sexta-feira, 22 de outubro de 2010

"A tomografia da fita crepe": desabafo de um eleitor tucano envergonhado

Saul Leblon no Carta Maior

NÃO SEI SE alguém se surpreendeu com as últimas pesquisas, que parecem consolidar a caminhada de Dilma rumo ao Palácio do Planalto.
Eu não.
A campanha de Serra é repulsiva, e acabou por afugentar do PSDB gente que, como eu, tradicionalmente opta pelo partido.
O episódio de ontem no Rio é apenas mais um de uma lista de pequenas trapaças de Serras. Ele é provavelmente a primeira pessoa no mundo a fazer tomografia por receber uma fita crepe na cabeça. O médico que o atendeu disse, constrangido, que o exame acusara o que todo mundo já sabia. Não havia problema nenhum.
Serra aproveitou para fazer fotos no hospital, em meio a extemporâneas e descabidas declarações de paz e amor hippie. “Não entendo política como violência”, disse ele. Serra entende política como uma forma de triturar todo mundo para chegar à presidência. O melhor quadro do PSDB para suceder FHC era Pedro Mallan, que foi sabotado de todas as formas por Serra.
Serra quer ser muito ser presidente. O problema é que os brasileiros não querem que ele seja.
Em farisaísmo, a tomografia da fita crepe equivale à célebre frase de Monica Serra segundo a qual Dilma é a favor de matar criancinhas. Não conheceríamos a capacidade de jogar baixo de Monica se um repórter não estivesse presente para registrar a ação maldosa da candidata a primeira-dama.
Dilma deve ganhar menos pelos seus méritos e até menos pelo apoio do Lula do que pelos vícios da campanha vale-tudo de Serra.
Ele tem que sair de cena para que o PSDB se renove.
É possível que ele arraste Aécio na queda, agora que repousam sobre o mineiro as esperanças de operar uma reviravolta. Dilma bateu Serra no primeiro turno, e Aécio disse que vai mudar isso. Faz alguns mandatos já que quem ganha em Minas leva a presidência, e por isso as esperanças se reabriram.
Só falta Aécio combinar com os mineiros.
A última pesquisa mostra que a distância de Dilma sobre Serra em Minas se ampliou em vez de diminuir.
Serra talvez possa culpar Aécio se a virada não aparecer, eassim prosseguir, como um interminável Galvão da política, mais alguns anos em sua louca cavalgada rumo à presidência, num titânico duelo de vontades contra os brasileiros.

A tarefa histórica e o rídiculo das bolinhas


Brizola Neto no TIJOLACO

Acho que a farsa montada por Serra para se fingir de vítima de uma suposta agressão está definitivamente desmascarada, embora ele e parte da mídia ainda tentarão sustentar artificialmente a questão. Mas maior que a falsidade do candidato tucano é o empobrecimento que ele traz para o que é o mais importante momento político na vida do país.
Ao ver os intermináveis 7 minutos (em televisão isso é uma eternidade) que o Jornal Nacional dedicou ao suposto objeto que teria atingido Serra, e que o professor da Universidade Federal de Santa Maria (veja o  post anterior) provou não ser absolutamente nada, lastimei o desperdício a que se dedicou o principal noticiário da TV brasileira, que deveria contribuir para trazer mais informações para a população brasileira.
Sei que não se pode esperar nada disso de Serra e nem da TV Globo, mas é triste ver que ao fim da primeira década do século 21 a política ainda é feita como no século 19. Qual a relevância de um candidato ter levado uma bolinha de papel ou qualquer outro objeto na cabeça? Políticos sempre foram alvo de agressões, que não se justificam, mas jamais isso virou tema de campanha. Quantos políticos já foram atingidos por ovos e outros objetos durante processos eleitorais e seguiram em frente, sem fazer do episódio um circo?
Aliás, se a TV Globo acha o assunto importante e digno de tanto tempo no seu principal telejornal, porque foi tão breve sobre os dois balões cheios d’água atirados contra Dilma, no Paraná? Poderia aproveitar o seu perito para calcular de onde partiram os balões, os seus pesos e a força do impacto caso tivessem acertado a candidata em cheio. Mas, como sempre nessa campanha, parece que o fato só interessa se pode servir de elemento para empurrar de alguma forma a emperrada candidatura de Serra.
É mesmo lamentável que quando temos à nossa frente um extraordinário horizonte de desenvolvimento social, com as possibilidades do pré-sal que podem transformar o Brasil de uma vez por todas num grande país, a população seja submetida a assistir uma lenga-lenga de bolinha e objetos voadores não identificados atraídos por determinada careca.
Temos um país maior para construir. Devemos denunciar essa política atrasada e miúda, mas nossa tarefa é outra.
Certo que temos que exorcizar o Brasil das forças que promovem esta “despolitização da política” e a manipulação da realidade através da mídia. Mas, acima disso, temos que estar juntos para garantir a vitória de Dilma e o prosseguimento de um grande projeto de nação. A história esquecerá desses episódios menores, que, no máximo, poderão ser lembrados pelo seu ridículo.

