terça-feira, 17 de novembro de 2009

Belo texto de Deanna....

E tudo mudou...

O rouge virou blush
O pó-de-arroz virou pó-compacto
O brilho virou gloss

O rímel virou máscara incolor
A Lycra virou stretch
Anabela virou plataforma
O corpete virou porta-seios
Que virou sutiã
Que virou lib
Que virou silicone

A peruca virou aplique, interlace, megahair, alongamento
A escova virou chapinha
"Problemas de moça" viraram TPM
Confete virou MM

A crise de nervos virou estresse
A chita virou viscose.
A purpurina virou gliter
A brilhantina virou mousse

Os halteres viraram bomba
A ergométrica virou spinning
A tanga virou fio dental
E o fio dental virou anti-séptico bucal

Ninguém mais vê...

Ping-Pong virou Babaloo
O a-la-carte virou self-service

A tristeza, depressão
O espaguete virou Miojo pronto
A paquera virou pegação
A gafieira virou dança de salão

O que era praça virou shopping
A areia virou ringue
A caneta virou teclado
O long play virou CD

A fita de vídeo é DVD
O CD já é MP3
É um filho onde éramos seis
O álbum de fotos agora é mostrado por email

O namoro agora é virtual
A cantada virou torpedo
E do "não" não se tem medo
O break virou street

O samba, pagode
O carnaval de rua virou Sapucaí
O folclore brasileiro, halloween
O piano agora é teclado, também

O forró de sanfona ficou eletrônico
Fortificante não é mais Biotônico
Bicicleta virou Bis
Polícia e ladrão virou counter strike

Folhetins são novelas de TV
Fauna e flora a desaparecer
Lobato virou Paulo Coelho
Caetano virou um chato

Chico sumiu da FM e TV
Baby se converteu
RPM desapareceu
Elis ressuscitou em Maria Rita ?
Gal virou fênix
Raul e Renato,
Cássia e Cazuza,
Lennon e Elvis,
Todos anjos
Agora só tocam lira...

A AIDS virou gripe
A bala antes encontrada agora é perdida
A violência está coisa maldita!

A maconha é calmante
O professor é agora o facilitador
As lições já não importam mais
A guerra superou a paz
E a sociedade ficou incapaz...

... De tudo.

Inclusive de notar essas diferenças...



*
Deanna - blog leitores escassos


Por motivos que ninguém explica, diversos textos de outros autores circulam pela internet como sendo de Luis Fernando Verissimo. Isso ocorre com outros autores também, mas o estilo mais casual de Verissimo parece torná-lo um alvo fácil.
Abaixo, uma lista de textos falsamente atribuidos a Verissimo, compilada por Elson Barbosa (moderador da comunidade no Orkut - Luis Fernando Verissimo):

- LFV e o Desarmamento / Aprenda a Chamar a Polícia (autor: Rossano Cancelier)
- Quase (autora: Sarah Westphal)
- Dar Não é Fazer Amor (Tatiane Bernardi)
- Depoimento Sobre as Drogas / Pagodeaxéfunk... Drogas da Pesada! (autor: Vitor Trucco)
- Hipocondríaco (autor: Silvio Lach)
- Um Dia de Modess (Rolinha)
- Tipo Assim (autor: Kledir Ramil)
- O Direito do Palavrão (Pedro Ivo Resende)
- A Verdade Sobre Romeu e Julieta (Francine Bittencourt de Oliveira)
- A Impontualidade do Amor (autora: Martha Medeiros)
- Mulheres Modernas / Mulheres Empresárias (autor: Arnaldo Jabor)
- O Que Faz Bem À Saúde / Previna-se (Martha Medeiros)
- Pedindo Uma Pizza em 2009 (autor: Daniel Kurtzman)
- Namoro em Tempos Modernos / Árvore Genealógica (autor: Bond Bilau)
- Filtro Solar (autor: Baz Luhrmann)
- Verão Chegando / The Summer is Tragic! (autora: Rosana Hermann)
- Ainda Bem Que Eu Dei (autora: Daniela Mel)
- Proctologista / Pedido de Amigo (autor: Jacob El-Mokdisi)

Sugestão participe da Comunidade orkut: Afinal, quem é o autor?

