domingo, 2 de maio de 2010

A microsoft e o trabalho escravo....

Os desafios da sustentabilidade na cadeia de valores: a Microsoft e os adolescentes escravos na China

Recebido por email do vereador João Couto de Candiota-Rs, extraido do sitio http://www.brasilautogestionario.org/




Trabalhadores adolescentes exautos dormindo durante os 10 minutos diarios de pausa
Fonte: SustentaNews – 

No Youtube há um vídeo promocional muito interessante da Microsoft que mostra uma visão de futuro de um mundo sustentável, no qual as soluções da empresa desempenham um papel fundamental. É um mundo clean, no qual as tecnologias de comunicação se integram para gerar uma conectividade quase absoluta, dispensando o uso do papel e poupando o tempo das pessoas para se dedicar a plantar jardins no alto dos prédios. O vídeo, tecnicamente muito bem feito, impressiona, mas ao mesmo tempo traz de imediato uma reflexão: onde estão os pobres? Onde está a sujeira que se esconde por debaixo do tapete (verde) do mundo “sustentável” da Microsoft?
No último dia 13 de abril o National Labor Committee, um grupo de pressão dos Estados Unidos dedicado a investigar e expor as más práticas trabalhistas das empresas americanas, revelou o outro lado do mundo perfeito desenhado pela Microsoft. Um impressionante relatório revela como adolescentes com idades entre 14 e 16 anos trabalham na China como escravos em condições subumanas para produzir periféricos para grandes empresas de tecnologia, sendo justamente a Microsoft a maior delas.
O relatório se chama “China’s Youth Meet Microsoft:  KYE factory in China produces for Microsoft and other U.S. Companies” e traz relatos e fotografias chocantes que resumem três anos de investigações na fabrica da empresa KYE, em  Dongguan, importante cidade industrial no sul da China. A denúncia é de que a fabrica emprega cerca de mil estudantes secundários como “aprendizes” para trabalhar em jornadas de até 15 horas produzindo mouses, webcams e outros periféricos.
O restante dos trabalhadores da fábrica é composto por mulheres na faixa de 18 a 25 anos, constantemente submetidas a assedio sexual por parte da equipe de segurança. Os adolescentes “aprendizes” recebem cerca de 1 real por hora de trabalho, o qual descontado o custo da alimentação servida pela empresa, se reduz a cerca de R$ 0,85/hora.  Normalmente eles ficamj trabalhando por períodos de três meses, durante o qual dormem na fabrica em dormitórios descritos como “sujos  e primitivos”.
A rotina é militar. Os trabalhadores são proibidos de falar entre si, de escutar música, atender a celular ou ir ao banheiro fora dos 10 minutos autorizados durante o dia. As condições de trabalho são terríveis e durante o verão o calor passa fácil dos 30 graus, o que torna mais fatigante o ritmo necessário para cumprir a meta obrigatória de 2.000 mouses da Microsoft por turno para cada grupo de 20-30 adolescentes.
Obviamente, como destaca o National Labor Committee, a direção da KYE diz que as condições da fabrica são “excelentes” e estão de acordo com as leis trabalhistas chinesas. As mulheres trabalhadoras, por sua vez, a descrevem como uma “prisão”, da qual procuram escapar o mais rápido possível. E como sempre os códigos de ética da Microsoft e dos outros clientes da KYE são simplesmente ignorados.
Mouses da Microsoft fabricados pelos adolescentes semi-escravos
Mas por que recrutar adolescentes e mulheres jovens? Porque teoricamente eles são mais submissos e fáceis de controlar. Os adolescentes são recrutados para períodos de três meses de “aprendizagem” em escolas técnicas por toda a China. Quando chegam para trabalhar descobrem que terão uma vida bem dura e com cada um dos seus passos controlados. Eles são “multados” por cada erro ou transgressão às regras internas da fábrica.
São condições de trabalho que de certa forma emulam as existentes nas unidades fabris dos primórdios da Revolução Industrial. A diferença é que os produtos fabricados são a ponta de lança da indústria mais moderna do planeta. Modernidade e arcaísmo convivendo simbioticamente para produzir as benesses da nossa vida tecnológica.
Não dá para imaginar que a Microsoft conscientemente compactue com esta situação. Mas o relatório lembra que é uma prática comum que grandes contratantes mantenham inspetores de qualidade no piso das fábricas subcontratadas. E pergunta: “A Microsoft tem um desses inspetores de qualidade na fábrica da KYE? E, em caso afirmativo, por que a Microsoft permite que estas condições degradantes e ilegais persistam no processo de fabricação de seus produtos?”
Esta história ilustra um dos grandes desafios de se implementar processos sustentáveis de maneira séria e perene: como influenciar de maneira efetiva a cadeia de valor de forma a que os padrões de sustentabilidade sejam realmente adotados por todos os elos? Da próxima vez que pensar em comprar um mouse da Microsoft  como poderei ter a certeza de que não foram feitos por adolescentes semi-escravos?
O relatório “China’s Youth Meet Microsoft:  KYE factory in China produces for Microsoft and other U.S. Companies.” Pode ser lido (e baixado) aqui.

