Um blog de informações culturais, políticas e sociais, fazendo o contra ponto à mídia de esgoto.
domingo, 20 de abril de 2008
LULA, O PELEGO?
por Francisco Weffort, ex-companheiro
Que coisas tão graves em seus gastos na Presidência estará Lula procurando esconder da opinião pública? Que de tão grave têm as despesas dos palácios do Planalto, da Alvorada e da Granja do Torto que possam explicar a cortina de fumaça que o governo criou para impedir o controle dos cartões corporativos de Lula, Marisa, Lulinha, Lurian etc.? A estas alturas, só o governo pode responder a tais perguntas. E como o governo não responde, a opinião pública, sem os esclarecimentos devidos, torna-se presa de dúvidas sobre tudo e todos.
É conhecida a ojeriza de Lula a qualquer controle sobre gastos. Evidentemente os dele, da companheirada do PT, dos sindicatos e do MST, sem esquecer um sem-número de ONGs sobre as quais pesam suspeitas clamorosas. Ainda recentemente, ele vetou dispositivo de lei que exigia dos sindicatos prestação de contas ao TCU dos recursos derivados do imposto sindical (agora "contribuição"). Há mais tempo, Lula era contra o imposto em nome da autonomia sindical. Agora que está no governo, deixou ficar o imposto e derrubou o controle do TCU. Tudo como dantes no quartel de Abrantes. O que o Lula e os pelegos querem é o que já existia na "república populista", dinheiro dos trabalhadores sem qualquer controle.
Lula, a chamada "metamorfose ambulante", não se tornou ele próprio um pelego? Assim como defendeu a gastança dos sindicatos em nome da autonomia sindical, agora defende sua própria gastança na Presidência em nome da segurança nacional. Isso me lembra uma historinha de 1980, bem no início do PT, quando João Figueiredo estava no governo e Lula estava para ser julgado na Lei de Segurança Nacional. Junto com alguns outros, eu o acompanhei numa viagem à Europa e aos Estados Unidos em busca de apoio. Como outros na comitiva, eu acreditava piamente que tudo era em prol da liberdade sindical e da democracia, e as coisas caminharam bem, colhemos muita simpatia e apoio nos ambientes democráticos e socialistas que visitamos. Mas, chegando à Alemanha, fomos surpreendidos pela recepção agressiva do secretário-geral do sindicato alemão dos metalúrgicos. Claro, ele também era a favor da democracia e estava disposto a defender os sindicalistas. Sua agressividade tinha outra origem: o sindicato alemão que representava havia enviado algum dinheiro a São Bernardo e cobrava do Lula a prestação de contas! A conversa, forte do lado alemão, foi num jantar, e não permitia muitos detalhes, mas era disso que se tratava: alguém em São Bernardo falhou na prestação de contas e o alemão estava furioso. Lula se defendeu como pôde, mas, no essencial, dizia que não era com ele, que não sabia de nada.
A viagem era longa. Antes da Alemanha, havíamos passado pela Suécia, e fomos depois a França, Espanha, Itália e Estados Unidos. Em Washington, tivemos um encontro com representantes da AFL-CIO, e ali repetiu-se o mesmo constrangimento. Embora não tão agressivos quanto o alemão, os americanos queriam prestação de contas sobre dinheiro enviado a São Bernardo. Mas Lula, de novo, não sabia responder à indagação referente às contas. Ou não queria responder. Não era com ele.
Nunca dei muita importância a esses fatos. A atmosfera do país nos primeiros anos do PT era outra. Ninguém na oposição estava antenado para assuntos desse tipo. O tema dominante era a retomada da democracia. A corrupção, se havia, estaria do lado da ditadura. Saí da direção do PT em 1989 e me desfiliei em 1995. Até então era difícil imaginar que um partido tão afinado com o discurso da moral e da ética pudesse aninhar o ovo da serpente. Minha dúvida atual é a seguinte: será que a leniência do governo Lula em face da corrupção não tem raízes anteriores ao próprio governo? A propensão a tais práticas não teria origem mais antiga, no meio sindical onde nasceu o PT e a atual "república sindicalista"?
Talvez essa pergunta só encontre resposta cabal no futuro. Mas, enquanto a resposta não vem, algumas observações são possíveis. Parece-me evidente que no momento atual alguns auxiliares da Presidência - a começar pelos ministros Dilma Rousseff, Jorge Hage e general Jorge Felix - foram transformados em escudos de proteção de possíveis irregularidades de Lula e seus familiares. O outro escudo de proteção é Tarso Genro, que usa uma ginástica retórica para, primeiro, garantir, como Dilma, que o dossiê não existia, só um banco de dados. Depois passou a admitir que existia o dossiê, mas que isso todo mundo faz. Mais ou menos como no episódio do mensalão, lembram-se? Naquele momento, o então ministro Thomas Bastos, acompanhado por Delubio Soares, disse que mensalão não existia, que eram contas não regularizadas, sobras de campanha etc. E lula afirmou de público que isso todos os políticos faziam. O que não impediu que o procurador-geral da República visse no mensalão a prática delituosa de uma quadrilha criminosa.
