Ei-lo
que desponta glorioso diante de minha janela singrando as águas tranqüilas a
caminho do porto de Santos.
Refiro-me
ao navio da ONG Greenpeace, irmã gêmea da WWF, cujo presidente de honra vem a
ser o rei da Espanha aquele que gosta de se divertir assassinando elefantes e
na falta destes, búfalos.
Enfim,
ambas as organizações se merecem.
Mas
voltemos ao Greenpeace que ficou um fim de semana de alegria e júbilo em Santos.
Sim!
Por
onde esse barco passa, há alegria e júbilo.
Pelo
que eles fizeram no passado.
E
que, desgracadamente nada fazem nos tempos atuais.
Marketing,
isso eles fazem e muito bem.
O
pessoal do Greenpeace é hoje o rei do marketing.
Sabem
tudo e um pouco mais.
Hoje,
o pessoal que mais trabalha nessa organização, é o pessoal encarregado das relações públicas.
Digo
isso, e este blog é a prova, porque eles jamais condenaram Israel pela
destruição da natureza.
Há
mais de 60 anos que os israelenses destroem, derrubam e queimam oliveiras
palestinas e nenhuma, absolutamente nenhuma manifestação, nenhum protesto dessa entidade que se
diz defensora da natureza.
Já
foram destruídas mais de 500 mil oliveiras palestinas pelos israelenses e o
mutismo do Greenpeace é ensurdecedor.
Mas
como vivemos em tempos em que a mídia deixou a informação de lado, quem sabe
eles já protestaram e o protesto deles foi boicotado pela mídia?
Meu
filho( que já viveu entre os índios e mergulhou em locais sagrados a pedido
deles) esteve no barco para fazer apenas uma pergunta:
-Por
que vocês nunca protestaram contra a destruição das oliveiras palestinas pelos
israelenses?
Silêncio
total.
Ninguém
sabia o que responder.
Corrijo-me.
Apenas
um respondeu e para dizer que ignoravam esse fato, mas que iriam ficar atentos
a partir de agora.
Não
quero ser cruel com essa entidade, por isso não vou me alongar.
Se o movimento estudantil mexicano se definiu claramente
contra o representante do PRI, Enrique Peña Nieto, sua irrupção na cena
política foi muito mais além da disputa pela presidência. #YoSoY 132
instaurou um espaço de debate e diálogo que soube liberar-se da camisa
de força tradicional com que os meios de comunicação do sistema oficial
envolvem as sociedades. Por meio da internet e das redes sociais #YoSoY
132 criou um canal paralelo de discussão e de crítica global ao Estado
mexicano que não tem precedentes no país. A reportagem é de Eduardo
Febbro.
Cidade do México
- O impensável sempre tem lugar. Em pleno processo eleitoral mexicano, o
impensável se chamou #YoSoY 132, um movimento estudantil que surgiu na
Universidade Iberoamericana contra o candidato do PRI, Enrique Peña
Nieto, e contra o ultraje da informação simbolizado para os jovens no
canal Televisa. Se o movimento estudantil mexicano se definiu claramente
contra o representante do PRI, sua irrupção na cena política foi muito
mais além da disputa pela presidência. #YoSoY 132 instaurou um espaço de
debate e diálogo que soube liberar-se da camisa de força tradicional
com que os meios de comunicação do sistema oficial envolvem as
sociedades. Por meio da internet e das redes sociais #YoSoY 132 criou
um canal paralelo de discussão e de crítica global ao Estado mexicano
que não tem precedentes no país.
Ainda que o contexto seja
diferente e o México seja uma democracia, a sua maneira repentina e
mobilizadora #YoSoY 132 segue a trajetória dos jovens revolucionários do
Egito que, graças à internet, conseguiram plasmar uma rebelião contra
todo um sistema. Acusado de partidarismo, de servir aos interesses do
candidato da esquerda, Andrés Manuel López Obrador, dividido,
contaminado pela contrapropaganda, # YoSoY 132 sobreviveu aos ataques e
manipulações para deixar uma marca fresca e duradoura.
