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quarta-feira, 19 de março de 2014

Ucrânia: o plano mais idiota de Obama

Mike Whitney (CounterPunch)

Aliar-se com os neonazis na Ucrânia: de todos os planos idiotas que Washington elaborou nos últimos dois anos, este é o mais idiota de todos.

“Washington e Bruxelas apoiaram um golpe nazista, realizado por insurgentes, terroristas e políticos da ultradireita europeia para atender aos interesses geopolíticos do Ocidente”
Natalia Vitrenko , do Partido Socialista Progressista da Ucrânia
Como você provavelmente já sabe, Obama e companhia ajudaram a depor o presidente democraticamente eleito da Ucrânia, Viktor Yanukovych, com a ajuda de ultra-direita, paramilitares, gangues neonazistas que invadiram e queimaram escritórios do governo, mataram soldados da tropa de choque, e espalharam o caos e terror em todo o país.
Estes são os novos aliados dos Estados Unidos no grande jogo para estabelecer uma cabeça de ponte na Ásia, empurrando os russos mais para o leste, derrubando governos eleitos, garantindo corredores de oleodutos e gasodutos vitais, acessando escassas reservas de petróleo e gás natural e trabalhando pela desmontagem da Federação Russa, segundo a estratégia geopolítica proposta por Zbigniew Brzezinski.
A grande obra de Brzezinski, “The Grand Chessboard: American Primacy and it’s Geostrategic Imperatives”(O Grande Tabuleiro de Xadrez: a Primazia Americana e seus Imperativos Geoestratégicos), tornou-se o Mein Kampf de aspirantes imperialistas ocidentais.
O livro fornece a estrutura básica para o estabelecimento da hegemonia militar, política e econômica dos EUA na região mais promissora e próspera do século, na Ásia.
Em um artigo publicado na Foreign Affairs, Brzezinski apresentou suas idéias sobre como neutralizar a Rússia, dividindo o país em partes menores e permitindo, assim, que os EUA mantenham seu papel dominante na região, sem ameaças, desafios ou interferências. Aqui está um trecho do artigo:
“Dado o tamanho (da Rússia) e sua diversidade, um sistema político descentralizado e uma economia de livre mercado seriam a mais provável via para desencadear o potencial criativo do povo russo e (explorar) os vastos recursos naturais da Rússia. Uma Rússia vagamente confederada - composta por uma Rússia européia, uma república da Sibéria, e uma república do Extremo Oriente - também tornaria mais fácil cultivar relações econômicas mais estreitas com seus vizinhos.
Cada um dessas regiões confederadas seria capaz de explorar o seu potencial criativo local, sufocado por séculos de controle da mão burocrática pesada de Moscou. Além disso, a Rússia descentralizada seria menos suscetível a uma mobilização de tipo imperial”. (Zbigniew Brzezinski , “A Geoestratégia para a Eurasia “)
Moscou, é claro, está ciente dessa estratégia de dividir e conquistar de Washington, mas minimizou a questão, a fim de evitar um confronto. O golpe de Estado apoiado pelos EUA na Ucrânia significa que essa opção não é mais viável.
A Rússia terá de responder a uma provocação que ameaça tanto a sua segurança como seus interesses vitais na região. Os primeiros informes indicam que Putin já mobilizou tropas para a região e, segundo a Reuters, colocou caças ao longo de suas fronteiras ocidentais em alerta de combate:
“Os Estados Unidos dizem que qualquer ação militar russa seria um erro grave. Mas o Ministério de Relações Exteriores da Rússia disse em um comunicado que Moscou defenderá os direitos de seus compatriotas e reagirá a qualquer violação desses direitos.”(Reuters)
Não vai ser um confronto, é só uma questão de saber se a luta terá uma escalada ou não.
A fim de derrubar Yanukovych, os EUA apoiaram tacitamente grupos fanáticos de bandidos neonazistas e antissemitas
E, apesar do presidente interino ucraniano, Oleksander Tuchynov, ter se comprometido a “fazer tudo ao seu alcance” para proteger a comunidade judaica do país, os informes não são animadores.
Aqui está um trecho de uma declaração de Natalia Vitrenko, do Partido Socialista Progressista da Ucrânia que sugere que a situação é muito pior do que a que está sendo relatada na mídia:
“Por todo o país, pessoas estão sendo espancadas e apedrejadas, enquanto os membros “indesejáveis” do Parlamento da Ucrânia estão sofrendo intimidação em massa.
As autoridades locais vêem suas famílias e crianças sendo alvo de ameaças de morte caso não apoiem a instalação deste novo poder político.
As novas autoridades ucranianas estão maciçamente queimando os escritórios de partidos políticos adversários, e anunciaram publicamente a ameaça de processo criminal e proibição de partidos políticos e organizações públicas que não compartilham a ideologia e os objetivos do novo regime.” (“EUA e UE estão erguendo um regime nazista em território ucraniano” , Natalia Vitrenko )
Na semana passada, o jornal israelense Haaretz relatou que uma sinagoga ucraniana havia sido atacada com coquetéis molotov que “atingiram paredes de pedra exteriores da sinagoga e causaram poucos danos”.
Outro artigo no Haaretz referiu-se ao que chamou de “novo dilema para os judeus na Ucrânia” . Aqui está um trecho do artigo :
“A maior preocupação agora não é o aumento nos incidentes antissemitas, mas a grande presença de movimentos ultra-nacionalistas, especialmente a proeminência de membros do partido Svoboda e do Pravy Sektor entre os manifestantes .
Muitos deles estão chamando seus adversários políticos de “zhids” (termo racista para designar os judeus) e portam bandeiras com símbolos neonazistas. Há também relatos, a partir de fontes confiáveis, de que esses movimentos estão distribuindo edições recém- traduzidas de “Mein Kampf” e dos “Protocolos dos Sábios de Sião”, na Praça da Independência. ” (”Antissemitismo, embora uma ameaça real, está sendo usado pelo Kremlin como um jogo político”, Haaretz)
Outro relato, feito pelo Dr. Inna Rogatchi em Arutz Sheva:
“Não há nenhum segredo sobre a agenda política real e os programas dos partidos ultra- nacionalistas na Ucrânia.
Não há nada perto de valores e objetivos europeus lá.
Basta ler os documentos existentes e ouvir o que os representantes desses partidos proclamam diariamente. Eles são fortemente anti-europeus e altamente racistas. Eles não têm nada a ver com os valores e práticas do mundo civilizado”.
“O judaísmo ucraniano está enfrentando uma ameaça real e séria.
Fortalecer os movimentos abertamente neonazistas na Europa e ignorar a ameaça que eles representam é um negócio totalmente arriscado. As pessoas poderão ter que pagar um preço terrível - mais uma vez – por causa da fraqueza e da indiferença de seus líderes.
A Ucrânia, hoje, tornou-se um case trágico para toda a Europa no que diz respeito à reprodução e autorização para o discurso do ódio tornar-se uma força violenta e incontrolável. É imperativo lidar com a situação no país, de acordo com a lei e as normas da civilização internacional existente.” (”Chá com neonazistas: O nacionalismo violento na Ucrânia” , Arutz Sheva)
Aqui está um pouco mais sobre o tema, um texto do analista Stephen Lendmen, publicado dia 25 de fevereiro (”New York Times: apoiando a ilegalidade imperial dos EUA”) :
“Washington apoia abertamente o líder fascista do partido Svoboda, Oleh Tyahnybok. Em 2004, Tyahnybok foi expulso da facção parlamentar do ex-presidente Viktor Yushchenko. Ele foi condenado por conclamar os ucranianos a lutar contra o que chamou de máfia moscovita-judaica.”
“Em 2005, ele denunciou “atividades criminosas ” do “judaísmo organizado”. Ele alegou escandalosamente que os judeus eles planejavam um “genocídio” contra os ucranianos” (…)
“O extremismo de Tyahnybok não impediu a secretária de Estado adjunta para Assuntos Europeus e da Eurásia, Victoria Nuland, a se reunir abertamente com ele e com outros líderes anti-governamentais no dia 6 de fevereiro”.(…)
“No início de janeiro, cerca de 15 mil ultranacionalistas realizaram uma marcha com tochas em Kiev. Eles fizeram isso para homenagear Stepan Bandera, assassino e colaborador da era nazista. Alguns usavam uniformes de uma divisão da Wehrmacht ucraniana usados na Segunda Guerra Mundial. Outros gritavam ” Ucrânia acima de tudo” e ” Bandera, venha e traga a ordem. ” (blog de Steve Lendman)
A mídia dos EUA minimizou os elementos fascistas, neonazistas e de “pureza étnica” do golpe de Estado ucraniano , a fim de se concentrar no que eles pensam - são “temas mais positivos”, como a derrubada das estátuas de Lenin ou a proibição de membros do Partido Comunista de participar no Parlamento . Na avaliação da mídia, estes são todos sinais de progresso.
A Ucrânia está sucumbindo gradualmente para o abraço amoroso da Nova Ordem Mundial, onde vai servir como mais uma fonte de lucro na roda de Wall Street. Essa é a tese, pelo menos.
Não ocorreu aos editorialistas do New York Times ou do Washington Post que a Ucrânia está despencando rapidamente para uma situação do tipo “Mad Max” (o filme), uma anarquia que poderia transbordar suas fronteiras para os países vizinhos, provocando incêndios violentos, agitação social, instabilidade regional ou - deus nos livre- uma terceira guerra mundial.
Eles só parecem ver movimentos dourados, como se tudo estivesse indo conforme o planejado.
Todos, da Eurásia ao Oriente Médio, estão sendo pacificados e integrados em um governo mundial supervisionado pelo Executivo unitário, onde as empresas e instituições financeiras controlam as alavancas do poder por trás das telas divisórias imperiais. O que poderia dar errado?
Naturalmente, a Rússia está preocupada com a evolução da situação na Ucrânia, mas não tem certeza de como reagir. Veja o que disse o primeiro ministro Dmitry Medvedev dias atrás:
“Nós não entendemos o que está acontecendo lá. A ameaça real para os nossos interesses (existe) e tambén para a vida e a saúde dos nossos cidadãos. Estritamente falando, hoje não há ninguém lá para se conversar. Se você acha que as pessoas usando máscaras pretas e agitando Kalashnikovs representam um governo, então será difícil para nós trabalhar com esse governo.”
Claramente, o governo de Moscou está preocupado.
Ninguém espera que a única superpotência do mundo se comporte dessa forma irracional em todo o planeta, alimentando a criação de um Estado falido após o outro, fomentando revoltas, criando ódio e espalhando miséria por onde passa.
No momento, a equipe de Obama está trabalhando a todo vapor tentando derrubar regimes na Síria, Venezuela, Ucrânia e deus sabe onde mais. Ao mesmo tempo, as operações no Afeganistão falharam, Iraque e Líbia estão sendo governados por senhores da guerra regionais e milícias armadas. Medvedev tem todo o direito de estar preocupado.
Quem não estaria? Os EUA têm saído dos trilhos, de um modo completamente louco.
A arquitetura para a segurança mundial entrou em colapso, enquanto os princípios básicos do direito internacional foram alijados.
O rolo compressor furioso dos EUA dá guinadas de um confronto violento para o outro, de um modo irracional, destruindo tudo em seu caminho, forçando milhões de pessoas a fugir de seus próprios países, e empurrando o mundo para mais perto do abismo. Isso não é motivo suficiente para se preocupar?
Agora Obama está se aliando com os nazistas.

