sábado, 5 de março de 2011

Comunidade Mbyá-guarani da Tekoá Koenju

Tekoá Koenju Ojexauka - Aldeia Alvorecer se Apresenta

Putirõ, mutirão, auxílio recíproco no trabalho conjunto. Eis o termo que dá a dimensão da construção dessa obra que foi gestada a partir da sensibilidade e generosidade da Comunidade Mbyá-Guarani da Tekoá Koenju, residente em São Miguel das Missões, Rio Grande do Sul.
Esse “filho” que, ora chega as suas mãos, traz as marcas da reciprocidade Guarani no trabalho coletivo de abrir sua aldeia para mostrar um pouco do seu cotidiano. Ele vem impregnado da cor da terra, sagrada na realização dos seus roçados e na construção das suas casas tradicionais; do cheiro da Tataxina, quem vem do Petynguá; do sabor do mbojapé e do avatí; dos sons da mata e do Inhacapetum; da imagem dos pequenos animais confeccionados em seu artesanato, enfim, da sua cultura. Sobretudo, vem carregado das Belas Palavras, desses autores e colaboradores Guarani, que nos permitiram reproduzir aqui, um pouco de sua sabedoria, do seu “modo de ser”, o Nhande Reko. São as palavras do Cacique Ariel Ortega – Kuaray Poty, da sua esposa e professora indígena da aldeia, Patrícia Ferreira – Kerexu Rete, do sábio Mariano Aguirre - Karai Tata Hendy, do Karaí Solano, de Elza Chamorro – Para Yxapy, do Pedro - Verá Txiunu e de tantos outros que, são protagonistas dessa história.
Mby é outra expressão Guarani que ajuda a compreender esse livro, ou seja, Coração. Eis a palavra que lembra uma fala do Cacique Geral dos Mbyá-Guarani no Rio Grande do Sul, José Cirilo Pires Morinico – Mburuvixá Tenondé Kuaray Nheery, quando esteve em Santo Ângelo, em 2008: ”Nós queremos chegar até o branco, pelo coração”. É assim que entregamos essas páginas que se somam às iniciativas no sentido de combater o preconceito e a discriminação em relação aos povos indígenas, respeitando sua diversidade cultural.
Japoi, mãos abertas para dar e receber, como dádiva e dom mútuo. As mãos Guarani que semeiam o roçado, imagem emblemática na capa, simbolizam a semente que se almeja com esse projeto. Pensado e implementado a partir da participação efetiva desses autores, dos seus depoimentos transformados em textos e das fotos, feitas por eles na aldeia,considerando a importância de tal publicação.
Cabe destacar  e agradecer esse trabalho de autoria Guarani, permitindo o registro de suas falas e disponibilizando-se , também, a captar as imagens da Tekoá, através das lentes da câmera digital. De nossa parte, coube, tendo em vista todos esses anos de contato, pesquisa e aprendizado, apresentar um pouco do que nos foi oferecido como dádiva, isto é, o conhecimento sobre seu Reko, manifestado nas fotos(selecionadas pelo Cacique Ariel), bem como, fragmentos de nosso diário de campo.

Bedati Finokiet no Sitio do cpergs

A evolução da liberdade?


 
 O fato de, este ano, o Dia Internacional da Mulher cair em plena terça-feira de Carnaval deve sim provocar reflexões que articulem as duas datas. Se por um lado, a festa celebra a alegria, por outro, ela não pode ser justificativa ou atenuante para situações de humilhação, coerção ou exploração das mulheres.

Alessandra Terribili *

O Carnaval é das festas mais tradicionais e aguardadas no Brasil. Em cada estado, as pessoas festejam a seu modo, e a alegria unifica tudo numa coisa só. Essa é a imagem bela que temos do Carnaval: bailes, blocos de rua, festas populares, muita gente feliz que, por 4 dias, consegue esquecer seus problemas e se irmana com desconhecidos e desconhecidas que estão sob a mesma condição.
O problema é que, como tudo, o Carnaval não é só beleza não. Todo ano, relatos de excessos cometidos por foliões Brasil afora deixam de orelha em pé qualquer pessoa que tenha algum apreço pelos direitos humanos. Entre tanta prática de barbárie, uma apresenta-se bastante comum: o desprezo pelas mulheres, seus direitos e sua autonomia.

