Telhado Verde. Ajuda a reduzir o barulho dentro de casa e a manter a temperatura constante e, além de grama, o telhado verde pode receber flores, arbustos e ervas medicinais. Foto do jornal O Tempo.
A Permacultura é um movimento que surgiu no campo e hoje se espraiou nas cidades. Conforme explicou o permacultor e bioconstrutor Fernando Costa na Quarta Temática dos Amigos da Terra, ontem, na casaNAT, considera a importância de se observar os processos da natureza e utilizar a sabedoria popular. Por exemplo, costumes que nossos pais e avós, ou hoje em dia, mais aqueles que residem no interior do interior do Estado, mantém como guardar sementes, arrancar matinho das calçadas com a faquinha, construir pequenas cisternas para coletar água de chuva, colocar os restos orgânicos do preparo das refeições na horta como adubo, enfim, se preocupam com a manutenção da vida ao seu redor e para o futuro de seus descendentes. Há quem considere que estas tarefas dão trabalho, são perda de tempo já que há “tecnologias”, leia-se facilidade em se adquirir venenos ou depositar os resíduos em um aterro há dezenas de quilômetros de casa. Quando na verdade é zelo com a biodiversidade.
A racionalização dos usos dos recursos naturais como água, também é pauta para a Permacultura. Na medida em que propõem que se planeje o urbano, contando sempre com a criatividade e a cultura local. Por exemplo, colocando próximo aquilo que se utiliza com maior frequência, de modo a despender menos energia como a de deslocamento. “Até num apartamento, no centro da cidade, é possível plantar hortaliças numa floreira; trocar as sementes com um vizinho por adubo orgânico que ele mesmo faz numa composteira doméstica, fazer uma captação de água da chuva nem que seja somente para molhar as plantas, já que a clorada mata os microorganismos da terra”, disse Fernando, compartilhando o seu exemplo e o de vários amigos seus.
O permacultor chama a atenção para a importância também de ao observar os ciclos da natureza, como o crescimento e desenvolvimento das plantas, que as pessoas não se precipitem e caiam na onda do consumo. Ou seja, para fazer uma composteira doméstica, não é necessário adquirir uma floreira nova, gerar mais resíduo e gasto de energia. Basta reutilizar uma lata de óleo descartada ou outro material que se tenha em casa ou que se encontre abandonado em entulhos. E nem comprar terra preta para adubar o jardim doméstico, já que em dois meses, a composteira doméstica já oferece a terra preta.
Os amigos dos Amigos da Terra, presentes ao encontro, lembraram que o individualismo e a competição vêm na contramão do atendimento das necessidades e do bem-estar das pessoas e dos outros seres à sua volta. Como são os casos dos projetos do Pontal do Estaleiro e do espigão da Lima e Silva. O primeiro porque as construções formarão uma barreira artificial impedindo a passagem dos ventos para a cidade, além do grande aumento da produção de esgoto cloacal que na região é ligado ao pluvial. O segundo, porque vai impedir que moradores de três quarteirões usufruam a luz do sol. Sem esquecer que nos dois casos, a maior concentração de moradores vai agravar o congestionamento das ruas próximas ao dos empreendimentos. A Permacultura pode nos dar respostas a estes e a outros desafios de nossa geração.
O que é Permacultura?
Surgiu na Austrália, no início dos anos 70, com David Holmgreen e Bill Mollison. Os princípios da Permacultura vêm da posição de Mollison de que “a única decisão verdadeiramente ética é cada um tomar para si a responsabilidade de sua própria existência e da de seus filhos” (Mollison, 1990). A ênfase está na aplicação criativa de princípios básicos da natureza, integrando plantas, animais, pessoas e construções em um ambiente produtivo, estético e harmônico.
Saiba mais:
http://permacultura-rs.org.br/newsite/modules/news/
http://vivagasometro.blogspot.com/2008/09/no-ao-pontal-do-estaleiro.html
http://poavive.wordpress.com/2009/05/20/vote-nao/
http://naoaoespigao.blogspot.com/2008/10/no-ao-espigo-da-lima-e-silva.html
* Informe da Amigos da Terra, publicado pelo EcoDebate,
Do sitio EcoDebate