero e o apoio da opinião pública despencou. No lançamento da nova estratégia, em abril, 56% dos americanos tinham confiança na política afegã de Obama. Hoje, são apenas 43%, segundo uma sondagem CBS-New York Times. Quanto ao que fazer, 32% pensam que se deve reduzir as tropas, 29% aumentar e 27%, nada mudar.
Os democratas no Congresso pedem uma pausa. Carl Levin, senadoe de Michigan e presidente da Comissão de Defesa do Senado, pediu que os afegãos proporcionem um adestramento melhor antes de enviar tropas aocombate. Alguns aspectos do debate lembram o Iraque. A Casa Branca desenvolveu critérios para avaliar os progressos no país. Estes critérios foram enviadas ao Congresso. Entre eles estava a transparência nas eleições... As reticências dos democratas são embaraçosas para a Casa Branca no momento em que ela quer que seus parceiros da Otan aumentem sua contribuição.
Obama, que planejara ganha tempo tempo, à espera de que o imbróglio das eleições afegãs se resolvesse, pode ser forçado a decidir rapidamente uma nova estratégia, menos de seis meses depois da anterior. Domingo, McChrystal, um veterano comandante das Forças Especiais do Exército, especialista em operações militares e contras-insurgência, será oi entrevistado do programa Sixty Minutes. Nos trechos da entrevista já divulgados, ele disse que a situação é "pior" do que ele esperava encontrar quando chegou em Cabul.
Na sexta-feira, uma reunião nada usual teve lugar na Base Aérea de Ramstein, na Alemanha. O general Mike Mullen, chefe do Estado-Maior Conjunto, convocou McChrystal e o general Petraeus, comandante do flanco sul, "para ter uma melhor compreensão sobre a solicitação de novas tropas", apresentada pelo comandante no Afeganistão.
Os republicanos não perderam tempo em tirar partido de um debate que divide os seus opositores. Eles acusam Obama de colocar o seu projeto de Reforma da Saúde na frente de qualquer coisa, até da segurança dos soldados americanos. Eles tentaram convidar o general McChrystal para falar no Congresso, mas os democratas se recusaram a realizar audiências enquanto o presidente Obama e o secretário da Defesa, Robert Gates, não decidirem o que vão fazer.
Fonte: Le Monde
Créditos: Patria Latina

"capitalismo de desastre" no pós-crise...

Naomi desmonta o 'capitalismo de desastre' no pós-crise

Circula na rede um texto de Naomi Klein que analisa como os norte-americanos e o mundo ocidental fazem o rescaldo pós-crise da financeirização da economia global. Algo que coloca em cheque – e de uma vez por todas – o que a autora já definiu como “capitalismo de desastre” e a própria hegemonia neoliberal, de há muito sem sustentação popular e sem legitimidade, a não ser pela mídia impressa e eletrônica dos patrões, ou Síndrome de CNN. Márcia Denser, do Congresso em Foco, convida a ler o que diz a "garota" Naomi.

Naomi Klein, a garota que cutuca o big business

O que não sabemos é como o público irá reagir. Vamos considerar que, na América do Norte, todos com idade abaixo dos 40 anos cresceram ouvindo que o governo não pode intervir para melhorar nossas vidas, que o governo é o problema, não a solução, que o laissez faire é a única opção. Agora, de repente, estamos vendo um governo extremamente ativo, intensamente intervencionista, que parece estar disposto a fazer qualquer coisa para salvar os investidores deles mesmos.

Esse espetáculo levanta, necessariamente, uma questão: se o Estado pode intervir para salvar corporações que assumiram riscos impensados nos mercados imobiliários, por que não pode intervir para evitar que milhões de americanos sofram a execução de suas hipotecas?

Seguindo o mesmo raciocínio, se US$ 170 bilhões podem ser instantaneamente disponibilizados para compra da gigante dos seguros AIG, por que o seguro de saúde individual – que protegeria os cidadãos das práticas predatórias das empresas de seguro-saúde – parece ser um sonho inatingível? E se cada vez mais corporações precisam dos fundos dos contribuintes para se manter, por que os contribuintes não podem reivindicar algo em troca, como limites de juros em pagamentos executivos ou uma garantia contra mais perdas de empregos?