- A Pessoa Errada (Autoria Desconhecida)
- Desabafo de um Marido (Autoria Desconhecida)
- Aquele do Remédio e do "Esquece" (Autoria Desconhecida)
- Um Dia de Merda (Autoria Desconhecida)
- Um Dia de Modess (Autoria Desconhecida)
- Verão Chegando (Autoria Desconhecida)
- Necessidades Sexuais / Marte e Vênus (Autoria Desconhecida)
- Big Brother Brasil 4 (Autoria Desconhecida)
- Entrevista com Deus (Autoria Desconhecida)
- Ainda Bem Que Eu Dei (Autoria Desconhecida)
- Dez Coisas Que Levei Anos Para Aprender (Autoria Desconhecida)
- Precisando de Amor (Autoria Desconhecida)
- Sobrevivência / Como Conseguimos Sobreviver? (Autoria Desconhecida)
- Casamento Moderno (Autoria Desconhecida)
- Sobre o Amor (Autoria Desconhecida)
- Oração dos Desesperados / Oração dos Estressados / Oração dos estressadinhos (Autoria Desconhecida)
- Nada como a Simplicidade... (Autoria Desconhecida)
- Mulheres (Autoria Desconhecida)
- Nada como a Simplicidade... (Autoria Desconhecida)
- Nota de falecimento/ Morreu quem atrapalhava o crescimento da empresa (Autoria Desconhecida)
- Coisas de um Coração Apaixonado / Falo a Língua dos Loucos / Quem Nunca Teve... (Autoria Desconhecida)
- Fodeu-se / Foda-se (Autoria Desconhecida)
- Às Vezes / Quando o Coração Doe Até Sangrar (Autoria Desconhecida)
- Complexidade feminina! (Autoria Desconhecida)
- A Felicidade pode demorar (Autoria Desconhecida)
- Como roubar um coração/Roubo! (Autoria Desconhecida)
- Degustação de vinho em Minas e/ou O MINERIM E O DEGUSTADOR DE VINHO (Autoria Desconhecida)
- Depilação masculina (Autoria Desconhecida)

Caso encontrarem o autor desconhecido de algum texto mencionado acima até o momento, favor indicar no e-mail - pessoal (Contatos do Recanto e/ou no mural do Orkut - recados), pois as listas vem sendo constantemente atualizadas.

Nota: Desconfie de textos repassados com o nome de LuiZ Fernando VerÍssimo, de modo geral são falsos.
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/lfv é um site dedicado ao escritor, cartunista e músico Luis Fernando Verissimo.