segunda-feira, 17 de março de 2014

USA e UE detonando a África...

EUA e UE aumentam agressões em África*

Carlos Lopes Pereira
Carlos Lopes PereiraÀ UE não basta ser o pior inimigo dos povos da Europa. Nos mais recentes conflitos em África – agressão da NATO à Líbia, golpe na Costa do Marfim, ocupação do Mali, intervenção na RCA –, a França, primeiro com Sarkozy, agora com Hollande, tem sido o mais fiel polícia do imperialismo norte-americano. O intervencionismo militar da UE quer rivalizar com o dos EUA.

Os Estados Unidos e a Espanha vão prolongar por mais um ano a presença de tropas norte-americanas no Sul da Península Ibérica. Alegam que a instabilidade no Norte de África e em especial no Sahel coloca em risco a segurança e os interesses dos dois países.
O acordo entre Washington e Madrid prevê o aumento de efectivos e a duplicação de aviões estacionados na base militar de Morón de la Frontera, a 66 quilómetros de Sevilha.
Na base da Andaluzia, os EUA passam a dispor de 850 a 1100 marines e de 17 aviões de guerra – uma dúzia de MV-22 de descolagem vertical, quatro KC-130 de reabastecimento em voo e um aparelho de apoio logístico.
O objectivo desta força, criada em Abril de 2013, sob o comando do Africom, é «a protecção de cidadãos e instalações» dos EUA em África, bem como a resposta a «situações de crise».
Este é mais um indicador recente do aumento do intervencionismo militar dos EUA e da União Europeia (UE) em África – directamente ou por intermédio e com a conivência de alguns governos mais reaccionários –, visando impor o domínio imperial aos países do continente para saquear as riquezas dos seus povos.
Um outro exemplo que ilustra o expansionismo belicista da UE é o previsto envio de tropas para a República Centro-Africana, no quadro da missão Eurofor RCA. Trata-se de um contingente de cerca de 1000 militares e polícias, de diversas nacionalidades, que em Abril seguirá para Bangui, a capital do país, com o pretexto de ajudar a «restabelecer a ordem».
Segundo o «El Pais», a Espanha contribuirá com 60 militares e 25 guardas civis para esta operação europeia na RCA. De acordo com o «Diário de Notícias», também Portugal poderá enviar um pelotão (20 elementos) da unidade de intervenção da GNR.
Para os espanhóis, a presença de tropas suas na África subsaariana não é novidade, uma vez que que Madrid dispõe já de 300 militares no Djibuti, na Somália, no Senegal e no Mali.
No Mali onde, depois da operação «Serval», em 2013 – quando os franceses intervieram em socorro do regime de Bamako, ameaçado por rebeldes islâmicos e separatistas tuaregues –, permanecem tropas africanas, «capacetes azuis» e, também, uma missão militar da UE.
Neste momento, além de 2300 soldados franceses a combater, há cerca de 560 instrutores e assessores europeus que treinam e enquadram o exército maliano. O mandato desta missão da UE termina em Maio e deverá ser renovado por mais 24 meses.
Na República Centro-Africana a tragédia repete-se. Em Março do ano passado uma coligação armada derrubou o governo eleito de François Bozizé e substituiu-o pelo seu líder, Michel Djotodia. Em Dezembro a França enviou a legião estrangeira – operação «Sangaris» –, despachou Djotodia para o exílio e colocou Catherine Samba-Panza na presidência, mudanças que não travaram um sangrento conflito entre facções rivais.
Face à situação humanitária catastrófica, e apesar da presença de 2000 expedicionários franceses e 6000 militares da União Africana, as Nações Unidas acham necessário enviar para a RCA, até meados de Setembro, mais 12 mil soldados e polícias. Nesta operação, que custará centenas de milhões de dólares, os «capacetes azuis» substituirão as tropas africanas.
Antes disso, chegará a Bangui a missão militar da UE, para ajudar a «pacificar» o país e, depois, claro, para permitir um programa de «auxílio económico» que aprofundará a sua dependência e favorecerá a exploração das suas riquezas pelo Ocidente…
O gendarme do imperialismo
Nestes recentes conflitos em África – agressão da NATO à Líbia, golpe na Costa do Marfim, ocupação do Mali, intervenção na RCA –, a França, primeiro com Sarkozy, agora com Hollande, tem sido o mais fiel polícia do imperialismo norte-americano.
A coberto desta aliança, a burguesia francesa, com largo cadastro colonial e neocolonial, reforça a aposta nos negócios africanos, em parceria com os amigos indígenas. Negócios que vão da exploração do petróleo e do urânio às pescas, passando pela venda de armamento e pelas telecomunicações.
Em artigo na «Jeune Afrique», Christophe Boisbouvier calcula que o orçamento de Paris para as «operações exteriores», em 2014, atingirá 450 milhões de euros. A operação «Serval» custou 650 milhões de euros em 2013 e a «Sangaris» já vai em 100 milhões.
Para assegurar os interesses económicos, a França reforça o dispositivo militar em África. Tem bases permanentes em Dakar (Senegal), Libreville (Gabão) e Djibuti, ocupa o Mali e a RCA e mantém tropas estacionadas em países como Mauritânia, Níger, Costa do Marfim, Burkina Faso, Camarões e Chade…
*Este artigo foi publicado no “Avante!” nº 2102, 14.03.2014