Nei Lisboa – Hein?! (1988)

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Créditos: UmQueTenha

IV Fórum Social Mundial das Migrações



Desafios e Propostas

Luiz BassegioLuciane Udovic

Entre os dias 08 a 12 de outubro, mais de 600 pessoas provenientes de 45 países e outras tantas, do Equador, estiverem em Quito, participando do IV FSMM, que tinha como lema: “Derrubando o Modelo e Construindo Atores – Povos em Movimento pela Cidadania Universal”. Os debates, mesas, seminário e oficinas foram em torno dos eixos: crise global e migrações, direitos humanos, diversidade, convivência e transformações sócio-culturais e novas formas de escravidão. Além dos seminários, um diálogo com o Fórum de Autoridades Locais – Cidades Abertas, a Assembléia dos Movimentos Sociais e a Marcha dos Movimentos Sociais, realizada em parceria com o Congresso da CLOC– Coordenadoria Latino americana de Organizações Campesinas com o lema: “Soberania Alimentar,   Dignidade e Cidadania Universal”.
 
Constatações
 
Vivemos uma crise do capitalismo. Uma crise econômica, financeira, energética, ambiental e alimentar. Uma crise que indica o fracasso da globalização neoliberal, com graves conseqüências sociais e ambientais para toda a humanidade. A crise põe em perigo a vida e sua produção bem como a existência da humanidade e do planeta.
 
As mudanças climáticas, resultado da degradação ambiental provocada pelo desenvolvimento capitalista, hoje é uma dura realidade. Carrega consigo transformações dramáticas nos ecossistemas e na vida de milhões de pessoas. O panorama pode ser ainda mais catastrófico. Mares que se elevam, secas ou enchentes que serão devastadoras. Estudos já indicam que na metade do século atual milhões de pessoas poderão estar fugindo de desastres naturais em busca de locais mais seguros onde possam sobreviver. Poderá ser o maior processo migratório na história.
 
Nas várias etapas do ciclo econômico mundial, há uma constante e sistemática violação de direitos humanos das pessoas migrantes, refugiados e desplazados nos países de origem, trânsito e destino.
 
As migrações internacionais apresentam grandes desafios com relação a interculturalidade, a multiculturalidade e a construção de identidades. Não há e nem podem existir hierarquias entre as distintas culturas, mas pelo contrário relações de complementaridade e de solidariedade.
 
Com o avanço da globalização, a abertura acelerada das economias nacionais, desmantelamento e privatização das estruturas estatais, a indústria do crime controla o aliciamento de pessoas e do tráfico de migrantes, valorizando as suas atividades, produzindo novas formas de escravidão, exploração humana e servidão nos diferentes fluxos migratórios mundiais
 
Encontro Cidades Abertas
 
Dando continuidade a uma iniciativa do FSMM, que realizou o primeiro encontro Cidades Abertas em Rivas-Vaciamadri, Espanha/2008, foi realizado em quito o II Fórum de Autoridades Locais. Na ocasião pudemos repassar e debater com os prefeitos e outras autoridades locais de diversos países as recomendações do Fórum Social Mundial das Migrações.
 
