Indústria de armas, controle e expansionismo: Quanto mais caos na Palestina, melhor para EUA e Israel
Benjamin Netanyahu e Barack Obama (Foto: MANDEL NGAN/AFP/Getty Images)
Por que os EUA e Israel estão tão interessados que o caos na Palestina perdure? Entenda como os interesses do complexo industrial-militar americano e dos sionistas israelenses convergem no que diz respeito ao caos no Oriente Médio
Observadores da geopolítica do Oriente Médio tendem a colocar a culpa
do caos na região em um suposto fracasso das políticas “incoerentes”,
“ilógicas” ou “contraditórias” dos EUA. No entanto, evidências
irrefutáveis apresentadas neste estudo sugerem que, na verdade, o caos
representa o sucesso, e não o fracasso, destas políticas — que foram
formuladas pelos beneficiários da guerra e das aventuras militares na
região e em outros locais. Enquanto as políticas norte-americanas na
região são certamente irracionais e conflituosas do ponto de vista da
paz internacional e mesmo do ponto de vista dos interesses nacionais
como um todo, elas são bastante lógicas do ponto de vista dos
beneficiários econômicos e geopolíticos da guerra e de hostilidades
internacionais; isto é, do (a) do complexo militar-industrial, e (b) dos
militantes sionistas que propõem uma “Grande Israel.”
As sementes do caos foram plantadas há cerca de 25 anos, quando o
muro de Berlim caiu. Uma vez que a razão para um aparato militar
gigantesco durante a Guerra Fria era a “ameaça do comunismo,” os
cidadãos americanos celebraram a queda do Muro como o fim do militarismo
e a aurora dos “dividendos da paz” — uma referência aos benefícios que
muitos gozariam nos EUA em decorrência da reorientação de parte do
orçamento do Pentágono na direção de necessidades sociais.
Mas enquanto os cidadão norte-americanos celebravam, os poderosos
interesses que investiam na expansão dos gastos militares se sentiram
ameaçados. Sem surpresas, estas forças mudaram seus alvos para
salvaguardar seus interesses contra as “ameaças de paz.”
Para sufocar as vozes que demandavam os dividendos da paz, os
beneficiários da guerra e do militarismo começaram a redefinir
metodicamente as “fontes de ameaça” pós-Guerra Fria dentro do espectro
do novo mundo multi-polar, que ia além da tradicional “ameaça Soviética”
da era anterior. Ao invés de “ameaça comunista”, os “estados párias,” o
islamismo radical e o “terrorismo global” seriam os novos inimigos.
Publicamente, a maior parte da reavaliação do mundo pós-Guerra Fria
foi apresentada pelos militares de alta patente. Por exemplo, o General
Carl Vuno, chefe do estado-maior do exército dos EUA, declarou ao Comitê
da Câmara em maio de 1989: “muito mais complexo [do que qualquer perigo
imposto pela União Soviética] é a situação ameaçadora em
desenvolvimento no resto do mundo… neste mundo multi-polar, nós
enfrentamos ameaças de países que estão se tornando cada vez mais
sofisticados militarmente e mais agressivos politicamente”[2].
O General Colin Powell, presidente da junta de chefes do estado-maior
na época, argumentou no Comitê do Senado que apesar da queda da União
Soviética, os EUA precisavam continuar com seu acúmulo de forças
militares por outras obrigações: “Com todos estes desafios e
oportunidades confrontando nossa nação, é impossível acreditar que a
desmobilização ou esvaziamento das forças militares americanas são um
caminho para o futuro. O verdadeiro ‘dividendo da paz’ é a paz mesmo… A
paz surge através da manutenção da força” [3].
Enquanto os militares de alta patente, vestidos de uniformes belos e
chamativos, tomavam o papel principal na luta contra a diminuição do
complexo militar-industrial; militaristas civis, trabalhando dentro e
fora do Pentágono e associados aos think-tanks militaristas, tramavam
por trás das cortinas. Entre eles se incluem o então secretário de
defesa Dick Cheney; seu subsecretário de defesa Paul D. Wolfowitz;
Zalmay Khalizad, então assessor de Wolfowitz; e I. Lewis “Scooter”
Libby, então subsecretário adjunto de defesa. Este grupo de homens e
seus pensadores e colaboradores (tal qual Richard Perle, Douglas Feith, e
outros) trabalharam diligentemente juntos prevenindo cortes pós-Guerra
Fria. “O que tínhamos medo era que as pessoas dissessem ‘vamos trazer
todas as tropas de volta pra casa, vamos abandonar nossa posição na
Europa’,” relembrou Wolfowitz em uma entrevista [4]
Estes planejadores militares eram oficilamente afiliados ao Pentágono
e/ou com a administração de Bush pai,mas também eram colaboradores
próximos de think-tanks lobistas ultranacionalistas como o American
Enterprise Institute, Project for the New American Century e o Jewish
Institute fo National Security Affairs que foi montado para servir tanto
ao lobby das armas quanto ao lobby de Israel. Mesmo um olhar
superficial sob os registros destes think tanks — sob seus membros, seus
recursos financeiros, suas estruturas institucionais, etc — mostram que
eles foram criados para servir como frontes institucionais de
camuflagem de negócios incestuosos e/ou relacionamentos políticos entre o
Pentágono, seus principais empreiteiros, os militares de alta patente, o
lobby de Israel e outras corporações beligerantes [5].
