quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

PRO INFERNO A MÍDIA E SEU NATAL!


Por Marcelo Salles

Este mês de Natal é uma boa oportunidade para pensarmos e repensarmos nossas próprias vidas. No entanto, muito antes de divagar sobre o significado da existência humana num plano filosófico distante, é preciso questionar essa realidade que enfrentamos diariamente, com o devido cuidado para não cair no discurso superficial.

Estou falando de uma realidade em que 2,8 bilhões de pessoas sobrevivem com dois dólares por dia e 1 bilhão de seres humanos não têm acesso à água potável, de acordo com o relatório da WorldWatch de 2004. Trata-se de uma situação alarmante, escandalosa, mas que parece não sensibilizar aqueles que governam o mundo, a não ser quando promovem campanhas que apenas remedeiam a situação com dinheiro deduzido do Imposto de Renda. Pra poderem dormir com a consciência tranqüila.

Essa omissão generalizada só aprofunda a desigualdade, campo onde o Brasil ostenta o segundo lugar no mundo. E nada de concreto está sendo feito para mudar essa realidade, que piora a cada dia. Segundo o Banco Mundial, em 1950 a renda per capita dos países mais ricos era 35 vezes maior do que a dos países mais pobres. Em 1992, essa diferença havia subido para 72 vezes. Ao final desse ano, será de 135 vezes. Uma pesquisa divulgada este mês (05/12) pela ONU ratifica o quadro desolador: os 2% mais ricos do mundo controlam metade de toda a riqueza produzida no planeta, enquanto os 50% mais pobres dividem 1% da riqueza.

Naturalmente, um desenvolvimento calcado em bases desiguais só poderia resultar numa sociedade neurotizada e violenta, cujos valores se amesquinham e se superficializam progressivamente. Para constatar isso, basta sair às ruas das grandes cidades e olhar à volta.

A violência mais visível que assola os grandes centros urbanos não se origina espontaneamente. Ela deriva, em sua maior parte, dessa desigualdade administrada por governos e corporações e é potencializada pela publicidade capitalista. Esta diz a todo instante que se o sujeito não usar o tênis da moda ele será um fracassado, de modo que não deveria causar surpresa quando alguém mata por um nike ou um adidas. Essa surpresa meio babaca da mídia diante dos arrastões no Leblon não tem sentido, a não ser o de revelar a hipocrisia típica dos canalhas. O malandro não se arrisca a levar um couro da polícia apenas para cobrir os pés com borracha sintética; ele se arrisca por um objeto de desejo elaborado pela própria mídia.

Jamais será possível alcançar a paz enquanto houver exploração.

Entre as diversas formas de violência que oprimem o ser humano, umas são deixadas de lado e outras são bem divulgadas. Quem faz a seleção é a mídia comprometida com o sistema. Assim, qualquer carteira batida em Ipanema ganha destaque, enquanto a política de extermínio de jovens favelados é escamoteada. Pela lógica do tal mercado, quem não pode consumir torna-se descartável.

O ritmo de vida imposto pelo sistema capitalista - e pelos sistemas pretensamente capitalistas - não é compatível com a natureza do ser humano. Tempo não é dinheiro, a não ser que se queira encontrar um atalho para o infarto ou engrossar as estatísticas das doenças mentais (depressão, pânico, anorexia, etc.), que crescem alucinadamente. O mundo tem 1 bilhão de obesos e outro bilhão de desnutridos. Isso faz algum sentido?

Muita gente boa se tranqüiliza com a constatação de que o capitalismo é autofágico, achando que um belo dia ele vai se auto-destruir. Pura ilusão. O capitalismo se alimenta do caos que ele próprio estabelece. Na mesma proporção em que trabalha para concentrar cada vez mais a renda. As crises que surgem são previstas - e são também boas oportunidades de negócios.

O enredo da acumulação capitalista encerra uma espiral destrutiva, em que as corporações operam sob a espada de Dâmocles: ou aumentam sua produtividade ou são engolidas pela concorrência. De modo que mesmo diretores bem intencionados estarão sujeitos a esta regra, que freqüentemente exige a demissão de funcionários e submete os restantes a todo tipo de exploração que se possa imaginar.

E é bom deixar claro: aquilo que existe hoje nem chega a ser capitalismo na maioria dos países, visto que não há concorrência, transparência e outros requisitos básicos dessa modalidade de exploração sob controle. Estamos muito mais para uma espécie de feudalismo onde meia dúzia pode tudo e a maioria não pode nada, para usar uma frase de efeito de um ex-sindicalista brasileiro.