Os participantes do Fórum demandam às autoridades políticas públicas que garantam aos imigrantes acesso à saúde, educação, habitação, trabalho e seguridade humana; demandam também a construção de cenários de coesão social, favorecendo as dimensões da tolerância, integração e interculturalidade; exigem a participação política plena, garantindo os direitos civil e políticos que são a porta de entrada para a construção coletiva de nossas cidades, em particular, o direito de votar e de ser votado; processos de educação local que impeçam o medo ao diferente, que muitas vezes consolida os preconceitos e se convertem em práticas discriminatórias e finalmente a desburocratização dos serviços prestados aos imigrantes e que os mesmos seja de qualidade.
 
Marcha dos Movimentos Sociais e dos Migrantes
 
Merece destaque neste processo o fato da Marcha ter sido realizada em conjunto com a CLOC – Coordenadoria Latinoamericana de Organizações Campesinas, que realizou seu V Congresso, também em Quito, sob o lema: “Soberania Alimentar,   Dignidade e Cidadania Universal”.  A marcha foi uma articulação entre movimentos de campesinos e de imigrantes. A sintonia e unidade de luta foi visível durante a Marcha.  A diversidade de movimentos sociais não impediram que as bandeiras de luta fossem unificadas e reforçadas. Cerca de 5 mil vozes fizeram-se ouvir pelas ruas de Quito com gritos de guerra unificados como: “Si queremos e si nos da la gana, uma tierra unida, livre y soberana”; “ninguna persona es ilegal”; “migrantes unidos jamás serán vencidos”; ou ainda, “no queremos y no nos dá la gana, de ser uma colônia norte americana y si queremos y si nos da la gana América Latina, socialista y soberana”. Enfim, a luta era uma só: contra toda a forma de opressão. A Marcha unificada sinaliza que a articulação dos movimentos sociais é fato e fortalece a caminha para a construção de outro mundo possível.
 
Momento do Grito
 
Sendo o dia 12 de outubro a data que marca as mobilizações continentais do Grito dos Excluídos/as, pela simbologia da luta e resistência dos povos contra o colonialismo, ao final da marcha houve uma mística preparada pela delegação do Grito para marcar a data e se somar as inúmeras mobilizações que estavam ocorrendo em outros países. O Grito Equatoriano construiu um gigantesco protótipo de um avião e um barco, simbolizando os meios de transporte utilizados hoje pelos migrantes. Uma encenação mostrou ainda a dor de quem parte e a dor de quem fica a espera de que um dia se reencontrem e vivam com dignidade. Foi um momento de muita emoção e também de alegria quando os marchantes  migrantes desfilaram pela Praça São Francisco com o barco e o avião, dançando e cantando, e gritando: “Derrumbando el modelo, nadie es ilegal, pueblos em movimiento, por la ciudadania universal”.
 
Conclusões
 
Ao processo do FSMM apresenta-se o desafio de construir um novo paradigma civilizatório que garanta uma relação harmônica entre os direitos dos seres humanos e a mãe terra.
 
É necessária a construção de poderes locais, regionais, nacionais e mundiais, que permitam gradualmente ir conquistando espaço na definição de agendas públicas, programas e projetos.
 
Outro desafio, na construção de novos atores, aponta para a incorporação de crianças, adolescentes e jovens assegurando a incorporação de suas propostas e a participação efetiva no processo.
 
É preciso o respeito irrestrito aos direitos humanos das pessoas migrantes e o fechamento de todos os centros de internamento e de detenção no mundo e que sejam suprimidas as “redadas” e as deportações de milhares de migrantes nos países de trânsito e de destino; devem ser denunciados todos os meios de comunicação que criminalizam os migrantes e que incitam à xenofobia e o racismo.
 
O FSMM deve reiterar sua solidariedade aos povos do mundo especialmente ao povo palestino, colombiano e iraquianos.
 
