segunda-feira, 29 de junho de 2009

Princípios do Choro Box 1 (2002)


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Créditos: UmQueTenha

Princípios do Choro Box 2 (2002)


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Princípios do Choro Box 3 (2002)


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Créditos: UmQueTenha

Conselhos amigos

Jorge Cadima






“Dizem-nos que houve fraude eleitoral. Também nos disseram que havia armas de destruição em massa no Iraque. E genocídio nos Balcãs. E que os fundamentos das economias eram «sólidos». Porque havemos de acreditar neles? Também na Venezuela foram capazes de pôr milhares na rua (sobretudo das classes médio-altas) a exigir o derrube «do ditador» que tem ganho legitimamente eleição após eleição (com o voto popular). Organizaram mesmo um golpe de Estado, para gáudio da CNN”.
Jorge Cadima* - odiario.info

O delírio da comunicação social e dos governos euro-americanos perante as eleições iranianas – seja qual for a verdade dos factos e a avaliação do regime iraniano - sugere alguns conselhos amigos.

Que tal mandar os governantes da Florida (no ano 2000) e do Ohio (em 2004) para ensinar aos iranianos como se organizam eleições a sério? Que tal enviar para Teerão os responsáveis pela prisão de Abu Graibe no Iraque ocupado, ou do campo de concentração de Guantanamo, para ensinar a médio-orientais medievais os altos padrões democrático-ocidentais no tratamento de presos políticos? Que tal enviar o Presidente do Perú, Alan Garcia (aliado de Washington e membro da Internacional Socialista) para o Irão, para ensinar como se pode massacrar dezenas de manifestantes (há pouco mais de duas semanas) a partir de helicópteros, perante o silêncio cúmplice da comunicação social e dos governantes ocidentais? Poderia até ser acompanhado pelos chefes militares americanos que, segundo o próprio governo afegão, massacram rotineiramente dezenas de civis a partir de aviões, motivando por parte duma chocadíssima União Europeia a duríssima reacção de mandar cada vez mais tropas para combater ao lado dos «nossos aliados» aero-assassinos. E mandem também os governantes israelitas que massacram palestinos há 60 anos sem que «o Ocidente» perca sono. Que tal enviar para Teerão os chefes dos Estados mais pró-americanos do mundo islâmico, como a Arábia Saudita e o Egipto, para ensinar o que é a verdadeira democracia liberal e ocidental? A Arábia Saudita possui, aliás, reconhecidos especialistas na organização de todo o tipo de eleições, o que lhe tem valido ser o mais fiel aliado dos EUA na região desde há décadas. A União Europeia, que neste último fim-de-semana decidiu repetir o referendo ao Tratado de Lisboa na Irlanda (o único que não conseguiu impedir), pode enviar Durão Barroso (acompanhado de franceses, holandeses, dinamarqueses) para leccionar sobre o enorme respeito que é preciso sempre ter pela vontade dos povos expressa em consultas eleitorais.

As elites dirigentes do mundo ocidental-capitalista, que durante estes dias debitaram acusações e exigências aos dirigentes iranianos, podem ensinar mais coisas úteis. O primeiro ministro italiano Berlusconi pode organizar sessões sobre «good governance» para ensinar aos sisudos governantes iranianos como se gere os bens públicos com altos padrões de rigor e moral - no intervalo entre bacanais. Os responsáveis económicos dos EUA, da General Motors, da AIG, do Citibank, da Lehman Brothers, da União Europeia (com a Letónia à cabeça) e da Islândia, podem ensinar como se gere uma economia. E os parlamentares britânicos podem ensinar elevados padrões de ética e moral aos congéneres iranianos, enquanto Tony Blair e o seu ex-ministro Gordon Brown palestram sobre a importância da verdade na vida política.