sábado, 15 de março de 2014

Programa dos EUA para a deserção de médicos cubanos

Um escândalo oculto: o programa dos EUA para a deserção de médicos cubanos

Um escândalo oculto: o programa dos EUA para a deserção de médicos cubanos

Charge: Latuff


Uma das iniciativas mais mesquinhas na guerra de desgaste, do governo dos EUA contra Cuba é o chamado Cuban Medical Professional Parole, programa do Departamento de Estado  que tem como objetivo conseguir a deserção, mediante suborno, de médicos que integram as brigadas de solidariedade de Cuba no mundo.
 Trata-se de um verdadeiro escândalo moral em torno do qual os meios de comunicação, que possuem todos os detalhes sobre o caso, preferem silenciar, pois falar sobre este episódio lamentável iria forçá-los a revelar a imensa solidariedade prestada por Cuba no campo da medicina como, por exemplo, o fato de que este país tem mais de 37.000 profissionais de saúde cooperando em 77 países pobres, o maior índice mundial, representando 45% dos programas de cooperação Sul-Sul na América Latina; ou ainda que, 40% dos cuidados contra cólera no Haiti, das cirurgias oftalmológicas, realizadas gratuitamente e, que atingiram um milhão e meio de pessoas sem recursos, foram executadas neste país por profissionais de saúde cubanos; ou que Cuba 
tem atualmente cerca de 4.000 estudantes de medicina com bolsa de estudos de 23 países, incluindo os EUA.
 Que tudo isso que seja realizado por um país pobre e bloqueado como Cuba é algo muito forte para que se permita que seja dado a conhecer ao público, ao qual os grandes meios de comunicação só apresentam as deficiências e déficits cubanos.
 O programa Professional Parole Cuban Medical é uma iniciativa coordenada desde 2006 pelo Departamento de Estado e o Departamento de Segurança Nacional dos Estados Unidos.  Como se pode ler nos sítios destes organismos, as embaixadas dos Estados Unidos em qualquer país mundo oferecem um tratamento especial e rápido que permite aos médicos (as) e enfermeiras (os) e técnicos de laboratório cubanos emigrarem para os EUA.
Um telegrama da embaixada dos EUA em Caracas, revelado por Wikileaks, mostra outros detalhes como, por exemplo, que as embaixadas norte-americanas fornecem transporte para Miami em aviões especiais para aqueles que são cooptados por este programa.
O jornal The Wall Street Journal, em janeiro de 2011, a titulo de propaganda, informou que, desde a criação do Parole Cuban Medical, há quatro anos e meio, 1.574 participantes das ações de solidariedade cubanas, em 65 países foram cooptados. O dado parece significativo, mas façamos um cálculo simples para avaliar o impacto real da iniciativa. 
Se considerarmos que, como alegado pelo jornal acima referido, apenas em um ano (em 2010), havia mais de 37 mil colaboradores cubanos e, que o período de permanência no exterior, embora variado, dependendo da missão, geralmente é de cerca de dois anos, nesses 4,5 anos Cuba enviou ao exterior pelo menos 83 mil profissionais da área médica. Desta maneira, os 1574 médicos capturados pelo programa dos Estados Unidos representam apenas 1,89% do total. Estes resultados revelam um claro fracasso, se considerarmos que a iniciativa tem orçamento federal, centenas de funcionários a sua disposição, que é impulsionado por todas as embaixadas dos Estados Unidos 
no mundo e, que tem poderosos aliados políticos e na mídia em diversos países.
 Não é gratuito que o maior número de profissionais que aderiram ao programa Professional Parole Cuban Medical  tenha exercido seu trabalho na Venezuela. Este país possui o maior número de médicos cubanos que cooperam em comunidades carentes, vinculados ao programa de saúde Missão Bairro Adentro. É evidente que, neste caso, ademais de atacar Cuba há um propósito suplementar: minar o prestígio social da Missão Barrio Adentro, sem dúvida o mais bem-sucedido programa social do governo Chávez e, no qual a cooperação médica de Cuba desempenha um importante papel.
Esta iniciativa do governo dos EUA revela a utilização da questão da emigração cubana com vistas a desestabilização social e política. Nos recordemos que a Lei 1.966, Lei de Ajuste Cubano , concede a todo cubano que pise em território norte-americano autorização de residência bem como, benefícios sociais e incentivos para conseguir emprego, algo negado ao restante da emigração latino-americana  a qual, aliás, é vítima de uma política sistemática de expulsão. No entanto, com tudo isso os números da emigração cubana para os EUA são claramente inferiores aos dos outros países da região.
 O programa de cooptação de profissionais de saúde cubanos tem o apoio, direto ou indireto, de outros agentes. Em primeiro lugar, da grande mídia. A grande imprensa privada dos países em que a ajuda cubana tem maior significação como, por exemplo, Venezuela, Nicarágua e Bolívia, tem ocultado o grande impacto social desses programas médicos, dando cobertura extraordinária ao abandono de médicos cubanos.
 Desde Miami, supostas "ONGs" também apoiam o recrutamento de médicos cubanos. Tal é o caso de "Solidariedade sem Fronteiras" , que chamou de "Bairro Fora" sua colaboração especial com o governo dos EUA. Em seu sítio web disponibiliza formulários à serem preenchidos pelos médicos bem como, 
os endereços das embaixadas e consulados dos Estados Unidos para que eles devem buscar.
 Esta organização promoveu ação judicial, junto ao Tribunal Federal de Miami, na qual vários médicos cubanos que desertaram buscavam da PDVSA indenizações no valor 450 milhões de dólares a titulo de compensação por alegado "trabalho forçado" ou, trabalho de "escravos modernos", expressões utilizadas para definir o trabalho de assistência médica de apoio exercida em bairros desfavorecidos e comunidades rurais da Venezuela, lugares onde, por sinal, ninguém os obrigou a ir. 
 De recordar que a cooperação médica cubana na Venezuela tem características especiais, em comparação com outros programas de ajuda médica cubana: é parte de um acordo bilateral que Cuba dispõe de milhares de profissionais da saúde, educação, esporte, agricultura e outros setores, e para o qual a Venezuela fornece petróleo para Cuba em condições preferenciais.
 Apesar do silêncio da mídia, Cuba ganhou com os seus programas de solidariedade internacional, uma sólida reputação junto população e governos de inúmeros países do Terceiro Mundo. Para destruí-lo, o governo dos EUA usa de seu poderio econômico e diplomático. Enquanto isso, a grande mídia, esquecendo sua função social, oculta da opinião pública o exemplo de solidariedade internacional que Cuba oferece ao mundo bem como, a existência de uma das iniciativas de diplomacia suja mais imoral dos últimos tempos.
 Fonte: http://www.cubadebate.cu

Por José Manzaneda, no site Cubadebate
Tradução: Lúcio Costa

Uma das iniciativas mais mesquinhas na guerra de desgaste, do governo dos EUA contra Cuba é o chamado Cuban Medical Professional Parole, programa do Departamento de Estado (1) que tem como objetivo conseguir a deserção, mediante suborno, de médicos que integram as brigadas de solidariedade de Cuba no mundo.

Trata-se de um verdadeiro escândalo moral em torno do qual os meios de comunicação, que possuem todos os detalhes sobre o caso, preferem silenciar, pois falar sobre este episódio lamentável iria forçá-los a revelar a imensa solidariedade prestada por Cuba no campo da medicina como, por exemplo, o fato de que este país tem mais de 37.000 profissionais de saúde cooperando em 77 países pobres, o maior índice mundial, representando 45% dos programas de cooperação Sul-Sul na América Latina; ou ainda que, 40% dos cuidados contra cólera no Haiti, das cirurgias oftalmológicas, realizadas gratuitamente e, que atingiram um milhão e meio de pessoas sem recursos, foram executadas neste país por profissionais de saúde cubanos; ou que Cuba tem atualmente cerca de 4.000 estudantes de medicina com bolsa de estudos de 23 países, incluindo os EUA.

Que tudo isso que seja realizado por um país pobre e bloqueado como Cuba é algo muito forte para que se permita que seja dado a conhecer ao público, ao qual os grandes meios de comunicação só apresentam as deficiências e déficits cubanos.

O programa Professional Parole Cuban Medical é uma iniciativa coordenada desde 2006 pelo Departamento de Estado e o Departamento de Segurança Nacional dos Estados Unidos.  Como se pode ler nos sítios destes organismos, as embaixadas dos Estados Unidos em qualquer país mundo oferecem um tratamento especial e rápido que permite aos médicos (as) e enfermeiras (os) e técnicos de laboratório cubanos emigrarem para os EUA.

Um telegrama da embaixada dos EUA em Caracas, revelado por Wikileaks, mostra outros detalhes como, por exemplo, que as embaixadas norte-americanas fornecem transporte para Miami em aviões especiais para aqueles que são cooptados por este programa.
O jornal The Wall Street Journal, em janeiro de 2011, a titulo de propaganda, informou que, desde a criação do Parole Cuban Medical, há quatro anos e meio, 1.574 participantes das ações de solidariedade cubanas, em 65 países foram cooptados. O dado parece significativo, mas façamos um cálculo simples para avaliar o impacto real da iniciativa. 
Se considerarmos que, como alegado pelo jornal acima referido, apenas em um ano (em 2010), havia mais de 37 mil colaboradores cubanos e, que o período de permanência no exterior, embora variado, dependendo da missão, geralmente é de cerca de dois anos, nesses 4,5 anos Cuba enviou ao exterior pelo menos 83 mil profissionais da área médica. Desta maneira, os 1574 médicos capturados pelo programa dos Estados Unidos representam apenas 1,89% do total. Estes resultados revelam um claro fracasso, se considerarmos que a iniciativa tem orçamento federal, centenas de funcionários a sua disposição, que é impulsionado por todas as embaixadas dos Estados Unidos no mundo e, que tem poderosos aliados políticos e na mídia em diversos países.