www.dotdotdot.com.br/lfv/diversos/textos_falsos.php



Emerge uma nova esquerda na Europa



As recentes eleições alemães e portuguesas confirmaram a emergência em vários países da Europa de uma nova esquerda radical. Na Alemanha, Die Linke obteve 11,9% dos sufrágios e 76 deputados no Bundestag. Em Portugal, o Bloco de Esquerda alcançou 9,85% e dobrou sua representação parlamentar, com 16 deputados. Essa nova esquerda surgiu no fim dos anos noventa com a renovação dos movimentos sociais e o auge do movimento alter-mundista. A novidade reside em seu avanço eleitoral, que não se limita a um país ou a dois, senão que esboça uma tendência europeia (ilustrada, entre outros, pela Aliança Vermelha e Verde na Dinamarca, Syriza na Grecia ou o Novo Partido Anticapitalista na França), ainda frágil e desigual, segundo os distintos sistemas eleitorais. Por exemplo, o NPA e a Frente de Esquerda têm na França um potencial acumulado de aproximadamente 12%, mas não contam com nenhum parlamentar eleito, devido a um sistema uninominal de dois turnos que exclui toda representação proporcional e favorece o "voto útil" como um mal menor.
Vários fatores explicam esse fenômeno e, antes de tudo, o afundamento ou o retrocesso dos partidos social-democratas e comunistas, que estruturam há meio século a esquerda tradicional.
Os partidos comunistas, que se haviam identificado com o "campo socialista" e com a União Soviética, desapareceram ou viram sua base social se dissolver, com a exceção relativa da Grécia e de Portugal. Quanto à social democracia, ao acompanhar e impulsionar as políticas liberais no marco dos tratados europeus, contribuiu ativamente para desmantelar o Estado de bem-estar social, no qual obtinha sua legitimidade. Sob o pretexto da "renovação", da "terceira vía" e do "novo centro", se metamorfoseou, além disso, em formação de centro-esquerda, à semelhança do Partido Democrata italiano. À medida que seus vínculos com o eleitorado popular se debilitavam, se reforçava sua integração com os meios de negócios. A passagem de Schröder ao conselho de administração de Gazprom, e a promoção de dois "socialistas" franceses (Dominique Strauss-Kahn e Pascal Lamy) à cabeça do FMI e da OMC simbolizam essa transformação de altos dirigentes socialistas em homens de confiança do grande capital. Paladina da "economia social de mercado" e do compromisso social, a social democracia alemã já pagou por isso ao registrar nas eleições de 27 de setembro uma perda de 10 milhões de eleitores em 10 anos.
Enquanto essa esquerda do centro cada vez se distingue menos da direita do centro, cresce após a queda do muro de Berlim uma nova geração que não terá conhecido mais do que as guerras quentes imperiais, as crises ecológicas e sociais, o desemprego e a precariedade. Uma minoria ativa desses jovens retoma o gosto pela luta e pela política, mas mantém sua desconfiança diante dos jogos eleitorais e dos compromissos institucionais. Ao rechaçar um mundo imundo sem chegar a conceber "o outro mundo" necessário, esse radicalismo pode tomar direções diametralmente opostas: a de uma alternativa claramente anticapitalista ou a de um populismo nacionalista e xenófobo (a Frente Nacional na França, o National Front no Reino Unido), e inclusive a de um novo nihilismo. Entretanto, é alentador constatar que o eleitorado de Die Linke, como o de Olivier Besancenot nas eleições presidenciais francesas de 2007, se caracteriza por ter um componente jovem, precário e popular proporcionalmente superior ao dos outros partidos.
Todavia a nova esquerda não constitui uma corrente homogênea reunida em torno de um projeto estratégico comum. Inscreve-se mais bem num campo de forças polarizado, de um lado, pela resistência e pelos movimentos sociais, e do outro, pela tentação da respeitabilidade institucional. A questão das alianças parlamentares e governamentais já é para essa esquerda uma verdadeira prova de verdade. A Rifundazione Comunista, que ainda ontem aparecia como o buque-insígnia dessa nova esquerda europeia, se suicidou ao participar do Governo Prodi sem impedir o retorno de Berlusconi. Muito mais além das táticas eleitorais, essas opções revelam uma orientação que Oskar Lafontaine resume com acerto: "Fazer pressão para restaurar o Estado de bem-estar social".
