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Créditos: UmQueTenha
Um blog de informações culturais, políticas e sociais, fazendo o contra ponto à mídia de esgoto.
quarta-feira, 6 de outubro de 2010
Ascensão social, egoísmo e liberdade
Boa reflexão pós primeiro turno feita por Miguel do Rosário em seu blog óleo do diabo
Não é de hoje que a agressividade se tornou uma das características
marcantes do serrismo. Na verdade, nem existe serrismo propriamente
dito, e sim um antilulismo radicalizado, que conseguiu transferir para
Dilma todo seu ódio. Todos nós que atuamos na blogosfera política
pertencemos à classe média ou nos relacionamos com ela, e sofremos na
pele essa hostilidade quase fanática que toma conta das pessoas
identificadas com o antilulismo. Ontem fiquei sabendo que a filha de
nove anos um amigo nosso da blogosfera sofreu um "bullying" no colégio
onde estuda, em São Paulo, porque manifestou apoio à Dilma. Seus
coleguinhas perseguiram-na depois da aula, chutaram-na, xingaram-na e
aterrorizaram-na por conta de suas razões políticas. Se isso não é o
início de uma mentalidade fascista, então não sei mais o que é fascismo.
O próprio crescimento econômico e a ascensão social acentuou esse egoísmo, tão natural ao ser humano, que o leva a agarrar-se às suas conquistas com uma espécie de pavor, com medo que o mesmo processo que o levou a ascender socialmente possa beneficiar seus vizinhos. É um sentimento maligno, vil, atrasado, mas perfeitamente humano, e como tal inspirado pelo instinto de sobrevivência. Roma decidiu destruir a bela Cartago apenas pelo medo de que esta ameaçasse sua hegemonia. Os EUA tornaram-se uma grande potência democrática impondo regimes totalitários a seu redor e espalhando miséria. Mesmo as pessoas mais generosas não conseguem resistir a uma pontinha de prazer ao saber do fracasso alheio.
Por isso mesmo, as propagandas do governo sobre as dezenas de milhões de famílias que ascenderam à classe média não comove a maior parte desta mesma classe média. Ela sente, afinal, e com razão, que ascendeu devido a seu próprio esforço e não em virtude das qualidades gerenciais daquela senhora com ar orgulhoso e sobrenome estrangeiro.
E a classe média tradicional propriamente dita não aguenta mais ouvir falar em ascensão social, porque experimenta na pele as consequências danosas desse processo. Até pouco tempo, um filho da classe média conseguia facilmente uma vaga na universidade e depois um cargo nas altas esferas do serviço público. Hoje isso está cada vez mais difícil. Os aeroportos eram vazios e confortáveis. O pobre era invisível, inofensivo, submisso, e agora invade os espaços antes reservados aos do andar de cima. Serviços domésticos custavam uma ninharia, hoje são quase um luxo.
Como cinéfilo que assiste dezenas de filmes por mês, sempre me impressiona o hábito das famílias norte-americanas ou européias de classe média de lavarem suas próprias louças, arrumarem suas casas, cozinharem sua própria comida, porque também assisto a novela das oito na Globo, onde o mundo ainda é radicalmente dividido entre casa grande e senzala, com empregadas de uniforme realizando serviços domésticos mais insignificantes. Os domésticos das novelas da Globo trabalham a qualquer hora do dia e da noite. Já vi cenas em que empregadas (geralmente lindas moças morenas) são acionadas no meio da noite para fazer um "sanduíche". Sem contar que não possuem vida própria. Os autores quase não se preocupam em lhes dar um status de personagem completo. Suas existências apenas giram em torno da vida de seus patrões.
Entretanto, suponho que o Brasil chegou a um estágio em que não dá mais para ficar se comparando aos EUA ou à Europa. Temos que, definitivamente, inventar a nossa própria cultura, aprimorar nossas instituições ao nosso jeito. E as questões morais deverão ser trabalhadas pelos produtores e distribuidores de cultura com mais responsabilidade e mais talento.
Se o egoísmo é inerente ao ser humano, existe uma razão natural para que ele exista. Ele serve à nossa sobrevivência e nos ajuda a nos consolidarmos como indivíduos perante um coletivo muitas vezes massacrante. É sabido como os egoístas e as pessoas sem escrúpulos tem facilidades para vencer na vida que outros não tem. A própria ambição, uma forma de egoísmo, é venerada e premiada hoje como uma virtude. E de certa forma é uma virtude. Sempre foi. Não adianta nos colocarmos no papel de representantes do bem, porque isso seria falso. O mal que permeia a sociedade também está em nós; não fosse assim, seríamos aberrações. A luta contra o mal não é para extirpá-lo, mas para regulá-lo, ponderá-lo, dominá-lo, usar sua energia selvagem a nosso favor e em favor da sociedade.