Dizem-nos que houve fraude eleitoral. Também nos disseram que havia armas de destruição em massa no Iraque. E genocídio nos Balcãs. E que os fundamentos das economias eram «sólidos». Porque havemos de acreditar neles? Também na Venezuela foram capazes de pôr milhares na rua (sobretudo das classes médio-altas) a exigir o derrube «do ditador» que tem ganho legitimamente eleição após eleição (com o voto popular). Organizaram mesmo um golpe de Estado, para gáudio da CNN.

Vai sendo usual, da Ucrânia à Moldávia, que quando o candidato apoiado pelos americanos não ganha as eleições se grite «fraude» e se organizem desacatos.

A enviada da RTP Márcia Rodrigues, insuspeita de simpatias pelo regime, falou de apoio popular e de gigantescos comícios de Ahmadinejad, que nunca surgiram nas TVs anglo-americanas.

Não é segredo que o Irão tem sido alvo de ameaças e agressões dos EUA, GB e Israel. É um país rodeado de muitas dezenas de milhares de soldados dos EUA, nos vizinhos Iraque e Afeganistão. A CIA têm um plano para «desestabilizar e eventualmente derrubar» (Telegraph, 27.5.07) o contraditório e dividido regime iraniano. Porque havemos de acreditar na palavra deles?

Se mais este episódio «Revolução Colorida – Parte X» não surtir efeito, talvez Durão Barroso venha a acolher a «Cimeira das Lajes – Parte II». Os mil milhões (!) de seres humanos que, segundo a ONU, passam fome (BBC, 20.6.09) – mais cem milhões que há um ano atrás (!) - terão de esperar.

O imperialismo tem outras prioridades.


* Professor da Universidade Técnica de Lisboa e analista de política internacional

Este texto foi publicado no Avante nº1.856 de 25 de Junho de 2009

O eixo do caos


Emir Sader

A exportação dos seus problemas é uma das características da estratégia imperial dos EUA. É o complemento indispensável da “missão civilizadora” que se atribui como potência pelo mundo afora. Não houvesse um mundo selvagem fora, não se poderia justificar a ação “civilizatória” que os EUA reivindicam.

Em janeiro de 2002, George W. Bush, então presidente dos EUA, anunciou a existência de um “eixo do mal”, que promoveria o terrorismo, os ajudaria a obter armas de destruição em massa, etc., etc. Três países seriam os membros mais importantes desse eixo: Irã, Iraque e Coréia do Norte. As duas “guerras infinitas” a que se meteu os EUA se fundavam nesse enfoque: invasões do Afeganistão e do Iraque.

Agora, sem que se tenha fechado esse período, os ideólogos da doutrinas das “guerras preventivas” apontam para um novo eixo: o "eixo do caos". É o que anuncia Niall Ferguson, intelectual orgânico da estratégia norte-americana, na edição espanhola do Foreign Policy. Esse novo eixo contaria com “pelo menos nove membros e talvez mais”. Estariam unidos “pela perversidade de suas intenções assim como por sua instabilidade, que a crise financeira só faz piorar a cada dia”.

Segundo Ferguson, a “turbulência brutal” que caracterizaria o mundo atual teria três causas primárias: a desintegração étnica, a volatilidade econômica e o declínio dos impérios. No Oriente Médio os três fatores estaria fortemente concentrados, justificando, segundo ele, sua situação explosiva.

A revista seleciona três casos dessa lista “caótica”: Somália (“a anarquia interminável”), Rússia (“o novo estilo agressivo) e México (“as misérias causadas pela guerra do narcotráfico"). São três casos de uma lista de nove membros do suposto eixo do caos.

Gaza, a partir da frustrada ofensiva militar de Israel, viu piorar suas condições econômicas e sociais, ao mesmo tempo que fortaleceu o Hamas e enfraqueceu as forças consideradas moderadas – como o Fatah e o Egito, ao mesmo tempo que favoreciam a eleição de um governo de direita radical em Israel, dificultando mais ainda qualquer nova iniciativa de paz na região.

