sexta-feira, 26 de setembro de 2008

NÃO À CONCESSÃO DA REDE GLOBO...

Lamentável que nosso governo dito de "esquerda" renovou a concessão dessa rede de tv que discrimina, conspira e defende seus próprios interesses e do capital internacional em detrimento de nosso povo manipulado por programas imbecis como esse casseta e planeta e as novelas que mascaram a realidade...

GLOBO É PROCESSADA POR DISCRIMINAÇÃO

Por Eduardo Sá, da redação

Nesta terça-feira (16), o programa Casseta & Planeta apresentou um quadro chamado “Otário Eleitoral Gratuito”, cujo conteúdo levou o Grupo de Ação pela Cidadania de Lésbicas, Gays, Travestis e Transexuais a abrir um processo na Procuradoria Regional dos Diretos dos Cidadãos de São Paulo contra a TV Globo de São Paulo por discriminação às pessoas deficientes.

Nesse quadro, um dos candidatos, apresentado com o nome “Tinoco, o homem toco”, retratado por um personagem sem braços nem pernas, declara: “Você me conhece: eu sou o Tinoco, o homem toco. Vote em mim, que eu não vou meter a mão; e se eu roubar não vou conseguir fugir”, de modo a debochar genericamente não só dos políticos, mas também das pessoas com deficiências físicas.

Veja o vídeo aqui.

Por se tratar de um programa transmitido em horário nobre numa emissora que obtém alto índice de audiência no país, a entidade fez a denúncia e entrou com processo devido à ofensa porque uma “chacota de uma pessoa com deficiência agride não apenas a imensa população deste segmento de nossa sociedade, mas todas e todos que lutam contra qualquer forma de discriminação”.

Nestas condições, a entidade recorreu à Constituição da República Federativa evidenciando que a emissora infringiu os artigos 1º, 3º e 5º nos incisos III, IV e XLI, nos quais são garantidos a dignidade humana, o não preconceito/discriminação e as liberdades fundamentais, respectivamente.

Grupo de Ação pela Cidadania de Lésbicas, Gays, Travestis e Transexuais também recorreu ao artigo 17 da Convenção Sobre os Direitos das Pessoas com Deficência, promulgada pela ONU, que diz: “todo deficiente tem o direito a que sua integridade física e mental seja respeitada, em igualdade de condições com as demais pessoas”.

O Coordenador-Adjunto de Direitos Humanos do grupo, Paulo Tavares Mariante, requer a instauração de um inquérito civil público para apuração das denúncias, um ofício expedido à emissora para esta lhe enviar uma cópia do programa em questão e que ao final do inquérito seja realizada uma ação civil para servir de reparação “à afronta dos direitos humanos de pessoas com deficiências e sirva como superação a qualquer forma de discriminação”.

É importante destacar que os esportistas brasileiros com deficiência tiveram seu melhor desempenho na história do país nas para-olimpíadas nesta que acabou de ser realizada em Pequim, onde os atletas conquistaram ao todo 47 medalhas, dentre elas 16 de ouro (contra apenas 3 de ouro dos atletas não-deficientes), e mesmo assim praticamente não tiveram espaço para transmissão de suas competições nas emissoras brasileiras, inclusive na Globo.

Bourdoukan explica...

Bourdoukan, em seu blog, explica questão sobre "nação árabe"...muito esclarecedor...

NÃO EXISTE UMA "NAÇÃO ÁRABE"

Leitores querem saber porque os “países árabes” não ajudam os palestinos.
Eu já expliquei aqui e já escrevi na Revista Caros Amigos que não existe uma nação árabe, assim como não existe uma nação portuguesa.

Explico: existem países de língua árabe, assim como existem países de língua portuguesa. E mais: há muita mais semelhança entre os países de língua portuguesa do que entre os países de língua árabe.

Até na culinária os países de língua portuguesa são mais semelhantes entre si do que os países de língua árabe. Um exemplo é a feijoada, que pode ser apreciada em Portugal, Angola, Moçambique, Guiné Bissau, Brasil, etc.

Já o mesmo não se pode afirmar em relação aos países de língua árabe. Vocês já imaginaram um beduíno apreciando um quibe frito no deserto? Com certeza correria risco de vida.

Portanto, aqueles que insistem em falar na existência de uma única nação árabe, ou não conhecem História e Geografia, ou são mal intencionados.

É verdade que vez ou outra dirigentes de países árabes pontuam seus discursos em nome de uma suposta “nação árabe”. Alguns o fazem com sinceridade, mas para a maioria, não passa de uma fórmula demagógica para desviar a atenção sobre problemas diários que eles são incapazes de resolver.

Em geral, tais dirigentes não passam de ditadores que não medem brutalidade para oprimir seu povo. E são esses mesmos ditadores que abominam qualquer movimento democrático e estão sempre culpando um inimigo externo.

Por isso, quem supõe que os países de língua árabe podem ajudar os palestinos, engana-se. Os palestinos representam a antítese desses governantes. Os palestinos são o que há de mais novo que surgiu no Oriente Médio, razão pela qual eles assustam não somente o governo de Israel como também os governos “árabes”.

Supor que reis, príncipes, ditadores e, vá lá, presidentes que governam países árabes podem ajudar os palestinos, é o mesmo que acreditar que um empresário vai dividir sua empresa com os operários ou um latifundiário vai dividir suas terras com o MST.

Essa é a realidade. O resto... bem, o resto é o resto!
Voltarei ao assunto.

A CAPA DA "VEJA" E PADRE VIEIRA

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Luiz Carlos Azenha


A capa da Veja pressupõe que Tio Sam tenha salvado mesmo àqueles que não precisavam de salvação. Eu, por exemplo, que não ganhei dinheiro com a especulação de Wall Street. Ou você que me lê.