Como no
Egito da Revolução da Praça Tahrir, ou como ocorreu com os indignados
espanhóis, #YoSoY 132 se inscreve em uma corrente universal de renovação
e saneamento da democracia contra os poderes e interesses incrustados
nos grandes meios de comunicação. Como desse chamado quarto poder que é a
mídia depende em grande parte a qualidade da democracia, o movimento
estudantil agrupado em #YoSoY 132 inventou um quinto poder: a
possibilidade de difundir uma verdade não coincidente com a informação
normalizada da indústria da informação. De ator periférico #YoSoy 132 se
converteu em ator central e chegou até a realizar um debate
presidencial com três candidatos, do qual Enrique Peña Nieto não
participou.
Ana Rolón, estudante da Universidade Iberoamericana, e
Rodrigo Serrano, estudante de Comunicação na mesma universidade, fazem
parte do comitê logístico de #YoSoY 132. Têm apenas 22 anos, mas se
expressam com a convicção e a maturidade herdada de uma luta política
que não sonhavam protagonizar quando saltaram ao primeiro plano há
apenas alguns meses.
Neste diálogo com Carta Maior mantido em
uma praça do bairro boêmio de Coyoacán, os estudantes-dirigentes
delineiam a sociedade na qual se projetam no futuro.
Com que postulado central nasceu e se manteve o #YoSoy 132.
Rodrigo Serrano:
Nosso principal postulado é a democratização dos meios de comunicação e
a democracia verdadeira. Acreditamos que o candidato do PRI, Peña
Nieto, pode ganhar a eleição, mas pensamos que a fraude está também na
manipulação da informação. Os meios de comunicação distorcem a
informação. Queremos que a democracia mexicana seja uma democracia
informada e não uma democracia puramente formal.
Ana Rolon:
A democratização dos meios de comunicação vai muito além desta
conjuntura eleitoral. Parte do movimento lutou muito pelo voto
informado, ou seja, que se ofereça uma informação que integre as
propostas dos candidatos e o que cada um deles fez. O que dizemos para
as pessoas é: “não vá atrás do marketing político, da propaganda, da
cara do candidato”.
Como se situa o movimento com respeito à
violência que sacudiu o México nos últimos seis anos e às propostas
bastante tímidas dos candidatos?
Ana Rolon: Somos um movimento pacifista. Trata-se de lutar, mas com nossas armas: educação, conhecimento, leitura, cultura, arte. Rodrigo
Serrano: Nos criticaram porque protestávamos contra o governo e não
contra os narcos. Mas isso é uma contradição porque o narco é criminal,
não obedece à sociedade, mas sim a interesses privados. Protestar contra
o narco é como protestar contra uma árvore. Em troca, em teoria, o
governo funciona para escutar os cidadãos. Por isso, se queremos acabar
com a violência, primeiro precisamos de um governo que escute os
cidadãos. E essa é a causa pela qual estamos lutando.
Ana Rolon:
Nosso movimento exige este diálogo entre governo e cidadania. Por isso
nós organizamos um debate entre os candidatos onde o formato mudou
totalmente em relação aos debates anteriores organizados pelo IFE, o
Instituto Federal Eleitoral. O formato que escolhemos foi: “escuta os
que os cidadãos têm a dizer”. Recebemos as perguntas formuladas por toda
a cidadania através da internet. E aí se abriu o debate para todos, não
importando se o autor da pergunta fosse ou não estudante, do Distrito
Federal ou de outra parte. Recebemos 7.100 perguntas provenientes de
todo o país. Tomamos o debate desde um lado distinto, dizendo:
“Escutem-nos, nós somos a cidadania”.
Vocês, graças às
chamadas novas tecnologias, romperam o bloco tradicional no qual
funcionam os processos políticos, ou seja, onde os meios de comunicação
são intermediários absolutos entre os partidos e os eleitores.
Ana Rolon:
Nosso movimento partiu de um vídeo feito por 131 alunos da Universidade
Iberoamericana que respondiam aos ataques. Só quisemos dizer: “cuidado,
quero usar meu direito de resposta, não preciso enviar uma carta aos
editores. Posso usar as tecnologias e te desmentir”. As novas tecnologias foram então determinantes para o auge do movimento estudantil mexicano.