Claro que o Irã faz parte também desta lista, porque apoiaria às forças desestabilizadoras na região – Hezbolah no Libano, Hamas na Palestina -, possuindo armamento nuclear, enquanto sofre os efeitos da crise econômica internacional e da baixa do preço do petróleo.

O Afeganistão, evidentemente, seria outro pivô do eixo do caos, agora fazendo um casal inseparável com Paquistão. Os governos dos dois países estariam “entre os mais fracos que existem”, envolvidos entre taliban e armamento nuclear.

Outros membros do eixo seriam a Indonésia, a Turquia e a Tailândia, onde a crise exacerba os conflitos internos. Mas usar estes critérios permite estender a lista muito mais, então se fala da pirataria na Somália, na guerra na República Democrática do Congo, na violência em Darfur e em Zimbabwe. E se ameaça: “Não é arriscado dizer que a lista vai aumentar ainda este ano.” O diagnóstico remeteria a três fatores, que se articulariam entre si: “a volatilidade econômica, mais a desintegração étnica, mais um império em declive: a combinação mais letal que existe em geopolítica.” O que apontaria para o inicio de uma “era do caos”.

Os casos escolhidos servem como exemplos. A Somália seria “o lugar mais perigoso do mundo”, um “Estado governado pela anarquia, um cemitério de fracassos em política exterior que só conheceu seis meses de paz nos últimos vinte anos”, onde “o caos interminável do país ameaça devorar toda uma região.”

Na Rússia, “Putin baseou seu apoio popular em um Estado autoritário que fez crescer as rendas mais altas e devolveu à Rússia o orgulho de grande potência. Mas a crise está ameaçando tudo. E o que se avizinha pode ser pior.” Já o México estaria em um “estado de guerra”, em que os narcotraficantes “se converteram em uma autêntica insurgência. Só no ano passado a violência cobrou mais vidas do que estadunidenses mortos no Iraque. E o fim parece próximo.”

Da mesma forma que ocorria quando se anunciou “o eixo do mal”, nenhum diagnóstico global para definir o que tem a ver a globalização, a dominação imperial estadunidense, os modelos econômicos neoliberais tem a ver com isso. Se naturaliza o caos. Ele não seria uma das conseqüências da “ordem global”, da “ordem imperial”, da “ordem estadunidense” no mundo.

O terror se combatia com “guerras infinitas”. E esse suposto “caos”, quando os centros do sistema, eles mesmos, geram caos, insegurança, instabilidade, miséria, concentração ainda maior de pode e riqueza, industrias bélicas em crescente expansão? Somente outra ordem, outro mundo, pode diagnosticar e superar o caos – tanto nas periferias, quanto nos centros agonizantes do sistema financeiro global.

Golpe militar em Honduras.....

Hondurenhos convocam greve geral contra o golpe

As forças populares de Honduras convocaram uma greve geral com início nesta segunda-feira (29), em apoio ao presidente constitucional da república, Manuel Zelaya. Neste domingo Zelaya foi vítima de um golpe militar. Tropas do exército entraram na residência presidencial, atirando, sequestraram Zelaya e o conduziram a força para a Costa Rica. À tarde, o Parlamento, sem a presença dos deputados legalistas, depôs Zelaya e empossou em seu lugar o presidente do Legislativo, Roberto Micheletti.


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O presidente da federação Unitária de Trabalhadores de Honduras, Juan Carlos Barahona, disse à Agência Bolivariana de Notícias, em entrevista por telefone, que ''o povo vai manter a resistência'', concentrando-se diante da sede do governo e exigindo a volta do presidente eleito pelo povo em 2005.

''Também nos outros departamentos do país o povo está nas ruas, mobilizado'', disse Barahona.

Os militares golpistas ameaçaram impor um toque de recolher em Tegucigalpa, mas Barahona disse que ele não será obedecido. ''A decisão que temos é de continuar nas ruas. Ninguém irá para casa nem abandonará essa luta'', afirmou.