O argumento é mais ou menos o seguinte: mesmo que você não se importe com isso ou que não acredite nisso, foi salvo pelos Estados Unidos. O dedo na cara do leitor é uma forma de intimidação intelectual muito cara aos neocons norte-americanos. Lá na metrópole eles estão desmoralizados, mas aqui resistem bravamente e intimam o leitor: "Acredite em mim ou você vai se dar mal!"

O jornalismo de Veja é o equivalente brasileiro do realismo socialista ou do realismo fantástico. Nele tudo o que Evo Morales fizer representa atraso; tudo o que vier de Washington representa avanço. Verdade factual? Quem quer saber dela se podemos fabricar nossa própria verdade? Luís Nassif definiu como parajornalismo, que é do que se trata: a criação de uma realidade paralela, em que Daniel Dantas é um empresário perseguido pelas forças maléficas do Estado brasileiro, Gilmar Mendes é o defensor dos fracos e oprimidos, os petralhas vagam pelas avenidas feito chupa-cabras.

É tão divertido -- para não dizer trágico -- quanto o padre Vieira, ao justificar o tráfico de escravos entre a África e o Brasil, com o qual os jesuítas faziam dinheiro: "Oh, se a gente preta tirada das brenhas da sua Etiópia, e passada ao Brasil, conhecera bem quanto deve a Deus, e a sua Santíssima Mãe por este que pode parecer desterro, cativeiro e desgraça, e não é senão milagre, e grande milagre!" (De um de meus livros de cabeceira, o Trato dos Viventes, de Luiz Felipe de Alencastro).

O dia que eu tiver tempo gostaria de explorar o que há em comum na crença dos jesuítas, dos trotskistas e dos neocons -- inclusive a versão mais vulgar representada por Reinaldo Azevedo e a turma da Veja -- na infalibilidade intelectual dos convertidos. Eles falam e escrevem com tanta certeza que parecem iluminados por alguma divindade.


BILLIE HOLIDAY
THE BEST OF LADY DAY -2000

Karl Marx manda lembranças

Artigo de César Benjamin, publicado dia 20 de setembro, na Folha de São Paulo

As economias modernas criaram um novo conceito de riqueza. Não se trata mais de dispor de valores de uso, mas de ampliar abstrações numéricas. Busca-se obter mais quantidade do mesmo, indefinidamente. A isso os economistas chamam "comportamento racional". Dizem coisas complicadas, pois a defesa de uma estupidez exige alguma sofisticação.

Quem refletiu mais profundamente sobre essa grande transformação foi Karl Marx. Em meados do século 19, ele destacou três tendências da sociedade que então desabrochava: (a) ela seria compelida a aumentar incessantemente a massa de mercadorias, fosse pela maior capacidade de produzi-las, fosse pela transformação de mais bens, materiais ou simbólicos, em mercadoria; no limite, tudo seria transformado em mercadoria; (b) ela seria compelida a ampliar o espaço geográfico inserido no circuito mercantil, de modo que mais riquezas e mais populações dele participassem; no limite, esse espaço seria todo o planeta; (c) ela seria compelida a inventar sempre novos bens e novas necessidades; como as "necessidades do estômago" são poucas, esses novos bens e necessidades seriam, cada vez mais, bens e necessidades voltados à fantasia, que é ilimitada.

Para aumentar a potência produtiva e expandir o espaço da acumulação, essa sociedade realizaria uma revolução técnica incessante. Para incluir o máximo de populações no processo mercantil, formaria um sistema-mundo. Para criar o homem portador daquelas novas necessidades em expansão, alteraria profundamente a cultura e as formas de sociabilidade. Nenhum obstáculo externo a deteria.

Havia, porém, obstáculos internos, que seriam, sucessivamente, superados e repostos. Pois, para valorizar-se, o capital precisa abandonar a sua forma preferencial, de riqueza abstrata, e passar pela produção, organizando o trabalho e encarnando-se transitoriamente em coisas e valores de uso. Só assim pode ressurgir ampliado, fechando o circuito. É um processo demorado e cheio de riscos. Muito melhor é acumular capital sem retirá-lo da condição de riqueza abstrata, fazendo o próprio dinheiro render mais dinheiro.

Marx denominou D - D" essa forma de acumulação e viu que ela teria peso crescente. À medida que passasse a predominar, a instabilidade seria maior, pois a valorização sem trabalho é fictícia. E o potencial civilizatório do sistema começaria a esgotar-se: ao repudiar o trabalho e a atividade produtiva, ao afastar-se do mundo-da-vida, o impulso à acumulação não mais seria um agente organizador da sociedade.

Se não conseguisse se libertar dessa engrenagem, a humanidade correria sérios riscos, pois sua potência técnica estaria muito mais desenvolvida, mas desconectada de fins humanos. Dependendo de quais forças sociais predominassem, essa potência técnica expandida poderia ser colocada a serviço da civilização (abolindo-se os trabalhos cansativos, mecânicos e alienados, difundindo-se as atividades da cultura e do espírito) ou da barbárie (com o desemprego e a intensificação de conflitos). Maior o poder criativo, maior o poder destrutivo.

O que estamos vendo não é erro nem acidente. Ao vencer os adversários, o sistema pôde buscar a sua forma mais pura, mais plena e mais essencial, com ampla predominância da acumulação D - D". Abandonou as mediações de que necessitava no período anterior, quando contestações, internas e externas, o amarravam. Libertou-se. Floresceu. Os resultados estão aí. Mais uma vez, os Estados tentarão salvar o capitalismo da ação predatória dos capitalistas. Karl Marx manda lembranças.