segunda-feira, 25 de maio de 2009

O que seria do mundo sem os sábios de araque?


Palestrantes picaretas

O que seria do mundo sem os palestrantes? Talvez um lugar melhor. Você já deve ter reparado como esta cidade virou alvo privilegiado deles. De epidemia nos anos 90, passou agora a peste incurável. E o assédio é total. De repente, você está no emprego, e o RH faz a convocação para todos assistirem a uma palestra sobre as lições do boto amazônico para a liderança. Abundam especialistas em generalidades as mais inimagináveis: desportistas falam das lições de vitória aplicadas ao trabalho; ex-filósofos montam cursos de treinamento para atendentes de telemarketing; psicografia aplicada às vendas...

Todo acadêmico fracassado percebe que fazer palestra em empresa é lucrativo. Conheço vários gênios universitários promissores que trocaram seus altos ideais por um faturamento maior. Não os condeno, porque a carreira acadêmica é mal-remunerada e frustrante, e não há boa instituição que escape da pasmaceira e da rede de inveja. Acaba sendo mais lucrativo discorrer superficialmente sobre assuntos nos quais o acadêmico se aprimorou, mesmo que para uma audiência de zé-manés. Estes formam o público-alvo dos palestrantes, já que a formação no Brasil é uma vergonha.

Em terra de cego, conferencista é pensador. Os olhinhos brilham quando ele discorre sobre superação e cita neurolinguística, psicanálise ou uma proposição de Wittgenstein. O público se sente recompensado, mesmo que seja com vidrinhos de mais falso brilho intelectual. “Vou usar este aforismo na próxima reunião!”, pensa o gerente que assiste à apresentação.

As palestras são aulas-shows divertidas, até porque os especialistas usam data show para projetar figurinhas e frases de efeito, em corpo bem grande, para todo mundo entender. Cada conferencista guarda o seu sistema de exibição. Há o piadista ou o que faz passos de funk para acordar a patuleia. Há o democrata que “abre o debate” para ganhar tempo. E também aparece às vezes o vulto professoral que defenden autoajuda como se fosse uma tese de doutorado em Oxford.

Que reis do sofisma ele são! Usam exemplos para sustentar um argumento assertivo que em geral não se apoia na realidade. Eles vendem tudo como se fosse “o Segredo”, da força do pensamento positivo à Arte da Guerra de Sun Tzu, do Cristo à física quântica.
As pessoas já não creem em mais nada nem têm padrões éticos ou lógicos claros. O resultado é que viraram reféns do engano bem embalado. Os palestrantes preenchem a lacuna da nossa ignorância. O problema é a superpopulação desses sábios de araque. Daqui a pouco serão tantos que vai haver gente bradando manual corporativo pelas ruas, feito pregador de Bíblia.

Texto de Luis Antônio Giron do blog Mente Aberta.

CAPANGAS OU PISTOLEIROS - qual é a turma do Gilmar?

Lembrando de minha avó, que ameaçava lavar nossa boca com sabão sempre que desconfiava estarmos escondendo o que fazíamos de errado e inventando mentiras, só ouço o noticiário de TV enquanto estou lavando louça. A boa velhinha nunca cumpriu com suas ameaças e, infelizmente, também não posso fazer nada. Daí que só ligo a TV enquanto estou na pia, pois desconto minha ira nas panelas: "- Me respeitem que vocês não estão falando com seus homer simpsons!" (Homer Simpson é o personagem meio idiota de um desenho animado, ao qual William Borner, o apresentador e editor do Jornal Nacional, comparou seus telespectadores).

Mais atento à sujeira das panelas do que à da Globo News, não peguei o nome da juíza convidada para comentar o pito do Ministro Joaquim Barbosa no presidente do Supremo, num programa da emissora, levado ao ar dia 23 de abril pela manhã; mas a afirmação da juíza tentando pôr panos quentes, acho que acabou por incendiar o palheiro. Ao menos na minha parca compreensão das coisas.

Naquela tentativa de especularem sobre a discussão, a juíza recusou a intenção dos jornalistas de culpabilizar o poder executivo pela desmoralização do judiciário, mas escorregou quanto à referência aos capangas do Gilmar Mendes, tentando minimizar com a sugestão de que Joaquim Barbosa provavelmente se referisse aos guarda-costas do Presidente do Judiciário.

A juíza resvalou lá na TV e aqui na pia a panela ensaboada escapou-me da mão, tamanho o susto! Porque o Presidente do Supremo do Tribunal Federal precisaria de guarda-costas?

Presidente, deputado, empresário, governador, prefeito, jogador, artista, gente famosa, vá lá! Sempre podem render algum resgate e nunca falta algum maluco querendo entrar pra história, além dos naturalmente revoltados por seus desmandos.

Já imaginaram o nefando George Bush sem guarda-costas? Morreria soterrado de sapatos!

Mas quem diabos se beneficiaria atacando um Presidente do Supremo Tribunal Federal?

Excelentemente relacionado com a UDR e os mais poderosos bandidos desse país aos quais sempre atende com habeas corpus e outros pauzinhos judiciariamente manipulados, a quem teme o Gilmar? Quem ameaçaria sua integridade?

Me refiro a integridade física, claro!, pois quanto a moral o Presidente do Supremo tem se demonstrado pouco cioso. Vai ver só exigiu o respeito do Ministro Joaquim por algum incontido preconceito. Aliás, só por aquela careta disfarçada de sorriso, já merecia ser enquadrado em qualquer lei anti-racista.

Eu lá ariando a gordura das panelas, e a pergunta insistindo em minha cabeça: "Quem teria interesses, condições e meios para ameaçar tão alto magistrado?"

Não posso acreditar que os Sem Terra, ou qualquer outro grupo de reivindicações populares, tenham acesso sequer aos ouvidos do Presidente do Supremo para poder xingar sua mãe. Se tivessem, a pobre senhora já estaria mais desqualificada do que as progenitoras de árbitro de futebol em decisão de campeonato na marcação de pênalti, no último minuto de placar empatado. É o que se deduz só do blog do Noblat, onde um corolário de centenas de mensagens de leitores entusiasmados, repete em coro o que afirma um deles: Joaquim Barbosa lavou a alma dos brasileiros!

E olhem que leitor do blog do Noblat sequer é de esquerda! Está longe de ser petista, ou lulista.

Continuei circundando a esponja ensaboada, perguntando aos pratos e talheres as razões de um presidente do Supremo Judiciário em manter um exército de guarda-costas? Se a juíza houvesse se referido aos seus empregados, até poderia entender: motorista, arrumadeira, cozinheira, secretária... Natural!

Um ou até dois guardas-costa que sejam, compreensível! Mas o dizer da juíza deixou claro que Gilmar Mendes deve ter mais guarda-costas do que o juiz Odilon, aquele de Ponta Porã, há décadas ameaçado por traficantes e contrabandistas da sempre violenta fronteira com o Paraguai.

O Gilmar! Lá em Brasília? Mesmo que seja em Mato Grosso, como afirmou o Barbosa: "... O senhor não está falando com seus capangas do Mato Grosso."

Sei não... Minhas panelas desconfiam que quem vai precisar de guarda-costas, a partir de agora, será o Joaquim Barbosa.

Raul Longo
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