Quem nunca ficou sabendo de uma história carnavalesca que envolveu violência sexual? Pra nem ir tão longe: quantas vezes você soube que, no meio da festa, passaram a mão em fulana ou beltrana? Quantas vezes você viu mulheres serem agarradas à força nessas situações? Pior: quantas vezes você ouviu, diante disso tudo, que “não se leve a mal, hoje é Carnaval”?

A celebração vira justificativa para uma porção de absurdos que, algumas vezes, nem são tolerados fora do contexto de Carnaval, mas sob ele são aceitos como se fossem práticas sociais recorrentes e até premiadas.

Há mulheres que deixam de freqüentar alguns espaços por causa do assédio fora de qualquer limite. Ficam constrangidas diante da imposição de um beijo, de um abraço, de uma mão em seu peito ou em sua bunda. Essas mulheres são mais numerosas do que se imagina.

Isso sem contar que o turismo sexual corre solto nessa época, ainda mais que em outras. Afinal, a propaganda que se faz do Brasil lá fora parece dizer que é a terra das mulheres gostosas e do sexo fácil e descompromissado. Milhares de mulheres sambando peladas, closes ginecológicos nas coberturas de TVs, fotos pornográficas em qualquer site de internet. Isso pra nem falar de como são retratadas as mulatas, pois o Carnaval é mais um momento em que o preconceito e a opressão das mulheres negras se reafirmam com muito mais força.

“Não seja exagerada ou moralista” é algo que certamente ouvirei (ou lerei) por conta desta opinião. Evidente que o Carnaval não é só a parte da falta de limites e da agressão de mulheres, seja pela mercantilização do seu corpo, pela vulgarização da sua imagem ou pela coerção física mesmo. Mas é conveniente tratar deste assunto agora, este ano, mais do que nunca, porque 8 de março de 2011 – Dia Internacional da Mulher – será terça-feira de Carnaval.

“Ô sua mal amada, que tem inveja das mulheres que podem ficar nuas na frente de todo mundo porque são belas”; ou “Deixa de ser histérica, que a maioria das mulheres nem se sente ofendida por nada disso que você está falando”. Mas é que este blog tem um público de esquerda, consciente da vida real, das desigualdades, da opressão, que sabe que as coisas não acontecem por acaso.

A luta das mulheres no Brasil e no mundo é histórica, conquistou muita coisa, transformou o mundo todo. Mas ainda falta muito. Nem precisamos nos alongar pra justificar essa afirmação, basta olhar os conhecidos dados acerca da violência contra mulheres, desigualdade salarial, atribuições domésticas, etc.

Bandeiras caras ao feminismo, como aquela contra a exploração do corpo das mulheres, contra a mercantilização, em defesa do livre exercício da sexualidade e contra todo tipo de violência são altamente contrariadas durante o Carnaval, em salões, blocos e TVs do país inteiro. Não pode ser um momento de exceção: a humilhação, coação e opressão das mulheres devem ser combatidas todos os dias do ano.

E pra quem fica indignada ou indignado diante da completa banalização que se faz do corpo feminino nessa época, que é exposto como se fosse uma lata de sardinha no supermercado, ou um frango assado girando em volta de si mesmo numa padaria, não se sinta ultrapassado ou moralista. Anacrônica é essa forma de ver as mulheres. E uma indignação coletiva e em voz alta pode ajudar a alterar as coisas como estão – porque, como disse Paulo Freire, o mundo não é, o mundo está sendo.

Neste 8 de março, além de guerrear contra a indústria de cosméticos e seus afins, que não se conforma enquanto não tornar nosso dia de luta em mais um dia de comércio, temos esse forte adversário pela frente: a naturalização da opressão e a ideia de “período de exceção”. Mas nós, feministas, que tantas batalhas já vencemos, não tememos essa não. E viva o dia internacional da mulher!

* Alessandra Terribili, jornalista, é integrante da Secretaria Nacional de Mulheres do PT.

Fascismo Ordinário

 
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Fascismo Ordinário é um documentário soviético de Mikhail Romm, discípulo de Eisenstein, realizado em 1965.Nele podemos observar a visão soviética sobre o nazismo: suas causas, características e conseqüências. A ascensão de Hitler, o arianismo, o anti-semitismo, e a manipulação por parte da propaganda nazista.Feito com filmagens da época e dos arquivos dos nazistas, Mikhail Romm mostra um particular retrato do fascismo alemão, narrando-as com sua voz em off ele não se priva de fazer comentários sarcásticos e transigentes sobre o ridículo regime nazista.
Créditos: cafesfilosoficos

Arquivo em Mp4 – Otima qualidade – Legenda em anexo.
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