domingo, 24 de julho de 2011

Publicização do privado e espetacularização da política

Editorial do sul21

decisão da 9ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul põe as coisas no devido lugar. Não cabe indenização à ex-governadora Yeda Crusius em virtude da manifestação realizada pelo CPERS em frente à sua residência. Ainda que seja uma decisão de 2ª instância e ainda caiba recurso, fica estabelecido, ao menos enquanto a sentença não for reformada (e se o for) por instância superior, que se um governante decide morar fora da residência oficial (ou seja, o Palácio Piratini) sua casa passa a ser uma extensão da sede do governo.
Qualquer manifestação pública ocorrida nas imediações desta extensão passa a ser uma manifestação tão legítima como qualquer outra manifestação e/ou protesto realizado diante de qualquer órgão público. Isto vale para a ex-governadora e para todos os governantes gaúchos que preferirem fixar residência fora do Palácio Piratini.
Aparentemente um ato de desprendimento do governante, por abrir mão das “mordomias” do palácio, a decisão de continuar habitando sua própria casa acarreta despesas extras ao tesouro público, tanto pela necessidade de realizar reformas na residência como, por exemplo, a construção de guaritas de guarda e aposentos para acomodação de seguranças, quanto pelo dispêndio de salários extras para os servidores deslocados para a segurança e para os despachos “em casa”.
No caso específico da ex-governadora Yeda Crusius a situação se agrava, uma vez que foram despendidos recursos também para o mobiliário da casa, sem se considerar a celeuma em torno da compra da própria casa e da origem dos recursos para tal. Não cabe também, no entender do Tribunal, indenização por danos morais, em virtude dos constrangimentos sofridos pelos netos da ex-governadora no momento do protesto. Tais constrangimentos teriam sido motivados por decisões tomadas pela própria governante e também por sua filha, mãe das crianças,  de mantê-las em um anexo do palácio e de expô-las aos protestos.
O destempero de Yeda Crusius, portanto, não se limitava aos atos públicos, mas invadia também o âmbito e o círculo de suas relações privadas – que deveriam manter-se privadas, não fosse sua própria decisão de trazê-las a público, como no caso em pauta.
Esta talvez seja a principal lição deste episódio. Sempre que se confundem os espaços públicos e privados cometem-se deslizes e/ou abusos. Seja privatizando o que é público, o que caracteriza o fenômeno do patrimonialismo, tão frequente em nossa história política, seja publicizando o que é privado, o que não deixa de ser uma forma de espetacularizarização da política, prática que está se tornando cada vez mais frequente em todo o mundo. Cada vez mais, premidos pela necessidade de manter-se em evidência para que possam garantir votos, os políticos buscam tornar-se “celebridades” midiáticas e, muitas vezes, caem no ridiculo.

Filme africano: Souleymane Cissé - Finyè (1983)




Mali | Souleymane Cissé | 1983 | Drama | IMDB 
Bambara | Legenda: Português/Francês
105 min | 1,36 Gb 

Créditos: CINE-AFRICA

Finyè / O vento

Dois adolescentes malineses, Bâ e Batrou, oriundos de classes sociais diferentes, encontram-se no liceu e tornam-se namorados. Bâ é o descendente de um grande chefe tradicional. O pai de Batrou, governador militar, representa o novo poder. Os jovens pertencem a uma geração que recusa a ordem estabelecida e põe em xeque a sociedade.

"Na vida de cada ser humano, há sempre momentos em que você precisa fazer uma pausa, a fim de descobrir o que tem sido feito e o que ainda precisa ser feito. Finyé coloca esta pergunta dupla." Souleymane Cissé

Prêmios:
1982: Carthage Film Festival - Tanit d'Or
1983: Ouagadougou Panafrican Film and Television Festival - Grand Prize: Etalon de Yennega
 





Sobre o diretor
 
Souleymane Cissé, nascido em 1940, é um cineasta de Mali e foi, ao lado de Ousmane Sembene, um dos mais reconhecidos cineastas africanos do século XX.
Durante sua adolescência viveu em Dakar, Senegal. Após o seu regresso a Mali, em 1960, sua paixão por filmes se desenvolveu em sua vocação de vida. Obteve uma bolsa de estudos e foi para o VGIK em Moscou (Instituto de Cinema do Estado), onde foi projecionista antes de se tornardiretor.
Em 1970, tornou-se um operador de câmara para o Ministério Maliano da Informação. Dois anos mais tarde, ele dirigiu "Cinco dias em uma vida", que recebeu um prêmio no Festival de Cinema de Cartago. Dois de seus filmes, Baara (Trabalho) e Finyé (O Vento), receberam o prêmio Etalon de Yenenga no FESPACO. Yeelen (Light) e seu Prêmio do Júri de Cannes de 1987 revelou Souleymane Cissé para um público maior.
Um cineasta dedicado, Souleymane Cissé é desde 1997 o presidente da Union des créateurs et entrepreneurs du cinéma et de l'audiovisuel de l'Afrique de l'Ouest (UCECAO). Em reconhecimento ao seu trabalho, foi nomeado Commandeur de l'Ordre National de Mali em 2006 e Commandeur des Arts et des Lettres da França. Seu último filme, Min Ye, estreou no Festival de Cannes de 2009.
Fonte
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Em defesa da Causa Palestina...

