terça-feira, 23 de março de 2010

Belo texto de Marcelo Salles sobre João Ripper

JOÃO QUERIDO RIPPER


Ele chega em mangas de camisa, preta, e calça bege. Usa óculos e tem sempre uma expressão serena, que parece eterna. A primeira coisa que transmite é paz. Encontro o repórter fotográfico João Roberto Ripper em Brasília, na casa do diplomata Celso França, que preparou uma calorosa recepção. Na terça-feira, dia 23, Ripper inaugura a exposição “Mulheres entre luzes e sombras”, no Espaço Cultural Zumbi dos Palmares, na Câmara dos Deputados.
De acordo com o rilisi, a exposição mostra “o paralelismo entre as realidades de mulheres exploradas, violadas, ameaçadas e livres com a evolução histórica do seu papel na sociedade brasileira. Ao lançar o seu olhar sobre o assunto, Ripper contamina a todas e todos sobre essa questão tão antiga e tão importante na atualidade – a quem pertence os corpos das mulheres?”.
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Mulheres, camponeses, índios, favelados, carvoeiros, canavieiros, a gente mais explorada pelo sistema capitalista. São esses os que movem Ripper, que nos últimos seis anos alugou uma casa na favela da Maré, no Rio de Janeiro, onde coordena um curso de fotografia na Escola Popular de Comunicação Crítica.
O mergulho de Ripper na favela gerou frutos. Os alunos formados por ele – e outros professores extremamente competentes, como Dante Gastaldoni e Évlen Bispo – já são centenas. Mais que isso, estão sendo formados professores capazes de interpretar a realidade sem o filtro das corporações de mídia.
Nesse ponto Ripper comenta: essa mídia acusa o governo Lula de querer censurar a imprensa, mas na verdade ela é a grande censora. O exemplo que ele dá é o da favela. Na medida em que a favela só vira notícia quando há algum tipo de violência (geralmente tiroteios entre traficantes varejistas ou entre estes e policiais), a mensagem que fica é: na favela só há violência, bandidos. A favela passa a ser, consequentemente, o mal na terra.
Se considerarmos os níveis alarmantes da concentração midiática no Brasil (ex.: seis emissoras privadas de tv e uma pública recém-nascida para 190 milhões de habitantes); e se considerarmos que essas emissoras privadas, que detêm mais de 90% da audiência, defendem o mesmo projeto político-econômico, ou seja, as ditaduras civil-militares, estrutura neoliberal que prega o Estado fraco, a exploração dos povos e o enriquecimento dos monopólios privados; então a consideração de Ripper fica muito nítida.
Hoje a censura não está no Estado, mas nas Redações, em grande parte financiadas pelo poder econômico. É o que confirma pesquisa divulgada pelas Nações Unidas, em 2002, com chefes e ex-chefes latino-americanos. A pergunta foi: “Quem exerce o poder na América Latina?”. A resposta: 1) Os grupos econômicos, empresários, o setor financeiro; 2) Os meios de comunicação; 3) Os poderes constitucionais – Executivo, Legislativo e Judiciário; 4) As Forças Armadas, a polícia; 5) Partidos políticos, os políticos, operadores políticos, líderes políticos; 6) EUA, a embaixada norte-americana, organismos multilaterais de crédito, o fator internacional, o fator externo, empresas transnacionais.
Essa é a grande batalha política do nosso tempo. “O jornalismo está implicado numa dinâmica, a disciplinariedade, que é, desde o século XVIII, a principal estratégia de poder”, anota a professora da USP Mayra Rodrigues Gomes, no livro “Poder no jornalismo”. A mídia, hoje, é a instituição com maior capacidade de produção e reprodução de subjetividades. Ou seja: é a mídia quem, em grande parte, determina formas de pensar, sentir e agir dos indivíduos e da sociedade como um todo. Claro que há outras instituições fortíssimas (Família, Igreja, Governos, Escola…), mas a mídia ganha papel de destaque nos dias de hoje basicamente por três razões:
1) o desenvolvimento das tecnologias, que permitem um maior alcance das mídias (outdoor, televisão, rádio, revista, publicidade em ônibus, em prédio, internet, sites, vídeos, cinema, jornal, orkut, twitter etc.), de modo que para o cidadão é praticamente impossível evitar as mensagens da mídia 2) A extrema concentração, conforme mencionado acima; e 3) O analfabetismo e analfabetismo funcional da população. Segundo o Instituto Paulo Montenegro, em pesquisa divulgada em 2005, apenas 26% da população entende o que lê. Para além da limitação causada pelo analfabetismo ao indivíduo, esse dado joga peso para rádios e tevês, que são concessões públicas, mas que se encontram sob o controle de corporações privadas, cujos interesses divergem dos interesses da nação e de seu povo.
Quem continua ignorando o papel das corporações de mídia, que não é meramente informativo, como dizem, e sim o de grande sustentáculo do sistema opressivo, ou é desqualificado ou está mal intencionado.
Por tudo isso, o trabalho de Ripper é um convite à resistência. Ao mesmo tempo em que dá visibilidade aos que historicamente são marginalizados pelo sistema, e assim fortalece indivíduos e movimentos sociais que lutam, o repórter fotográfico é, ele mesmo, um exemplo de que é possível trabalhar com dignidade sem se submeter aos tiranos. E assim a gente segue, fazendo mídia, enquanto os medíocres vão fazendo média por aí.