Não é gratuito que o maior número de profissionais que aderiram ao programa Professional Parole Cuban Medical  tenha exercido seu trabalho na Venezuela. Este país possui o maior número de médicos cubanos que cooperam em comunidades carentes, vinculados ao programa de saúde Missão Bairro Adentro. É evidente que, neste caso, ademais de atacar Cuba há um propósito suplementar: minar o prestígio social da Missão Barrio Adentro, sem dúvida o mais bem-sucedido programa social do governo Chávez e, no qual a cooperação médica de Cuba desempenha um importante papel.
Esta iniciativa do governo dos EUA revela a utilização da questão da emigração cubana com vistas a desestabilização social e política. Nos recordemos que a Lei 1.966, Lei de Ajuste Cubano (2) ,concede a todo cubano que pise em território norte-americano autorização de residência bem como, benefícios sociais e incentivos para conseguir emprego, algo negado ao restante da emigração latino-americana  a qual, aliás, é vítima de uma política sistemática de expulsão. No entanto, com tudo isso os números da emigração cubana para os EUA são claramente inferiores aos dos outros países da região.
O programa de cooptação de profissionais de saúde cubanos tem o apoio, direto ou indireto, de outros agentes. Em primeiro lugar, da grande mídia. A grande imprensa privada dos países em que a ajuda cubana tem maior significação como, por exemplo, Venezuela, Nicarágua e Bolívia, tem ocultado o grande impacto social desses programas médicos, dando cobertura extraordinária ao abandono de médicos cubanos.

Desde Miami, supostas "ONGs" também apoiam o recrutamento de médicos cubanos. Tal é o caso de "Solidariedade sem Fronteiras" (3), que chamou de "Bairro Fora" sua colaboração especial com o governo dos EUA. Em seu sítio web disponibiliza formulários à serem preenchidos pelos médicos bem como, os endereços das embaixadas e consulados dos Estados Unidos para que eles devem buscar.

Esta organização promoveu ação judicial, junto ao Tribunal Federal de Miami, na qual vários médicos cubanos que desertaram buscavam da PDVSA indenizações no valor 450 milhões de dólares a titulo de compensação por alegado "trabalho forçado" ou, trabalho de "escravos modernos", expressões utilizadas para definir o trabalho de assistência médica de apoio exercida em bairros desfavorecidos e comunidades rurais da Venezuela, lugares onde, por sinal, ninguém os obrigou a ir.

De recordar que a cooperação médica cubana na Venezuela tem características especiais, em comparação com outros programas de ajuda médica cubana: é parte de um acordo bilateral que Cuba dispõe de milhares de profissionais da saúde, educação, esporte, agricultura e outros setores, e para o qual a Venezuela fornece petróleo para Cuba em condições preferenciais.

Apesar do silêncio da mídia, Cuba ganhou com os seus programas de solidariedade internacional, uma sólida reputação junto população e governos de inúmeros países do Terceiro Mundo. Para destruí-lo, o governo dos EUA usa de seu poderio econômico e diplomático. Enquanto isso, a grande mídia, esquecendo sua função social, oculta da opinião pública o exemplo de solidariedade internacional que Cuba oferece ao mundo bem como, a existência de uma das iniciativas de diplomacia suja mais imoral dos últimos tempos.

1 - http://www.state.gov/p/wha/rls/fs/2009/115414.htm
2 - http://www.uscis.gov/green-card/other-ways-get-green-card/green-card-cuban-native-or-citizen
3  - http://www.ssfin.org/

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Existem poderosos interesses no mundo a quem convém que pouco ou nada se saiba sobre a verdade dos conflitos que surgem na África negra.

Existem poderosos interesses no mundo a quem convém que pouco ou nada se saiba sobre a verdade dos conflitos que surgem na África negra.

Basem Tajeldine*

 
Enquanto o sangue dos povos africanos é derramado em torrente, as companhias petrolíferas e mineiras das potências imperialistas preparam-se para se apropriar das suas riquezas.

Da República Centro-Africana (622.089 m2, habitada por 5 milhões de pessoas), apenas se sabe que enfrenta um conflito «étnico e religioso» e que «2,6 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária imediata, e um de cada cinco centro-africanos se encontram internamente deslocados. Números que poderão aumentar à medida que o conflito coloca milhões de pessoas em situação de risco». (1) Mas, nada se diz das implicações das transnacionais francesas e do próprio estado francês por detrás do conflito que aquele país vive.
Poucos meios internacionais se preocuparam em destacar informações precisas que nos permitam interpretar o que realmente acontece hoje na República Centro-Africana. Existem interesses poderosos no mundo a quem convém que pouco ou nada se divulgue sobre a verdade dos conflitos que se suscitam na África negra. Para esses interesses e suas transnacionais mediáticas é necessário que a opinião pública mundial generalize e banalize a realidade que se apresenta em vários países daquele continente, fundamentalmente as fomes e os conflitos por disputa territorial entre as diversas comunidades étnicas, de forma que permita condicionar a opinião para justificar a intervenção militar da Europa e dos Estados Unidos sob pretextos «humanitários». Enquanto o sangue dos povos africanos é derramado em torrente, as companhias petrolíferas e mineiras das potências preparam-se para se apropriar das suas riquezas.
A crise económico-financeira que se vive em toda a União Europeia incita à rapina das potências contra a periferia capitalista. E como as coisas não têm andado bem para a França decadente, tem-se visto a necessidade de assaltar outras terras para amparar a sua crise e manter a sua hegemonia nas suas ex-colónias. Os dados económicos revelaram que o Produto Interno Bruto (PIB) da França vem caindo (2), marcando a mesma tendência nos últimos anos. Enquanto o desemprego já ultrapassa os números oficiais calculados em 11%.
As políticas internas e externas assumidas pelo regime francês para enfrentar a crise económica acabaram por desmascarar o desprestigiado ultraliberal com máscara «socialista», o presidente François Hollande, que prometeu novos cortes na despesa pública superior a 50 mil milhões de euros (3), e simultaneamente pediu aos militares franceses para se alistarem numa nova aventura bélica contra outra ex-colónia francesa para «proteger» a população civil.
Depois de o fazer na Costa do Marfim, Líbia e Mali, a França decidiu intervir militarmente na República Centro-africana para «levar a paz» a esse povo. Com efeito, Hollande não duvidou sequer em completar o envio de 1.600 «angelicais» soldados franceses para fazer «a paz» e salvar o povo centro-africano da suposta guerra étnica e religiosa.
A 6 de Dezembro de 2013, durante a Cimeira África-França no Palácio do Eliseu, François Hollande declarou à imprensa que a operação militar na República Centro-Africana, denominada «Sanguiris», é a resposta a uma «situação catastrófica» que o seu povo vive, o qual pediu a ajuda da França (…) Os franceses devem estar orgulhosos por intervir em qualquer lugar desinteressadamente». E como era de esperar, a ONU votou rapidamente a Resolução 2127, que autorizou a intervenção militar gaulesa.
Desde 1960 o povo centro-africano sofreu 6 golpes de Estado promovidos por interesses transnacionais que o levaram à anarquia. Os sucessivos presidentes centro-africanos David Dacko, Bokassa I, André Kolingba, Ange F. Patasse, François Bozizé, Michel Djotodia, foram responsáveis conjuntamente com a França pelo desastre. Na opinião do famoso investigador Olivier A. Ndenkop «a mão da França, potência colonizadora, foi sempre vista ou anunciada por detrás dos vários golpes de estado” (4).
No seu trabalho mais recente intitulado «As razões ocultas da intervenção francesa», Ndenkop assegura que a França sempre manteve interesses na República Centro-Africana. « (a França) Hoje em dia controla a economia centro-africana. Bolloré tem o monopólio da logística e do transporte fluvial. Castel reina sobre o mundo do mercado das bebidas e do açúcar. CFAO controla o comércio de veículos. A partir de 2007, a France Telecom entrou no baile. AREVA está presente na África Central embora, oficialmente, o gigante nuclear esteja apenas na fase de exploração. TOTAL reforça a sua hegemonia no armazenamento e na comercialização de petróleo.»
Ndenkop revela que a 4 de Dezembro de 2013, enquanto as tropas francesas se preparavam para tomar a direcção de Bangui, o ministro francês da economia, Pierre Moscovici, estava reunido com ministros, chefes de estado e com mais de 560 empresários franceses e africanos para tratar de salvar a posição da França na África.
Mas a pergunta crucial que muitos fazem — Porque procura a França por meio da guerra o que sempre conseguiu numa paz relativa? Para o investigador Olivier A. Ndenkop a resposta é: a China, a verdadeira ameaça para o Eliseu.
Desde que a China fez a sua entrada crucial na África em busca da matérias-primas, fundamentalmente hidrocarbonetos, uma espécie de feitiço conjurado pela França fez com que se atiçassem todos os conflitos étnicos e religiosos nesse e noutros países do continente para derrubar os governos que se aliaram ao gigante asiático.
A maior parte dos investimentos estrangeiros concentraram-se na Nigéria, África do Sul, Sudão, Argélia, Zâmbia, Gana, República Democrática do Congo e Etiópia (5).
Ndenkop afirma que «François Bozizé, que teve o tempo de se fazer eleger presidente em 2005, não resistiu às propostas da China, que multiplicou as ajudas e aumentou os seus investimentos em todo o continente com menos condicionamentos. O que contrasta com a arrogância e o paternalismo dos “sócios tradicionais” da África»
Em Março de 2013, o deposto presidente François Bozizé revelaria à Rádio França Internacional o que muitos desconfiavam «Dei o petróleo aos chineses e isso tornou-se um problema (…) derrubaram-me por culpa do petróleo».