Palestina, Palestina


Georges Bourdoukan - Jornalista e escritor
Para Hannan Ashrawi
Às profundezas da história,
À impiedade e ao medo,
À realidade invisível,
À ocupação e à exclusão,
Ao Ocidente que buscou aliviar a culpa de seus anti-semitas,
Uma nação torturada resiste!
O coração palestino palpita.
Tentam abafar seu grito de liberdade,
Suas pedras revidam contra a injustiça,
Contra o racismo e a intolerância!
A estrela busca a purificação com sangue
E ao muro dirige suas preces.
Existirá um limite para a brutalidade?
Existirá um limite para a indiferença?

SOMÁLIA: AS REAIS CAUSAS DA FOME

Há 20 anos a Somália se vê envolvida em uma "guerra civil", em meio à destruição de suas economias tanto rural quanto urbana.

O país enfrenta agora uma fome generalizada. De acordo com as últimas informações, dezenas de milhares de pessoas morreram de desnutrição nos últimos meses. As vidas de milhões de pessoas estão ameaçadas.

A mídia hegemônica atribui a fome casualmente a uma forte seca sem examinar questões de fundo.

Uma atmosfera de "ilegalidade, brigas de gangues e anarquia" também é apontada como uma das maiores causas por detrás da fome.

Mas quem está por trás da ilegalidade e das gangues armadas?

A Somália é categorizada como um "estado falido", um país sem governo.

Mas como ela se tornou um "estado falido"? Há ampla evidência de intervenção estrangeira, assim como apoio às milícias armadas. Criar "estados falidos" faz parte da política externa dos EUA. É parte de sua agenda de inteligência militar.

De acordo com a ONU, a situação de fome prevalece em Bakool e Shabelle, áreas parcialmente controladas pela Al Shahab, uma milícia jihadista afiliada à Al Qaeda.

Tanto a ONU quanto a administração Obama acusaram a Al Shahab de impor uma "proibição de agências de ajuda estrangeiras em seus territórios em 2009". O que as notícias não mencionam, no entanto, é que a Jarakat al-Shabaab al-Mujahideen (HSM) ("Movimento da Juventude em Luta") foi fundada pela Arábia Saudita e financiada por agências de inteligência ocidentais.

O suporte ocidental de milícias islâmicas é parte de um padrão histórico mais amplo de suporte a organizações jihadistas e afiliadas à Al Qaeda em vários países, incluindo, mais recentemente, a Líbia e a Síria.

A grande questão é: que forças externas precipitaram a destruição do Estado Somali no início da década de 1990?

A Somália foi autosuficiente em alimentos até o final dos anos 1970 apesar de recorrentes secas. No início da década de 1980, sua economia nacional foi desestabilizada e a agricultura alimentar destruída.

O processo de desarticulação econômica precedeu a guerra civil em 1991. O caos econômico e social resultante da "economia de recuperação" do FMI preparou o terreno para a guerra civil financiada pelos EUA.

Todo um país com uma rica história de comércio e desenvolvimento econômico foi transformado em um mero território.

Ironicamente, este território possui uma significante reserva de petróleo. Quatro gigantes petroleiras estadunidenses já estavam alertas antes mesmo do começo da guerra civil em 1991.

O início dos anos 1980 foi um ponto decisivo.

O programa de ajuste estrutural do FMI e do Banco Mundial foi imposto na África subsaariana. As fomes recorrentes de 1980 e 1990 são em grande parte as consequências da "economia de recuperação" do FMI e do Banco Mundial.

Na Somália, dez anos de economia de recuperação do FMI jogaram o país numa economia desarticulada e no caos.

No final dos anos 1980, depois de recorrentes "medidas de austeridade" impostas pelo consenso de Washington, os salários no setor público caíram a três dólares mensais.

Tradução e edição de Glauber Ataide para o Marxista/leninista