Esse foi, portanto, a maior deficiência da campanha de Dilma Rousseff, e que poderá inclusive custar-lhe a vitória. Essa falta de compreensão sobre o caráter egoísta (e humano) desta nova classe média, hoje maioria da população brasileira. Ela é ambiciosa. Não quer saber de eliminar a miséria. Ela quer ficar rica, o que também é uma forma de liberdade, talvez a mais efetiva de todas, e para isso não hesitará em incorporar os valores morais e políticos daqueles no alto da pirâmide.
Então entramos novamente no terreno moral. O próprio fato de analistas atribuírem a não-vitória no primeiro turno a fatores religiosos prova que houve uma carência de um discurso moral na campanha, exclusivamente centrada em estatísticas (apesar da emoção nas imagens).
Comparar os governos FHC e Lula, a meu ver, não comove esse vasto eleitorado marinista.
Dilma deveria explicar a essas famílias que a luta contra a pobreza não implica em prejuízo a seus planos de continuar ascendendo socialmente. Pelo contrário. O país crescerá este ano 7%, uma das maiores taxas do mundo. A continuidade desse processo político e econômico ampliará as oportunidades de enriquecimento e independência econômica. Neste ponto se interligam moral e economia. Marina soube falar ao coração da nova classe média e da juventude, cuja ambição pelo dinheiro gera ao mesmo tempo uma atormentada consciência de culpa que se reflete em maior severidade em relação a valores morais, como a ética na política, de um lado, e maior religiosidade, de outro.
Um setor crescente da classe média brasileira não quer mais esperança. Não quer mais assistência estatal. Não quer bolsa família. Não se empolga com R$ 600 de salário mínimo, porque não quer ganhar salário mínimo. Quer conforto, viagens ao exterior, carro e segurança financeira. O governo também proporcionou isso. Mas não soube mostrar na campanha. Ainda há tempo.
O próprio crescimento econômico e a ascensão social acentuou esse egoísmo, tão natural ao ser humano, que o leva a agarrar-se às suas conquistas com uma espécie de pavor, com medo que o mesmo processo que o levou a ascender socialmente possa beneficiar seus vizinhos. É um sentimento maligno, vil, atrasado, mas perfeitamente humano, e como tal inspirado pelo instinto de sobrevivência. Roma decidiu destruir a bela Cartago apenas pelo medo de que esta ameaçasse sua hegemonia. Os EUA tornaram-se uma grande potência democrática impondo regimes totalitários a seu redor e espalhando miséria. Mesmo as pessoas mais generosas não conseguem resistir a uma pontinha de prazer ao saber do fracasso alheio.
Por isso mesmo, as propagandas do governo sobre as dezenas de milhões de famílias que ascenderam à classe média não comove a maior parte desta mesma classe média. Ela sente, afinal, e com razão, que ascendeu devido a seu próprio esforço e não em virtude das qualidades gerenciais daquela senhora com ar orgulhoso e sobrenome estrangeiro.
E a classe média tradicional propriamente dita não aguenta mais ouvir falar em ascensão social, porque experimenta na pele as consequências danosas desse processo. Até pouco tempo, um filho da classe média conseguia facilmente uma vaga na universidade e depois um cargo nas altas esferas do serviço público. Hoje isso está cada vez mais difícil. Os aeroportos eram vazios e confortáveis. O pobre era invisível, inofensivo, submisso, e agora invade os espaços antes reservados aos do andar de cima. Serviços domésticos custavam uma ninharia, hoje são quase um luxo.
Como cinéfilo que assiste dezenas de filmes por mês, sempre me impressiona o hábito das famílias norte-americanas ou européias de classe média de lavarem suas próprias louças, arrumarem suas casas, cozinharem sua própria comida, porque também assisto a novela das oito na Globo, onde o mundo ainda é radicalmente dividido entre casa grande e senzala, com empregadas de uniforme realizando serviços domésticos mais insignificantes. Os domésticos das novelas da Globo trabalham a qualquer hora do dia e da noite. Já vi cenas em que empregadas (geralmente lindas moças morenas) são acionadas no meio da noite para fazer um "sanduíche". Sem contar que não possuem vida própria. Os autores quase não se preocupam em lhes dar um status de personagem completo. Suas existências apenas giram em torno da vida de seus patrões.