Portanto, não se trata de construir pacientemente uma alternativa anticapitalista, senão que de "fazer pressão" sobre a social democracia para salvá-la de seus demônios centristas e fazê-la voltar a uma política reformista clássica no marco da ordem estabelecida.  Quanto a "restaurar o Estado de bem-estar social", para isso seria necessário começar por romper com o Pacto de Estabilidade e o Tratado de Lisboa, reconstruir serviços públicos europeus e submeter o Banco Central Europeu a instâncias eleitas. Em resumo, fazer exatamente o contrário do que fizeram os governos de esquerda durante os últimos 20 anos e que continuam fazendo quando estão no poder.  A moderação da social democracia diante da crise econômica e sua declaração comum durante as últimas eleições europeias demonstram que seu submetimento aos imperativos do mercado não é reversível.
Em troca, no dia seguinte às eleições portuguesas, Francisco Louça, o deputado que coordena o Bloco de Esquerda, rechaçou os cantos de sereia governamentais ao declarar rotundamente que sua formação estaria "na oposição", contra as privatizações anunciadas, o desmantelamento dos serviços públicos e o novo código do trabalho; portanto, na oposição ao Governo Sócrates. Essa opção também está no coração das divergências entre o NPA de Olivier Besancenot, que rechaça qualquer aliança de governo com o Partido Socialista e com o Partido Comunista francés, claramente comprometido com a perspectiva de reconstruir a "esquerda plural", cujo governo conduziu ao desastre de 2002, com Le Pen no segundo turno das eleições presidenciais.
Essas duas opções atravessam, sem dúvida, a maioria dos partidos da nova esquerda e, de concreto, Die Linke, cuja coalizão com o SPD, já muito discutida no Ajuntamento de Berlim, tenderia a se generalizar, como parece anunciar a aliança travada ultimamente no land de Brandenburgo.
Desse modo, se esboça a opção estratégica à qual se verá confrontada a nova esquerda. Ou bem se contenta com um papel de contrapeso e pressão sobre a esquerda tradicional, privilegiando o terreno institucional; ou bem favorece as lutas e os movimentos sociais para construir pacientemente uma nova representação política dos explorados e oprimidos. Isso não exclui de modo nenhum que se busque a mais amplia unidade de ação com a esquerda tradicional contra as privatizações e as deslocalizações, e a favor dos serviços públicos, da proteção social, das liberdades democráticas e da solidariedade com os trabalhadores imigrados e sem documentos. Mas isso exige uma independência rigorosa com respeito a uma esquerda que gestiona lealmente os assuntos do capital, sob o risco de aborrecer a política das novas forças emergentes.
A crise social e ecológica está ainda no seu inicio. Mais além de possíveis recuperações ou melhoras, o desemprego e a precariedade se manterão em níveis muito elevados e os efeitos da mudança climática continuarão se agravando. Efetivamente, não estamos diante de uma crise como as que o capitalismo frequentemente conheceu, senão que diante de uma crise da desmedida de um sistema que pretende quantificar o inquantificável e dar uma medida comum ao incomensurável. É provável que estejamos, portanto, no principio de um sismo, com recomposições e redefinições, do qual sairá uma paisagem política, daqui a uns anos, totalmente recomposta. É preciso se preparar para isso e não sacrificar o surgimento de uma alternativa a médio prazo por operações politiqueiras e hipotéticos lucros imediatos, o que acarreta em amargas desilusões.

