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domingo, 24 de novembro de 2013


Projeto do Governo Tarso Genro restringe o teto das RPVs de 40 para 10 salários mínimos

Projeto do Governo Tarso Genro restringe o teto das RPVs de 40 para 10 salários mínimos

Integrantes do Cpers-Sindicato, em conjunto com o Fórum dos Servidores Públicos, protestaram, em frente ao Palácio Piratini, nesta sexta-feira, 22. O objetivo foi exigir que o Executivo retire projeto de lei que tramita em regime de urgência e pretende reduzir o teto para pagamento de Requisição de Pequeno Valor (RPV) de 40 para 10 salários mínimos.

Com o uso de carro de som, os manifestantes, alertaram que a medida configura mais um calote do governo Tarso, que não cumpre com o piso nacional do Magistério. Caso o governador não mude de ideia, a pressão deve ser redirecionada ao Parlamento.

A presidente do Cpers, Rejane de Oliveira, afirmou ser impossível que os mesmos deputados que em gestões anteriores defendiam a continuidade de precatórios e RPVs aceitem uma redução drástica, que vai atingir diretamente a maioria do funcionalismo público. Os manifestantes distribuíram panfletos explicando que o PL 365 vai reduzir de R$ 27.120 para R$ 6.780 o limite da RPV. O Cpers classificou como um roubo a diferença de R$ 20.340. 

O Magistério ainda exige o fim da tentativa de implementar a meritocracia na Educação e também sustenta que outro projeto envolvendo o ensino profissional permite, na prática, uma privatização do setor, o que sempre foi atacado pelo PT.
O Palácio Piratini não se manifestou sobre as reivindicações do Cpers apresentadas na Praça da Matriz.

Rádio Guaíba/Foto: Vinícius Roratto

Fonte: Trespassos News 

terça-feira, 28 de maio de 2013

VIII CONGRESSO DO CPERS-SINDICATO - TESE 2

TESE 2

CPERS DE LUTA, CLASSISTA E INDEPENDENTE

O VIII CONGRESSO DO CPERS/SINDICATO ocorre no marco conjuntural do avanço da
crise econômica mundial. Diante desta realidade, será fundamental que os educadores possam
debater as consequências para a vida dos trabalhadores e também discutir as alternativas do
ponto de vista da nossa classe.

1. CONJUNTURA

A crise capitalista internacional e a reação dos trabalhadores

O capitalismo vive uma de suas maiores crises. Iniciada em 2008, nos Estados Unidos,
centro do capitalismo mundial, esta crise determinou um significativo aumento nos níveis de
exploração do trabalho e grandes ataques aos direitos dos trabalhadores em todo o mundo. As

causas que deram origem a esta verdadeira avalanche nos mercados mundiais iniciaram a
partir do crescimento na especulação imobiliária, da redução na oferta de créditos e do

descontrole do sistema financeiro. Em um mundo globalizado, diante da complexidade das
relações estabelecidas entre os mercados financeiros, é inevitável a repercussão dos efeitos da
crise nas diversas economias ao redor do mundo.
Esta situação levou à falência bancos e outras instituições financeiras, como, por
exemplo, o Lemans Brothers, um dos maiores bancos americanos. A “farra financeira” que
levou estas instituições a emitir papéis – chamados “podres” (subprimes) – e, por
consequência, a aumentarem demasiadamente os riscos destas operações. Isto se alastrou
rapidamente para a Europa e Japão, levando o imperialismo a adequar suas políticas e impor
aos demais países planos de austeridade para tentar resolver a crise capitalista.
Desta forma, os custos e as principais medidas de controle foram bancados pelos
governos, demonstrando claramente seu papel de subordinação aos interesses do capital.
Pacotes bilionários de auxílio e de empréstimos para suprir os déficits das empresas e deixar a
salvo o capital especulativo. Assim, permanece intacta a regra número um do neoliberalismo:
os capitalistas, quando estão lucrando, acumulam capitais e ficam cada vez mais ricos, porém,
quando entram em crise, recebem o dinheiro público para se salvar e os governos transferem a
conta para os ombros da classe trabalhadora!

O agravamento da crise levou as empresas a aplicarem medidas de redução de salários,
transferências de fábricas para países onde a exploração é ainda maior e aumentou o
desemprego em vários países centrais. A crise atingiu em cheio muitos países europeus, que, a
exemplo dos Estados Unidos, impuseram medidas de austeridade que provocaram bruscas
quedas nos níveis de salário e emprego, especialmente no serviço público e na juventude. No
entanto, como em todas as crises capitalistas, esta também seguiu a hierarquia dos
acontecimentos: primeiro a crise econômica, depois, a crise social e, por fim, a política. Com
as manifestações de massas crescendo e os governos sem condições para resolver os
problemas, inicia-se a repressão aberta contra as manifestações dos trabalhadores.
A Europa é, hoje, o epicentro da crise mundial, que atingiu proporções colossais no
continente. Com o aprofundamento dos planos de austeridade, os trabalhadores passaram a
reagir. Inicialmente, houve uma tentativa do imperialismo de difundir a crise como um
problema de países menores como Islândia, Irlanda ou Grécia, o que, rapidamente, foi
desmentido pelos fatos. A Grécia, pressionada pela Troika (Banco Central Europeu, FMI e
Comissão Europeia), realizou uma série de cortes nos gastos sociais e demitiu milhares de
servidores públicos.
Foi exatamente pela Grécia que iniciou a reação dos trabalhadores na Europa. A partir
daí, várias greves e até mesmo uma inédita greve geral no continente aconteceu. Na Espanha,
os mineiros do carvão realizaram uma grande greve entre maio e junho de 2012. A repressão
do governo foi violenta, chegando a assassinar vários manifestantes. Dois meses depois, em
protesto contra a violência, uma marcha percorreu centenas de quilômetros, terminando numa
manifestação de mais de 200 mil pessoas. Também entraram em greve os trabalhadores em
educação e os da saúde. Nas greves gerais, organizadas por fora das “burocracias sindicais”,
pararam setores fundamentais, como transporte público e ferrovias.
Grandes manifestações também aconteceram em Portugal, na França, na Itália e
também na Alemanha, chamada de “locomotiva da economia europeia”. No dia 14 de
novembro de 2012, uma greve geral unificada atingiu praticamente todos os países da Europa.
Este movimento foi chamado devido ao anúncio de mais cortes sociais em todos os países da
comunidade europeia, atingindo a previdência, a educação, a saúde, a assistência social e até
mesmo os salários dos servidores públicos.
Simultaneamente às greves na Europa, ocorreram processos revolucionários no mundo
árabe, na Tunísia, no Egito, no Iêmen, na Líbia, na Palestina e na própria Síria. A luta por
liberdades democráticas e melhores condições de vida, no norte da África e nos países árabes,
derrubaram vários governos e seguem buscando caminhos para construir sociedades mais
justas.
A luta dos trabalhadores, em todo mundo, continua. Nos EUA, país cuja dívida pública
é hoje de U$ 16 trilhões, maior que seu próprio PIB (U$ 15 trilhões), não ocorriam greves
desde a década de 1980. Em 2012, os professores de Chicago promoveram uma grande
paralisação, assim como os trabalhadores da WallMart, maior empregador privado daquela
nação.