Agora que ficou claro que os governos podem realmente agir em tempos de crise, será muito mais difícil alegar a impossibilidade de agir no futuro. Outra mudança potencial tem a ver com as esperanças do mercado em relação a futuras privatizações. Por anos, os bancos de investimento global têm feito lobby entre os políticos para a exploração de dois novos mercados: um que viria da privatização de aposentadorias públicas e outro que surgiria de uma nova onda de estradas, pontes e sistemas hídricos privatizados ou parcialmente privatizados. Esses dois sonhos acabaram de se tornar muito mais difíceis de vender: os americanos não mais estão dispostos a confiar seus ativos coletivos e individuais a apostadores imprudentes em Wall Street, especialmente porque parece muito provável que os contribuintes tenham que pagar para comprar seus próprios ativos de volta quando a próxima bolha estourar.

Esta crise também poderia ser um catalisador para uma abordagem radicalmente alternativa à regulação de mercados mundiais e sistemas financeiros. Já estamos vendo uma movimentação em direção à ‘soberania alimentar’ no mundo em desenvolvimento, ao invés de deixar o acesso aos alimentos aos caprichos dos negociantes de matérias-primas. Finalmente chegou a hora de considerar idéias como a tributação de negociações, que reduziria a velocidade do investimento especulativo, assim como outros controles do capital global. Hoje, a nacionalização não é mais um palavrão, e as empresas de gás e petróleo devem ficar atentas: alguém precisa pagar pela mudança em direção a um futuro mais verde, e faz mais sentido que a maior parte dos fundos venha do setor altamente lucrativo que é o maior responsável por nossa crise climática. Isso certamente faz mais sentido do que criar outra bolha perigosa resultante da comercialização de carbono.

Contudo, a crise que estamos presenciando demanda mudanças ainda mais profundas do que essa. O motivo pelo qual esses empréstimos podres puderam se proliferar não foi apenas porque os reguladores não entenderam o risco. Foi porque temos um sistema econômico que mede nossa saúde coletiva somente com base no crescimento do Produto Interno Bruto. Enquanto os empréstimos podres estavam estimulando o crescimento econômico, nossos governos os apoiavam ativamente. Assim, o que realmente foi colocado em questão pela crise é o comprometimento inquestionável com o crescimento a qualquer custo [grifo meu]. Na verdade, essa crise deveria nos levar a encontrar uma forma radicalmente diferente através da qual nossas sociedades pudessem medir saúde e progresso. Nada disso, no entanto, acontecerá sem uma enorme pressão pública sobre os políticos neste período-chave. Não o lobby educado, mas um retorno às ruas e o tipo de ação direta que mostrou o caminho durante o New Deal na década de 1930. Sem isso, teremos mudanças superficiais e um retorno, assim que possível, à velha forma de fazer negócios.”

E a velha forma de fazer negócios é, no limite, aquela na qual, ao fim e ao cabo, todos perdem.

domingo, 27 de setembro de 2009

Wando - Glória a Deus no Céu e Samba na Terra - 1973


Pasmem, este é o Wando que conhecemos, o terror da mulherada, o sensual, o obsceno, este seu primeiro trabalho, é de samba, todos beberam dessa agua, um trabalho muito competente por sinal,baixem ouçam e deleitem-se, porque voces merecem
Saravá!!!
Daniel de Mello e a Música da Minha Gente


Wanderley Alves dos Reis , mais conhecido como Wando, o Obsceno, nasceu em Minas Gerais em Outubro de 1945.
O apelido de Wando foi-lhe sugerido pela sua avó quando ele começou a apresentar-se como cantor em festas e bailes locais.
Verdadeiramente só começou a ser notado quando o famoso Jair Rodrigues gravou em 1973 dois temas seus: "O Importante è Ser Fevereiro" e "Se Deus Quiser".

Em finais desse mesmo ano edita o seu primeiro LP "Glória Deus no Céu e Samba Na Terra". Essa prece foi ouvida e Wando deixou de vez a sua profissão de motorista e dedicou-se à música de corpo e alma.
São quase trinta discos já lançados por este talentoso compositor considerado como o Cantor Mais Erótico do Brasil.

Download: Wando - Glória a Deus no Céu e Samba na Terra - 1973

sábado, 26 de setembro de 2009

Sem olhos em Tegucigalpa



Leandro Fortes - Brasília, eu vi

O jornalismo está abandonando, aos poucos, por motivos inconfessáveis, a valorização das personagens como elemento de narrativa. Emblemático é o caso de Honduras, um catalisador profundo das intenções de setores da imprensa cada vez mais perfilados em bloco sobre um ensaiado viés chavista (a nova panacéia editorial do continente) aplicado ao noticiário toda vez que um movimento de esquerda se insinua sobre velhos latifúndios – físicos e imateriais. Para tal, recorre-se cada vez mais a malabarismos de linguagem para se referir ao golpe militar que derrubou o presidente constitucionalmente eleito Manuel Zelaya.