Economistas neoliberais, além de prometer o paraíso num futuro que só Deus sabe quando chegará, costumam afirmar que o desemprego não é interessante para o capitalismo. Eles dizem que quanto mais pessoas empregadas, melhor, pois o consumo tende a aumentar. E quanto menos o Estado intervier na economia, mais empregos serão criados, já que o tal mercado possui a capacidade mágica de se auto-regular.

Esse raciocínio até faria sentido, caso não negasse a essência do próprio capitalismo: reduzir custos e maximizar as vendas - sempre. Quando a corporação demite funcionários, ela não apenas reduz seu custo de produção, mas aumenta o número de desempregados. E a mera existência desse contingente de reserva é o suficiente para criar um ambiente favorável à exploração do trabalhador. Em sã consciência, qual corporação vai deixar a jugular exposta em nome do "desenvolvimento sustentável"? Os EUA já avisaram: não aderem ao Protocolo de Kioto. E convém não esquecer que os "big players" almoçam e jantam juntos.

Que sentido pode haver num planeta onde habitam 6,5 bilhões de pessoas, cuja produção de comida é suficiente para alimentar 11 bilhões de seres humanos, mas que ainda assim 1,3 bilhão desses passam fome, segundo dados da ONU? Que sentido pode haver num país como o Brasil, dono de uma das maiores riquezas naturais do mundo, se a cada 12 minutos uma criança morre por desnutrição?

O Natal marca o nascimento de Jesus Cristo, alguém que lutou contra a desigualdade, expulsou os capitalistas do templo e foi preso por isso. Foi torturado por isso. Foi crucificado por isso. Jesus foi um preso político, é sempre bom lembrar - sobretudo nessa época em que filmes e propagandas de presentes caros despolitizam o significado do Natal.

Jesus Cristo também nos ensinou a solidariedade, que depois a Igreja capitalista tentou transformar em caridade. São coisas diferentes. A caridade é vertical, ela humilha quem recebe. Por outro lado, solidariedade é estar ao lado de quem precisa. É pegar chuva, sentir fome, frio, medo, apenas para confortar alguém com sua presença. E se a caridade pode ser cotada pelo mercado, além de aliviar consciências em troca de moedas, a solidariedade desconhece tais valores.

Enquanto tentam reduzir o significado do Natal a uma corrida maluca por presentes, quero deixar registrado o seguinte: pro inferno esse sistema e sua mídia que incentivam o consumo desenfreado enquanto milhões passam fome.

E tem outra coisa: por mais que sua máquina trabalhe a todo vapor para impor um comportamento alienado, haverá sempre aqueles que em vez de presentes caros trocam abraços sinceros. Aqueles que não cedem aos apelos consumistas e compreendem que o mais importante é sentir o coração do companheiro batendo, bem pertinho do seu peito. Onde há a vida que respeita a vida. E é essa vida, esse carinho, essa ternura que transformarão o planeta num lugar mais justo para se viver.

Judas traiu Jesus com uma informação: um beijo. Com um beijo Judas informou ao Exército romano quem era o líder da revolução. Do mesmo jeito a mídia corporativa trai a humanidade todo santo dia. E faz isso ao veicular informações mentirosas, tendenciosas, envenenadas. Ao criminalizar os pobres. Ao omitir a exploração do país. Ao defender o imperialismo que ceifa vidas inocentes. E de tantas outras maneiras, geralmente tão doces e sutis quanto um beijo. Foi assim neste ano que se encerra e provavelmente será assim no ano que se aproxima.

Contra essa traição cotidiana, no entanto, haverá sempre - sempre - quem combata as mentiras e se insurja contra a exploração dos povos. Esses serão também portadores das informações comprometidas com a vida, com o ser humano. E por isso, apenas por isso, esses portadores serão revolucionários. Tão revolucionários quanto Jesus Cristo, pois as informações que levam e trazem podem remover montanhas. Basta que acreditem nisso com todas as suas forças.

Condor Pasa - Espíritu Andino

Os brasileiros do Condor

Os brasileiros do Condor

Marcelo Soares

A Justiça italiana expediu 13 mandados de prisão contra brasileiros envolvidos na Operação Condor, informa a Folha de S.Paulo. Os nomes desses cidadãos não foram revelados, mas pelas minhas contas será a primeira vez em que brasileiros serão levados à Justiça, internacionalmente, por envolvimento em crimes contra os direitos humanos durante a ditadura militar.
Estes são os brasileiros denunciados na Itália por participação na Operação Condor:

- Octávio de Medeiros, ex-ministro do Serviço Nacional de Informações (SNI)
- Cel. Carlos Alberto Ponzi, chefe do SNI no Rio Grande do Sul nos anos 80 (acusado pelo desaparecimento de Lorenzo Viñas em Uruguaiana)
- Cel. Luís Macksen de Castro, ex-superintendente da PF no Rio Grande do Sul
- Gen. Euclydes de Oliveira Figueiredo Filho (irmão do ex-presidente Figueiredo)
- Gen. Henrique Domingues
- Agnello de Araújo Britto, ex-superintendente da Polícia Federal do Rio de Janeiro
- Edmundo Murgel, ex-secretário de Segurança do Rio
- Antônio Bandeira, ex-comandante do 3º Exército
- João Leivas Job, ex-secretário de Segurança do Rio Grande do Sul
- Átila Rohrsetzer, ex-diretor da Divisão Central de Informação (acusado pela prisão, tortura e morte do sargento Manoel Raimundo Soares)
- Marco Aurélio da Silva Reis, ex-diretor do DOPS no RS (ouvido no caso do seqüestro dos uruguaios)

A morte de Benazir, ou foram-se os dedos

Bourdoukan

Foram-se os dedos, ficaram os anéis. Isto, e apenas isto, representa a morte da senhora Benazir Bhutto. Ela era a última oportunidade de os Estados Unidos continuarem mandando por alguns aninhos a mais no país do sanguinário ditador Pervez Musharaf.

Em seu Il Gattopardo, Giuseppe Tomasi di Lampedusa escreveu que os donos do poder realizavam sempre mudanças para que tudo continuasse como estava. E era isso que os Estados Unidos pretendiam quando convidaram a ex-primieiro ministro Benazir Bhutto a retornar ao Paquistão.

Sabiam que Musharaf estava com os dias contados e temiam uma revolução popular que poderia se alastrar por toda a Ásia e, principalmente Oriente Médio. Benazir eram os dedos e Musharaf, os anéis.

Precisavam se livrar dos anéis para manter os dedos. Deu tudo errado porque para um sanguinário da estirpe de Musharaf a História sempre reserva uma morte violenta. Não há transição pacífica.

Com a morte de Benazir e o cai-não-cai Musharaf, à gang do delinqüente Bush resta uma tênue esperança:Nawaz Sharif, também ele ex-primeiro ministro, também ele um gatuno, a exemplo de Benazir e Musharaf. O problema é que ele, exilado na Arábia Saudita (um feudo americano na terra do Profeta) não tem muito que oferecer ao sofrido povo paquistanês. Daí porque...

Daí porque, não se enganem com o que os pilantras midiáticos vão escrever ou falar. Nada além de lamúrias, mentiras e, como sempre, ameaçando a humanidade com os muçulmanos...

Discografia: Belchior

Belchior - Um Concerto Bárbaro (1995)



download

Belchior - Alucinação (1976)


Belchior - Bahiuno (1993)


Ednardo, Amelinha & Belchior - Pessoal do Ceará (2002)



download





Belchior - Projeto Fanzine (1990)






download


Bob James - Restoration (The Best Of)

http://ecx.images-amazon.com/images/I/4186D6Q62KL._AA240_.jpg


Uploader: Kippique

Disc: 1

1. Feel Like Making Love
2. Nautilus
3. Farandole (L'Arlesienne Suite #2)
4. Westchester Lady
5. Storm King
6. Tappan Zee
7. Night Crawler
8. Angela (Theme From "Taxi")
9. Touchdown
10. Kari - Bob James & Earl Klugh
11. Snowbird Fantasy
12. Shamboozie
13. Brighton By The Sea (Remix '01)

Disc: 2

1. Maputo - Bob James & David Sanborn
2. Ashanti
3. Restoration
4. Bare Bones
5. Movin' On - Bob James & Earl Klugh
6. Lotus Leaves
7. Restless
8. Storm Warning - Hillary James & Bob James
9. Kickin' Back - Bob James & Kirk Whalum
10. Hockney - Bob James Trio
11. The River Returns
12. Mind Games
13. Raise The Roof
14. Joy Ride
15. Dancing On The Water
Downloads abaixo:
Part 1
Part 2

Eliane Elias - Brazilian Classics @ 320

http://aycu17.webshots.com/image/23736/2002128645207237907_rs.jpg



01. Passarium.mp3
02. Chega de Saudade.mp3
03. Carioca Nights ( Noites Cariocas ).mp3
04. Garota de Ipanema ( Girl From Ipanema ).mp3
05. Milton Nascimento Medley.mp3
06. Waters of March Água de Beber.mp3
07. One Note Samba.mp3
08. Crystal And Lace.mp3
09. Jazz 'N' Samba.mp3
10. Brazil.mp3
11. Iluminados.mp3
12. Jet Samba.mp3
13. Wave.mp3
14. Black Orpheus.mp3
15. Dindi.mp3
16. O Polichinelo.mp3

Total Size: 167,10MB
Uploader: Ibiza

Download abaixo:
http://rapidshare.com/files/14483614/elias1.part1.rar
http://rapidshare.com/files/14484950/elias1.part2.rar

Venezuela Bolivariana: O povo e a quarta guerra mundial: o capitalismo globalizado

Terras, impostos, gás... os eixos da briga autonomista

Governos locais querem definir a política de terras, cobrar impostos e co-administrar, junto com o Estado nacional, os recursos naturais estratégicos como o gás. Tudo isso bate de frente com o projeto do governo de Evo Morales.