O CPERS participou de recente encontro de sindicalistas, em Paris, em março deste
ano, que reuniu lutadores de mais de 30 países. O encontro debateu a necessidade da unidade
da classe para: lutar contra os ataques do capital, avançar na organização internacional,
defender um sindicalismo combativo, democrático e independente de patrões e de governos,
defender os direitos dos trabalhadores e também o combate às opressões, especialmente às
mulheres. Por fim, defender o respeito à autodeterminação dos povos, tendo como símbolo a
luta da Palestina.

No Brasil, também são os trabalhadores que pagam a conta

Diante da crise mundial, o Brasil viu diminuir bruscamente a exportação de
commodities e a aceleração do processo de desindustrialização do país. Apesar disto,
sustentada pelo minério de ferro e pelos produtos agrícolas, especialmente a soja, a economia
conseguiu uma sobrevida em relação ao avanço da recessão mundial.
Mas o governo brasileiro seguiu a cartilha neoliberal e aprofundou medidas para conter
o avanço da crise. Em primeiro lugar, arrochando salários e aumentando as concessões para os
empresários. A renúncia fiscal, somente com desonerações, ultrapassa a casa dos R$ 70
bilhões. Mais de 40 setores da economia já estão isentos do recolhimento da cota patronal para
a previdência, além de outras isenções. Medidas de redução de impostos para a cesta básica ou
para os medicamentos não significaram queda nos preços para o consumidor.
A inflação avança. O prejuízo, evidentemente, será para os trabalhadores, pois a alta
dos preços garante o lucro dos empresários. Os juros também voltaram a subir. Além disto, o
governo tem aplicado uma política de privatizações que nada deve ao auge do governo FHC:
hospitais universitários, hidroelétricas, estradas, jazidas petrolíferas, metrôs, portos e
aeroportos estão sendo entregues à iniciativa privada.
Dilma, assim como fez Lula, se tornou gerente do capitalismo e, para isso, não vacila
em fazer todas as alianças possíveis. Sarney, Collor de Melo, Renan Calheiros, Jader Barbalho
e até mesmo o pastor Marcos Feliciano ocupam importantes postos na organização política do
país, para garantir a estabilidade social e política necessárias para a governabilidade. Assim,
Dilma bate recordes de popularidade.
Como isto se explica? Em primeiro lugar pelas chamadas “políticas compensatórias e
transitórias”, como o “Bolsa-Família”. Auxiliar os miseráveis mantém um “feudo eleitoral” e
dialoga com os setores de esquerda. Depois, com o amplo apoio da burguesia, satisfeita com
os ajustes da economia e com a manutenção da “ordem social”, fruto da cooptação das
organizações sociais pelo governo. Portanto, com a classe dominante – e sua mídia – apoiando
e com a “gratidão” das camadas populares, o governo se sustenta com altos índices de
avaliação.
O fenômeno que possibilitou ao governo federal distribuir recursos para as camadas
mais necessitadas é chamado de “expansão da base salarial”, sem, no entanto, significar
distribuição de renda! Assim, o mesmo montante, 42% do PIB, em 2002, se mantém em 2012.
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Isto é, a parte da riqueza do país que cabe aos trabalhadores passou a ser distribuída para uma
base bem maior, com a inclusão social, mas manteve intacto o lucro dos empresários, a
riqueza acumulada por menos de 5% da população brasileira.
Na mesma direção, seguem os problemas estruturais do Brasil. Saúde, educação,
habitação, saneamento e outros serviços essenciais para a vida da população continuam sendo
de péssima qualidade e recebendo cada vez menos investimentos. Por outro lado, somente em
2012, mais de R$ 1 trilhão foram entregues diretamente para o sistema financeiro, por
conta da ilegítima dívida pública, que só cresce!
Neste cenário, os trabalhadores começaram a reagir. Em 2012, centenas de greves
ocorreram. Porém a mais importante, sem dúvida, foi a do setor público federal, que, por sua
força, impôs uma derrota política ao governo Dilma e levou muitos setores a concluírem suas
experiências com o governo e seus partidos aliados. Além disto, houve a Marcha de 24 de
Abril deste ano, com mais de 20 mil trabalhadores indo a Brasília protestar contra as políticas
do governo.
A Marcha marcou uma nova etapa na reorganização do movimento sindical no Brasil.
Chamada pelo CPERS Sindicato, CSP-CONLUTAS, CUT PODE MAIS, independentes da
CONDSEFE, FERAESP, CNTA, INTERSINDICAL e outras entidades que integram o
Espaço de Unidade de Ação, obteve a adesão de amplos setores do campo e da cidade, com
massiva presença de educadores de todos os estados, funcionários públicos e demais
trabalhadores.

Governo Tarso: os CCs e os empresários estão muito contentes!

No Rio Grande do Sul, depois de um governo de conflitos e intensos ataques aos
direitos dos funcionários públicos, promovido por Yeda Crusius, cuja principal marca foi a
corrupção, a população elegeu, em primeiro turno, o candidato do PT, Tarso Genro.
Os conflitos na área da educação causaram grande desgaste ao seu governo, desgaste
esse que se agravou com os recentes escândalos de corrupção na área do meio ambiente. Em
sua política de “faz de conta”, Tarso visita a Palestina, mas faz negócios com Israel, inclusive
com empresas de segurança. Defende Cuba e, ao mesmo tempo, agrada ao empresariado,
concedendo cada vez mais isenções fiscais e empréstimos.
Na relação com os servidores, a política é a mesma. Aumento das contribuições
previdenciárias de 11% para 13,25%, arrocho salarial e muita enganação. Recente
“reestruturação” do Quadro Geral resultou em insignificantes R$ 80,00 de reajuste para estes
trabalhadores. Yeda pagou, em 2010, R$ 500 milhões de RPVs. Tarso, por sua vez, pagou
somente R$ 340 milhões em 2012! Isto representa uma diminuição de R$ 160 milhões.
Os investimentos sociais seguem nos mesmos patamares de antes, embora tenha havido
um incremento de praticamente 10% na arrecadação. Tarso permanece não cumprindo os
mínimos constitucionais em saúde e educação. Além disto, de forma escandalosa, retirou R$
4,2 bilhões das contas judiciais!
Escândalos de corrupção na concessão de licenças ambientais, que atingiram
diretamente seus aliados do PC do B, mostram outra face deste governo: as relações espúrias
para manter maioria parlamentar. O governo, numa atitude de profundo desrespeito com a
sociedade, simplesmente manteve a situação como se nada tivesse acontecido.