Por conta disso, o governo golpista passou a ser chamado, aqui e acolá, de “governo de fato”, uma solução patética encontrada por alguns veículos para se referir a uma administração firmada na fraude eleitoral e na usurpação pura e simples de poder. Há, ainda, quem se refira à quadrilha de Roberto Micheleti como “governo interino”, o que só pode ser piada. Itamar Franco foi interino, esse é o beabá, até tornar-se “de fato” com o impedimento e a renúncia de Fernando Collor de Mello, mas isso não deu a ninguém o direito de, a partir de então, nomeá-lo “presidente de fato” ou chefe de um “governo de fato”. Se é governo, é de fato. Se assim não for, ou é interino, ou é golpista.

Não deixa de ser divertido o inglório exercício a que se dedica certa direita nacional envergonhada, pronta a converter em golpe de Estado a intenção do presidente (de fato, pero no mucho) Zelaya de convocar os hondurenhos a decidir, por plebiscito, a possibilidade de uma reeleição que sequer serviria a ele. Possível até que servisse à oposição – a mesma que lhe seqüestrou de pijama, o enfiou num avião e o desovou na Costa Rica. Talvez preferissem que ele tivesse comprado votos para se reeleger. Esse tipo de crime é, historicamente, melhor digerido pela mídia brasileira.

Essa gente não pode e não deve ser chamada de “governo de fato”, muito menos “interino”. Essa gente tem nome: golpistas. Bandoleiros políticos que estão, corajosamente, sendo confrontados pela diplomacia brasileira que, além de lhe condenar em todos os foros internacionais, deu abrigo a Zelaya na embaixada. Lá, o presidente (de verdade) se encontra protegido e alimentado, a causar saudável constrangimento aos golpistas que o defenestraram de Tegucigalpa, essa cidade de sonoro nome maia que, de uma hora para outra, tornou-se mundialmente popular no rastro de um vexame.

Mas comecei falando da importância de haver personagens no texto jornalístico e acabei me perdendo em necessários devaneios, porque no contexto da crise hondurenha se inclui uma cobertura, basicamente, desumana. Não no sentido da esperada brutalidade ideológica disseminada por jornais e jornalistas conservadores e, vá lá, liberais. Mas por não atentar diretamente para o fator humano estacionado nas ruas, manifestantes com as mãos perto do fogo aceso pelo golpe, sujeitos a tiros e bordoadas apenas para dizer “não”. Eu gostaria muito de saber quem são essas pessoas, mas tudo que se fala delas vem em números. Num dia, são 100 em frente à embaixada, no outro, são duas mil. Variam de dezenas a milhares da noite para o dia, sem que qualquer explicação sobre elas nos seja minimamente concedida.

Não é preciso muita sensibilidade para perceber que a chave (não Chávez!) para a compreensão do golpe em Honduras está nos hábitos e na cultura desses desconhecidos tegucigalpenses (ou seriam tegucigalpanos?). Falta quem lhes pergunte sobre os verdadeiros sentimentos desencadeados com o golpe, justo quando o mundo todo acreditava que o expediente das quarteladas jazia, para nunca mais, no túmulo dos tristes folclores latino americanos. São as personagens, sobretudo nas tragédias, que conjugam fatos e sentimentos de modo a permitir a nós, os indivíduos, compartilhar sonhos e loucuras. Daí a importância de prestar atenção nelas.

Até agora, a única personagem “de fato” é o próprio Manuel Zelaya, aliás, de figurino impagável, chapéu de cowboy sobre os cabelos escandalosamente tingidos, tal qual o bigode pouco alentador, na indisfarçável tonalidade das asas da graúna.

Biografia e documentário de Lev S. Vygotsky

Vygotsky ( 1896-1934)

Sinopse: Lev Vygotsky se preocupa em entender o funcionamento psicológico do ser humano, integrando aspectos biológicos e culturais. Com relação à educação, a teoria de Vygotsky enfatiza o papel da aprendizagem no desenvolvimento humano, valorizando a escola, o professor e a intervenção pedagógica. Talvez por isso, suas idéias têm tido tanta repercussão entre os educadores do ocidente, apesar de sua distância no tempo e espaço (viveu na antiga União Soviética e morreu há mais de 60 anos). A produção de Vygotsky foi vasta: escreveu cerca de 200 trabalhos científicos que foram pontos de partida para inúmeros projetos de pesquisa posteriores, desenvolvidos por seus colaboradores e seguidores, e ainda centrais na agenda de psicologia da educação contemporânea.