Entretanto, suponho que o Brasil chegou a um estágio em que não dá mais para ficar se comparando aos EUA ou à Europa. Temos que, definitivamente, inventar a nossa própria cultura, aprimorar nossas instituições ao nosso jeito. E as questões morais deverão ser trabalhadas pelos produtores e distribuidores de cultura com mais responsabilidade e mais talento.
Se o egoísmo é inerente ao ser humano, existe uma razão natural para que ele exista. Ele serve à nossa sobrevivência e nos ajuda a nos consolidarmos como indivíduos perante um coletivo muitas vezes massacrante. É sabido como os egoístas e as pessoas sem escrúpulos tem facilidades para vencer na vida que outros não tem. A própria ambição, uma forma de egoísmo, é venerada e premiada hoje como uma virtude. E de certa forma é uma virtude. Sempre foi. Não adianta nos colocarmos no papel de representantes do bem, porque isso seria falso. O mal que permeia a sociedade também está em nós; não fosse assim, seríamos aberrações. A luta contra o mal não é para extirpá-lo, mas para regulá-lo, ponderá-lo, dominá-lo, usar sua energia selvagem a nosso favor e em favor da sociedade.
Esse foi, portanto, a maior deficiência da campanha de Dilma Rousseff, e que poderá inclusive custar-lhe a vitória. Essa falta de compreensão sobre o caráter egoísta (e humano) desta nova classe média, hoje maioria da população brasileira. Ela é ambiciosa. Não quer saber de eliminar a miséria. Ela quer ficar rica, o que também é uma forma de liberdade, talvez a mais efetiva de todas, e para isso não hesitará em incorporar os valores morais e políticos daqueles no alto da pirâmide.
Então entramos novamente no terreno moral. O próprio fato de analistas atribuírem a não-vitória no primeiro turno a fatores religiosos prova que houve uma carência de um discurso moral na campanha, exclusivamente centrada em estatísticas (apesar da emoção nas imagens).
Comparar os governos FHC e Lula, a meu ver, não comove esse vasto eleitorado marinista.
Dilma deveria explicar a essas famílias que a luta contra a pobreza não implica em prejuízo a seus planos de continuar ascendendo socialmente. Pelo contrário. O país crescerá este ano 7%, uma das maiores taxas do mundo. A continuidade desse processo político e econômico ampliará as oportunidades de enriquecimento e independência econômica. Neste ponto se interligam moral e economia. Marina soube falar ao coração da nova classe média e da juventude, cuja ambição pelo dinheiro gera ao mesmo tempo uma atormentada consciência de culpa que se reflete em maior severidade em relação a valores morais, como a ética na política, de um lado, e maior religiosidade, de outro.
Um setor crescente da classe média brasileira não quer mais esperança. Não quer mais assistência estatal. Não quer bolsa família. Não se empolga com R$ 600 de salário mínimo, porque não quer ganhar salário mínimo. Quer conforto, viagens ao exterior, carro e segurança financeira. O governo também proporcionou isso. Mas não soube mostrar na campanha. Ainda há tempo.