Agora, Tarso prepara a sua candidatura à reeleição. Embora com sua popularidade
desgastada e sua imagem arranhada em função da marca da mentira, deve ser a opção,
inclusive respaldada por organizações que tentam confundir os trabalhadores. Com seus
subordinados, muitos saídos das fileiras do CPERS, tanto na SEC quanto no Palácio Piratini, o
governador articula o combate ao sindicato, tentando atrair setores da base para fortalecer sua
política de ataque aos direitos dos educadores. Com isso, deseja enfraquecer esta importante
ferramenta de luta para poder governar com tranquilidade.
Portanto, neste próximo período, é fundamental que o CPERS/SINDICATO mantenha
sua independência diante dos governos e autonomia frente aos partidos políticos. Que continue
chamando a categoria para a mobilização, mas que construa uma plataforma programática de
acordo com os interesses da nossa classe para continuar disputando a consciência dos
trabalhadores.
Também será muito importante que este Congresso reafirme que a decepção dos
educadores com governos e partidos traidores da nossa classe não significará um retrocesso,
portanto, os conhecidos partidos da direita, que sempre sustentaram os interesses da burguesia,
continuarão não tendo a confiança da nossa categoria.

2. BALANÇO DO CPERS

CPERS reafirma sua independência

A atuação do CPERS, com independência e autonomia na defesa dos direitos da
categoria e da classe trabalhadora, tem se constituído num exemplo político importante para o
conjunto dos trabalhadores.
No último Congresso do CPERS/Sindicato, a Articulação Sindical levou o então
candidato, Tarso Genro, para reforçar nos educadores a ilusão de que, votando nele, os
professores e funcionários de escola receberiam o piso salarial. Como se não bastasse, Juçara
Dutra, ex-presidente do CPERS, transmitiu a mentira de Tarso, de que, se eleito fosse, retiraria
a ADIN da Yeda do STF. Além disso, acusaram a direção do sindicato de sonegar uma
informação como esta, tão importante para a categoria.
No entanto, não demorou muito para a máscara cair. A confusão que, naturalmente, se
estabelece em relação ao papel que cumprem estes governos, que saem do seio da classe
trabalhadora e que contam com o apoio de organizações de massas, às vezes, demora muito
para ser dissipada.
A Direção do CPERS tratou, logo cedo, de acabar com a confusão. Primeiro, não
aceitando participar do Conselhão (órgão governamental com a participação majoritária do
empresariado), verdadeiro instrumento da política de conciliação de classes, sempre para
controlar os trabalhadores e, depois, desconstituindo o CODIPE (outra farsa deste governo).
Assim, o CPERS demonstrou, inequivocamente, que não seria um braço do Palácio Piratini
para ajudar a enganar a categoria.
Infelizmente, o mesmo não aconteceu com a Articulação Sindical, que é a direção
majoritária da CUT e de outras entidades, pois, ao legitimar esta política, alimenta a ilusão dos
trabalhadores de que Tarso é um governo diferente.
A campanha salarial, logo no início do governo, mobilizou a categoria e respondeu, de
forma categórica, que nada nos faria recuar da luta pelo piso e da cobrança da pauta aprovada
no último congresso e prometida pelo candidato Tarso Genro.
Foi realizando uma batalha sem trégua contra o “PACOTARSO” que esta direção se
reelegeu. Várias reuniões e atividades de mobilização unitárias com o conjunto dos servidores
foram realizadas, num período muito curto, já que este pacote foi colocado na Assembleia

Legislativa em regime de urgência. Este projeto, que criou o Fundo de Previdência e deu um
calote nas RPVs, entre outras “maldades”, foi votado no dia da eleição do CPERS/Sindicato.
A categoria saiu da votação do “pacote” com uma amarga derrota. Mas também soube
dar o troco. Outdoors foram espalhados por todo o estado, milhares de cartazes foram colados,
mostrando “A nova face dos inimigos da educação”. Sem dúvida, a política do governo Tarso
e a sustentação dos deputados do PT, PC do B, PSB, PDT, PTB e PRB serviram muito para
que a experiência com o parlamento se aprofundasse, pois a base de sustentação do atual
governo se comportou exatamente como a “base de direita”, que sempre votou contra os
trabalhadores na Assembleia Legislativa.
Também é importante salientar que, depois de ter garantido, através de “troca de
favores”, uma base sólida na Assembleia Legislativa para retirar os direitos dos servidores
públicos, Tarso deixou de fingir que negociava com os educadores.
Apesar disso, o CPERS/Sindicato não deixou de buscar a negociação. Claro que
negociação sempre respaldada pela mobilização da categoria, pois esta entidade não seguirá o
exemplo das organizações dirigidas pelos “amigos do Tarso”, que, estando de joelhos para o
governo, nada mais fazem que entregar os direitos dos trabalhadores.
Foram inúmeras as formas de luta para buscar a implementação do piso salarial para os
professores e funcionários de escola: atos públicos, caravanas, marchas – tanto regionais como
estaduais – pressão em Câmaras de Vereadores, no Legislativo Estadual, paralisações, redução
de períodos, ocupações na Secretaria de Educação, no Palácio Piratini e na bancada do PT,
atividades com alunos e pais, além de várias campanhas de mídia, outdoors e colagens.
Devemos também destacar que, junto com a luta do Piso, sempre esteve presente a
defesa da educação. A greve, no final de 2011, contra a Reforma do Ensino Médio foi um
exemplo contundente disso.
Quanto à participação na Greve Nacional de 2012 e, agora, de 2013, não temos dúvida
de que o índice de adesão no Rio Grande do Sul foi o maior do país. Realizamos o Encontro
dos Funcionários de Escola, o Encontro de Educação, com o tema da Reforma do Ensino
Médio e, no ano passado, uma Conferência de Educação.
Construímos um Projeto que trata da Saúde dos Trabalhadores em Educação,
realizamos uma pesquisa que comprovou o quanto a nossa categoria sofre pelas péssimas
condições de trabalho, realizamos seminários para formar as representações dos núcleos e
estamos na fase da organização das comissões por núcleos, para documentarmos os problemas
causadores do adoecimento da nossa categoria.
Além disso, aprofundamos a estratégia de construir a unidade da nossa categoria com
os demais trabalhadores. Na primeira gestão, foi aqui no estado, unificando os Servidores
Estaduais no Fórum dos Servidores Públicos, mas, nestes últimos dois anos, os nossos passos
foram maiores, tivemos a coragem de colocar o nosso sindicato a serviço de construir a
unidade nacional com aqueles que querem lutar.
Isto tem um significado enorme para ajudar a avançar a consciência da nossa categoria,
para fortalecer a luta “em defesa da educação pública”, mas, principalmente, para construir
uma nova direção para a classe trabalhadora brasileira.
Por fim, salientamos que nos orgulha muito o fato de que este bloco que dirige o
CPERS tem e teve uma política que, de forma categórica, fortaleceu o CPERS como um
símbolo de resistência na luta contra o governismo e o burocratismo. Esta conclusão não
significa pouco, numa conjuntura marcada por traições da maioria das direções construídas
pela nossa classe.