Idioma: Português
Legendas: Sem
Qualidade: DVDRip
Tamanho: 309 MB
Nota: 10,0
Créditos: Educação e Filmes

Lev S. Vygotsky , professor e pesquisador foi contemporâneo de Piaget, e nasceu e viveu na Rússia, quando morreu, de tuberculose, tinha 34 anos. Professor dedicou-se nos campos da pedagogia e psicologia. Deu várias palestras em escolas, e faculdades sobre pedagogia, psicologia e literatura. Partidário da revolução russa sempre acreditou em uma sociedade mais justa sem conflito social e exploração. Construiu sua teoria tendo por base o desenvolvimento do indivíduo como resultado de um processo sócio-histórico, enfatizando o papel da linguagem e da aprendizagem nesse desenvolvimento, sendo essa teoria considerada histórico-social.
Vygotsky considera o papel da instrução um fator positivo, no qual a criança aprende conceitos socialmente adquiridos de experiências passadas e passarão a trabalhar com essas situações de forma consciente.Se uma transformação social pode alterar o funcionamento cognitivo e pode reduzir o preconceito e conflitos sociais, então esses processos psicológicos são de natureza social. Devem ser analisados e trabalhados através de fatores sociais.
A redução de reações biológicas é uma condição prévia para o aparecimento de fenômenos psicológicos. Vygotsky e Luria (1930/1993) explicou isto na área da percepção: ' A criança no início de sua vida tem apenas sensações orgânicas - tensão - dor - calor , principalmente nas áreas mais sensíveis. Quando a criança deixa de sofrer influência desses processos biológicos, passa a perceber a realidade. A percepção da realidade requer processos biológicos como determinantes de experiência, permitindo que seu organismo passe a ser afetado por fatores externos. Evidentemente só a realidade dos fatores externos não determinam completamente essa percepção. A informação de que esses processos biológicos tornam-se disponível no organismo é organizado pela própria criança através de experiência social e cultural. A criança passa a ver o mundo com sua própria visão, administrando sob seu ponto de vista.
Um conceito só é caracterizado quando as características resumidas são sintetizadas de forma que a resultante se torne um instrumento de pensamento. A criança progride na formação de conceitos após dominar o abstrato e combinar com pensamentos mais complexos e avançados. Na continuação da educação os conceitos tornam-se concretos, aplicam-se as habilidades aprendidas, por instruções, e as adquiridas em experiências da convivência social.
A metodologia de ferramenta-e-resultado de Vygotsky e psicologia Capítulo 3 de Fred Newman e o livro de Lois Holzman *Lev Vygotsky: Cientista revolucionário *. Eles oferecem um contraste importante entre pragmatismo e a prática de Marx e Vygotsky. Eles recorrem a isto como uma ferramenta e metodologia de resultado nas quais a ferramenta não é uma condição prévia para praticar. Para Vygotsky, método é algo para ser praticado e não aplicado como o fim justificando os meios, nem uma ferramenta para alcançar resultados. Método é simultaneamente condição prévia e produto. Na verdade fica difícil distinguir o que é ferramenta para resultado e ferramenta e resultado como quer Vygotsky.
Piaget e Vigotsky
James Wertsch e Mike Cole dão uma comparação de Vygotsky e as teorias de Piaget no desenvolvimento da criança. Eles discutem que a divisão do social e o indivíduo não se perde porque Vygotsky e Piaget avaliaram as forças individuais e sociais em desenvolvimento. Ambos relacionam social-individual, mas é Vygotsky que focaliza mais o social, dando ao social um papel específico no desenvolvimento.
De acordo com a história canônica, para Piaget, as crianças individuais constróem conhecimento através de suas próprias ações: entender é inventar. Para Vigotsky é a compreensão através do contraste social e origem. Entretanto Piaget nunca negou o papel da igualdade social na construção do conhecimento. É possível encontrar em Piaget afirmações em que a individualidade e o social são importantes.
Contraste entre os pontos de vista de Vygotsky e Freud.
A visão naturalista de Freud da mente contradiz com a visão socio-histórica de Vygotski. Para Vygotsky, cultura não regula processos naturais, simplesmente substitui os processos elementares e o conteúdo total dos fenômenos psicológicos. Processos culturais e produtos constituem processos mentais.
Vygotsky criticou Piaget
As críticas a Piaget não foram diferentes das dirigidas a Freud. Não é surpresa devido ao endosso de Piaget aos conceitos de Freud. Piaget afirmou que a mente é governada através de mecanismos biológicos. Ele também afirmou que processos cognitivos são originalmente egoístas e anti-social. Eles só são dirigidos a realidade e ao relacionamento social depois de 7 a 8 anos de idade.
Vygotsky colocou uma concepção bastante diferente da criança. Ele afirmou que mecanismos naturais governam o comportamento da crianças. Porém, antes de 2 anos de idade, a criança participa das relações sociais. Mecanismos biológicos operam durante curto espaço de tempo. Porém, eles são substituídos rapidamente através de influências sociais. Assim que infância termine, o indivíduo começa a participar de relações sociais. Relações sociais formam o contexto desenvolvente de crianças e constituem a natureza da criança. Vygotsky considerou a criança como um indivíduo social, Piaget considerou como anti-social. Para Vygotsky, relações sociais constituem a psicologia da criança desde o começo. Para Piaget, relações sociais são secundárias à natureza biológica da criança.
O trabalho de Vygotsky em " defectology " complementou a perspectiva política dele conduzindo à conclusão que fenômenos psicológicos como inteligência, raciocínio, idioma, memória, personalidade, percepção, loucura, e emoções descansam em " meios culturais.
Distúrbios biológicos que afetam a transmissão de informação interferem na percepção, entretanto a maioria das pessoas apresenta processos biológicos normais, e a experiência perceptiva é determinada por experiência social e produtos culturais. Como Vygotsky e Luria declararam: percepção, memória, emoções, e causas que são mediadas socialmente substituem sensações orgânicas e habilita para o contato com o mundo ( Vygotsky, 1998).
"Percepção, raciocínio, memória, emoções, necessidades, motivos, o uso da personalidade nos meios sociais (como conceitos lingüísticos), como os sistemas operacionais. São funções naturais determinadas por mecanismos biológicos. Como Luria (1978b) escreveu ".
Trabalhando com vítimas da guerra e da revolução russa, Vigotsky deparou-se com uma variedade de traumas somáticos e psicológicos. Trabalhando com esses pacientes verificou que poderiam ser tratados com artefatos. Braille e quirologia eram artefatos sociais que ajudaram a compensar os prejuízos físicos como a visão e audição. O apoio social torna-se um fator de encorajamento e orientação, compensando as deficiências físicas e psicológicas. Essas compensações permitem ao indivíduo desenvolver suas funções, lendo, comunicando, argumentando.
De acordo com Vygotsky, fenômenos psicológicos são sociais. Eles dependem de experiência social e tratamento, e eles absorvem os artefatos culturais. Experiência social inclui a maneira na qual as pessoas estimulam e dirigem a atenção da pessoa, comportamento padrão, (encorajar, desencorajar), controlar movimentos , e organizar as relações de espaço entre indivíduos. Em artefatos culturais encontram-se sinais, símbolos, condições lingüísticas, industrialização de objetos e instrumentos. Tratamento social e produtos socialmente produzidos geram e caracterizam fenômenos psicológicos.
Considerando um raciocínio matemático. Não há nada que determine um fenômeno neste caso, porque o organismo humano não está pré-programado para desenvolver essa função. Os seres humanos viveram milhares de anos sem a matemática. Não surgiu espontaneamente , naturalmente, pelo contrário. As necessidades da aplicação matemática foram surgindo a medida que emergia o comércio. Para suprir essas necessidades os humanos desenvolveram símbolos e sistemas, que passaram a manipular. Isso quer dizer que não faz sentido creditar uma habilidade natural em matemática, quando na verdade ela depende de processos naturais trabalhados em um cérebro normal que conclua as operações que são impostas pela necessidade.