Adotada a teoria do dossiê - aquele que não existia e que passou a existir - criou-se uma pequena usina de rumores, primeiro contra Fernando Henrique Cardoso e Dona Ruth, depois contra ministros do governo anterior. Minha pergunta é a seguinte: quando virão os dossiês contra Lula e Dona Marisa Letícia? Não é este o futuro que deveríamos almejar. Mas no que vai do andar da carruagem dirigida por um Lula cada vez mais ególatra e irresponsável é para lá que vamos, inelutavelmente. Quem viver verá.
Assédio / Besieged / L'Assedio (1998)
Tudo começa na África, quando uma mulher vê um grupo de militares entrar em uma escola e prender um professor. Logo depois, a ação se transporta para Roma, onde a mesma jovem cursa medicina e trabalha para um pianista inglês. Ela cuida da enorme casa em troca de um teto para morar. Tímido, o músico não troca palavras com Shandurai – é esse o nome da moça –, mas se apaixona por ela.A partir daí, ele começa um jogo de sedução que inclui presentes, flores e, claro, música. Tudo poderia correr bem para o pianista Kinsky, não fosse um detalhe: a jovem africana é casada. Seu marido é justamente aquele professor preso anteriormente. Angustiada e dividida entre o amor ao marido e o interesse do músico, ela faz um pedido ao tímido instrumentista: se é verdade que ele realmente a ama, que tente libertar o professor preso.
Créditos: Makingoff - santoro
Gênero: Drama
Diretor: Bernardo Bertolucci
Duração: 93 minutos
Ano de Lançamento: 1998
País de Origem: Itália
Idioma do Áudio: Inglês / Italiano / Swahili
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0149723/
Qualidade de Vídeo: DVD Rip
Vídeo Codec: XViD
Vídeo Bitrate: 127 Kbps
Áudio Codec: MP3
Áudio Bitrate: 238
Resolução: 512 x 288
Formato de Tela: Tela Cheia (4x3)
Frame Rate: 23.976 FPS
Tamanho: 717 Mb
Legendas: No torrent
Elenco:
David Thewlis ... Jason Kinsky
Claudio Santamaria ... Agostino
John C. Ojwang ... Singer
Massimo De Rossi ... Patient
Cyril Nri ... Priest
Paul Osul ... Piano Buyer
Veronica Lazar ... Piano Buyer
Gian Franco Mazzoni ... Piano Buyer (as Gianfranco Mazzoni)
Maria Mazetti Di Pietralata ... Piano Buyer
Andrea Quercia ... Child pianist at concert
Alexander Menis ... Child at concert
Natalia Mignosa ... Child at concert
Lorenzo M
Premiações:
Year Result Award Category/Recipient(s)
2001 Nominated Silver Condor Best Foreign Film (Mejor Película Extranjera)
Bernardo Bertolucci
Black Reel Awards
Year Result Award Category/Recipient(s)
2000 Nominated Black Reel Theatrical - Best Actress
Thandie Newton
Chlotrudis Awards
Year Result Award Category/Recipient(s)
2000 Nominated Chlotrudis Award Best Cinematography
Fabio Cianchetti
Best Director
Bernardo Bertolucci
Cinema Brazil Grand Prize
Year Result Award Category/Recipient(s)
2001 Nominated Cinema Brazil Grand Prize Best Foreign Film (Melhor Filme Estrangeiro)
Bernardo Bertolucci
David di Donatello Awards
Year Result Award Category/Recipient(s)
1999 Nominated David Best Director (Migliore Regista)
Bernardo Bertolucci
Best Film (Miglior Film)
Italian National Syndicate of Film Journalists
Year Result Award Category/Recipient(s)
2000 Nominated Silver Ribbon Best Production Design (Migliore Scenografia)
Gianni Silvestri
Also for Dolce rumore della vita, Il (1999).
Best Score (Migliore Musica)
Alessio Vlad
Best Screenplay (Miglior Sceneggiatura)
Bernardo Bertolucci
Clare Peploe
Curiosidades:
O Assédio de Bertolucci - A confirmação de um grande artista
Desta vez Bertolucci realiza mais um filme na perspectiva marxista da luta de classes. Mas a Itália mudou, os tempos são outros e o diretor italiano, Oscar com O Último Imperador, também mudou. O diretor de O Céu Que nos Protege e O Pequeno Buda, foi durante anos menosprezado pelos críticos, mas não podemos passar o século sem confirmá-lo como um grande artista. Se pensavam que o italiano estava morto enganaram-se. Ele segue grande e vigoroso. Assédio, um belo trabalho de diretor, possui qualidades cênicas e de dramaturgia que confirmam Bertolucci, se é que isso ainda era necessário, como um verdadeiro artista de cinema.