3. MOVIMENTO SINDICAL

O PAPEL QUE O CPERS TEM CUMPRIDO PARA UNIFICAR OS
TRABALHADORES

Desde 2008, a unidade entre as organizações que dirigem atualmente o CPERS,
permitiu que os educadores apostassem em uma alternativa oposta à política da direção
majoritária da CUT e da CNTE. Esta alternativa surgiu pela necessidade de recolocar o nosso
sindicato no caminho das lutas, mas, principalmente para impedir que este poderoso
instrumento perdesse sua independência frente aos governos, patrões e também ao aparelho do
estado.
A tese apresentada pelo bloco que dirige o CPERS estabelece com clareza as tarefas e
desafios para o próximo período. No entanto, as políticas de desmonte da educação, que
impõem aos educadores muito sofrimento, são aplicadas aqui no estado e também pelos
demais governos estaduais e federal.
Isto já é suficiente para que os professores e funcionários de escola compreendam que
não podem ultrapassar sozinhos estes obstáculos. Também é preciso entender que os
problemas não estão colocados tão somente para uma categoria, mas para o conjunto da classe
trabalhadora. Portanto, para enfrentá-los e superá-los, é preciso se organizar e lutar
conjuntamente.
A partir desta constatação, é muito importante que a nossa categoria faça um balanço
de qual papel tem cumprido a CNTE e a CUT neste último período. Queremos aqui citar
alguns exemplos:
1. Desde que Lula assumiu, em 2003, a CNTE optou pala submissão às políticas educacionais
do governo federal, assumiu o “Pró-funcionário”, que nada mais é do que uma enganação em
termos de qualificação profissional, defende abertamente a alteração do plano de carreira dos
professores do RS, sem esquecer o episódio lamentável de apresentar propostas de alteração
do cálculo de reajuste do piso, ajudando os governos no discurso de que não pagam o Piso
porque os estados não têm como suportar o reajuste do custo aluno. Como se não bastasse, não
articulam as lutas nacionais, pelo contrário, quando chamam dias de greve, não conseguem
nem que os sindicatos que dirigem assumam e façam pra valer;
2. A CUT não é diferente, embora existam setores que militam na central e que defendem uma
política oposta a da direção majoritária, o que temos visto é uma completa adaptação ao
governismo e à política de conciliação de classes. Basta ver a confusão que fazem, levando
representantes de governos para falar nos atos dos trabalhadores, participando de fóruns
governamentais junto com os empresários e semeando ilusões de que governos que atacam os
direitos dos trabalhadores podem ter a confiança da nossa classe.

Contrário a isso, o CPERS tem sido um exemplo da importância em manter o perfil
classista e independente de uma organização. Neste sentido, este congresso tem que deliberar
que o CPERS não meça esforços para se colocar sempre ao lado daquelas organizações que
querem lutar para defender nossos direitos, tendo como princípio a independência de classe.

4. EDUCAÇÃO

Contra os ataques dos governos é preciso defender a educação!

Os projetos governamentais, em sua globalidade, estão direcionados a um objetivo:
enfraquecer a escola pública, reduzindo a qualidade do ensino e deteriorando,
sistematicamente, as condições físicas das escolas. Simultaneamente, desencadeiam ataques
duríssimos às condições de trabalho dos educadores para economizar e desviar recursos, além
de tornar ainda mais bárbaro o cotidiano escolar. O resultado dessas políticas é a existência de
uma crise permanente nas escolas públicas. O adoecimento generalizado é resultado de uma
desmoralização da carreira docente, provocada intencionalmente pelos sucessivos governos.
Esta odiosa ofensiva tem origem no interesse que o “mercado educacional” provoca no
grande capital. No Brasil, este mercado corresponde a mais de US$ 100 bilhões. Diante da
crise econômica mundial, aumentam as pressões para que os governos apliquem “reformas
educacionais” que signifiquem ainda menos recursos para a escola pública. É a
mercantilização avançada de um dos direitos humanos mais fundamentais!
Nos mandatos de Lula e Dilma, houve um aprofundamento desse violento processo de
privatização. Segundo o Censo Escolar do MEC, entre 2002 e 2010 houve uma queda de
12,3% nas matrículas de todo o ensino básico público, enquanto na rede privada houve um
crescimento de 5,2%. Na educação profissional, 56% das matrículas estão na esfera privada.
No ensino superior, 75% das vagas são de instituições privadas, expressando um crescimento
de 227% em apenas 15 anos.
Este avanço do capital sobre a educação está expresso nos objetivos do novo PNE
(Plano Nacional de Educação), que está para ser votado no Congresso Nacional. Com o apoio
da CNTE e das entidades que dão sustentação aos governos, o PNE proposto busca ser o eixo
ordenador dessa política de privatização da educação em nosso país. É o plano que organiza,
de norte a sul do país, a deterioração da escola pública e as atuais reformas, de conteúdo
privatista.
A serviço de uma lógica neoliberal, o PNE expande as parcerias público-privadas e os
projetos (PROUNI, PRONATEC, FIES, Ensino à distância, ENADE, ENEM) que favorecem
o viés mercadológico da educação. E, para piorar a vida dos educadores, o PNE ataca ainda
mais a autonomia docente, por meio do aprofundamento da meritocracia e das avaliações
externas. Impõe uma maior centralização curricular e ameaça a gestão democrática das
escolas. Em resumo, este plano impõe condições mais coercitivas aos educadores, tornando-os
responsáveis pelos fracassos educacionais que o próprio governo gestou.