Fonte: http://www.pedagogas2na.hpg.ig.com.br/mestres/mestres.htm

Laerte Braga comenta e a PressAA edita, em português, matéria de The Washington Post


Clique na imagem e leia em tamanho ampliado (Tradução: Equipe PressAA - Cartografia: Crazy Yankee Maps)

JORNAIS, GENERAIS, A ONU

Laerte Braga

O jornal THE WASHINGTON POST defende em sua edição de hoje que eleições em novembro serão o caminho para solucionar a crise hondurenha. O jornal critica o presidente deposto por um golpe militar Manuel Zelaya, atribui a crise ao presidente da Venezuela Hugo Chávez e responsabiliza o Brasil por dar espaço, em sua embaixada, para que Zelaya “tente uma revolução populista”.

Ao sugerir eleições “livres” THE WASHINGTON POST sugere também que assim se legitime um ato de violência, o golpe militar. Nem Zelaya e nem seus partidários estarão participando do “processo eleitoral e democrático”.

O jornal usa a expressão “assalto à democracia” para definir o governo de Zelaya, nos moldes do que “fez Hugo Chávez”. Não se refere uma única vez ao golpe de estado tentado contra Chávez em 2002 e as sucessivas vitórias eleitorais do presidente venezuelano em plebiscitos, referendos e eleições localizadas e gerais.