As riquezas do Irã em gás natural:



 EUA miram a principal energia do mundo futuro


Por Finian Cunningham [*]
 
O arranque programado para este mês dos furos da China National Petroleum Company (CNPC) do campo de gás de South Pars, no Irã, poderia ser tanto um arauto como uma explicação de desenvolvimentos geopolíticos muito mais vastos.
 
Antes de mais nada, o projeto de US$5 bilhões – assinado no ano passado após anos de arrastamento da parte dos gigantes da energia ocidental Total e Shell sob a sombra das sanções dos EUA – revela o principal sistema arterial da futura oferta e procura mundial de energia.
 
Muitos críticos há muito suspeitavam que a razão real para o envolvimento militar dos EUA e de outros países ocidentais no Iraque e no Afeganistão é controlar o corredor energético da Ásia Central. Até agora, o foco parecia ser principalmente o petróleo. Há por exemplo afirmações que um planeado pipeline do Mar Cáspio para o Mar Arábico através do Afeganistão e do Paquistão é o prêmio principal por trás campanha militar aparentemente fútil dos EUA naqueles países.
 
Mas o que mostra o partenariado CNPC-Irã é que o gás natural é prêmio principal que será essencial para a economia do mundo, e especificamente o fluxo de duas vias deste combustível para o Leste e Oeste da Ásia Central rumo à Europa e à China.
 
Michael Economides, editor do Energy Tribune de Huston é um dos numerosos observadores da indústria que está convencido de que o gás natural ultrapassará o petróleo como a principal fonte primária de energia, não apenas nas próximas décadas como ao longo dos próximos vários séculos.
 
Ele destaca a recente previsão da International Energy Agency (IEA), com sede em Paris, que reviu dramaticamente em 100 por cento as suas estimativas das reservas globais de gás natural. Economides atribui este enorme aumento a rápidas melhorias tecnológicas em extrair de campos de gás até agora inacessíveis. Afirma que a IEA estima quantidades de gás natural para 300 anos de abastecimento da atual procura mundial. "Se alguém simplesmente fantasiar quaisquer contribuições futuras de ordens de grandeza dos maiores recursos na forma de hidratos de gás, é fácil ver como é quase certo que o gás natural evolua até ser o primeiro combustível da economia mundial", acrescenta.
 
A importância crescente do gás natural como fonte de energia tem sido firme e inexorável desde há muitos anos. Entre 1973 e 2007, a contribuição do petróleo para a oferta mundial de energia caiu de 46,1 por cento par 34,0 por cento, com o aumento da utilização de gás natural a colmatar aquele declínio, segundo a IEA. Outras fontes, tais como a Energy Information Administration (IEA), com sede nos EUA, prevêem que o consumo de gás natural triplicará entre 1980 e 2030, data em que mais provavelmente tornar-se-á a fonte de energia primária preferencial para as necessidades industriais e públicas.
 
Há razões sólidas para o gás natural (metano) estar a tornar-se o rei dos combustíveis fósseis. Em primeiro lugar, tem um poder calorífico muito maior do que o petróleo ou o carvão. Ou seja, mais calor produzido por unidade de combustível. Em segundo lugar, é o combustível mais limpo, pois emite 30 por cento menos dióxido de carbono [NT] em comparação com o petróleo em comparação com o petróleo e 45 por cento menos em comparação com o carvão. Em terceiro lugar, o gás é mais eficiente para o transporte, tanto como matéria primária forma comprimida ao longo de pipelines enterrados como combustível para veículos.
 