O desastre educacional do Governo Tarso

A política educacional do governo Tarso é um desastre em todos os aspectos. O atual
governo abandonou, uma a uma, todas as promessas feitas ao povo gaúcho e decidiu voltar-se
contra os educadores. Para agravar mais a situação, assumiu os mesmos métodos truculentos e
antidemocráticos do governo anterior para impor reformas impopulares na educação. O
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exemplo mais categórico é o da reforma do ensino médio (“ensino politécnico”), no qual o
governo assume as exigências do empresariado e impõe um projeto contra a vontade dos
estudantes, dos educadores e da comunidade escolar.
A proposta de reforma do ensino médio do governo Tarso segue o projeto educacional
do governo federal e reforça a situação de discriminação e segregação da juventude proletária.
Disfarçada sob o rótulo de “integração ao mundo do trabalho” e deturpadora do conceito
marxista de politecnia, o objetivo de tal reforma é direcionar, adaptar e formatar a juventude
para inserção como força de trabalho no mercado capitalista.Vale acrescentar que os
estudantes, no estado, procuram reagir a esta reforma.
Tarso e o secretário José Clóvis de Azevedo fazem ressurgir o “regimento padrão”,
ferindo a gestão democrática das escolas e impondo um retrocesso ainda maior no sentido do
cerceamento à liberdade de cátedra dos educadores. Aumenta o controle burocrático e o
método de imposição pedagógica, tornando ainda mais difícil o cotidiano das escolas. A
política de “aprovação automática” vem empobrecer e desqualificar a educação, impedindo
que o conhecimento seja um objetivo para os filhos dos trabalhadores.
Contra tudo o que prometeu antes de se eleger, Tarso se adequa às pautas da Agenda
2020 e de movimentos empresariais como o “Todos pela Educação” e faz proliferar convênios
com fundações e ONGs. Por todos esses desmandos, o governo Tarso vem semeando uma
enorme revolta nas escolas do Rio Grande do Sul. Permanecem os problemas estruturais,
como a falta de professores e funcionários, a ausência de condições físicas adequadas ao
funcionamento de bibliotecas, laboratórios, etc. Faltam, até mesmo, condições básicas, como
luz, água e saneamento. Sequer o PPCI existe nas escolas.
Diante da gravidade dos ataques dos governos Dilma e Tarso, a luta e a resistência dos
educadores adquirem uma importância decisiva para o futuro da nossa classe.
Precisamos seguir lutando por um projeto educacional coerente com as necessidades da
classe trabalhadora e enfrentando as ações dos governos e do grande capital.
Como parte dessa luta em defesa da educação devemos reafirmar as nossas bandeiras:
· Escola pública, gratuita, universal, laica e de boa qualidade.
· 10% do PIB para a educação pública já!
· Não à reforma do ensino médio e à farsa do “ensino politécnico” do governo Tarso.
· Não ao PNE. Por um PNE dos (as) trabalhadores (as): construído pelos estudantes, pais
e organizações da classe trabalhadora.
· Em defesa da autonomia docente. Gestão democrática que compreenda autonomia
pedagógica e administrativa. Conselhos Escolares realmente representativos e com
poder de deliberação, pois a comunidade escolar deve exercer o controle da gestão da
escola.
· Contra a privatização e os fundos que levam à municipalização do ensino. Pelo
cumprimento dos repasses previstos em lei para a educação.
· Combate permanente às ONGs, fundações e institutos, que acabam recebendo dinheiro
público dos governos, que são verdadeiras fontes de corrupção e interferem na
educação dos filhos dos (as) trabalhadores (as).
· Não às avaliações externas (SAEB, ENEM, PROVA BRASIL, SEAP).
· Concurso público para professores e funcionários de escola, com garantia de
nomeação.
· Em defesa dos planos de carreira e pelo pleno cumprimento dos mesmos, pois esta luta
significa impedir a aplicação das diretrizes nacionais, que desestruturam as carreiras e
abrem caminho para a implantação da meritocracia.
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· Pagamento imediato do piso salarial como básico das carreiras para professores (as) e
funcionários (as).
· Defesa dos planos de carreira dos educadores com a garantia do sua efetiva aplicação.
· Cumprimento de 1/3 da hora atividade. Sem a hora-relógio e garantia da hora-aula.
· Combate às falsas propostas de formação para os (as) funcionários (as), como o Prófuncionário,
que têm como objetivo, não a qualificação, mas sim, a negação da
identidade profissional estabelecida no plano de carreira daqueles que, durante anos,
exercem sua profissão dentro das escolas públicas.

5. POLÍTICAS ESPECÍFICAS

Abaixo toda forma de opressão!

O sistema em que vivemos aproveita-se das diferenças de gênero, raça e sexualidade para
colocar parte importante da população em “desvantagem” social e submeter este grupo a
piores condições de vida. Em relação às mulheres, o machismo é uma ideologia que ataca
econômica, política e socialmente. O machismo pode expressar-se de diversas formas: em
piadas que ridicularizam as mulheres, e em muitas formas de violência como verbal, física e
psicológica.
A profissão de professora/professor, historicamente, foi concebida como uma profissão
feminina, uma extensão do lar, algo de cunho estritamente “vocacional”, lugar onde os
trabalhadores podem deixar seus filhos, pois as “cuidadoras” tomarão conta deles. No
governo Dilma, diferente da propaganda eleitoral, não existe nenhuma política efetiva para a
construção de creches públicas e, hoje, apenas 13% das crianças até três anos são atendidas.
Os índices de violência contra a mulher crescem a cada dia. Atualmente, em nosso país, a cada
2 minutos, cinco mulheres são espancadas, e a falta de verba para aplicação da Lei Maria da
Penha é um empecilho na proteção às mulheres que sofrem violência e/ou ameaças. .
O quadro geral de trabalhadores em educação no estado do RS é composto por 85% de
mulheres, divididas entre funcionárias e professoras. A precarização constante a que está
subordinada nossa categoria é uma das expressões da sociedade machista em que vivemos, por
isso acreditamos que é fundamental que compreendamos isto para organizar as trabalhadoras
da educação em torno do tema.
As demandas relacionadas aos problemas das mulheres na categoria são parte das lutas
que todos devemos assumir, assim, o direito de 6 meses de licença maternidade, que foi uma
conquista histórica das mulheres trabalhadoras deve ser expandido até um ano, bem como
devemos exigir licença paternidade de 40 dias para homens, pois os pais também devem ser
responsáveis pelo cuidado de seus filhos.
A creche é um direito para que os pais da classe trabalhadora possam deixar seus filhos
em segurança em um espaço educacional. Logo, enquanto não existem creches públicas no
conjunto das escolas estaduais, devemos lutar por um auxílio creche de acordo com os valores
necessários para que se pague uma escola de educação infantil e a categoria possa trabalhar
tranquila. .
A unidade entre homens e mulheres, tendo as mulheres na vanguarda desta batalha, é
fundamental para que possamos superar esta situação de opressão. Sabemos que o capitalismo
utiliza-se da opressão sobre mulheres, negros e homossexuais para que possa aumentar seus
18
lucros e, como consequência, a exploração sobre a classe trabalhadora de conjunto, trata-se de
uma luta dos trabalhadores contra a opressão!
Também será necessário mobilizarmos a nossa categoria para que pressionemos o
governo para o atendimento da nossa pauta específica aprovada, dia 08 de março, na nossa
Assembleia Geral e entregue neste mesmo dia.