As primeiras seqüências de Assédio (Besieded) são feitas na África (no Quênia), onde Shandurai (Thandie Newton) trabalha com crianças deficientes. Um verdadeiro pátio do milagres. Nada é dito. Mas faculta-se à imaginação supor que algumas daquelas crianças foram vítimas de minas ou algum outro subproduto de guerra tribal. Vive-se uma ditadura, o que não chega a ser incomum. O marido de Shandurai é professor e um constestador do regime. Sob as vistas da mulher, é retirado brutalmente da sala de aula e os militares o levam para lugar ignorado, porém presumível.
Todo o filme é um Bertolucci em boa forma, com um com as câmeras próximo das pessoas e uma movimentação emocional.
Crítica:
Assédio é uma história simples. Um roteiro linear, até monótono, que pode ser resumido em poucas palavras, tais como "um europeu que se apaixona por uma refugiada africana cujo marido está preso em seu país". O filme resultante não deveria impressionar. Talvez fosse atraente a um ou outro romântico para assistir na tevê por assinatura. Mas Assédio não corre este risco. É um Bertolucci. É um belo e envolvente filme do diretor de 1900, O céu que nos protege e Beleza roubada. Mais uma vez, Bernardo Bertolucci é bem sucedido em roubar a beleza das emoções dos personagens e nos passá-la em primorosa embalagem.
O filme Assédio se constrói sobre os contrastes. A começar por colocar, numa mesma casa, a empregada africana que fugiu do país por motivos políticos e um rico herdeiro europeu. Esta diferença básica é explorada por todo o filme. Das imagens ásperas da miserável África, somos levados a uma belíssima vila italiana onde Mr. Kinski (David Thewlis) consome preguiçosamente o tempo compondo e dando aulas de piano. Com esse contraste original dos personagens, a partir de uma repentina e direta declaração de amor, Bertolucci nos apresenta as mudanças na vida dessas duas criaturas. O paulatino empobrecimento de Mr. Kinski, a evolução de sua música, vão diminuindo a distância entre os personagens. Shandurai (Thandie Newton) passa eternos momentos tentando retirar a inexistente poeira das obras de arte que enchem a casa. Talvez tentando limpar permanente poeira que recobria sua vida na África. O processo do empenho dos bens materiais do ariano Mr. Kinski também é uma boa metáfora da dívida (ou culpa?) européia para com o vizinho continente negro. A idéia da redução da opulência da Europa para minorar o sofrimento terminal da África deve cutucar o europeu que vê este filme. Nós, brasileiros, não temos este senso de diferença, pois convivemos permanentemente com os dois extremos de riqueza e miséria. Nossas culpas ficam por aqui mesmo, estão amortecidas, e vão, no máximo, até a favela mais próxima.
A bela mansão e o cotidiano de seus habitantes é explorada por certeira fotografia que bem se utiliza da arquitetura e dos fortes tons pastéis dos interiores. Som e fotografia quase se equiparam em importância nesse filme. Os diálogos pouco importam frente às expressões dos atores e à música. A música africana e a erudita são utilizados por Bertolucci para realçar as diferenças e a aproximação entre os personagens.
A atriz Thandie Newton é algo a parte dentro do filme. Sua beleza mestiça é realçada pelo fotógrafo com qualidade que se equipara a descoberta de Liv Tyler, em Beleza roubada. Quem assistiu Missão Impossível II, pode comparar como o pretenso charme do personagem de Thandie Newton no filme é ridículo frente às intensas imagens da bela Shandurai em Assédio. Mas, convenhamos, a especialidade de John Woo não é mostrar a beleza feminina.
Este filme, de 1998, só nos chega agora, mas já é um dos melhores lançamentos do ano 2000. É delicioso se entregar a leitura dos parágrafos de imagens criadas pelo italiano Bernardo Bertolucci, onde os detalhes proporcionam prazer como a leitura de um Machado de Assis, onde, todo o tempo, a história e o como ela é contada competem pela nossa atenção. Bertolucci brilha.
Coopere, deixe semeando ao menos duas vezes o tamanho do arquivo que baixar.
Não esqueça de fazer seu registro no makingoff antes de baixar o filme.
Download abaixo:
Bernardo_Bertolucci___Ass_dio___1998___It_lia.torrent