segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Indicações ao TCE podem mexer com secretariado do governo

Felipe Prestes no Sul21

Na volta do recesso parlamentar, uma tarefa aguarda o governador Tarso Genro e as maiores bancadas da Assembleia Legislativa. A indicação de nomes para duas vagas abertas no Tribunal de Contas do Estado (TCE-RS) está praticamente definida. Por parte do governo, o deputado Adroaldo Loureiro (PDT) deve assumir a cadeira do conselheiro João Osório. Já a vaga do conselheiro Vitor Faccioni, de indicação da Assembleia – que caberá à bancada do PT, por acordo entre as maiores bancadas – ainda está em aberto. O nome mais forte entre os deputados petistas continua sendo o do secretário-geral de governo, Estilac Xavier, o que provocará uma mudança no primeiro escalão do governo gaúcho.
A indicação de Loureiro, que deve ser oficializada por Tarso ainda em agosto, já estava definida na composição de governo, como uma das condicionantes para que o PDT entrasse no governo. A informação não é confirmada pelo líder da bancada pedetista, Gerson Burmann. O deputado, contudo, assegura que já há outro acerto definindo o nome de Adroaldo.
Segundo Burmann, o acordo realizado pelas quatro maiores bancadas – PT, PMDB, PP e PDT – que estabelecerá no regimento da Assembleia um rodízio entre os partidos de maior representação para as indicações ao TCE, previa a indicação de Loureiro pelo governador ou pela bancada do PT. Com a indicação de um petista e de um pedetista para as duas vagas que estão abertas, as quatro siglas terão conselheiros no TCE, porque o conselheiro Marco Peixoto é ligado ao PP e Algir Lorenzon é ligado ao PMDB.

Governador deve indicar Adroaldo Loureiro (PDT) ainda em agosto | Foto: Marcelo Bertani/Ag.AL

Estilac tem apoio da DS

A tendência Democracia Socialista, do PT, já definiu que apoia o nome de Estilac Xavier, que faz parte do PT Amplo e Democrático. A corrente conta com cinco dos 14 deputados petistas. As demais correntes que têm representação na Assembleia não se posicionam abertamente e mantêm o discurso da busca por uma decisão coletiva da bancada.
É o caso da Articulação de Esquerda, dos deputados Ana Affonso e Edegar Pretto: “Não temos posição de corrente”, garante Pretto. “Desde os anos 90, o PT está entre as maiores bancadas e não tinha direito a indicação para o TCE. A bancada tem que ouvir o partido e deve tomar uma decisão coletiva”, opina. Ainda assim, Pretto diz que Estilac seria uma boa indicação. No “novo movimento político do PT”, ainda sem nome definido, que conta com os deputados Miriam Marroni e Nelsinho Metalúrgico, o discurso é o mesmo: é preciso uma decisão coletiva, mas Estilac é um bom nome. No campo Construindo um Novo Brasil, de Adão Villaverde e Valdeci de Oliveira, o discurso se repete.
Entre os possíveis indicados, Estilac Xavier é o que tem mais proeminência dentro do PT. Outros nomes cogitados com mais força são os da advogada do PT, Maritânia Dallagnol; e o do ex-deputado Marcos Rolim, hoje assessor de comunicação do TCE, que não é mais filiado ao partido. Também foram cogitados o ex-ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, e o secretário da Fazenda, Odir Tonollier. Estes dois, contudo, não têm o apoio nem da DS, tendência da qual fazem parte.
O líder da bancada do PT, Daniel Bordignon – que integra a DS – acredita que já há outras correntes fechadas no nome de Estilac, o que garantiria a escolha do secretário-geral de governo. Apesar do apoio, Bordignon diz que a tendência também poderia dar consenso ao nome de Maritânia Dallagnol. O deputado avalia que Marcos Rolim é um nome mais difícil de ser aceito pela militância, por ter se desfiliado do PT.
A decisão do partido pode ocorrer nesta terça-feira (2), quando a bancada irá se reunir para tratar do tema, mas também pode se arrastar. Embora muitos parlamentares mostrem-se otimistas de que o desfecho saia ainda nesta semana, também ponderam que o partido não precisa ter pressa, e que não haveria problema em que um auditor substituto ocupasse o posto de conselheiro por um ou dois meses. Os petistas também ressaltam que a alteração no regimento, que garantirá legalmente o rodízio entre as maiores bancadas, ainda não foi aprovada na Assembleia, o que pode justificar certa prudência no anúncio do indicado.

Com indicação de Estilac, Miriam Marroni pode ir para o secretariado | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Secretaria ficaria vaga

Caso Estilac Xavier seja o escolhido para o TCE, o cargo de secretário-geral de Governo ficaria vago. O deputado Daniel Bordignon afirma que João Motta pode ocupar o cargo e deixar a Secretaria do Planejamento para o “novo movimento político do PT”. Capitaneado pelo prefeito de Canoas, Jairo Jorge, e pelo casal Miriam e Fernando Marroni, este movimento acabou não sendo contemplado com nenhum cargo de primeiro escalão no governo Tarso. O próprio Bordignon defende esta possibilidade. “Nossa tendência já se sente contemplada no governo. O novo movimento não teve nenhuma secretaria”, diz.
Alexandre Maier, chefe de gabinete do deputado Nelsinho Metalúrgico, é um dos que está articulando a consolidação da nova corrente. Ele diz que há apenas conversas nos bastidores do partido e que a tendência não teve qualquer conversa com o governador ou com um interlocutor sobre este tema. Maier acredita que o tema só poderá ser discutido, de fato, se for concretizada a indicação de Estilac Xavier para o TCE. Por ora, trata de amenizar o assunto. “Não faremos qualquer tipo de pressão. Não estamos atuando como demandantes. Nos sentimos muito honrados pelo papel que a Miriam desempenha como líder de governo”.