Daniel Bensaid é filósofo.  Seu último livro publicado é Elogio de la política profana (Península). Tradução de M. Sampons.
Publicado no jornal El País, 2/11/2009
Fonte: Sin Permiso
Tradução para o português: Sergio Granja

Malawi: Ventos da mudança



Willard Nyangu, 60, lembra de seu retorno, há quarenta anos, às praias do Lago Malawi [terceiro maior da África, situado entre o Malawi, a Tanzânia e Moçambique, numa altitude de 700m acima do nível do mar, possuindo a maior diversidade de peixes do mundo] com sua canoa cheia de peixes depois de uma noite pescando.
Hoje, a história é bem diferente. Apesar de passar uma noite inteira no lago, Nyangu volta para a praia com apenas um punhado de peixes em sua canoa. Ele diz que o padrão de chuvas tem mudado nos últimos 40 anos e culpa a atividade humana, incluindo o desmatamento, pelos níveis incertos de água que afetam os ciclos de reprodução dos peixes.
Estoques minguantes de peixes
O governo do Malawi estima que a indústria pesqueira empregue mais de 300 mil malawianos. Cerca de 14% das comunidades litorâneas sobrevivem através da pesca, processamento e venda do pescado, venda e conserto de barcos e peças, e outras indústrias relacionadas.
A pesca é um fator chave na segurança alimentar do país – chega a contribuir com 70% da proteína animal nas áreas urbana e rural.
No entanto, a média de peixes capturados diminuiu de cerca de 65 mil toneladas por ano em 1970 e 1980 para apenas 50 mil toneladas por ano no final dos anos 90.
Em 2003, especialistas da indústria pesqueira – alarmados pela diminuição dos estoques de peixe – embarcaram numa estratégia de 10 anos para restaurar a quantidade de peixes. O plano tem por objetivo recuperar os esgotados estoques até um nível sustentável.
Clima Imprevisível
Há três anos, Bingu wa Mutharika, presidente do Malawi, levou a questão adiante ao tomar uma iniciativa para aumentar os estoques de água do lago.
Steve Donda, vice-diretor da indústria pesqueira do Malawi, reconhece que a população de peixes do país está diminuindo, mas, diz ele, que outros fatores além da mudança do clima, incluindo a destruição dos ambientes de reprodução, podem ser responsáveis por isso.
Contudo, um relatório publicado em junho pela ONG Oxfam Ventos da Mudança: Mudança do Clima, Pobreza e o Meio Ambiente no Malawi destaca que os ventos se tornaram tão fortes no país e as chuvas tão pesadas que eles têm seguidamente destruído casas, plantações e barcos.
A principal estação das chuvas está se tornando cada vez mais imprevisível. Em geral, nos últimos 40 anos, pescadores e fazendeiros dizem que as temperaturas estão mais altas e que as chuvas estão chegando mais tarde e ficando mais intensas e concentradas, o que reduz a duração do período e desencadeia mais secas e mais enchentes”, observa Elvis Sukali, um correspondente do Oxfam em Linlongwe [capital do Malawi].
Tomando atitudes
O Oxfam recomendou que o governo do Malawi elaborasse uma lista de ações com medidas que devem ser implementadas a fim de iniciar uma adaptação à mudança climática.
Mutharika lançou um plano de alcance nacional chamado Programas de Ação Nacional para a Adaptação (PANA) [em inglês NAPA, National Adaptation Programmes of Action] com o objetivo de melhorar a organização comunitária, recuperar florestas, aumentar a produção agrícola e o estado de prontidão em caso de enchentes e secas e ampliar o monitoramento climático.
Os PANAs custarão 22,43 milhões de dólares [aproximadamente R$38,1 milhões] que, até agora, não foram disponibilizados pela comunidade internacional, que cobra, antes de qualquer coisa, que o Malawi desenvolva seu plano. O Oxfam condenou as agências de desenvolvimento por fazerem isso, dizendo que o contínuo fracasso em financiar a implementação dos PANAs pelos países menos desenvolvidos no mundo é inaceitável.
No entanto, grupos da sociedade civil no Malawi dizem que a falta de fundos donativos não deve se tornar uma desculpa para a inércia das autoridades, e insistem para que o governo faça mais mesmo se os PANAs continuarem sem financiamento.
Menos chuva, menos alimentos”
O relatório do Malawi coincide com os relatórios do Oxfam produzidos na África do Sul e Uganda, que revelaram que as populações destes países estavam enfrentando desafios similares. Embora o continente africano contribua com menos de 3% das emissões globais, o Oxfam sul-africano observa que a mudança climática representa uma grande ameaça ao desenvolvimento do continente.
Em Uganda, uma análise climática feita pelo governo, publicada em dezembro de 2007, observou que as áreas mais úmidas do país ao redor da bacia do Lago Vitória [maior de todos os lagos africanos], no leste e noroeste, estão ficando ainda mais úmidas.
Meteorologistas e fazendeiros relatam o mesmo problema: na maioria dos distritos, os anos recentes têm testemunhado um aumento na irregularidade no início e final da estação das chuvas, e quando a chuva chega, ela é mais pesada e mais violenta.
Fazendeiros e pecuaristas dizem que estas mudanças estão encurtando a estação de chuvas e que o resultado final é menos chuva e mais seca ou, como um fazendeiro colocou: “Menos chuva significa menos alimento.”
Enfrentando a mudança climática
No entanto, alguma cautela é necessária na interpretação destas afirmações.
A fim de lidar com a situação, o Malawi recentemente imitou Angola, Suazilândia e Zâmbia ao lançar duas novas variedades de milho resistente a doenças – ZM 309 e ZM 523 – desenvolvidas por fazendeiros pobres em áreas propensas a estiagem com solos inférteis, a fim de ajudar a proporcionar alguma segurança alimentar.
Este lançamento é parte do projeto Milho Resistente à Seca para a África [em inglês Drought Tolerant Maize for África] e oferece a mais fazendeiros pobres na região da África sub-sahariana variedades de milho – um alimento básico entre os africanos – que têm níveis aumentados de resistência à seca.
Christine Mtambo, chefe do departamento de agricultura do Malawi, que é responsável pela produção rural no Ministério da Agricultura e Segurança Alimentar, diz que as novas variedades se adaptam às atuais condições climáticas porque elas são resistentes à seca e amadurecem rápido.
Talvez, com a adaptação às mudanças no clima e a aplicação de medidas para aliviar o seu impacto, os pescadores como Nyangu e agricultores com culturas de subsistência serão capazes de enfrentar a mudança climática.
Porém, Raphael Mweninguwe, um renomado colunista ambientalista do Malawi que escreve para o jornal semanal Sunday Times, adverte que a mudança no clima é um aviso para as pessoas reagirem a essas condições aplicando medidas amigáveis ao meio ambiente. Mweninguwe argumenta que deveria haver uma maior consciência das questões relacionadas às mudanças climáticas entre as várias partes envolvidas, tanto dentro do país como fora das fronteiras do Malawi.

Charles Mkoka
Tradução: Aline Oliveira

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