Israel é a quarta maior potência militar
do planeta. Os palestinos são provavelmente o povo mais desarmado do
planeta. Ainda assim, não dá para aceitar a opinião de Francisco Carlos
Teixeira (http://www.viomundo.com.br/ politica/francisco-carlos- teixeira.html)
de que Israel é uma realidade política (e militar) intocável. Isto está
totalmente contrário à lógica da realidade. Todo sionista sabe que este
Israel que eles construíram, com o apoio e cumplicidade de todas as
potências europeias (incluindo a ex-URSS) e os Estados Unidos, não
poderá subsistir por muito tempo a partir da introdução da democracia.
Sim, é a democracia o verdadeiro fator que vai levar ao fim de Israel
como o Estado judeu que os sionistas delinearam.
Segundo o historiador israelense
Ilan Pappe, Israel é o único país racista do Oriente Médio. Por ali, o
que menos existe são países onde prime a democracia. Os principais
aliados dos EUA e da Europa capitalista (Arábia Saudita, Jordânia,
Qatar, Emirados,…) são países governados pelas mais ferrenhas
oligarquias, por monarquias absolutistas que não estão submetidas a
nenhum controle democrático. Mas, nenhum deles se caracteriza por ser
racista. O único país claramente racista que existe na região é Israel.
Como todos sabem (ou deveriam
saber), a democracia moderna não pode admitir uma sociedade onde haja
discriminação de raças, uma sociedade onde os direitos são atribuídos em
ordem preferencial segundo à etnia (ou religião) de seus habitantes.
Então, este Israel como Estado judeu deixará de existir a partir do
momento em que todos seus cidadãos passarem a ter os mesmos direitos e
as mesmas obrigações. A partir do momento em que um cidadão israelense
de qualquer etnia (por exemplo, um palestino) puder usufruir dos mesmos
direitos que goza um cidadão israelense de religião judaica, podendo
inclusive postular-se ao governo do país e ser eleito (se a maioria dos
votantes assim o decidir), a partir de então, o Estado judeu como tal
deixará de existir.
Todos os sionistas sabem disto. E é
exatamente por esta razão que eles (especialmente os autodenominados
sionistas de “esquerda”) têm pavor a qualquer alteração que transforme
Israel num Estado de todos os seus cidadãos e não o mantenha como um
Estado exclusivamente dos judeus. Ou seja, eles sabem que a introdução
de uma democracia de verdade, que seja válida para todos seus cidadãos
(não a democracia só para os judeus) significará a morte do Estado
racista e exclusivista que eles construíram.
Embora eu entenda que o mais
lógico seria a existência de um só Estado na região que engloba
Palestina e Israel, não vejo como um entrave ao avanço a criação de dois
estados. Há muitos lugares do mundo onde dois ou mais estados foram
formados para atender às peculiaridades políticas do momento, apesar de
que seus habitantes não se constituíam em povos com diferenças
significativas. Basta observar o caso do Uruguai. Que diferenças
significativas de caráter étnico existem entre os uruguaios e os
argentinos? No entanto, como forma de evitar o confronto entre duas
outras potências maiores (Brasil e Argentina), o Uruguai foi
transformado em um país independente. E continua assim até hoje. Israel e
Palestina também podem seguir a mesma trilha.
O fundamental, em meu entender, é
defender o direito dos palestinos estabelecerem livremente seu Estado e,
ao mesmo tempo, exigir que o Estado de Israel passe a ser um Estado
democrático para todos os seus cidadãos. Ou será que a democracia só
serve como motivação de campanhas internacionais quando é para derrubar
governos enfrentados com as grandes potências capitalistas do ocidente?
Foto: Blog Democracia Ya