domingo, 26 de abril de 2009

Reflexões de Fidel....


Preso pela história

• A comparecência de Daniel na Mesa-Redonda da Televisão Nacional foi como esperava. Falou com eloquência, foi persuasivo, sereno, irrebatível.

Não injuriou, nem quis injuriar nenhum outro país da América Latina, mas se aferrou à verdade cada minuto de sua comparecência: a Venezuela, a Bolívia e a Nicarágua, como porta-vozes da ALBA, rejeitaram de forma expressa a ideia de que a Declaração Final fosse apresentada como um acordo de consenso.

Soubemos por Daniel que o próprio Obama reconheceu que não tinha lido aquele documento, que passou de contrabando como Declaração Oficial da Cúpula. A Telesul também transmitiu simultaneamente a comparecência. Teve ampla divulgação.

Daniel exprimiu conceitos lapidares. "Foi a reunião da censura". Fim do bloqueio a Cuba!, foi um clamor unânime, com diferentes matizes, porém unânime."

Ele afirmou: "A intervenção do presidente Rafael Correa foi muito boa quando explicou: "Eleições não significam democracia, porque o multipartidarismo é apenas uma maneira de desintegrar a nação." Daniel acrescentou: "Cuba tem um modelo onde não se divide o povo cubano em verde, vermelho, amarelo e laranja. É simplesmente o povo cubano, seus cidadãos, sem essas campanhas onde estão em jogo os lucros dos grandes capitais. O povo cubano é quem elege suas autoridades sem a estridência das eleições nas democracias burguesas impostas pelo Ocidente.

"A cortesia não elimina as diferenças ideológicas e políticas, não elimina a realidade. Quero sublinhar isso porque percebi muito encantamento nalguns chefes de Estado e de Governo por apertarem a mão do presidente Obama." Referindo-se ao flautista de Hamelin expressou: "Com sua flauta pequena e todos os ratos atrás, vamos para o precipício. Contudo, Obama não conseguiu o efeito que ele queria."

"Os Estados Unidos não mudaram, Raúl o destacou em Cumaná. Foi uma administração republicana a que preparou a invasão pela Baía dos Porcos e foi uma administração democrata a que a executou.

"O presidente dos Estados Unidos expressou que o passado tem que ser esquecido, mas está preso no passado! de 50 anos de bloqueio a Cuba; que, no ano de 2004, quando era candidato a senador, disse que o bloqueio a Cuba era uma barbaridade, que se devia pôr fim a ele. Fizeram-lhe a pergunta na entrevista coletiva e agora responde que isso foi há milhares de anos. Isso significa que ele mente, é uma resposta de uma pessoa que mente.

"Expressou que não se pode pôr fim ao bloqueio a Cuba. Que Cuba devia agradecer as concessões que eles fizeram recentemente. Querem vender isto como uma mudança; nem sequer se aproximam das medidas tomadas por Carter há 30 anos, é realmente um retrocesso. Querem que nos esqueçamos da história.

"A OEA morreu. É um cadáver insepulto."

" A Unidade Africana tem seu próprio instrumento. Não está a França, não está a Inglaterra, os antigos colonialistas destes povos não estão ali, estão os povos da África.

"Da mesma maneira, os povos latino-americanos e caraibenhos temos que estar aqui , e dessas posições, desse diálogo, dessa unidade, dialogar com o Norte, dialogar com os Estados Unidos e o Canadá, dialogar com os europeus; isto é, dialogar com os países do Norte e defender nossas posições.

"O que também fica claro nesta Cúpula é que os Estados Unidos não mudaram e que a América Latina e o Caribe mudaram; mudamos e estamos mudando aferrados às raízes da nossa história".

Explicou finalmente que "o documento estava morto e a política da cenoura e do garrote continua vigente, porque o presidente Obama está preso na estrutura de um império".

Fidel Castro Ruz

Créditos: Granma eletronico

A Revolução dos Cravos faz 35 anos




Depois de sexta-feira é 25 de abril... Trinta e cinco anos após a "Revolução dos Cravos" é tempo suficiente para se fazer um balanço dos danos causados pela feroz e permanente ofensiva mantida pelo grande capital e pelas fações mais reacionárias da Igreja, contra as grandes conquistas democráticas em curto espaço de tempo alcançadas.

Em duas linhas, o essencial das conquistas políticas foi mantido; mas o inimigo de classe — a política capitalista, os esmagadores grupos financeiros e a igreja, entrelaçados — conseguiu suprimir ou debilitar conquistas sociais e travar, até certo ponto, o curso dos movimentos reivindicativos.

Um exemplo, entre muitos outros: os direitos fundamentais, inscritos na Constituição da República, foram resguardados graças à resistência dos trabalhadores.

Já o mesmo não aconteceu com as formas de organização do trabalho ou da administração pública, alvos permanentes de violações e de saques, a ponto dessas metas se tornarem irreconhecíveis como frutos da legislação democrática de Abril.