Em um esforço cuidadoso e calculado para redefinir o mundo pós-Guerra
Fria como um mundo “mais perigoso” e desenhar uma nova “estratégia de
segurança nacional” para os EUA, este time de planejadores militares e
think-tanks produziram um documento geopolítico-militar logo após a
queda da União Soviética que foi conhecido como “Guia de Planejamento de
Defesa,” ou “Estratégia de Defesa para os anos 1990.” O documento,
revelado pela Casa Branca ao Congresso no início dos anos 1990, focava
em “pontos imprevisíveis de turbulência no terceiro mundo” como novas
fontes de atenção para o poder militar dos EUA na era pós-Guerra Fria:
“na nova era, nós prevemos que nosso poder militar continuará a ser um
alicerce essencial do equilíbrio global… que as demandas para o uso de
nossas forças militares estarão no Terceiro Mundo, onde novas abordagens
podem ser necessárias” [6]
Para responder às “turbulências nas regiões mais vitais,” a nova
situação requisitava uma estratégia para “identificar ameaças” — uma
estratégia militar que “conteria e reprimiria conflitos locais ou
regionais no Terceiro Mundo com rapidez e eficiência antes que eles
saíssem de controle.” No mundo pós-Guerra Fria de “múltiplas fontes de
ameaças,” os EUA também necessitariam estar preparados para lutar
guerras de “baixa e média intensidade.” Baixa e média intensidade não se
referem ao nível de poder de fogo e violência empregados, mas à escala
geográfica se comparada com uma guerra mundial ou regional que
paralisaria os mercados globais.
A “Estratégia de Defesa para os anos 1990” também falava de manter e
expandir a “profundidade estratégica” norte-americana — um termo cunhado
pelo então secretário de defesa Dick Cheney. O termo tinha uma
conotação geopolítica, significando que, após a queda do Muro de Berlim,
os EUA deveriam estender sua presença global — em termos de bases
militares, estações de escuta e inteligência e tecnologia militar — a
áreas anteriormente neutras ou sob influência da União Soviética.
As prescrições políticas destas profecias eram inequívocas: tendo
projetado (e depois criado) o mundo pós-Guerra Fria como um lugar
fracionado em “múltiplas ameaças aos interesse nacionais
norte-americanos,” beneficiários poderosos do orçamento do Pentágono
tiveram sucesso na manutenção dos gastos nos mesmos níveis da Guerra
Fria. Proponentes do militarismo contínuo “se moveram com rapidez
notável para assegurar que a queda da União Soviética não afetaria o
orçamento do Pentágono ou nossa ‘posição estratégica’ que garantimos em
nome do anti-comunismo.”[7]
Para levar a cabo a “Estratégia de Segurança Nacional” do mundo
pós-Guerra Fria, os organizadores do plano necessitavam de pretextos,
que frequentemente significavam inventar ou fabricar inimigos.
Beneficiários dos dividendos de guerra às vezes encontravam “inimigos
externos e ameaças apenas decidindo unilateralmente que ações ao redor
do mundo eram terrorismo,” ou por classificar arbitrariamente alguns
países como “apoiadores do terrorismo”, como Bill Christison, assessor
aposentado da CIA, demonstrou [8].
Eles também criaram atritos internacionais através de políticas
traiçoeiras que tinham o intuito de provocar ira e violência, o que
seria o estopim para futuros atos de terrorismo e um ciclo vicioso de
guerra. E é claro, a abominável força por trás desta estratégia servia
para manter os lucros do negócio da guerra. Gore Vidal caracterizou
satiricamente esta maldita necessidade dos beneficiários da guerra de
constantemente aparecerem com novas ameaças e inimigos como “clube do
inimigo do mês: cada mês somos confrontados com um horroroso inimigo que
devemos atacar antes que nos destrua” [9].
Uma pequena guerra aqui, outra ali, uma guerra de “baixa intensidade”
no país x, outra de “média intensidade” no país y — cinicamente
chamadas de “guerras sob controle” — são estratégias que manteriam o
orçamento militar na direção dos cofres do complexo industrial-militar
sem causar um conflito de larga escala que acabaria com os mercados
mundiais.
