quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

Hipocrisia e barbárie



Wladimir Pomar

A morte daquela criança de seis anos serviu de pretexto para um ataque paranóico de hipocrisia daquela parte da sociedade brasileira que é responsável pelo sistema gerador de facínoras que mal alcançaram a maioridade legal, ou ainda não a alcançaram.

A trágica morte de uma criança de seis anos, durante o roubo de um carro no Rio de Janeiro, é sem dúvida uma demonstração da barbárie em que já estão envolvidas as grandes cidades brasileiras, com freqüentes respingos pelas cidades do interior. Isso para não falar do que acontece pelas áreas rurais do centro e norte do país, onde a pistolagem mata com selvageria e, em geral, impunemente, lavradores e os que os defendem.

Por outro lado, a morte daquela criança também serviu de pretexto para um ataque paranóico de hipocrisia daquela parte da sociedade brasileira que é responsável pelo sistema gerador de facínoras que mal alcançaram a maioridade legal, ou ainda não a alcançaram. Ao invés de reconhecer sua responsabilidade pela desagregação do tecido social brasileiro, e por milhões de jovens vegetarem sem oportunidade de educação e trabalho digno, sua reação exclusiva foi exigir penas mais duras, e até mesmo a pena de morte.

Em outras palavras, ao invés de sugerir medidas que solucionem a situação de abandono em que vive grande parcela da juventude pobre, para retirá-la das teias que a prendem ao tráfico e ao banditismo, quer fazer crer que o que falta é rigor nas leis e na repressão. É incapaz de reconhecer que a legislação e o aparato repressivo e prisional brasileiros estão falidos, eles próprios fazendo parte do sistema de re-alimentação do crime organizado e desorganizado. E que, ao invés de reduzir a incidência de crimes e atos de barbárie, conjugado à falta de educação e trabalho, esse sistema só a tem agravado nos últimos anos.

É evidente que a existência de instrumentos sociais de educação, trabalho e moradia dignos não é suficiente para evitar crimes bárbaros e hediondos. Mas a existência de tais instrumentos, coadjuvados por um sistema repressivo e prisional com credibilidade pública, é condição necessária para reduzir de forma consistente uma situação que já se tornou epidêmica, em grande medida porque a própria polícia concorre com a bandidagem na prática da barbárie contra a população.

Num quadro como esse, a gritaria hipócrita de parte da elite pode até angariar alguns pontos e conseguir algumas leis mais duras. Porém, com certeza, não conseguirá sucesso e, no próximo ato de barbárie, voltará com a mesma ladainha. Ou seja, além de hipocrisia, enganação.

Wladimir Pomar é escritor e analista político.

Fonte: correio da cidadania

Sair do pântano da “NTV”

Léo Lince
O eleitor vota no candidato individual e tal voto é tido como intransferível. Mesmo não sendo inteiramente verdadeiro, esse é o princípio que nomeia o “non-transferable vote” (NTV). Seu argumento básico é a prerrogativa do eleitor, por sobre o partido, na escolha do mandatário, individualizado na cédula de votação. Eleito e diplomado, ele é o dono absoluto do mandato e opera como tal.

O tipo de lista adotado nas eleições brasileiras se tornou, ao longo do tempo, uma matriz de reprodução das mais escabrosas distorções da nossa cultura política. A tal lista “não ordenada” é de tal forma aberta que nem mereceria, a rigor, o nome de lista, mas de “ajuntamento de candidatos”.

O eleitor vota no candidato individual e tal voto é tido como intransferível. Mesmo não sendo inteiramente verdadeiro, esse é o princípio que nomeia o “non-transferable vote” (NTV). Seu argumento básico é a prerrogativa do eleitor, por sobre o partido, na escolha do mandatário, individualizado na cédula de votação. Por outro lado, esse dado originário define o perfil da campanha eleitoral, que se estrutura em torno de uma multidão de candidaturas.

São raros, no mundo, os países que se utilizam deste tipo de lista; e são muitos, no Brasil, os efeitos deletérios de sua aplicação. Nele, na realidade, o candidato só precisa de partido como cartório para registrar a candidatura. Eleito e diplomado, ele é o dono absoluto do mandato e opera como tal. Entre as decorrências disto está o troca-troca infernal de legenda, que em algumas legislaturas chega a superar 50% dos eleitos.

Como o voto é na pessoa e não no partido, a disputa eleitoral não se estrutura em torno de programas, mas de preferências personalizadas. E o ambiente de campanha se estabelece como guerra entre candidatos que disputam o mesmo espaço político, sendo mais acirrada muitas vezes a competição entre candidatos de um mesmo partido. Há um forte incentivo para a personalização do voto e da reputação individual sobre a partidária, com a eleição de personalidades em vez de propostas e programas. Quanto mais candidato melhor, qualquer tipo serve, daí o descuido dos partidos com a qualidade da “lista” e o número excessivo de candidatos, com repercussões no custo das campanhas e na babel da propaganda política.

Alem dos defeitos a ele associados em nossa cultura política, o mecanismo da “NTV” não cumpre na prática o que o seu princípio promete. Embora se defina como baseado na intransferibilidade do voto do cidadão, a experiência mostra que o voto migra para outros candidatos que não o escolhido pelo eleitor. Vai para outros candidatos do mesmo partido ou, mais grave, pode migrar para partidos diferentes com a possibilidade, existente entre nós, das coligações nas eleições proporcionais.

Analisando dados da eleição de 1990 para deputado federal no Rio de Janeiro, o professor Renato Lessa elaborou uma tabela que pode ser aplicada a qualquer outro pleito com resultados semelhantes. Todos os votos dos candidatos derrotados (naquela eleição, 39% dos votos) contam para a legenda do partido. Os poucos candidatos muito bem votados, que ultrapassaram o quociente exigido para a obtenção de uma vaga, fornecem esta sobra para a legenda (naquela eleição, 7%). Se somarmos estes votos (46%), que foram para destino diferente do indicado pelo eleitor, aos votos dados diretamente na legenda (naquela eleição, 21%), teremos uma maioria definida fora do princípio que norteia o modelo. Segundo Lessa: “um estranho fenômeno, produzido por um mecanismo que apresenta, como sua principal virtude, a maximização da liberdade de escolha do eleitor”.

O mecanismo da “NTV” é o pior possível para a expressão autêntica do princípio da representação proporcional, entendida como manifestação ordenada das diferenças programáticas existentes na sociedade. Para os que lutam pelo aperfeiçoamento do voto proporcional, o primeiro passo é sair do pântano da “NTV”.

Fonte:correio da cidadania

Lamentável...

Parece que Abel Braga, técnico do Internacional ainda não aprendeu uma lição básica na vida e roteiro dos treinadores. Ontem, o colorado ganhava o jogo por 1x0, aos 18min do segundo tempo, a aquipe adversária com um jogador a menos e ele espantosamente, saca do time o centroavante, que tinha como função, entre outras, a de segurar a zaga inimiga, e coloca um meio campo, embora fosse Fernandão, fora de forma, pois vem de lesão, para rechear o meio campo. Consequentemente, o Nacional foi pra cima do colorado e numa falha horrorosa, num lançamento do seu goleiro, empata o jogo e a partir daí faz mais dois gols definindo o placar em 3x1 contra o Colorado CAMPEÃO DO MUNDO-FIFA-2006.
Ou o Abel presta mais atenção ao jogo ou o colorado termina sua odisséia rumo ao BI da libertadores de forma melancólica e frustrante para seus torcedores saindo logo na primeira fase.