''Vamos desafiar esse toque de recolher dos golpistas e militares gorilas'', agregou. O termo ''gorila'', usado na América Latina do século passado para designar militares truculentos e golpistas, voltou subitamente à atualidade depois do golpe.

''Pela primeira vez, dignidade''

A representante do Sindicato dos Trabalhadores no Registro de Pessoas, Maritza Somoza, informou que a iniciativa da greve geral é apoiada por todos os trabalhadores, pelas confederações de organizações sindicais de Honduras.

A sindicalista salientou que o movimento sindical hondurenho tem uma profunda motivação para apoiar o presidente. Argumentou que o governo de Zelaya foi o único que deu dignidade aos trabalhadores.

''É a primeira vez que um presidente nos dá dignidade'', disse Maritza. Ela observou que, em resposta a essa dignidade, a bandeira do povo hondurenho será agora a convocação da Assembléia Nacional Constituinte .

''A bandeira do povo hondurenho já não é a consulta, da qual participávamos de maneira simbólica, mas agora vai será a convocação da Assembléia Nacional Constituinte. Agora o que queremos é um governo que esteja diretamente nas mãos do povo'', disse a líder sindical.

Ela descreveu esse processo como ''o despertar do povo hondurenho''. ''Este povo já foi apático, nunca tínhamos visto que as pessoas respondessem como agora''.

Maritza descreveu que, enquanto os trabalhadores apóiam o presidente Zelaya, a burguesia foge do país, tirando de Honduras os seus filhos e interesses económicos. Disse que o governo constitucional perdoou uma dívida de mais de 8,7 milhões de lempiras (moeda de Honduras) de várias empresas privadas, mas a burguesia continua a hostilizá-lo.

Deputado vê 37 cidades mobilizadas

O deputado Marvin Ponce, do partido Unificação Democrática, que apóia Zelaya, avaliou que existem 50 mil pessoas em 37 cidades dispostas a resgatar o mandato presidencial truncado pelo golpe. Para Ponce, a mobilização acontecerá mesmo que haja repressão, pois a única saída para a crise é o retorno do presidente, o fim do ''governo usurpador'' e o julgamento dos deputados que estão apoiando o golpe.

O deputado Tomas Andino Mencias, do mesmo partido, esclareceu que ele e seus companheiros não participaram da sessão do Congresso que entregou o poder a Micheletti. Segundo Mencias, os parlamentares legalistas estão sendo presos.

Oito ministros também teriam sido presos, entre eles Patricia Rodas, ministra de Relações Exteriores, que fez um chamamento à resistência popular antes de ser detida. Patricia foi presa por militares encapuzados e armados, na presença dos embaixadores da Venezuela, de Cuba e da Nicarágua, que a visitavam para hipotecar-lhe apoio.

Condenação mundial

Enquanto Honduras prepara a greve geral, a reação mundial ao golpe deste domingo prenuncia um forte isolamento das forças que sequestraram e depuseram Zelaya. No entanto, Barahona condenou duramente o comportamento da mídia mercantil de Honduras.

''Se a comunidade internacional está nos apoiando, é graças aos meios de comunicação de países irmãos, porque aqui em Honduras toda a mídia está com os golpistas, exceto uma única emissora'', explicou.

A OEA (Organização dos Estados Americanos) convocou uma reunião de emergência na sua sede em Washington, para discutir a crise hondurenha. O secretário-geral da Organização, José Miguel Insulza (chileno), pronunciou-se com clareza:

''Estamos evidenciando uma ruptura da ordem constitucional, que só pode ser catalogada como um golpe de Estado'', afirmou Insulza. Ele informou que estava em contato telefônico com o presidente derrubado, que se encontra em San José da Costa Rica. E propôs que a OEA o envie a Honduras, para realizar gestões ''para reconstituir a institucionalidade e a democracia''.

Veja também:

Zelaya acusa cúpula militar; Honduras resiste ao golpe

Golpe militar da direita em Honduras; condenação geral