O pleno emprego, a melhoria do nível e qualidade de vida dos trabalhadores ou a livre e saudável concorrência no comércio, tornaram-se simples acidentes de percurso e servem agora apenas para alimentarem o discurso político demagógico. O fosso entre os rendimentos é cada vez maior e a desonestidade pública impera em todos os escalões. Correm grandes riscos a paz social e as liberdades.

Tantos anos passados, o regime democrático continua por construir.

Mudar e fingir que não se muda ...

Na gramática capitalista, mudar é uma expressão ambígua. As grandes fortunas só mudam a face do mundo em proveito próprio e quando se trata de criar condições favoráveis ao desenvolvimento dos seus faraónicos interesses. O interesse geral é indiferente aos ricos. Na fase de enchimento político-econômico do grande capital, sentiam-se à vontade para repartirem entre si os lucros reservando, entretanto, suculentas migalhas do bolo para aqueles que melhor os serviam.

Nessa fase, acenavam com o milagre econômico e com a paz social, pilares fictícios da sua tese de reconciliação de classes.

Recebiam um poderoso impulso da área religiosa, nomeadamente por parte da Igreja Católica, profundamente interessada no êxito financeiro da classe capitalista dirigente na qual as religiões também se incluíam. E foi assim que o vampiro capitalista, apoiado na força desmedida da sua maioria parlamentar, alcançada no tempo das vacas gordas, tem vindo a devorar, grão a grão, os direitos e as liberdades conquistados pelo povo, em Abril.

A tirania do dinheiro avançou "pela calada", apoiada nas palavras ocas, na mentira e na demagogia que tudo promete e nada concretiza.

Inicialmente, os banqueiros prometeram o sucesso e a sociedade da abundância e conseguiram, com a sua retórica vazia de conteúdo, captar com mentiras alguns trabalhadores. Mas sobreveio a crise econômica e financeira mundial (que se sobrepõe à crise econômica e financeira nacional) e dispararam imparavelmente os números do desemprego, das falências, o agravamento do custo de vida e os impostos fiscais. É uma queda dramática que pode ser prelúdio de uma tragédia social.

É certo que "depois de amanhã é 25 de Abril", mas temos que aproveitar estas horas que vivemos para inverter o curso dos acontecimentos e reconquistar para Portugal uma sociedade democrática. Através do voto consciente e da firmeza da luta democrática e social. Pela mobilização colectiva dos trabalhadores e com a sua aberta intervenção na área política. Porque o povo quer e o povo sabe o que quer.

O mundo que nos rodeia está em constante e profunda mudança. Mas é preciso que mude o seu percurso no sentido dos interesses, das esperanças e dos direitos dos trabalhadores. Repugna olhar o que se passa no nosso país. Os ricos roubam e humilham os pobres impunemente. A Justiça não funciona. A mais descarada mentira pública é prato forte da classe política.

A Igreja é uma triste caricatura da sua própria doutrina. Fechou os olhos aos crimes do fascismo, antes do 25 de Abril. Depois, amontoou fortunas com a especulação financeira e através dos grupos econômicos e dos bancos que dirige.

Quer agora surgir aos olhos dos trabalhadores como anjo da reconciliação de classes.

Quando o dinheiro girava com abundância, a Igreja promovia a sociedade de consumo. Agora que alastram a fome e a miséria, a hierarquia católica vai procurar aparecer como grande senhora da sorte dos famintos. É outra vez a história medieval dos senhores da guerra de "pendão e caldeiro": exterminavam os povos, roubavam tudo o que podiam mas ofereciam aos sobreviventes um caldo cozinhado nos seus caldeirões.

Para que os pobres pudessem ganhar forças suficientes e continuassem a ser escravos dos seus senhores...

Texto: Por Jorge Messias, para o jornal Avante!

Discurso do presidente Iraniano na ONU

Ahmadinejad condenou muito mais do que o racismo de Israel


No último dia 20 de abril, o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad, foi o grande protagonista do primeiro dia da conferência da ONU sobre o racismo ao proferir um longo discurso no qual, entre outras questões, o líder iraniano denunciou o "racismo" israelense e, sob este pretexto, foi imediatamente satanizado pela máquina de propaganda do sionismo que convenceu o mundo ocidental --incusive a diplomacia brsileira-- de que qualquer crítica a Israel é por si só uma declaração antissemita. Mas o que a mídia e os governos ocidentais que condenaram o discurso do líder iraniano não disseram foi que a denúncia do racismo israelense era apenas uma pequena parte de um discurso que tinha como alvo principal a atual ordem política internacional.


A leitura da íntegra do discurso de Ahmadinejad revela que de um discurso com mais de 2.600 palavras, apenas 164 (menos de 7%) foram destinadas à denúncia contra o racismo israelense. O restante do discurso foi focado na denúncia dos crimes e violações cometidos pelo imperialismo norte-americano, no apontamento do capitalismo selvagem como responsável pela atual crise econômica, na denúncia das diferentes formas de racismo no mundo e no apelo para que sejam efetivadas mudanças na ONU, sobretudo em seu Conselho de Segurança.Veja aqui, no sitio do Vermelho, a íntegra do discurso.