Uma análise preliminar do estatuto autonomista aprovado no dia 15 de
dezembro em Santa Cruz, somado aos que foram proclamados em Beni e
Pando e ao que está sendo redigido em Tarija, antecipa uma primeira
conclusão: as direções regionais apostaram em uma posição "máxima", que caso venha a prosperar vai transformar a Bolívia em um
país Federal ou semi-federal.

Mais do que uma cisão do país, o que faz prever novas nuvens negras
são as competências que a "meia-lua" da parte sul-oriental do país
tenta tirar do governo central. As Cartas departamentais - que devem
ser ratificadas em um referendo sem embasamento legal, ainda que com
legitimidade nas regiões - deixam claro que os governos locais querem definir a política de terras, cobrar impostos e co-administrar,
junto com o Estado nacional, os recursos naturais estratégicos como o
gás. Mas tudo isso bate de frente - e é inaceitável - com o projeto
nacionalista que lidera Evo Morales, hegemônico no ocidente boliviano,
mas com apoio importante no oriente, como revelaram as eleições de
2005 e 2006.

No terreno tributário, o estatuto de Santa Cruz outorga a um futuro
órgão legislativo departamental não apenas o poder de criar novos
impostos mas, também, o de arrecadar impostos para o governo nacional,
em um sistema de co-participação das regiões e do Estado. Isso não é
pouca coisa: Santa Cruz produz 30% do PIB e gera entre 30 e 40% da
arrecadação fiscal boliviana.

Também querem ter competência, só que "partilhada com o governo
nacional", na exploração do gás, o que, como antecipou o prefeito
Rubén Costa, permitiria a criação de empresas departamentais de
hidrocarburetos e a assinatura de acordos próprios com as transnacionais
estabelecidas na Bolívia. Apesar de que mais de 80% do gás está em
Tarija, estas empresas têm sua sede em Santa Cruz. Mas onde a
direção de Santa Cruz não quer mesmo saber nada do Estado é no
controle da terra, em um país no qual se mata e se morre por um
punhado de metros quadrados. Adotando "medidas preventivas" diante das previsíveis críticas, o estatuto inclui um artigo sobre "perseguição e
luta contra o latifúndio". Mas o vínculo dos políticos orientais com o
agronegócio provoca múltiplas susceptibilidades quanto à cláusula que delega aos futuros governadores a emissão de títulos de propriedade agrários "irreversíveis", que não podem ser revisados pelo Estado nacional,
assim como o controle do cumprimento da função econômica e social das
propriedades rurais. E a mesma coisa acontece com a competência
departamental para outorgar concessões florestais que está incluída
nos estatutos. As terras mais férteis, que hoje estão divididas
fundamentalmente entre o cultivo de soja e a agropecuária, encontram-
se no oriente.

O diretor do Centro de Estudos Jurídicos e Pesquisas Sociais (Cejis),
Leonardo Tamburini, explica que desde o auge da soja, nos anos 1990,
ocorreu um processo de forte estrangeirização da propriedade rural.
"Em 2004, 30% da superfície cultivada com soja estava em mãos de
brasileiros e outra parte importante se divide entre menonitas,
israelenses, russos e argentinos", aponta o especialista. Para
complicar ainda mais as coisas, a Assembléia Constituinte decidiu
promover uma consulta para definir se o limite dos latifúndios será de
5.000 ou de 10.000 hectares, o que muitos especialistas consideram
inviável, argumentando que não é possível fixar extensões máximas sem
levar em conta a produtividade de cada região, e uma fonte adicional
de conflitos.

Para os grupos agroempresariais a leitura é simples: Evo quer
sucatear o país para beneficiar sua gente, ou seja, os camponeses e
indígenas do ocidente boliviano. A dúvida é se essa postura cívico-
municipal radical vai ser uma carta de negociação com o governo
central (ou seja, pedir tudo para conseguir alguma coisa) ou se será
uma postura extrema que vai provocar maiores estranhamentos num futuro
imediato. É isso que irá determinar os caminhos possíveis para sair do
"empate".

Tradução: Naila Freitas / Verso Tradutores