Ainda dentro deste cenário, a abordagem do governo dos EUA aos
ataques hediondos de 11 de setembro foi uma oportunidade para que a
guerra e agressão não chegassem de surpresa a qualquer um familiar às
necessidades viciosas do militarismo. Os ataques monstruosos foram
tratados não como crimes, mas como uma “guerra contra a America.” Uma
vez que foi estabelecido que os EUA estavam “em guerra,” as agressões
imperialistas começaram. Como colocou Chalmers Johnson, a tragédia de 11
de setembro “serviu como um maná do paraíso à uma administração
determinada a aumentar o orçamento militar” [10]
Nesta época, já haviam sido rotulados como “hostis” governos como os
do Irã, Iraque, Líbia e Coréia do Norte por serem desonestos ou apoiarem
o terrorismo, o que requeria uma “mudança de regime.” Antes dos ataques
de 11 de setembro, no entanto, tais rótulos demonizantes não eram
aparentemente suficientes para convencer o povo americano a apoiar os
EUA em sua tendência à guerra. A tragédia de 11 de setembro serviu de
pretexto para tais conflitos — que se seguiram a mudança de regime no
Iraque e em outros países hostis ao redor do mundo.
Como beneficiários dos dividendos de guerra, o complexo
industrial-militar considerava a paz internacional e a estabilidade como
inimigos para seus interesses, e assim também acontecia com militantes
sionistas proponentes da “Grande Israel”que perceberam que a paz entre
Israel e seus vizinhos palestinos/árabes era prejudicial a seus
objetivos de tomarem o controle da “Terra Prometida.” A razão para este
medo da paz é que, de acordo com algumas resoluções das Nações Unidas, a
paz significaria o retorno de Israel a suas fronteiras pré-1967, isto
é, fora da Faixa de Gaza e da Cisjordânia. Logo, seu medo da paz faz com
que continuem suas tentativas de sabotagem das negociações.
Pela mesma razão, estes proponentes enxergam a guerra e a convulsão
(ou, como David Ben-Gurion, um dos fundadores do Estado de Israel
colocava, “atmosfera revolucionária”) como oportunidades para a expulsão
dos palestinos e para a reconfiguração geográfica de região e expansão
do território israelense. “O que é inconcebível em tempos normais,”
Ben-Gurion apontava, “é possível em tempos revolucionários; e se neste
tempo a oportunidade for perdida — um mundo todo é perdido” [11]
Ecoando um sentimento similar de que a dissolução e fragmentação dos
estados árabes em mosaicos de grupos étnicos é possível apenas sob
condições de guerra e convulsão sociopolítica, o notório linha-dura
Ariel Sharon apontou em março de 1988 que “se as revoltas palestinas
continuarem, Israel teria de guerrear contra seus vizinhos árabes. A
guerra, ele declarou, proveria ‘as circunstâncias’ para que se removesse
a população palestina por inteiro da Cisjordânia e de Gaza e até mesmo
de dentro de Israel” [12].
Esta visão de que a guerra “proveria as circunstâncias” para a
remoção dos palestinos dos territórios ocupados tem como premissa a
expectativa de que os EUA também compartilham desta noção e iriam apoiar
o expansionismo de Israel no caso de uma guerra. A expectativa não é de
forma alguma estranha ou incomum, pois os beneficiários dos gastos
militares nos EUA teriam prazer de ajudar Israel, não tanto pelo bem do
país, mas por seus propósitos nefastos — a aliança entre o complexo
militar-industrial e o lobby de Israel.
Por causa dos interesses destes dois poderosos grupos convergindo na
direção da fomentação da guerra e das convulsões políticas no Oriente
Médio, uma aliança potente e ameaçadora foi forjada entre os dois —
ameaçadora porque a poderosa máquina de guerra norte-americana é agora
suplementada pela incomparável capacidade de relações públicas do lobby
pro-Israel nos EUA. A convergência e/ou interdependência dos interesses
do complexo militar-industrial e aquele dos militantes sionistas é o
coração do ciclo perpétuo de violência na região.
Tal aliança não é oficial; ela é sutilmente forjada através de uma
elaborada rede de poderosos think tanks como os seguintes: The American
Enterprise Institute, Project for the New American Century, America
Israel Public Affairs Committee, Middle East Media Research Institute,
Washington Institute for Near East Policy, Middle East Forum, National
Institute for Public Policy, Jewish Institute for National Security
Affairs, and Center for Security Policy.
Imediatamente após a Guerra Fria, estes think tanks e seus operadores
dentro e fora do governo publicaram vários documentos que defendiam
claramente mudanças de fronteiras, mudanças demográficas e mudanças de
regime no Oriente Médio. Por exemplo, em 1996, um influente think tank
israelense, o Institute for Advanced Strategic e Political Studies,
patrocinou e publicou um documento intitulado “Uma quebra limpa: uma
nova estratégia de segurança para região,” que argumentava que o governo
do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu “deveria fazer uma ‘quebra
limpa’ do processo de paz de Oslo e reassumir a reivindicação da
Cisjordânia e de Gaza. O documento apresentou um plano onde Israel
deveria ‘formular seu ambiente estratégico,’ começando com a derrubada
de Saddam Hussein e a instalação da monarquia hashimita em Bagdá para
servir de primeiro passo em direção a eliminação dos governos
anti-Israel da Síria, do Líbano, da Arábia Saudita e do Irã”[13].