O coronelismo eletrônico evangélico
Por Venício A. de Lima no Observatório da Imprensa |
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Estado e Igreja Católica Romana sempre
estiveram muito próximos no Brasil. Herdamos dos colonizadores
portugueses esse vínculo e não foi por acaso que fomos chamados de
"Terra de Santa Cruz" e o primeiro ato solene em solo brasileiro tenha
sido a celebração de uma missa. A Constituição outorgada de 1824 estabelecia o catolicismo como religião oficial do Império. Essa condição perdurou até o início da República quando Deodoro da Fonseca assinou o Decreto 119-A, de 7 de janeiro de 1890. Desde então, instaurou-se a separação oficial entre Igreja e Estado e nos tornamos, do ponto de vista legal, um Estado laico. Na sua origem latina a palavra significa leigo, secular, neutro, por oposição a eclesiástico, religioso. Frente parlamentar Embora no Preâmbulo da Constituição de 1988 conste que ela foi promulgada "sob a proteção de Deus", o inciso I do artigo 19, é claro: I – estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na formada lei, a colaboração de interesse público. Exatamente pelo caráter laico formal do Estado brasileiro, a crescente participação de igrejas no sistema de comunicações e na política vem, gradativamente, merecendo a atenção de analistas e pesquisadores. Coronelismo eletrônico evangélico do cientista político Valdemar Figueredo Filho, originalmente tese de doutorado defendida no Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro, IUPERJ, constitui uma importante contribuição ao entendimento de parcela significativa das relações entre Estado e religião no nosso país. O argumento principal de Figueredo Filho é que "a representação política evangélica é o mesmo que representação das redes de comunicação evangélicas" e "nem mesmo os supostos valores morais comuns ao grupo religioso conseguem o grau de coesão alcançados pelos interesses relacionados à formação, manutenção e expansão de suas redes de comunicação". No contexto legal que regula a concessão, renovação e o cancelamento dos serviços públicos de rádio e televisão no Brasil, isso significa a manutenção de um tipo particular de coronelismo eletrônico, agora o evangélico. A representação evangélica no Congresso Nacional tem aumentado na medida em que também aumenta o percentual de evangélicos no total da população brasileira. Dados levantados por Figueredo Filho para o ano de 2000 indicam que esse percentual já atingia 15,6% contra apenas 9% em 1990. Em relação à representação política, no entanto, há uma diferença fundamental. Se até o final da década de 1980 ela era composta, sobretudo, por usuários do rádio e da televisão (a chamada "igreja eletrônica"), a partir de então ela passou a ser principalmente de concessionários deste serviço público. O pesquisa realizada por Figueredo Filho, baseda em informações da Anatel e da Abert, até março de 2006, revela que 25,18% das emissoras de rádio FM e 20,55% das AM nas capitais brasileiras são evangélicas. Há de se notar, no entanto, que as denominações Pentecostais são as que controlam o maior número de concessões, destacando-se a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), entre as emissoras FM, e a Igreja Assembléia de Deus (IAD), entre as AM. Em relação à televisão, além do grande número de programas evangélicos que é transmitido por emissoras de TV abertas, existem também redes cujas entidades concessionárias são igrejas. E, sobretudo, existe um grande número de retransmissoras (RTVs) controladas diretamente por igrejas. A criação de uma Frente Parlamentar Evangélica, ainda em 2003, formaliza a articulação dos interesses evangélicos no Congresso Nacional. Estes são defendidos através da participação de seus membros nas comissões de Comunicação tanto na Câmara quanto no Senado e nas votações das proposições legislativas em plenário. Rádios comunitárias O livro de Figueredo Filho mostra que, a exemplo do que ocorre também em relação às outorgas de rádios comunitárias, número expressivo das concessionárias das emissoras de rádio e televisão (aberta) e RTVs estão vinculadas a entidades religiosas. E mais ainda: seus representantes são atores políticos que atuam de forma articulada no Congresso Nacional na defesa de interesses religiosos e na formação, manutenção e ampliação da suas redes de comunicação. Obviamente os evangélicos não são o único grupo religioso concessionário do serviço público de radiodifusão. E a utilização de concessões públicas não é a única forma de atuação de grupos religiosos na mídia. O livro de Figueredo Filho levanta, todavia, uma questão que não pode ser ignorada: uma concessão pública que, por definição, deve estar "a serviço" de toda a população pode continuar a atender interesses particulares de qualquer natureza – inclusive ou, sobretudo, religiosos? Ou, de forma mais direta: se a radiodifusão é um serviço público cuja exploração é concedida pelo Estado (laico), pode esse serviço ser utilizado para proselitismo religioso? Curiosamente a Lei 9.612/1998 proíbe o proselitismo de qualquer natureza (§ 1º do artigo 4º) nas rádios comunitárias. Uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 2566 de 14 de novembro de 2001), contra esta proibição, ainda aguarda julgamento no Supremo Tribunal Federal. Até o julgamento, cabe perguntar: a norma que vale para as outorgas de rádios comunitárias não deveria valer também para as emissoras de rádio e de televisão pagas e/ou abertas? [Brasília, julho de 2010] |
O clima de assédio moral entre evangélicos
Por Elias Aredes Junior no blog do nassif
Nassif, Quero dar aqui meu testemunho sobre o clima nas igrejas
evangélicas brasileiras. Sou protestante, cresci na Igreja Metodista e
atualmente frequento a Igreja do Nazareno em Campinas. Concordo com a
tese defendida por Marcos Moniz, mas quero chamar a atenção para outro
aspecto fundamental: o preconceito e o clima de perseguição que existe
dentro das próprias igrejas evangélicas com pessoas de ideário
progressista. Apesar dos esforços de pastores que criaram o Movimento
Evangélico Progressista, a atitude natural é que a pessoa que vota no PT
seja discriminada e colocada de lado na maioria das igrejas. Seja antes
durante ou depois das eleições. Já senti isso na pele.