Exigir que os países assinem, ratifiquem e ponham em prática a Convenção Internacional sobre os Direitos de todos os Trabalhadores Migrantes e de suas Famílias.
 
Cabe ao Fórum também o compromisso da contribuir na construção de um novo modelo civilizatório que privilegie a vida, a integração dos povos, a harmonia entre as mulheres, os homens e a natureza garantindo a sustentabilidade da humanidade e da Madre Terra para os próximos milênios.
 
Próximo Fórum
 
Durante a Assembléia dos Movimentos Sociais foi oficializado que a sede da quinta edição do FSMM será na Coréia do Sul.  Ao receber a noticia, o trabalhador migrante, representando a rede de movimentos sociais da Coréia, sensibilizado, fez um pronunciamento. Ainda que em coreano, a plenária se emocionou com sua reação. Uma colega também coreana, traduzia para o inglês e um imigrante dos EUA, traduzia para o espanhol. Porém o espírito de luta, garra e compromisso evidenciado neste migrante coreano dispensou palavras e traduções. Nos fez ver e sentir que a luta e o desejo de cidadania plena não tem fronteiras. A assim segue o Forum Social Mundial das Migrações: povos em movimento, ultrapassando fronteiras, por cidadania universal.
 
- Luiz Bassegio e Luciane Udovic, da Secretaria Continental do Grito dos Excluídos/as

A mais imunda campanha no período pós-redemocratização

Charge de Latuff


José Dirceu no Patria Latina

Episódios de baixaria mostram como age José Serra...
Depois das filhas do engenheiro Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto - uma contratada no gabinete de governador de José Serra e a outra num escritório de advocacia que tem entre seus clientes empreiteiras que trabalham com a DERSA - temos nessa questão dos panfletos (veja nota acima) mais uma prova de como agem o tucanato e o presidenciável da oposiçã, José Serra (PSDB-DEM-PPS). Paulo Preto é acusado de sumir com R$ 4 milhões da campanha eleitoral dos tucanos.
Agora, é descobrir quanto custa a impressão de 20 milhões de panfletos, como ia ser paga e quem pagaria. Apesar do responsável pela encomenda Kelmon Luís de Souza, da Diocese de Guarulhos (SP), afirmar que seria por "doações pesadas de quatro ou cinco fiéis", o mais provável é que isto fosse pago pelo Caixa Dois da campanha de José Serra.
A propósito da apreensão dos panfletos, os bispos da Regional Sul 1 da CNBB - São Paulo (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) divulgaram nota na qual antecipam que não patrocinam a impressão e a difusão de folhetos. "A Regional Sul 1 da CNBB desaprova a instrumentalização de suas declarações e notas e enfatiza que não patrocina a impressão e a difusão de folhetos a favor ou contra candidatos", diz a nota da CNBB divulgada em Indaiatuba (SP) e assinada pelo bispo de Santo André (SP) dom Nelson Westrupp.
Regional da CNBB exime-se de responsabilidade
A nota da Regional 1 - CNBB foi divulgada após reunião de 50 bispos que a integram, por duas horas, no sábado, quando concluíram que a entidade cometeu um erro em texto divulgado em agosto (já retirado do site da regional) sobre a eleição, quando fez referências ao PT e a nossa candidata, Dilma Rousseff (governo-PT-partidos aliados).
"O erro foi a apresentação de siglas partidárias. Isso não poderia ter acontecido", explicou o bispo de Limeira, d. Vilson Dias de Oliveira.
Eu espero que as investigações policiais descubram por que o panfleto com calúnias contra Dilma foi impresso na gráfica de uma militante do PSDB? Quem realmente pagou a impressão? Onde seriam distribuídos os panfletos? Onde estão os outros milhões de folhetos, se foi apreendido um milhão e a encomenda foi para imprimir 20 milhões?
Independente das conclusões, vivemos, assim, mais um capítulo da guerra suja travada nessa que já é a mais imunda campanha presidencial, desde a redemocratização do Brasil em 1985.