*Analista Internacional

Fontes:
(1) http://www.fao.org/emergencies/resources/documents/resouces-detail/en/c213104/
(2) http://www.datosmacro.com/pib/francia
(3) http:www.correodelorinoco.gob.ve/multipolaridad/gobierno-frances-reducira-aun-mas-gasto-publico/
(4) http://www.lahaine.org./index.php?p=74287
(5) http://actualidade.rt.com/actualidad/view/99381-africa-sierra-leona-china-aumenta-presencia

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Destruir a Revolução Bolivariana, objectivo do Imperialismo

Destruir a Revolução Bolivariana, objectivo do Imperialismo

Miguel Urbano Rodrigues
 
Na Venezuela a tentativa de golpe com recurso à força foi inviabilizada. O esforço para desestabilizar o país prosseguiu, mas o projecto de tomada do poder foi alterado. O governo define-o agora como «um golpe de estado suave». Uma campanha de desinformação que envolve os grandes media dos EUA e da União Europeia transmite diariamente a imagem de uma Venezuela onde a violência se tornou endémica, manifestações pacíficas seriam reprimidas, a escassez de produtos essenciais aumenta, a inflação disparou e a crise económica se aprofunda.
Esses media – incluindo os media nacionais de grande circulação - ocultam a realidade. Quem promove a violência é a extrema-direita, quem incendiou lojas da Mision Mercal que vende ao povo mercadorias a preços reduzidos, quem saqueia supermercados é essa oposição neofascista que se apresenta como “democrática». É ela que sabota a economia e organiza o açambarcamento de produtos essenciais.

O imperialismo norte- americano (com o apoio dos governos do Reino Unido e da França) está na ofensiva em duas frentes. Obrigado pela Rússia a recuar na Síria ataca na Ucrânia e na Venezuela.
Na Ucrânia, o apoio de Washington às forças empenhadas em derrubar o presidente Iakunovitch foi ostensivo (ver artigo de Paul Craig Roberts ( http://www.odiario.info/?p=3187).
Na Venezuela, a estratégia dos EUA é mais subtil. Nela a Embaixada em Caracas e a CIA têm desempenhado um importante papel.
O projeto inicial de implantar no país uma situação caótica fracassou. Os apelos à violência de Leopoldo Lopez que assumiram caracter insurreccional na jornada de 12 de Fevereiro tiveram a resposta que mereciam das Forças Armadas e das massas populares solidarias com a revolução bolivariana. Os crimes cometidos pelos grupos de extrema-direita suscitaram tamanha repulsa popular que até Capriles Radonski – o candidato derrotado à Presidência da Republica - optou por se distanciar de Lopez e sua gente, mas convoca novas manifestações «pacíficas».
Inviabilizada a tentativa de golpe com recurso à força, o esforço para desestabilizar o país prosseguiu, mas o projeto de tomada do poder foi alterado. O governo define-o agora como «um golpe de estado suave».
Uma campanha de desinformação, que envolve os grandes media dos EUA e da União Europeia, transmite diariamente a imagem de uma Venezuela onde a violência se tornou endémica, manifestações pacíficas seriam reprimidas, a escassez de produtos essenciais aumenta, a inflação disparou e a crise económica se aprofunda.
Ocultam a realidade. Quem promove a violência é a extrema-direita, quem incendiou lojas da Mision Mercal que vende ao povo mercadorias a preços reduzidos, quem saqueia supermercados é essa oposição neofascista que se apresenta como “democrática», é ela que sabota a economia e organiza o açambarcamento de produtos essenciais.
No Estado de Táchira, grupos terroristas paramilitares vindos da Colômbia semeiam o terror, forçando o presidente Maduro a decretar ali o estado de exceção.
É significativo que o embaixador da Venezuela em Lisboa, general Lucas Rincón Romero, tenha sentido a necessidade de emitir um comunicado ( http://www.odiario.info/?p=3186) para esclarecer que os media internacionais publicam quase exclusivamente declarações da oposição que deturpam grosseiramente os acontecimentos do seu pais.
A Revolução Bolivariana enfrenta hoje uma guerra económica - a expressão é de Maduro - que é simultaneamente uma guerra psicológica, política e social.
Nesse contexto, o Presidente da Venezuela ao alertar o seu povo para a cumplicidade de Washington na montagem de «um golpe de estado» denunciou o envolvimento em atividades conspirativas da oposição de três funcionários consulares dos Estados Unidos, e ordenou a sua imediata expulsão. Reagindo também à campanha anti-venezuelana da CNN, acusou aquele canal de TV de uma «programação de guerra».
Como reage Barack Obama? Com hipocrisia e arrogância. Não citou o episódio da expulsão dos diplomatas, mas pediu a Maduro que liberte os dirigentes da oposição presos. Como nele é habitual invocou no seu apelo retórico princípios humanitários, o respeito pelos direitos humanos, o diálogo democrático, enfim, aquilo os EUA violam com a sua política de terrorismo de estado.
Somente faltou mencionar explicitamente Leopoldo Lopez, o líder das jornadas de violência que provocaram mortes e destruições em Caracas e noutras cidades.
O senador republicano John McCain, ex candidato à Casa Branca, foi mais longe do que Obama. Numa entrevista à BBC sugeriu com despudor uma intervenção militar direta na Venezuela para «estabelecer a paz e a democracia».
A escalada golpista assumiu tais proporções que desencadeou a nível mundial um poderoso movimento de apoio à Revolução Bolivariana, ameaçada pelo imperialismo e o fascismo caseiro.
Um manifesto de solidariedade ao governo de Maduro, iniciado na Argentina, já foi assinado em muitos países por milhares de intelectuais, artistas, dirigentes políticos, parlamentares e sindicalistas.
A solidariedade com o povo de Bolívar corre mundo como torrente caudalosa.
Vila Nova de Gaia,22 de Fevereiro de 2014

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Golpe na Venezuela


Venezuela é vítima de uma nova tática intervencionista da direita


Vermelho entrevistou o secretário de Relações Internacionais do PCdoB, Ricardo Alemão Abreu, para entender a conjuntura política da Venezuela. Segundo ele, há um novo padrão de intervenção da direita na América Latina e o que está acontecendo no país é a aplicação desta tática de desestabilização, uma vez que a oposição não tem força política suficiente para enfrentar os governos de esquerda de forma democrática. Leia a seguir a íntegra da entrevista.

Por Théa Rodrigues, da Redação do Vermelho


Manifestação a favor do governo de Nicolás Maduro em Caracas. Foto: Alba.

Como avalia o momento pelo qual a Venezuela está passando atualmente?
Há um novo padrão de intervenção da direita na América Latina, que diz defender a democracia e a liberdade, mas que na verdade sempre foi antidemocrática e autoritária. A direita vem se apropriando dos discursos da esquerda, para implantar a dúvida de quem são os reais democratas e quem são os ditadores.

A Venezuela é um caso mais flagrante disso atualmente, mas essa mesma tática está sendo usada na Argentina e no Brasil. Trata-se da tentativa de criar um ambiente de desestabilização com o desabastecimento, que gera uma guerra econômica e o caos que força uma crise cambial. Por sua vez, isso provoca uma violência política que dá a sensação de que o governo não tem controle da situação e de que é culpado pela situação caótica.

Como os opositores conseguem o apoio popular utilizando essa tática?
Na Venezuela há uma parcela da população que ora vota no chavismo, ora vota contra. Esse grupo não cai no discurso fácil de que o presidente Nicolás Maduro é culpado por tudo, mas pode não votar novamente nele por conta da situação do país. Com isso, os opositores reforçam sua porcentagem de eleitores (cerca de um terço dos votantes) e disputam outra franja de apoio popular. Por meio da desestabilização do governo, o golpe de Estado se torna mais palpável para esses grupos de ultradireita, que utilizam quaisquer artifícios para manipular informações.