LGBT

A homofobia é uma opressão que divide a classe trabalhadora e a incorporação das
lutas contra a opressão é muito importante para o fortalecimento e unificação da classe. A
realidade em nosso país, que é refletida no setor educacional com força, é de que a homofobia
acaba por ser um grande obstáculo para que muitos LGBTTT concluam seus estudos e possam
até mesmo realizar seu trabalho com qualidade. Devemos denunciar e repudiar a violência
homofóbica sofrida por LGBTTT da classe trabalhadora, que se expressa em grandes índices
de assassinatos dos mesmos.

A eterna luta dos Funcionários de Escola

Não é de hoje que a necessidade dos agentes educacionais lutarem pelos seus direitos é
uma premissa. No governo Yeda, os ataques aos educadores e à escola pública foram um
projeto cotidiano. Entrou o governo Tarso e nada mudou, aliás, a situação e as condições de
trabalho dos agentes educacionais pioraram e houve um aprofundamento da precarização do
trabalho no ambiente escolar.
Além de todas as demandas históricas, há hoje uma nova ameaça, a extinção da categoria,
pois não há mais concurso público e é grande o número de aposentadorias.
Na questão da saúde, possuímos uma categoria adoecida pelo aumento da carga de
trabalho, agravado pela falta de estrutura e pelo material de trabalho inadequado.
Devemos ressaltar que o CPERS/SINDICATO sempre lutou junto à categoria pela
inclusão de todos os funcionários de escola no Plano de Carreira dos Agentes Educacionais.
Porém, o Governo Tarso aplica um duro golpe, apresentando um projeto de lei para o
funcionalismo público estadual, dividindo mais uma vez a categoria. O mesmo não incorpora
os trabalhadores que atuam nas escolas no novo plano de carreira, jogando-os para o quadro
geral. Com tudo isso, vimos que o governo atual não está preocupado em valorizar os
trabalhadores em educação.
Devido aos ataques do governo, temos que aumentar nossa organização. Continuaremos
sendo educadores com bandeiras de luta por uma educação de qualidade, lutaremos por uma
formação gratuita e pela lei do Piso, também para os Funcionários, aliás, luta que a CNTE
abandonou. Seremos resistentes e estaremos lutando junto à classe trabalhadora e à
comunidade escolar!


Saúde dos educadores, “o quadro da dor”

A situação da escola pública em nada se diferencia da dramática e dolorosa situação
dos professores e funcionários das escolas do RS. O CPERS/Sindicato, através do Projeto de
Saúde dos Trabalhadores em Educação, realizou seminários e pesquisas junto à categoria,
constatando o quadro de desvalorização, desrespeito, assédio moral, sobrecarga de trabalho,
baixos salários e falta de condições estruturais nas Escolas Públicas do RS. Quadro este que
provoca o adoecimento dos educadores.
Esse verdadeiro caos, que vem se agravando a cada governo, continua e se aprofunda
no Governo Tarso.
Infelizmente, os índices alarmantes de adoecimento dos educadores, em virtude da
atividade laboral, apontados em pesquisas, tendem a aumentar. É preciso manter e ampliar a
atenção sindical para saúde, aprofundando estudos, dando continuidade aos seminários e
debates, organizando em cada local de trabalho e em cada núcleo, as Comissões de Saúde do
Trabalhador em Educação para que possamos colocar esses problemas também como centro
das nossas próximas mobilizações.

Direitos para os Contratados

A luta dos educadores por concurso público é histórica no nosso estado. Durante
décadas, esta tem sido uma das principais reivindicações dos educadores e, apesar disso,
quando ocorrem concursos, não são suficientes para preencher as vagas existentes e, por isso,
não conseguem regularizar a situação dos contratados.
Enquanto isso, os contratos emergenciais, tanto para professores como para
funcionários, aumentam a cada ano. Hoje, sem dúvida, já são mais de 20 mil contratados,
numa relação de trabalho quase em “regime de escravidão”.
Neste sentido, este congresso tem que encarar este debate e deliberar que:
· O nosso sindicato tenha uma política unitária de proteção ao emprego dos
educadores contratados;
· Abra-se um debate sobre os direitos trabalhistas destes profissionais;
· Construa-se uma forte mobilização para pressionar o executivo e o legislativo
para que todo educador contratado tenha, no mínimo, os direitos garantidos
pela CLT.

6. PLANO DE LUTAS

A defesa da educação, dos direitos e reivindicações dos educadores e da luta unificada
da classe trabalhadora tem sido o norte da atuação do CPERS/Sindicato ao longo dos últimos
anos. A convicção em estar lado a lado com os trabalhadores na luta de classes fez com que
nosso Sindicato enfrentasse governos como o da Yeda e do Tarso Genro, mantendo-se com a
independência necessária para organizar a luta.
Este firme posicionamento político deve continuar sendo à base do plano de lutas para
o próximo período.
A denúncia sistemática de suas mentiras, de suas promessas não cumpridas, de seus
projetos de ataques aos nossos salários e planos de carreira, de suas reformas neoliberais,
configura a única possibilidade de defesa verdadeira dos educadores e da escola pública. A
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luta contra o atual governo e suas tentativas de enganar o povo gaúcho é condição essencial
para que possamos derrotar os planos de desqualificação e privatização da escola pública.
Nesse contexto, o Congresso deve debater o fortalecimento de nossa luta pelo
pagamento imediato do piso salarial profissional nacional para os professores e criação do piso
salarial para os funcionários, com os mesmos parâmetros.
Será necessário debater a construção de uma forte greve no RS, como único meio de
derrotar o objetivo do atual governo de se recusar a cumprir uma lei favorável aos
trabalhadores. E, assim, derrotar os acordos espúrios que o governo Tarso fez com o
Ministério Público para desrespeitar nosso direito.
Também recordar com força quem são os inimigos da educação, mais ainda em 2014,
que é ano eleitoral. Os ataques da burguesia, dos partidos de direita, que já governaram o
estado e o país, do atual governador e de sua bancada na Assembleia Legislativa deverão
seguir encontrando no CPERS/Sindicato a mais firme resistência, uma forte trincheira de luta
da classe trabalhadora.