Rodrigo Serrano:
A tecnologia é a espinha dorsal desse movimento. Nos primeiros dias
havia uma imagem muito interessante que circulava no Facebook e que
dizia: “não é que o México estivesse adormecido, é que não havia a
internet”. Há muita gente que está aqui enojada e com as redes sociais
se abre a possibilidade de se organizar.
As redes sociais serviram para romper o cerco da informação.
Ana Rolon:
Sim. Graças às redes sociais não precisamos ficar esperando que os
meios tradicionais informem sobre uma marcha. Não faz falta mais. Nós
jogamos muito com tecnologia e com a rua. Assim nós podemos saltar por
cima desses meios que nós consideramos de “duvidosa neutralidade”. Por
exemplo, como os meios tradicionais sempre distorcem a informação sobre
quanta gente participa realmente das marchas, nós cantamos para eles:
“não somos um, não somos cem, imprensa vendida, conta-nos bem”. As
tecnologias tem nos ajudado muito a limpar o viés dos meios oficiais e
ir muito mais além.
Rodrigo Serrano: Muitos canais de
televisão não entenderam que, agora, nós somos o meio. Transmite-se
através de nosso canal. Esses canais não gostam que não necessitemos
deles. Chegaram até a dizer que havíamos firmado um contrato de
exclusividade com o Youtube. Mas o Youtube não é um meio, o meio é nosso
canal, o canal 131. O sinal está aberto para que seja acessado, mas a
produção é nossa. Isso eles não aceitam. Não conseguem entender que
agora os cidadãos também podem ser meios de comunicação. O problema
central no México não está no fato de que os meios de comunicação e o
poder político sejam cúmplices, mas sim que são a mesma coisa. Por isso,
não temos uma democracia real.
Ana Rolon: O tema da
democratização dos meios de comunicação vai mais além desta eleição
presidencial. Vai para sempre. Ganhe quem ganhe, vamos seguir exigindo
esse diálogo, essa interação muito mais direta entre cidadãos e
políticos. Seguiremos em cima dos meios de comunicação que não respeitam
os interesses da cidadania, mas sim os interesses políticos e os
interesses privados. Não vamos dormir. Seguiremos exigindo o diálogo.
Esse é o grande símbolo.
Como vocês projetam o futuro? Qual papel e que estratégia pretendem adotar?
Rodrigo Serrano:
O México já tem um século de governos autoritários e paternalistas onde
o governo acredita fazer o favor de promover algumas melhoras para
alguns. Mas isso não deve ser assim. Nos últimos 12 anos, nossa
democracia foi meramente formal, não se meteu na vida pública. Isso que
ocorreu é um sintoma de que os cidadãos se deram conta de que podem
exigir e serem escutados. Nós estamos hoje em condições de organizar
debates. Os candidatos, o governo ou o presidente não são deuses com os
quais não podemos falar. São pessoas e estão aqui para nos atender. São
servidores públicos. O que importa agora não é nosso movimento como
organização, mas sim como símbolo. Graças ao debate que organizamos com
os candidatos, aos protestos contra Peña Nieto, aos protestos contra a
Televisa, demonstramos que é possível falar cara a cara com os
governantes. Isso, no México, era algo impensável. Eu creio que, ganhe
quem ganhe, isso veio para ficar. Pode ser que o PRI conserve ainda o
gene autoritário e repressor, mas nós temos agora novas tecnologias de
comunicação e um novo modo de pensar. Não vai ser tão fácil.
As forças políticas aliadas aos EUA e adeptas do
neoliberalismo obtiveram duas expressivas vitórias na América Latina nos últimos
dias. No Paraguai, elas patrocinaram um golpe “parlamentar”, abortando o frágil
ciclo de mudanças iniciado pelo ex-bispo dos pobres Fernando Lugo. No México,
elas garantiram o retorno do PRI ao poder, com a vitória folgada do empresário
Peña Nieto. Com estes dois resultados, as forças direitistas do continente
sentem-se mais fortalecidas, animadas para as próximas batalhas.
Em ambos os casos, o império estadunidense – também envolto
numa disputa presidencial – foi cauteloso no seu posicionamento. Não deu apoio explícito
aos golpistas paraguaios e nem se pronunciou abertamente sobre a eleição
mexicana. Mas é evidente que os EUA saíram satisfeitos com os dois desfechos.