Em uma “Carta Aberta ao Presidente” (Clinton), de 19 de fevereiro de
1998, vários think tanks e indivíduos representando o complexo
militar-industrial e o lobby de Israel, recomendaram “uma estratégia
política e militar para tirar Saddam do regime.” Entre os signatários da
carta estavam: Elliott Abrams, Richard Armitage, John Bolton, Douglas
Feith, Paul Wolfowitz, David Wurmser, Dov Zakheim, Richard Perle, Donald
Rumsfeld, William Kristol, Joshua Muravchik, Leon Wieseltier, e Stephen
Solarz [14].
Em setembro de 2000, outro think tank militarista chamado Project for
the New American Century (PNAC), lançou um relatório entitulado
“reconstruindo as defesas da América: estratégia, forças e recursos para
um novo século,” que projetava explicitamente o desempenho de um papel
imperialista pelos EUA no mundo todo. Ele estabelecia, por exemplo, “que
os EUA durante décadas tentaram ter um papel permanente na segurança da
região do Golfo Pérsico. Enquanto o conflito sem resolução com o Iraque
provê uma justificativa imediata, a necessidade de uma substancial
presença americana no Golfo transcende a questão do regime de Saddam
Hussein.” Os patrocinadores do relatório incluiam Richard Cheney, Donald
Rumsfeld, Paul Wolowitz, Lewis Libby e Willian Kristol, que também foi
co-autor do relatório[15].
O influente Jewish Institute for the National Security Affairs
(JINSA) também emitiu declarações e documentos que defendiam “mudanças
de regime” no Oriente Médio. Seu assessor, Michael Ladeen, que também
assessorou extra-oficialmente a administração Bush em questões do
Oriente Médio, falava abertamente da era da “guerra total” que estava
por vir, indicando que os EUA deveriam expandir suas políticas de
“mudanças de regime” no Iraque a outros países na região como o Irã e a
Síria. “Neste fervente apoio a estas políticas pró-assentamentos e
anti-palestina, o JINSA recomendou que a ‘mudança de regime’ no Iraque
deveria ser apenas o início para que os dominós caíssem no Oriente
Médio”[16].
Em suma, a evidência é arrebatadora (e irrefutável) de que o caos no
Oriente Médio, Norte da África e Leste Europeu/Ucrânia não é por causa
de políticas “equivocadas” dos EUA e seus aliados, como muitos críticos
tendem a sustentar. O caos é causado por políticas premeditadas e muito
bem desenhadas que foram cunhadas por uma aliança entre o complexo
militar-industrial e o lobby israelense no mundo pós-guerra fria.
*Ismael Hossein Zadeh é professor emérito de Economia da Drake University.
Referências:
[1] Excertos do meu livro, The Political Economy of U.S. Militarism, especialmente capítulos 4 and 6, foram usados neste ensaio.
[2] Citado em Sheila Ryan, “Power Projection in the Middle East,” inMobilizing Democracy, edited by Greg Bates (Monroe, Maine: Common Courage Press, 1991), p. 47.
[3] Ibid., p. 46.
[4] James Mann, “The True Rationale? It’s a Decade Old,” Washington Post, Sunday (7 March 2004), page B02.
[5] For a detailed exposition of this dubious relationship see Ismael Hossein-zadeh, The Political Economy of U.S. Militarism (Palgrave-Macmillan 2007), chapter 6.
[6] Chalmers Johnson, The Sorrows of Empire (New York, NY: Metropolitan Books, 2004), pp. 20-21.
[7] Ibid., p. 20.
[8] Bill Christison, “The Disastrous Foreign Policies of the United States,”Counterpunch.org (9 May 2002), .
[9] Gore Vidal, Perpetual War for Perpetual Peace: How We Got To Be So Hated (New York: Thunder’s Mouth Press/Nation Books, 2002), pp. 20-1.
[10] Chalmers Johnson, The Sorrows of Empire (New York, NY: Metropolitan Books, 2004), p. 64.
[11] Quoted in Stephen J. Sniegoski, “The War on Iraq: Conceived in Israel,” <http://vho.org/tr/2003/3/Sniegoski285-298.html>.
[12] Ibid.
[13] Ibid.
[14] Ibid.
[15] Ibid.
[16] William D. Hartung, How Much Are You Making on the War, Daddy? (New York: Nation Books, 2003), p.109.