Zelaya havia decidido consultar o povo de Honduras sobre um projeto de reforma constitucional que entre outras coisas permitiria a reeleição do presidente da República. Uma quarta urna para o povo dizer se aceitava discutir um projeto de reforma constitucional e qualquer que fossem as reformas, um referendo para que o povo as aprovasse ou não.

O grande temor dos norte-americanos e é isso que o THE WASHINGTON POST reflete, é exatamente a democracia. Ou seja, a manifestação da vontade popular de forma plena e absoluta.

No dia imediatamente anterior ao golpe militar que depôs Zelaya, o general comandante do exército hondurenho foi ao palácio dizer ao presidente que mesmo discordando do referendo, iria apoiar a legalidade constitucional, ou seja, o presidente como comandante supremo das forças armadas.

Numa manobra típica das elites podres que governam países como Honduras, a chamada corte suprema e o congresso aprovaram o processo de impedimento de Zelaya. Esgrimem, hoje, com a decisão como se legal fosse, mesmo que não tenha havido nenhum processo de impedimento, onde se pressupõe o direito de defesa, no mínimo.

Às quatro horas da manhã oficiais do exército hondurenho invadiram a casa de Zelaya, seqüestraram-no e num avião o mandaram para a Costa Rica.

Todos esses fatos aconteceram com o conhecimento e a participação direta do embaixador dos EUA em Honduras, dos militares da base norte-americana em Honduras. O embaixador, curiosamente, é o mesmo que estava na Venezuela quando foi tentado o golpe contra Chávez.

O general que, na véspera, fora levar a Zelaya a decisão de respeitar a legalidade não apareceu para prendê-lo, mandou subalternos. É típico desse tipo de general. Não olham nos olhos, são traiçoeiros. E traidores sim, por que não?

Castello Branco, no Brasil, em 1964, às vésperas do golpe militar, era chefe do estado maior do exército e foi ao palácio Rio Negro, onde estava o presidente constitucional do País, João Goulart, prestar lealdade, falar do compromisso das forças armadas com a legalidade e entregou-lhe um documento que expressava o ponto de vista de alguns militares com o processo de reforma de base. Estava ali no documento a admissão da necessidade de tais reformas, inclusive, citada expressamente, a reforma agrária.

Foi o primeiro ditador do golpe. Era o oficial de ligação dos militares golpistas com o comandante militar designado para o Brasil, o general Vernon Walthers, seu amigo pessoal.

Augusto Pinochet sucedeu a Carlos Pratts no comando do exército do Chile. A indicação de Pinochet foi feita por Pratts ao presidente Salvador Allende, depois que Pinochet fez várias declarações públicas a favor da ordem constitucional, ou seja, do governo eleito pelo povo, o de Allende.

Allende foi miseravelmente traído por Pinochet, e Pratts foi assassinado no exílio dentro do que conhecemos como Operação Condor. Ação coordenada de ditaduras militares na América do Sul, sobretudo no chamado Cone Sul contra seus adversários. JK e Jango também foram vítimas da Operação Condor (a FOLHA DE SÃO PAULO emprestava seus carros para o transporte dos que eram seqüestrados, presos, torturados, assassinados e por fim desovados como se atropelados tivessem sido).

Quem se der ao trabalho de ler o que o THE WASHINGTON POST escreveu, vai perceber que é o mesmo que se escreve aqui O GLOBO, é a mesma opinião vendida pelos jornalistas Miriam Leitão e Alexandre Garcia, e isso se reproduz em toda a grande mídia por vários países do mundo, na deliberada prática da mentira e da desinformação.

Não existe o menor respeito pelo cidadão. Mas o propósito de difundir a versão que convém aos que controlam o mundo. Ao gerente geral, que faz as vezes do garçom também. É na Cervejaria Casa Branca, ponto de encontro das várias “tribos” de Wall Street e que aqui se denominam FIESP/DASLU, tucanos, democratas, etc, etc, que se reúnem no fim do dia. FHC costuma aparecer por lá, todo fim do mês, dia do pagamento da Fundação Ford a seus funcionários.

Generais têm escrito páginas sombrias da história no mundo inteiro e particularmente na América Latina. O que chamam de lealdade costuma ser exatamente o contrário. O que chamam de bravura patriótica tem sido barbárie contra homens e mulheres indefesos, ou presos, submetidos a toda espécie de humilhações na prática consciente e sempre aprimorada da tortura. Guantánamo e as prisões iraquianas estão aí e não deixam dúvidas.