EIXOS DE LUTA E REIVINDICAÇÕES DA CATEGORIA

· Cumprimento imediato da Lei do Piso Salarial para Professores, como básico do Plano
de Carreira. Criação do Piso Salarial para os Funcionários. Não às tentativas de
alteração dos critérios de reajuste da Lei do Piso.
· Cumprimento imediato do 1/3 de hora-atividade.
· Defesa dos Planos de Carreira de professores e funcionários.
· Não à reforma do ensino médio e à farsa do “ensino politécnico”.
· Concurso público para professores e funcionários, com taxas menores e regras
razoáveis.
· Não à meritocracia! Anulação do decreto que alterou os critérios da carreira do
magistério. Revisão da lei do vale-refeição para revogar o estorno.
· Inclusão de todos os funcionários no Plano de Carreira.
· Garantia da paridade entre ativos e inativos.
· Promoções dos professores e funcionários de escola.
· Manutenção do IPE-SAÚDE público, obrigatório e de qualidade somente para
servidores. Não ao desmonte do IPE.
· Valorização profissional e condições dignas de trabalho.
· Combate ao descaso dos governos Dilma e Tarso com a educação.
· Não à privatização da escola pública.
· Contra o PNE privatista que está no Congresso Nacional.
· Anulação da Reforma da Previdência comprada com o dinheiro do “mensalão”.
· Não ao Acordo Coletivo Especial – ACE ou qualquer outra proposta que retire direitos
dos trabalhadores.

AÇÕES

· Debater com a categoria a necessidade de uma greve no início de 2014 para obrigar o
governo a negociar o Piso e as demais reivindicações;
· Debate permanente nas escolas, para fortalecer o trabalho de base e preparar a
categoria para os próximos enfrentamentos;
· Continuar mobilizando os aposentados e chamando para fortalecer as instâncias do
Sindicato;
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· Organizar calendário de mobilizações no segundo semestre: redução de períodos e
paralisações;
· Fortalecer os representantes de escola e eleger onde não há;
· Articular lutas unitárias com os trabalhadores em educação de outros estados;
· Continuar, de forma conjunta com os demais trabalhadores, denunciando a tentativa de
criminalização dos movimentos sociais, por parte dos governos e das instituições
burguesas, como o Judiciário e o Ministério Público;
· Participar das lutas gerais em defesa dos direitos dos trabalhadores;
· Apoiar campanhas internacionais de solidariedade;
· Apoiar todas as formas de luta como: greves, ocupações de terra, mobilizações pela
reforma agrária, pelo direito à moradia, etc.
· Continuar fortalecendo a unidade, no RS, mas também em nível nacional, com os
setores que chamaram a marcha do dia 24 de abril, em Brasília.
· Organizar, no CPERS/SINDICATO, para além do que já existe, o debate e a
mobilização contra toda forma de opressão das mulheres, negros (as), LGBTs.
· Realizar um encontro internacional de educação para fortalecer a articulação e a
resistência em defesa da educação pública para a classe trabalhadora.
Integrantes da Direção Central do CPERS Sindicato que subscrevem esta tese:

REJANE SILVA DE OLIVEIRA – PRESIDENTE – A CUT PODE MAIS – MLS
(Movimento de Luta Socialista)
NEIDA PORFÍRIO DE OLIVEIRA – 1ª VICE-PRESIDENTE – CSP/CONLUTAS – CS
(Construção Socialista)
RÉGIS BATISTA ETHUR – 2º VICE-PRESIDENTE – CSP/CONLUTAS
MAIRA IARA DE FARIAS ÁVILA – SECRETÁRIA GERAL – CSP/CONLUTAS – CS
TANIA MARA M. FREITAS – TESOUREIRA GERAL – A CUT PODE MAIS – MLS
ANDREA CEZIMBRA ORTIZ – DIRETORA – CSP/CONLUTAS
DANIELA FABIANA PERETTI – DIRETORA – AE SINDICAL
NEI ALVES DE SENA – DIRETOR – A CUT PODE MAIS – MLS
LUIZ VERONEZI – DIRETOR – AE SINDICAL
ENILSON POOL DA SILVA – DIRETOR
MARIVETE MORAIS DE MELO – DIRETORA – CSP/CONLUTAS – CS
NEIVA INÊS LAZZAROTTO – DIRETORA – INTERSINDICAL
PAULO RENATO DAPPER – DIRETOR – A CUT PODE MAIS – MLS
TERESINHA BULLÉ DA SILVA – DIRETORA – CSP/CONLUTAS – C

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Golpe: a CNTE está abandonando a defesa do reajuste do piso para favorecer o governo federal, governadores e prefeitos


*Josenildo Vieira de Mello
 
No apagar das luzes, no final de ano, a CNTE golpeia a luta pela aplicação do Piso do Magistério, isso depois de ter corretamente lutado há anos em sua defesa e conquistado por meio de sucessivas mobilizações o Piso Salarial dos Profissionais do Magistério da Educação Básica Pública, assegurado no artigo 5º da Lei no 11.738/08, que estabelece:
Art. 5º - “O piso salarial profissional nacional do magistério público da educação básica será atualizado, anualmente, no mês de janeiro, a partir do ano de 2009”.  Parágrafo único. A atualização de que trata o caput deste artigo será calculada utilizando-se o mesmo percentual de crescimento do valor anual mínimo por aluno referente aos anos iniciais do ensino fundamental urbano, definido nacionalmente, nos termos da Lei n11.494, de 20 de junho de 2007.”