os e atitudes vividos aqui em Campinas comprovam meu
temor. Basta dizer que, no início do mês passado, recebi diversos vídeos
direcionados contra o PT pelo pastor Paschoal Piragine Junior, da
Primeira Igreja Batista de Curitiba. Suas declarações continham
inverdades e informações deturpadas. Como cidadão que sou, fiz a minha
parte e redigi uma resposta direcionada ao pastor e esclarecendo os
pontos inveridicos. Mandei até para pessoas que considerava como amigos
intimos. O que recebi em troca? Ao invés de um debate saudavel, o fruto
colhido foi preconceito, ignorância e retaliação de todas as partes.
Algumas pessoas colocaram até o meu carater em dúvida em virtude da
minha posição política. Quero deixar claro, porém, que o pastor titular
da igreja que frequento, chamado Fernando Henrique Cavalcante de
Oliveira, nunca fez qualquer comentário danoso. Pelo contrário: é um dos
únicos líderes evangélicos de Campinas que usam o púlpito apenas para
propagar a palavra de Deus e não se envolve com politica. Pode fazer uma
declaração sobre o tema, mas com o objetivo que as pessoas adotem a
consciência como único norte para a definição do voto. Independente do
partido político de preferência da pessoa.
Outro fato concreto: a igreja Assembléia de Deus, cuja sede em
Campinas está no Parque Itália, por diversas vezes no culto de
quarta-feira fez campanha escancarada contra o Partido dos
Trabalhadores. Mais: chegaram a exibir o vídeo do pastor
Piragine durante o culto e distribuir cópias do vídeo aos frequentadores
do culto. Que são mais de 2 mil pessoas. Agora, o detalhe: o pastor
titular da igreja é Paulo Freire, eleito deputado federal pelo Partido
da República, coligado com o Partido dos Trabalhadores.
Outro detalhe: a maioria das pessoas com quem converso e que
frequentam as igrejas são enfáticas em condenar o PT sobre a posição
sobre o aborto. Dizem o slogan sobre a vida, etc e tal. Mas são
incapazes de discutir temas fundamentais como planejamento familiar e
controle de natalidade. E de se informar que se existe o tema no
programa de governo de Dilma Roussef é para contemplar a ala feminista
do partido. E que os católicos e evangélicos não aprovam o tema. Mas que
nada. Não adianta argumentar: a pessoa que tenta explicar é condenada
sumariamente, sem perdão. Por isso, digo sem medo de errar: esses temas
são proibidos de se discutir dentro das igrejas evangélicas. Existe uma
censura velada e o lema é seguir o líder incontestável.
Um outro tema carregado de preconceito é a união de homossexuais.
Escolher a opção sexual é a opção de cada e se nós, evangélicos
propagamos que é pecado deveríamos amar ainda mais. Por que Cristo antes
de qualquer coisa amou o pecador. Pois eu digo que já
presenciei em uma igreja de Campinas um pastor fazer o seguinte
comentário ao vislumbrar diante de si uma passeata gay: "Tive vontade de
pegar meu carro e jogar em cima daquelas pessoas". Detalhe: a
declaração foi feita diante de um público de, no minimo, três mil
pessoas.
Nassif e colaborares do blog: a verdade é que está instituida na
igreja evangélica brasileira o voto de cabresto. E na maioria das vezes,
a pessoa que declara o seu voto no Partido dos Trabalhadores recebe em
troca retaliação, discriminação e censura. E até a perda de vinculos de
amizade.
Chamo atenção para o seguinte fato: nos Estados Unidos, em 2000 e
2004, presenciaram as suas eleições focadas em aspectos morais. A
orientação sedimentou a vitória de George W. Bush., que certamente
entrou para a história como um dos piores presidentes da história dos
EUA. Não estou dizendo que Serra é o Bush
Por isso, mais do que um texto, este é um apelo de uma pessoa com
ideário progressista e que deseja apenas possuir o direito de exercer a
sua cidadania. E mais: que sonha com o dia em que a igreja evangélica
tenha maturidade e capacidade de contemplar variedade de opiniões.
Guiar-se apenas pela mente de pessoas designadas como comandantes de um
rebanho (pelo menos isso é que deveriam fazer!!!) que adotam a
retaliação politica como norma de conduta.
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