Há muito se opunham ao presidente Lugo, como revelaram documentos vazados dos
Wikileaks, e não gostariam de ver no México um presidente que defendia a
soberania nacional, como Lopes Obrador.
A fragilidade do projeto antineoliberal
Do ponto de vista prático, imediato, os EUA cravaram mais
duas vitórias – que se somam ao golpe em Honduras e às vitórias da direita no
Chile e na Colômbia. México e Paraguai serão fiéis aliados do império na
sabotagem a qualquer projeto de integração soberana da América Latina – seja no
Mercosul, na Unasul e, pior ainda, na Alba. Eles também manterão, na essência,
o projeto neoliberal de desmonte do estado, da nação e do trabalho, sendo o
contraponto aos governos progressistas do continente.
As duas vitórias da direita revelam ainda a fragilidade dos
projetos mudancistas, antineoliberais, na região. No caso do Paraguai, a frágil
base econômica – num país em que os ricaços não pagam impostos e no qual 70%
das terras estão concentradas nas mãos de 2% dos latifundiários – dificultou a
adoção de políticas sociais mais avançadas. Para piorar, Lugo não contava com
movimentos sociais robustos, nem estrutura partidária e nem base parlamentar –
apenas um senador votou contra o seu impeachment.
Obstáculos à construção de alternativas
Já no caso do México, as três últimas décadas de hegemonia
neoliberal – a princípio lideradas pelo PRI, que traiu totalmente o seu projeto
original transformador, e depois pelos conservadores do PAN – dificultaram a
construção de alternativas políticas mais à esquerda. O país se transformou numa
autêntica colônia dos EUA, a partir da imposição do Nafta. Ele regrediu
economicamente e foi vitimado por todas as suas chagas – subemprego, miséria e
crescimento vertiginoso da criminalidade e do narcotráfico.
Neste trágico cenário, a esquerda não conseguiu construir
alternativas e o bloco neoliberal se recompôs. Como explica o sociólogo Emir
Sader, a regressão foi o caldo de cultura para o fortalecimento do PRI, agora
totalmente controlado por forças de direita. Ele cresceu com o “enfraquecimento
do governo de Felipe Calderón, sobretudo com o fracasso do seu carro-chefe, a
guerra contra o narcotráfico”. Já o PRD de Lopes Obrador “perdeu vários
governos, como resultado de crise internas constantes”.
Luta de classes mais intensa
É certo que os golpistas do Paraguai e os neoliberais do
México terão muitas dores de cabeça pela frente. Na nação vizinha, cresce a
onda de protestos pelo retorno à democracia e os movimentos sociais dão passos para
rearticular a resistência. Além disso, os golpistas cavaram seu isolamento na
região, com o Paraguai sendo suspenso do Mercosul e da Unasul e recebendo
reprimendas até da dócil OEA. Mesmo que o golpe se consolide, novas eleições
deverão ocorrer no início do próximo ano.
Já no México, os neoliberais terão que governar um país
devastado e ensanguentado – como quase 50 mil mortos nos últimos doze anos. Como
aponta o escritor Eric Nepomuceno, “o México vive uma espiral de barbárie que
ninguém sabe onde vai parar. E, pior, ninguém parece saber como parar. Uma
estranha guerra civil, entre traficantes... Esse descalabro é, hoje, o cerne da vida
mexicana. Há uma nuvem permanente de imagens macabras – decapitados
dependurados em postes e pontes, decapitados em automóveis abandonados, corpos
queimados atirados em praças, parques, esquinas –, pairando sobre o cotidiano
de todos e de cada um dos habitantes do país”.
“E é debaixo dessa nuvem que o novo presidente mexicano irá
enfrentar o dia seguinte ao da vitória. Ele herdará um país cada vez mais
atado aos desígnios de Washington. Um México que, graças a esse atestado de boa
conduta, atrai capitais, gera rendimentos, se tornou um país bom para os
investidores. Resta saber quando, e como, o México deixará de estar mergulhado
em sangue e passará a ser um país bom para os mexicanos”.