A CNTE dá um passo atrás

Após este artigo ter gerado mais uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIN) de no 4.848, quando os governadores pedem a suspensão do critério do calculo atual, de forma retroativa e sugerem o INPC, como mecanismo do reajuste do piso, a CNTE, de forma conservadora e sem nenhum diálogo com a base das entidades fechou posição que vai contra a política de  valorização da categoria garantida através do artigo 5º da Lei 11.738/08, abrindo um precedente absurdo na luta histórica dos profissionais do magistério público da educação básica em defesa da valorização profissional, aumentando a dívida histórica que os governos têm para com o conjunto da categoria.
Em reunião com o Conselho Nacional de Entidades, no dia 19 de setembro de 2012, no Recife- PE, a CNTE aprovou uma proposta, no mínimo absurda pela posição política que ela representa, contrapondo ao artigo 5º da Lei, baseado no argumento da crise financeira que passam os municípios, os estados e a União, com dificuldades de manter a atual política de valorização da categoria e a grande possibilidade do cálculo passar a ser feito pelo INPC, de acordo com o Projeto de Lei nº 4.375/12, propondo assim, aplicação do valor do INPC + 50% do crescimento da receita agregado do FUNDEB, alegando que esta proposta supera todas as demais, como a do custo aluno ano ou a da variação do INPC, além de assegurar um ganho real permanente, mesmo na crise financeira, tendo ainda como preservar a capacidade financeira dos entes federados.
De que lado estão os dirigentes da CNTE e das entidades de base filiadas com esta tomada de posição, que vai contra todas as lutas e mobilizações dos últimos 30 anos de nossa categoria?
Como justificar para os profissionais do magistério a renuncia do avanço da Lei 11.738/08, no seu artigo 5º, em contraposição a esta postura que se alinha mais as reivindicações dos governadores e prefeitos, além de reduzir os gastos públicos com a educação?
A CNTE não buscou chamar uma discussão com a base dos profissionais do magistério nas suas entidades e já no dia 30/10/2012, em uma reunião de emergência com a UNDIME e Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados, chegaram a um consenso em cima da posição da Confederação, que para Daniel Cara, Coordenador Geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, foi muito positiva: “um dos principais méritos da nossa proposta coletiva é que ela permitirá, entre 7 a 10 anos, que o piso do Magistério alcance, ao menos, um patamar equivalente ao salário mínimo do DIEESE, que calcula uma remuneração capaz de garantir todas as necessidades do consumo para viabilizar um padrão mínimo de qualidade de vida. E esse é um importante passo”. Pura desfaçatez!
Ora, se as metas 17 e 18 do Plano Nacional de Educação dizem que os profissionais do magistério da educação básica, devem ter uma valorização para equiparar seus salários ao rendimento médio dos demais profissionais com escolaridade equivalente (hoje está em torno de R$ 3.432,02), com essa nova proposta que é contrária a estas duas metas, em 07 a 10 anos, o Piso Salarial do Magistério ficará em torno de R$ 2.616,41 (dois mil, seiscentos e dezesseis reais e quarenta e um centavos), ou seja, provocará uma perda salarial de aproximadamente mil reais ao magistério em poucos anos. Se tomarmos como referência o cálculo do reajuste de 2013, que em vez de ser de 21.75%, que é a variação da média do custo aluno ano dos últimos dois anos, os reajustes passariam a ser de 12,71%, sendo 5,5% do INPC e 7,21% da média das receitas do FUNDEB, que em 2012 foi de 14,42%, claramente gerando um grande retrocesso no campo da valorização profissional e uma perda salarial inadmissível.
Esta proposta foi apresentada ao presidente da Câmara dos Deputados, Deputado Marcos Maia (PT) no dia 31/10/2012 e que deverá receber ajustes finais para ser anunciada à Presidente Dilma, para que possa ser transformada em uma medida provisória, que tirará inclusive a eficácia a ADIN no 4.848 interposta pelos governadores. Ela teve o apoio da Frente Nacional dos Prefeitos (FNP), UNDIME (União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação) e a CONSED (Conselho Nacional dos Secretários Estaduais de Educação), todos representantes patronais dos entes federados, além da Campanha Nacional pelo Direito a Educação, uma organização não governamental que representa os mais variados interesses, principalmente dos grupos econômicos que financiam suas atividades e dos representantes da Comissão de Educação e Cultura da Câmara, formada por representantes do Governo e da oposição e que em nada divergem da atual política de investimento de recursos públicos na educação.
A proposta da CNTE, que teve consenso de todos os demais que integram a Comissão de Educação encarregada de discutir os reajustes da categoria junto ao MEC, pegou a todos de surpresa. É uma política de conciliação entre as esferas da federação e os representantes dos trabalhadores da educação básica pública, o que para nós e entidades sindicais representativas deste segmento de trabalhadores e os próprios profissionais do magistério, não pode ser admitida. Trata-se de uma capitulação escancarada às políticas de ajustes fiscais impostas pela equipe econômica do Governo Dilma. Os professores e profissionais da educação não podem ser penalizados para supostamente  garantir aos governos sobras de recursos públicos, que com  certeza, irão ser canalizados para a corrupção ou desviados para finalidades obscuras, além de ajudar fazer o país atingir a meta do Superávit Fiscal Primário, encomendada pelos organismos financeiros internacionais, como o FMI .

Lutar e barrar esse retrocesso 

Esse famigerado acordo construído pela CNTE e seus “parceiros”, fará com que os governos das três esferas entrem com a “corda”, e nós trabalhadores na educação com o “pescoço”. Já tivemos grandes perdas salariais em 2009, 2010 e 2011, e por sinal estamos buscando nossos direitos na justiça, exatamente para assegurar os reajustes negados pelos governos, em especial o Governo Federal, o principal descumpridor da lei, que não assegurou o reajuste correto do Piso desde a sua implantação em 2008 conforme determina o artigo 5º da Lei 11.738/08, do qual agora a CNTE quer abrir mão, tentando desconstruir este direito já assegurado em Lei.
A CNTE precisa rever a sua posição e retirar esta proposta indecente da mesa de negociação sobre o reajuste salarial do Piso Salarial Profissional Nacional do Magistério e fazer valer o critério já está assegurado na Lei 11.738/08. Temos que lutar para não haver recuo financeiro em relação à garantia de valorização nos percentuais do custo aluno ano, que por sinal, nos países desenvolvidos, ultrapassa dez mil reais. Sem essa batalha não teremos garantidas as condições de assegurar aos nossos filhos o mínimo de direitos. Não teremos educação pública e gratuita.
A única saída para mantermos a política de valorização dos Profissionais do Magistério da Educação Básica é chamar à Greve Geral Nacional destes trabalhadores. Só assim poderemos assegurar a correção do Piso conforme determina a Lei e garantir, ao longo dos próximos oito anos, a equiparação salarial aos demais profissionais com a formação equivalente.. Esta luta tem que chegar a todas as regiões e rincões do Brasil, dando um norte político a partir de políticas reivindicativas, organizativas e de lutas, trazendo assim, avanços econômicos e sociais e garantindo melhores condições de trabalho para com isso assegurar uma educação verdadeiramente gratuita, publica e de boa qualidade para todos os filhos e filhas dos trabalhadores e para a maioria do povo.
A CNTE tem que cumprir o papel para a qual foi criada, a defesa intransigente dos direitos já assegurados à nossa categoria e a busca de avanços e novas conquistas. Ela não foi criada para desenvolver um papel de correia de transmissão ou braço sindical dos governos que sempre negaram a valorização dos profissionais do Magistério e desprezaram a educação pública e gratuita no Brasil. Estes governos que a CNTE quer salvar sempre representaram os interesses das elites econômicas e políticas que sempre deixaram a educação pública ao descaso e ao relento, como se fosse um mal necessário para manter os explorados e oprimidos subjugados. Queremos o direito humano universal de uma educação pública, gratuita e de qualidade para todos.
Ao se encerrar o ano letivo a categoria deve se preparar para a luta no ano que vem e desde já denunciar o engodo realizado pela CNTE!

Sindicato é pra lutar e não para conciliar!

Os trabalhadores não pagarão pela crise! Que a paguem os patrões!

* Josenildo é Coordenador Geral do SINDUPROM-PE e militante da Esquerda Marxista