A manipulação e a desestabilização de governo rumo a um golpe de Estado são uma resposta à força da integração latino-americana?
Claro. À medida que temos a democracia e liberdade para o povo na América Latina, surgem ainda mais alternativas, mais à esquerda, progressistas e até revolucionárias, que sempre foram sufocadas ou por golpes militares, ou por invasão dos Estados Unidos, ou por apoio às ditaduras. O golpe militar de 1964 no Brasil é um exemplo, assim como o golpe que derrubou Salvador Allende no Chile, na década de 1970.

Tivemos, a partir do final dos anos 1990, um avanço no processo de democratização latino-americano e, consequentemente, a vitória de governos mais progressistas e até de forças revolucionárias que passaram a democratizar ainda mais esses países – a Venezuela teve 15 eleições no período de 10 anos. Por tanto, o processo é contrário ao que dizem dos governos de esquerda: que são ditaduras.

O governo de Cristina Kirchner democratizou os meios de comunicação na Argentina, o mesmo aconteceu no Uruguai e no Equador. Quer dizer, quanto mais os governos de esquerda avançam em reformas democráticas, os grupos de direita opositores ficam sem alternativa e buscam uma saída fascista.

Por isso o presidente Nicolás Maduro considera que a conjuntura na Venezuela é uma consequência da ação de grupos fascistas?
A oposição está mudando de tática e de líder na Venezuela. Veja bem, Henrique Capriles não dá mais conta de fazer oposição ao governo em eleições. Já perdeu para o Hugo Chávez e, posteriormente, para Nicolás Maduro. Nas eleições municipais de dezembro passado, eles achavam que teriam ao menos um empate técnico com o partido governista, mas as medidas que Maduro tomou contra a guerra econômica foram muito eficientes e, com isso, o mandatário teve a confirmação do apoio popular.

Então precisa ser alguém mais radical, como é o caso de Leopoldo López. Tanto que, anteriormente, ele e Capriles faziam parte da mesma coligação contra o chavismo e agora estão divididos. Ou seja, pelas vias democráticas a oposição não tem mais espaço. A cena golpista fica impaciente com os governos que vão se reelegendo e que dão continuidade e aprofundamento aos programas progressistas. A partir disto, a direita passa a fortalecer uma alternativa neofascista, de golpe de Estado, de ditadura e de violência.

Para ter uma ideia, em 2002, López liderou a agressão armada à embaixada de Cuba e hoje prega um discurso pacífico. Ele, na época, já organizava esses grupos neofascistas de ultradireita. O opositor continua sendo o mesmo, mas agora utiliza essa “fachada” de defensor da paz, da democracia e de José Martí. Isso é tudo jogo de cena.

E assim Leopoldo López ganha o apoio popular...
Sim, mas essa campanha denominada “A Saída” que ele comanda é ditatorial e acusa o governo que construiu um Estado com base na democracia popular, que é o conteúdo real da Revolução Bolivariana, de ser uma ditadura.

Podemos afirmar que há uma tentativa de golpe de Estado na Venezuela, tal e qual o presidente Nicolás Maduro vem denunciando?
Sim, há uma tentativa de golpe, mais complexa, mais sofisticada e que utiliza o discurso da democracia e da liberdade, mas com o conteúdo de um golpe fascista. Essa inversão de sinais e essa apropriação dos termos de esquerda promove uma confusão ao desconstruir a imagem da real democracia. Há uma falsificação que tenta enganar o povo para a saída golpista.

Qual o papel dos Estados Unidos no que está acontecendo na Venezuela?
Os Estados Unidos e as direitas locais não suportariam mais 10 anos de governos progressistas e anti-imperialistas na América Latina. Como disse anteriormente, existe hoje um novo padrão de intervenção política do imperialismo, que prepara a guerra midiática, a guerra econômica, o terror psicológico e a falsificação.

Gene Sharp, um escritor que possui ligações com a CIA, escreveu um livro no qual ele levanta 198 estratégias de desestabilização de governo. Tudo o que está sendo feito na Venezuela está nesse “manual”. Isso foi aplicado no Irã em 1953 e no Chile em 1970.

O opositor Leopoldo López tem muita ligação com os EUA. O próprio fato de o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, ter se pronunciado contra a prisão de López pode ser uma demonstração da ligação entre eles.

Qual é a nossa tarefa para prevenir essa “infiltração” fascista?
Nós precisamos defender a democracia e os governos eleitos de forma legítima e denunciar essa tentativa de “fascistização” da América Latina. É importante agir agora para desmoralizar essa tática e essa estratégia da direita para implantar o golpe de Estado a qualquer custo.

Na Venezuela é importante aproveitar que a oposição não está totalmente unida nisso e desmascarar esse tipo de discurso fascista para evitar que a onda golpista cresça. Não acredito que possa haver um golpe na Venezuela manhã, mas pode ser criada uma situação favorável a isso. Temos que nos preparar para uma nova fase de contraofensiva.

Qual o papel da mídia na propagação desse discurso “falsificado”?
As redes sociais repercutem o que a grande mídia diz. Manipulam imagens e divulgam sempre aquilo que é lhes é favorável. A multiplicação de um discurso que parece a favor do povo, mas que tem por trás grupos de extrema direita merece atenção especial.

Há algum perigo para a integração latino-americana?
Os três países fundamentais para a integração latino-americana são a Venezuela, o Brasil e a Argentina. Para quebrar a integração hoje, é preciso quebrar esses três países. Isso abalaria o todo o processo de avanço consolidado com o Mercosul, Unasul, Celac, Alba e outros.

Por isso, hoje, a direita intensifica sua campanha nesses três países. O plano era derrotar o Polo Patriótico, em dezembro passado, na Venezuela – o que não aconteceu – para criar uma alternativa para o próximo referendo revogatório daqui a dois anos. Também querem derrotar a presidenta Dilma Rousseff nas presidenciais deste ano e a o partido de Cristina Kirchner na Argentina, em 2015.

É possível, portanto, encontrar semelhanças nos acontecimentos recentes nesses países no último ano. Há uma guerra midiática, uma guerra política e econômica que acontece em intensidades diferentes contra esses três governos. Os opositores apostam que o caos e que um governo cada vez mais desprestigiado perca o apoio popular.

Como isso pode repercutir no Brasil?
No Brasil não será diferente, eles vão tentar ganhar uma parte do povo que vota na presidenta Dilma Rousseff utilizando o falso argumento de que a governante é incapaz, que a economia está um caos, que a política social está esgotada.

Aqui no Brasil, o discurso da direita em 1964 era “democracia e liberdade” com a chamada “revolução democrática”. Contudo, o governo deposto de Jango era, até então, o mais avançado e o que tinha mais compromisso com a luta dos trabalhadores, com a democratização e com a soberania nacional. 

sábado, 8 de fevereiro de 2014

Washington desestabiliza a Ucrânia - da Rede CastorPhoto


Paul Craig Roberts: EUA desejam derrubar governos do Brasil, Venezuela, Bolívia e Equador!


 [*] Paul Craig Roberts – Institute for Political Economy


Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

Barack Obama, um maníaco?
 maníacos por controlar o mundo, em Washington, pensam que só é democrático o que Washington decida e imponha contra outros países soberanos. Nenhum outro país da Terra será jamais capaz de tomar uma, sequer uma, decisão democrática.

O mundo assiste há eras a essa arrogância dos EUA, com Washington derrubando um governo democrático após outro e impondo em cada país um fantoche norte-americano. É o que Washington fez no Irã em 1953, quando a CIA, como a própria agência já admite e Ervand Abrahamian demonstra em seu livro The Coup [O Golpe] (The New Press, 2013) derrubou o governo eleito de Mossadeq; e como Washington fez também mais recentemente, quando derrubou o governo eleito de Honduras, e como fez inúmeras outras vezes em todos esses golpes.

Atualmente, Washington trabalha em tempo integral e faz horas extras para derrubar o governo da Síria, do Irã (outra vez!) e da Ucrânia. 

Washington também já pôs em sua alça de mira a democracia da Venezuela, da Bolívia, do Equador e do Brasil; e, nos seus sonhos mais enlouquecidos, Washington sonha com derrubar também governos de Rússia e China.