Todas as agências de energia reconhecem que as primeiras fontes do gás natural do futuro estão no Oriente Médio e na Eurásia, incluindo a Rússia. A EIA com sede nos EUA coloca as reservas de gás natural nestas regiões como nove a sete maiores do que aquelas no total da América do Norte – as quais são uma das principais fontes deste combustível.
 
Dentro do Oriente Médio, o Irã é sem dúvida o principal possuidor de reservas de gás. O seu campo de South Pars é o maior do mundo. Se convertido em barris de petróleo equivalentes, o South Pars do Irã tornaria diminutas as reservas do campo petrolífero de Ghawar, na Arábia Saudita. Este é o maior campo de petróleo do mundo e, desde que entrou em operação em 1948, Ghawar tem sido efetivamente o coração pulsante do mundo para o abastecimento de energia primária. Na era que se aproxima de domínio do gás natural sobre o petróleo, o Irão retirará à Arábia Saudita da condição de principal fornecedor de energia do mundo.
 
Tanto a Europa como a China posicionam-se para serem rotas tronco para o gás iraniano e da generalidade da Ásia Central. A infraestrutura já está a moldar-se para refletir isto. O gasoduto Nabucco está planejado para fornecer gás do Irã (e do Azerbaijão) via Turquia e Bulgária transportando-o para a Europa Ocidental (assinalando um fim ao domínio russo). O Irã também exporta gás via gasodutos separados para a Turquia e a Armênia e também está a procurar negócios de exportação com outros países do Golfo, incluindo os Emirados Árabes Unidos e Oman. Outra rota principal é o chamado gasoduto da paz, do Irã para o Paquistão e a Índia, através do qual o Irã exportará este combustível para dois dos mais populosos países da região. Mas talvez a perspectiva mais irresistível para o Irã seja o gasoduto de 1.865 quilômetros que fornece gás natural do Turquemenistão através do Uzbequistão e do Cazaquistão para a China e que deve operar a plena capacidade em 2012. O Sul do Turquemenistão tem uma fronteira de 300 km com o Irã e já tem um acordo de exportação de gás com Teerã. Se o desenvolvimento do campo gasista iraniano-chinês de South Pars puder ser incorporado nos gasodutos  transnacionais acima mencionados, isso confirmaria o Irã como o coração pulsante da economia mundial na qual o gás é a fonte de energia primária. Isto é potenciado ainda mais pela procura de gás da China, em crescimento rápido, a qual a EIA prevê que podia estar dependente de importações em mais de um terço do seu consumo de gás natural em 2030.
 
Neste contexto de um grande realinhamento da economia energética mundial – no qual haverá uma diminuição contínua do papel dos EUA – a retórica tronitroante de Washington acerca de democracia e paz e guerra ao terror ou alegadas armas nucleares iranianas pode ser vista como uma tentativa desesperada para esconder o seu medo de que esteja destinado a ser um grande perdedor. Cercar o Irã com guerras e ameaçar o fornecimento de gás para o provável maior futuro consumidor de gás – a China – é o assunto real. As ações dos Estados Unidos são vistas mais exatamente como o encostar de uma faca nas artérias energéticas de uma economia mundial que os EUA não são mais capazes de dominar.
 
Um novo aspecto desta história é a posição da Rússia. Com as suas próprias vastas reservas de gás natural, ela pode ser vista como um competidor do Irã. Comprovadamente menos bem posicionada do que o Irã para o fornecimento tanto à Europa como à China, a Rússia é, no entanto um grande ato e tem estado insistentemente a cortejar a China com um acordo de exportação desde 2006. Contudo, como observa Economides, "as negociações entre os dois países tem sido intermitentes e, especialmente, a construção do gasoduto tem sido penosamente lenta".
 
Mas as ambições da Rússia em expandir as suas exportações de gás natural podem explicar porque ela tem mostrado ser um aliado caprichoso do Irã. A posição ambivalente de Moscou em relação a sanções dos Estados Unidos contra o Irã sugere que a Rússia tem a sua própria agenda destinada a embaraçar a república islâmica como um rival regional na energia.
 
18/Março/2010
 
[NT] O dióxido de carbono não é um poluente. Assim, não é por causa do CO2 que o gás natural é mais limpo.
 
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