Os campos de refugiados palestinos, onde Israel massacra de forma impiedosa só não são vistos na grande mídia.

Dentre os generais, lógico, há exceções. Têm sido varridas pelos golpistas. Foi assim com Pratts no Chile, com Lott no Brasil, Juan José Torres na Bolívia e outros tantos. Há o exemplo extraordinário de Nguyen Von Giap no Vietnã.

A guerra global hoje tem um contorno decisivo para a formação/deformação do ser humano. O caráter de espetáculo. Virou um jogo de vídeo game. Se Uribe é ligado ao tráfico, foi eleito por traficantes, e se as elites colombianas vivem do tráfico, importante é que apóiam as propostas democráticas, cristãs e ocidentais de Washington. Então, sete bases norte-americanas na Colombia. E um dado, o consumo de drogas entre soldados dos EUA é assustador, segundo o próprio Departamento de Defesa.

Créditos: blog Assaz Atroz

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

“Lulocapitalismo”

“Lulocapitalismo”




Escrito por Léo Lince

"O melhor feitor é o ex-escravo". Essa máxima, nascida nas trevas da opressão escravocrata, conserva até hoje o seu conteúdo terrível. A permanência de seu prazo de validade pode ser observada em distintas eras e situações. Na vasta literatura sobre os tribunais do Santo Ofício, por exemplo, os "cristãos novos" se destacavam na linha de frente entre os inquisidores mais eficientes e cruéis.

A razão que confere substância para tão trevosa sabedoria é simples. O convertido sempre trabalha dobrado pela causa que passa a adotar. Atua com desassombro, pois conhece as secretas debilidades, as inseguranças e os grandes receios do lugar de onde saiu. Por outro lado, precisa mostrar serviço e provar lealdade aos donos do pedaço onde passa a atuar de maneira resoluta e deslumbrada. São elementos que explicam a extraordinária eficácia do convertido e, ao mesmo tempo, o lugar da cooptação na mecânica de reprodução do poder e na "circulação" das elites dominantes.

O professor Delfim Neto, figura que dispensa apresentações, produziu, em entrevista de página inteira no caderno de Economia de "O Globo" (domingo, 20/9), um rasgado elogio ao presidente Lula que, sem sombra de dúvidas, se situa no contexto das reflexões dos parágrafos acima. Ele afirma, com todas as letras estampadas na manchete que define o ponto central da entrevista, que "o Lula mudou o país de forma a salvar o capitalismo". Não se observa na frase, tampouco no seu entorno, qualquer sinal de deslocamento irônico ou sarcasmo, recursos habituais no arsenal do autor. Pelo contrário, há até um tom solene no elogio, que parece vazado nas tintas da sinceridade.

No entanto, o entusiasmo do Delfim com o "lulismo" adquire na entrevista um significado preciso. Perguntado se veria contradição em um governo eleito com as bandeiras da esquerda, que até se dizia socialista, salvar o capitalismo, responde de maneira categórica: "a última coisa que este governo fez foi opor-se ao capitalismo. E muito menos ser marxista, ou outra coisa". Ao responder sobre a relação entre as críticas que o PT lhe fizera no passado e sua atual condição de conselheiro do Lula, ele recupera o seu habitual irônico e mordaz para tripudiar: "basta olhar os meus trabalhos desde 1954, quando saí da escola: não mudaram muito. Mas a esquerda mudou. Ela demora, mas aprende".

Ao criticar a "mitologia do mercado perfeito" e dizer que "não há mercado sem Estado forte, justamente para garantir o seu funcionamento", ele sugere uma roupagem nova, distinta da estreiteza do neoliberalismo puro e duro, para garantir a reprodução dos interesses dominantes. Apóia com entusiasmo as propostas gestadas nos laboratórios do governo para o enfrentamento da crise atual, talvez por identificar nelas fortes afinidades com a restauração conservadora conduzida por ele próprio ao tempo da ditadura militar. Sempre sagaz, ele não diz isso diretamente, mas o observador atento pode deduzir. Basta observar o noticiário fragmentado sobre a inusitada movimentação no "andar de cima" da sociedade brasileira.

Fusões gigantescas, incorporações abruptas, mega-negócios, reconfigurações as mais variadas, tipo Itaú/Nacional, Perdigão/Sadia, Oi/Telemar, Friboi e tantos outros, são elementos de um processo violento que está em curso. O coral dos contentes insiste em apontar para a "marolinha" na superfície, mas se observa um abalo tectônico nas camadas profundas: uma mudança vertiginosa na morfologia do capitalismo brasileiro.