Dia 22/1/2014, Bouthaina Shaaban conselheira de Comunicações do governo sírio, perguntou a Wolf Blitzer, propagandista alugado a Washington e ao lobbyisraelense, em plena televisão norte-americana, por que o governo dos EUA, falando pela boca do secretário de Estado John Kerry, imagina que teria o direito de decidir quem deve governar a Síria, em lugar do povo sírio. [Pesquisas mostram que os índices de aprovação do presidente al-Assad são superiores aos de todos os governantes ocidentais]. Nem o viscoso-escorregadio Blitzer foi suficientemente viscoso-escorradio para responder “porque nós somos o povo excepcional, indispensável”. Mas é o que Washington pensa. Entrevista a seguir (em inglês):

Não demorará, e Washington retomará o trabalho de desestabilizar o governo do Irã, um hábito, suponho. Mas, no presente momento, Washington está dedicada a desestabilizar a UcrâniaA Ucrânia tem um governo democraticamente eleito, mas Washington não gosta dele, porque não foi escolhido por Washington. A Ucrânia ou a parte ocidental do país está cheia de ONGs mantidas por Washington cujo objetivo é entregar a Ucrânia às garras da União Europeia, para que os bancos da União Europeia e dos EUA possam saquear o país como saquearam, por exemplo, a Letônia; e para simultaneamente enfraquecer a Rússia, roubando parte da Rússia tradicional e convertendo-a em área reservada para bases militares de EUA-OTAN contra a Rússia.
Vladimir Putin , atleta
Talvez Putin, atleta, esteja distraído pelos Jogos Olímpicos na Rússia. É isso, ou é uma espécie de charada que ainda não deciframos, mas... Por que a Rússia não pôs em alerta máximo os seus mísseis nucleares e ocupou com soldados o oeste da Ucrânia, para impedir que todo o dinheiro da Ucrânia seja roubado por Washington? Em todos os países há cidadãos que trocariam por dinheiro o próprio país; e o oeste da Ucrânia pulula de traidores desse tipo. [No Brasil temos os MILICANALHAS e os demotucanos! redecastorphoto]

Como temos visto há décadas, árabes e muçulmanos são capazes de vender o próprio povo em troca do dinheiro ocidental. Os ucranianos ocidentais também estão interessados no mesmo negócio. As ONGs financiadas por Washington existem para entregar a Ucrânia às garras de Washington; ali os ucranianos converter-se-ão em servos dos EUA, e essa parte essencial da Rússia será transformada em palco para exibição da violência militar dos EUA.

De todos os “protestos” violentos aos quais o mundo tem assistido, os “protestos” na Ucrânia são os mais completamente orquestrados.

Dia 6/2, o blog Zero Hedge, um dos sites inteligentes e bem informados da Internet, postou uma gravação “vazada” em que fala a desprezível Victoria Nuland, uma das secretárias-assistentes de Estado do governo Obama. Nuland e Geoffrey Pyatt, enviado dos EUA à Ucrânia, discutem sobre quem Washington coroará próximo chefe de governo da Ucrânia. 

Victoria Nuland: F*da-se a União Europeia
Nuland está furiosa, porque a União Europeia não se uniu a Washington no plano para impor sanções ao governo ucraniano para completar a tomada da Ucrânia por Washington. Nuland fala como se fosse Deus, como se tivesse direito divino para escolher quem governa a Ucrânia – que ela já está escolhendo.

A União Europeia, por corrompida que já esteja pelo dinheiro de Washington, mesmo assim ainda consegue entender que ter enriquecido com o dinheiro de Washington não lhe garante qualquer proteção contra os mísseis nucleares russos. A resposta de Nuland à União Europeia que hesita em arriscar a própria existência em benefício da hegemonia dos EUA é:

“Foda-se a União Europeia”.

São os votos de Washington aos seus aliados mais cativos e a todos os povos do mundo.



[*] Paul Craig Roberts (nascido em 03 de abril de 1939) é um economista norte-americano, colunista do Creators Syndicate. Serviu como secretário-assistente do Tesouro na administração Reagan e foi destacado como um co-fundador da Reaganomics.Ex-editor e colunista do Wall Street Journal, Business Week eScripps Howard News ServiceTestemunhou perante comissões do Congresso em 30 ocasiões em questões de política econômica.

Durante o século XXI, Roberts tem frequentemente publicado em Counterpunch, escrevendo extensamente sobre os efeitos das administrações Bush (e mais tarde Obama) relacionadas com a guerra contra o terror, que ele diz ter destruído a proteção das liberdades civis dos americanos da Constituição dos EUA, tais como habeas corpus e o devido processo legal. Tem tomado posições diferentes de ex-aliados republicanos, opondo-se à guerra contra as drogas e a guerra contra o terror, e criticando as políticas e ações de Israel contra os palestinos. Roberts é um graduado do Instituto de Tecnologia da Geórgia e tem Ph.D. da Universidade de Virginia, pós-graduação na Universidade da Califórnia, Berkeley e na Faculdade de Merton, Oxford University.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Resistência Palestina


Solidariedade ao Povo Palestino


Lejeune Mirhan *no VERMELHO

Sei que existem muitas causas justas na humanidade hoje. No entanto, eu não tenho dúvidas de que a causa palestina é a mais fundamental. Quero nesta coluna semanal abordar esse tema e falar de uma particularidade dessa causa: o movimento de solidariedade que realizamos no Brasil, em especial as Missões que têm ido à Palestina. 


A luta dos palestinos contra a ocupação de suas terras é muito antiga. Remonta ao início do século 20, quando ondas migratórias começaram, incentivada, estimulada pela chamada Agência Judaica, braço do sionismo internacional que havia iniciado seu movimento em finais do século anterior, cujo líder tinha sido Theodor Herzl. Mas, não é nosso objetivo contar essa história aqui neste espaço. Queremos falar da solidariedade a esse sofrido povo.

Como sabemos, em 29 de novembro de 1947 a ONU votou o plano de partilha da Palestina. Decidiu que deveriam ser criado naquelas terras, onde os palestinos a habitam há milhares de anos, dois estados, a Palestina e Israel. Ocorre que em 14 de maio de 1948, Israel proclamou o seu Estado, ocupou praticamente 80% da palestina e os palestinos ficaram sem seu estado. Pior que isso, 19 anos depois, em 1967, Israel ocupou cem por cento da Palestina histórica.

A situação hoje é extremamente difícil. Em que pesem certos avanços e concessões feitas a partir dos acordos de Oslo de 1993 – completaram 20 anos ano passado – os palestinos têm pouca governabilidade sobre o pouco de terras que lhe foi devolvido. Praticamente a Cisjordânia e a Faixa de Gaza. Isso representa em torno de 20% da Palestina. Na própria Cisjordânia, tem três áreas, A, B e C. Na última, os palestinos não mandam nada. Sem falar que nas outras duas, eles não têm moeda e recolhem impostos para Israel, que repasse quanto e quando quer.



A Solidariedade no mundo e no Brasil

Desde o final da década de 1940, em todas as principais capitais europeias, foram criados comitês de solidariedade ao povo palestino. Estes cresceram na década seguinte, mas se fortaleceram na década de 1960. A OLP foi fundada em 28 de maio de 1964 – este anos comemoramos 50 anos de sua fundação. Em 1974 Arafat fala na ONU e o mundo passa a ver a Palestina como uma questão fundamental. O Brasil autoriza a abertura de um escritório da Liga Árabe em Brasília em 1979, em plena ditadura. Esse escritório, na prática, era a representação da OLP no Brasil e seu primeiro “embaixador”, foi o médico Farid Sawan. Apenas Lula, em dezembro de 2010, eleva esse escritório ao nível de representação diplomática de um Estado e os representantes viram, do ponto de vista da nossa diplomacia, embaixadores com todos os direitos decorrentes disso.

No Brasil, também é antiga a solidariedade, mas a organização na forma de Comitês nem tanto. Pelos registros que tenho, o 1º comitê de solidariedade constituído formalmente surgiu sem setembro de 1982, portanto há quase 32 anos. Eu estava em Campinas nessa época. Formamos um Comitê também lá. Isso ocorreu por causa do massacre de 3,5 mil palestinos ocorridos nos campos de refugiados de Sabra e Shatila em Beirute, entre os dias 16 e 18 de setembro. Isso mobilizou a maior parte das principais entidades da sociedade civil brasileira, como a UNE, a ABI, CNBB e sindicatos grandes (não haviam centrais sindicais no país nessa época). 

A solidariedade aos árabes seguiu com altos e baixos. Ela crescia sempre quando ocorria alguma agressão de Israel contra palestinos ou libaneses. Ao que eu me recordo, tivemos em 1991, o Comitê Contra a Guerra no Golfo (agressão ao Iraque). Depois reorganizamos o mesmo Comitê em 2003 quando da segunda agressão. Em 2006 fomos para às ruas em junho e julho quando Israel atacou o Líbano e matou quase duas mil pessoas. No final e 2008 e janeiro de 2009, voltamos a levantar o Comitê dos Palestinos quando Israel agrediu Gaza e matou quase mais duas mil pessoas. 

