sábado, 13 de fevereiro de 2010

Afeganistão, a bola da vez...

Massacre anunciado no Afeganistão


Tropas da NATO estão a preparar uma ofensiva em larga escala contra a cidade de Marja (também Marjah ou Marjeh) na provícia de Helmand no sul do Afeganistão.
Esta zona é considerada um bastião dos talibã e tem sido alvo de uma intensa campanha militar ao longo dos últimos anos. No entanto face ao incapacidade de controlar a situação nesta e noutras regiões do país as chefias militares pediram um aumento de tropas para o qual os Estados Unidos contribuíram com 30.000 soldados e os restantes países da NATO com 7.000 (Sócrates aumentou o contingente português em 150 homens).
É com o auxílio de muitos destes reforços que a NATO tenciona agora controlar o sul do Afeganistão. Marja, com cerca de 80.000 habitantes, tem sido uma cidade que as forças de ocupação nunca conseguiram controlar e é vista como um centro operacional estratégico para os talibãs. Segundo os militares poderão estar lá entrincheirados cerca de 2.000 guerrilheiros.
O que é novo na táctica da NATO é a forma como o ataque vem sendo publicitado (ver por exemplo aqui e aqui) nos meios de comunicação social. Segundo o general Stanley McCrystal é uma forma de permitir aos habitantes pensarem o que querem fazer antes de serem atingidos por uma ofensiva militar brutal que pode ter início a qualquer momento e para a qual estão mobilizados 15.000 soldados. Traduzindo: aqueles que não fugirem a tempo serão considerados terroristas e alvos a abater.
Nos meios afectos à guerra a excitação é grande. Académicos, think-tanks, analistas acompanham com entusiasmo as movimentações de tropas, falam da possibilidade de selar a área para conduzir a ofensiva e invocam a preciosa experiência adquirida pelos Marines no massacre da Falluja (Iraque) em 2004.
Será este o primeiro grande massacre da era Obama?
Fonte: Esquerda.Net

Ainda o Haiti....

"O meu governo não foi derrubado pelo povo"

por Jean-Bertrand Aristide [*]
entrevistado por Peter Hallward

. Em meados dos anos 80, Jean-Bertrand Aristide era um jovem padre paroquiano que trabalhava em um bairro pobre e conflituoso de Porto Príncipe. Corajoso defensor dos direitos e dignidade dos pobres, logo se tornou o mais amplamente respeitado porta-voz de um crescente movimento popular contra a série de regimes militares que controlaram o Haiti depois do colapso da ditadura pró-americana dos Duvalier, em 1986.

Em 1990, venceu a primeira eleição presidencial democrática, com 67% dos votos. Sentido como uma perigosa ameaça pela elite minoritária dominante do Haiti, foi derrubado por um golpe militar em setembro de 1991. Conflitos com essa mesma elite e suas legiões, apoiada por seus poderosos aliados nos EUA e França, tem marcado toda a trajetória política de Aristide: depois de conquistar uma esmagadora vitória nas eleições de 2000, seus inimigos lançaram uma campanha de propaganda massiva para caracterizá-lo como violento e corrupto.

A resistência estrangeira e da elite local por fim culminaria em um segundo golpe contra ele, na noite de 28 de fevereiro de 2004. Amigo e politicamente aliado de Thabo Mbeki, da ANC, Aristide foi para um relutante exílio na África do Sul, onde permanece até os dias de hoje. Apelos para o retorno imediato e incondicional de Aristide continuam a polarizar a política haitiana. Muitos analistas, assim como alguns importantes membros do governo atual reconhecem que, se a constituição permitisse a Aristide candidatar-se novamente a uma reeleição, ele venceria facilmente.

Recluso, o ex-presidente do Haiti veio à tona recentemente com o terremoto que abalou o seu país. Na oportunidade se disse pronto a voltar para o país e ajudar a sua reconstrução. Analistas acreditam que uma eventual volta do ex-presidente poderia provocar uma reviravolta na conturbada política local. Mesmo vivendo em um quase anonimato, Aristide conseguiu conservar uma forte base de simpatizantes na capital e em diversas áreas rurais do Haiti — o que poderia ser interpretado como uma ameaça ou mesmo uma afronta a seu velho aliado e atual presidente, René Préval.

Um pouco da história e do pensamento de Jean-Bertrand Aristide pode ser conhecida através da longa entrevista que o ex-presidente concedeu a Peter Hallward professor de filosofia na Universidade de Middlesex (Inglaterra). A entrevista em francês foi realizada em Pretória (África do Sul) no dia 20 de julho de 2006. O texto completo da entrevista foi publicado em apêndice do livro de Hallward Damming de Flood: Haiti, Aristide and the Politics of Containment (Paperback, 2008).

Esta entrevista encontra-se em http://resistir.info/ .