Em cada passo desta trajetória ainda subterrânea, o dedo do Estado como sócio do capital monopolista está presente. Manipulando normas, alterando legislações e direitos que possam restringir a liberdade dos capitais, financiando via BNDES, operando via fundos de pensão.

Além de outras, essas são algumas das razões do entusiasmo de Delfim Neto com o "lulocapitalismo"

Léo Lince é sociólogo.

Agronegócio,o grande vilão...

Agrotóxicos no seu estômago

Por João Pedro Stedile

Os porta-vozes da grande propriedade e das empresas transnacionais são muito bem pagos para todos os dias defender, falar e escrever de que no Brasil não há mais problema agrário. Afinal, a grande propriedade está produzindo muito mais e tendo muito lucro. Portanto, o latifúndio não é mais problema para a sociedade brasileira. Será? Nem vou abordar a injustiça social da concentração da propriedade da terra, que faz com que apenas 2%, ou seja, 50 mil fazendeiros, sejam donos de metade de toda nossa natureza, enquanto temos 4 milhões de famílias sem direito a ela.

Vou falar das consequências para você que mora na cidade, da adoção do modelo agrícola do agronegócio.

O agronegócio é a produção de larga escala, em monocultivo, empregando muito agrotóxicos e máquinas.

Usam venenos para eliminar as outras plantas e não contratar mão de obra. Com isso, destroem a biodiversidade, alteram o clima e expulsam cada vez mais famílias de trabalhadores do interior.

Na safra passada, as empresas transnacionais, e são poucas (Basf, Bayer, Monsanto, Du Pont, Sygenta, Bungue, Shell química...), comemoraram que o Brasil se transformou no maior consumidor mundial de venenos agrícolas. Foram despejados 713 milhões de toneladas! Média de 3.700 quilos por pessoa. Esses venenos são de origem química e permanecem na natureza. Degradam o solo. Contaminam a água. E, sobretudo, se acumulam nos alimentos.

As lavouras que mais usam venenos são: cana, soja, arroz, milho, fumo, tomate, batata, uva, moranguinho e hortaliças. Tudo isso deixará resíduos para seu estômago.

E no seu organismo afetam as células e algum dia podem se transformar em câncer.

Perguntem aos cientistas aí do Instituto Nacional do Câncer, referência de pesquisa nacional, qual é a principal origem do câncer, depois do tabaco? A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) denunciou que existem no mercado mais de vinte produtos agrícolas não recomendáveis para a saúde humana. Mas ninguém avisa no rótulo, nem retira da prateleira. Antigamente, era permitido ter na soja e no óleo de soja apenas 0,2 mg/kg de resíduo do veneno glifosato, para não afetar a saúde. De repente, a Anvisa autorizou os produtos derivados de soja terem até 10,0 mg/kg de glifosato, 50 vezes mais. Isso aconteceu certamente por pressão da Monsanto, pois o resíduo de glifosato aumentou com a soja transgênica, de sua propriedade.

Esse mesmo movimento estão fazendo agora com os derivados do milho.

Depois que foi aprovado o milho transgênico, que aumenta o uso de veneno, querem aumentar a possibilidade de resíduos de 0,1 mg/kg permitido para 1,0 mg/kg.

Há muitos outros exemplos de suas consequências. O doutor Vanderley Pignati, pesquisador da UFMT, revelou em suas pesquisas que nos municípios que têm grande produção de soja e uso intensivo de venenos os índices de abortos e má formação de fetos são quatro vezes maiores do que a média do estado.

Nós temos defendido que é preciso valorizar a agricultura familiar, camponesa, que é a única que pode produzir sem venenos e de maneira diversificada. O agronegócio, para ter escala e grandes lucros, só consegue produzir com venenos e expulsando os trabalhadores para a cidade.

E você paga a conta, com o aumento do êxodo rural, das favelas e com o aumento da incidência de venenos em seu alimento.

Por isso, defender a agricultura familiar e a reforma agrária, que é uma forma de produzir alimentos sadios, é uma questão nacional, de toda sociedade.

Não é mais um problema apenas dos sem-terra. E é por isso que cada vez que o MST e a Via Campesina se mobilizam contra o agronegócio, as empresas transnacionais, seus veículos de comunicação e seus parlamentares, nos atacam tanto.

Porque estão em disputa dois modelos de produção. Está em disputa a que interesses deve atender a produção agrícola: apenas o lucro ou a saúde e o bem-estar da população? Os ricos sabem disso e tratam de consumir apenas produtos orgânicos.

E você precisa se decidir. De que lado você está?

(Texto publicado originalmente no jornal O Globo)