Por fim, a nova experiência de Comitê, desta vez em Apoio à Criação do Estado da Palestina. Ele surge em 29 de agosto de 2001, em reunião no Sindicato dos Engenheiros com a presença de 150 pessoas e dezenas de entidade. Depois disso, fizemos uma passeata em 20 de setembro pelas ruas centrais de SP, com três mil pessoas. O Comitê possui um site (www.palestinaja.net) tem uma coordenação e é integrado por 77 entidades, nacionais ou estaduais, de todos os setores e segmentos da sociedade civil brasileira. Realiza uma reunião por mês com uma média de 15 pessoas sempre presentes (diversos ativistas pró-palestinos participa). A próxima reunião ocorrerá no próximo dia 19 de fevereiro, quarta-feira, ás 19h na sede nacional do PCdoB (Rua Rego Freitas, 192, República). As reuniões são numeradas e fazemos memória de todas as decisões tomadas, sempre por consenso. A próxima será a de número 44ª Chegamos até a publicar um livro sobre a Palestina, que eu fui o roganizador.




Missões de Solidariedade


Uma decisão que o CEP tomou e que vem surtindo bastante efeito, é a organização de Missões de Solidariedade ao povo palestino. A 1ª Missão foi à Palestina em maio de 2012, com apenas seis pessoas. A segunda, porém, voltou à Palestina em maio de 2013 e levou 20 pessoas. Fomos recebidos pelas principais autoridades e lideranças daquele sofrido povo. Visitamos acampamentos de refugiados, escolas, sindicatos, ministérios e a sede da OLP, onde fomos recebidos pelo seu secretário-geral.

A próxima Missão ocorrerá em 25 de março e retornaremos ao Brasil em 4 de abril. Publico no final este artigo o roteiro, ainda a ser detalhado. Mas, como vamos sempre ou pela Emirates ou pela Qatar Arways, isso significa um pernoite (por conta das empresas) ou em Doha (capital do Qatar) ou em Dubai (capital do Emirados). Escolhemos sempre a que opera com valores e tarifas promocionais mais em conta. 

Nós sempre entramos na Palestina (que no mapa chama Israel...) pela Jordânia e usamos o aeroporto de Amã. Por isso, em nosso roteiro sempre consta uma vista à histórica cidade de Petra (caminho de ônibus até Amã). Por fim, mesmo com intensas atividades políticas e sindicais na Cisjordânia, é claro que visitamos os sítios considerados sagrados das religiões cristã e islâmica, que são as cidades de Belém e Jerusalém.

Essas viagens são comunicadas ao Itamaraty que toma ciência e a nossa embaixada em Ramallah nos recebe e dá total apoio e suporte. Temos muitos brasileiros de origem palestina vivendo na Cisjordânia. Eles nos recebem de braços abertos, nos oferecem almoços e jantares com outros brasileiros. É uma experiência inesquecível. Durante toda a nossa estadia, a OLP designa um intérprete que fica conosco em tempo integral, ora falando em português ora em espanhol. Nas visitas às cidades históricas o guia turístico fala espanhol. 

Precisamos desde já preparar a 3ª Missão. Reservamos novamente 20 lugares nos voos. Já temos muitos interessados, alguns já até pagaram o pacote completo, em torno de 3,2 mil dólares (algo como R$8.117,00) para pagamento à vista e em apartamento duplo de boa qualidade. Pode ser parcelado em cartões internacionais, mas como valores alterados. A operadora de turismo, especializada em Oriente Médio e Ásia em geral, que organiza tudo para nós é a Lynden Turismo, do nosso amigo Khaled Mahassen (khaled@lynden.com.br). 

Publicamos abaixo as condições e roteiros. Pedimos ampla divulgação de todos os amigos do povo palestinos para mais esta missão. Conhecer aquela realidade em loco escrever reportagens e artigos no retorno, travar contatos com entidades daquele povo é hoje a melhor forma de nos solidarizarmos com a luta palestina.



3ª Missão de Solidariedade com o Povo Palestino
Comitê pelo Estado da Palestina Já – Brasil


1º Dia – 25/03/14: 3ª feira – Apresentação às 21h no Aeroporto Internacional de Guarulhos, São Paulo. 
2º Dia – 26/03/14: 4ª feira – Embarque para Dubai pela Emirates, no voo QR 772 com chegada prevista as 23:05h (hora local em DOHA). Pernoite em Hotel nessa cidade por conta da Qatar Airways.
3º Dia – 27/03/14: 5ª feira – Doha / Amã / Ramallah: Saída às 6h para o aeroporto de Doha. Embarque às 7h25 com destino à Amã, Jordânia. Chegada prevista em Amã às 10h30 (hora local). Ônibus especial estará aguardando a delegação brasileira no aeroporto com apoio de operadores de turismo local conveniados com a Lynden. Rumaremos direto para a fronteira jordaniana com a Palestina, para atravessar a ponte Allenby e nos apresentarmos à imigração de Israel. Previsão de chegada ao hotel em Ramalláh por volta das 14h pelo menos. Entrada no Hotel 5*.
4º dia - 28/03/14: 6ª feira: Ramallah: Café da manhã no hotel, dia livre para atividades políticas a ser definida.
5º dia - 29/03/14: sábado: Ramallah
: Café da manhã no hotel, dia livre para atividades políticas a ser definida.
6º dia - 30/03/14: domingo: Ramallah: Café da manhã no hotel, dia livre para atividades políticas a ser definida.
7º dia - 31/03/14: 2ª feira – Ramallah / Jerusalém / Belém: Saída do Hotel às 8h para um tour de dia inteiro a Jerusalém e Belém com guia em espanhol ou português. Retorno a Ramallah, noite livre.
8º dia -01/04/14: 3ª feira: Ramallah / Sheik Hussein – Jerash – Petra Saída do Hotel às 9h em direção à Sheik Hussein, no lado jordaniano, assistência dos nossos agentes locais e continuação a Jerash, visita à cidade e seus monumentos e continuação a cidade histórica de Petra, patrimônio cultural da Humanidade. Pernoite no Hotel 5* e noite livre.
9º Dia – 02/04/14: 4ª feira: Petra / Amã: Café da manhã no hotel e saída para visitar a cidade de Petra, uma das sete maravilhas do mundo. Continuação a Amã passando pelo mar morto. Chegada em Amã e hospedagem no Hotel 5*.
10º Dia – 03/04/14: 5ª feira: Amã / Doha (hospedagem por conta da Qatar): Café da manhã no hotel e Saída do Hotel às 12h em direção ao aeroporto de Amã. Embarque com destino à Doha às 16h35, Chegada prevista em Doha 19h15, Ida ao Hotel, noite livre
11º dia – 04/04/14: 6ª feira: Saída do Hotel em Doha às 6h para o aeroporto. Embarque pela Qatar em voo direto para o Brasil, com previsão de chegada em São Paulo, no Aeroporto Internacional de Guarulhos, Cumbica às 16h30, hora local. Fim das atividades da 3ª Missão.

Preços: Preço por pessoa em apartamento duplo: 10 vezes de 376,00 USD (à vista US$3,196.00). Preço por pessoa em apartamento individual: 10 vezes de 437,00 USD (à vista US3,714.00). Pagamento à vista com desconto de 15%

Preço Inclui:

• Passagem aérea promocional no trecho São Paulo/Amã/São Paulo.
• Taxas de embarque no Brasil e Amã.
• Visto de entrada a Jordânia.
• Assistência nos aeroporto de Guarulhos e Amã
• Assistência nas fronteiras de Jordânia e Israel.
• Traslado aeroporto em Amã / Ramallah/ Aeroporto de Amã.
• 5 noites de hotel 5* em Ramallah com café da manhã.
• 1 noite em Petra no hotel 5* com café da manhã.
• 1 noite em Amã no hotel 5* com café da manhã.
• Transporte à disposição em Ramallah. Sem Guia.
• Tour para Jerusalém e Belém com guia em espanhol.
• Tour a Jerash.
• Tour com pernoite em Petra.
• Seguro viagem.
• Bolsa de viagem Lynden.

Preço Não Inclui: Taxas de saída e entrada para palestina, despesas de ordem pessoal tais como telefonemas, fax, lavanderia, bebidas de qualquer natureza e tudo que não consta como incluso no roteiro. As condições gerais encontram se a disposição na nossa sede. Preços da parte terrestre e aérea calculados em dólar americano, por pessoa sujeitos a mudança sem prévio aviso.



* Sociólogo, Professor, Escritor e Arabista. Colunista da Revista Sociologia da Editora Escala, da Fundação Maurício Grabois e do Vermelho. Foi professor de Sociologia e Ciência Política da UNIMEPentre 1986 e 2006. Presidiu o Sindicato dos Sociólogos do Estado de São Paulo de 2007 a 2010.Recebe mensagens pelo correio eletrônico lejeunemgxc@uol.com.br.
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