Gripe suína e a vacina

Gripe suína, vacinar ou não?

por Conceição Lemes - blog viomundo

Para a Fundação Oswaldo Cruz, (Fiocruz), a Escola Nacional de Saúde Pública, o Conselho Federal de Medicina (CFM), a Associação Médica Brasileira (AMB), a Sociedade Brasileira de Infectologia, a Sociedade Brasileira de Pediatria, a Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, entre dezenas de instituições médicas e de saúde coletiva de peso no país, a resposta é sim.
A saúde pública do Brasil tem um grande desafio nos próximos três meses: vacinar pelo menos 80% das 91 milhões de pessoas que devem ser imunizadas contra a influenza A (H1N1), ou gripe A, mais conhecida como gripe suína. A vacinação acontecerá simultaneamente em todo o território nacional.
“Prioritariamente o objetivo é proteger os profissionais de saúde e alguns grupos que têm maior risco de desenvolver a forma grave da doença ou evoluir para o óbito durante a segunda onda da pandemia da gripe A”, explica o médico epidemiologista Eduardo Hage Carmo, diretor de vigilância epidemiológica da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde. “A segunda onda acontecerá no inverno.”
Os grupos com maior risco de desenvolver a forma grave de gripe suína são:
* Gestantes
* Indígenas que vivem em aldeias
* Portadores de doenças crônicas, independentemente da idade
* Crianças de 6 meses a 2 anos de idade
* Pessoas de 20 a 39 anos
Se você está em uma dessas situações ou é profissional da área de saúde, o Ministério da Saúde recomenda que se vacine. A vacinação será feita em cinco etapas, de  acordo com os grupos, como mostra o calendário abaixo.
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MINISTÉRIO DA SAÚDE ESCLARECE AS DÚVIDAS FREQUENTES
Preocupado em informar ao máximo a população, o MS selecionou as dúvidas mais freqüentes nos serviços públicos de saúde e no seu Disque Saúde (0800 611997).  A equipe técnica do próprio ministério é quem as respondeu.
O que é influenza A, ou gripe suína?
É uma doença respiratória contagiosa causada pelo vírus A (H1N1). Assim como a gripe comum, a influenza A é transmitida de pessoa a pessoa, principalmente por meio de tosse, espirro e contato direto com secreções respiratórias de pessoas infectadas. Os sintomas podem aparecer 7 a 14 dias após a pessoa infectar-se pelo novo vírus.
Qual a diferença entre a gripe comum e a suína?
Elas são causadas por diferentes subtipos do vírus influenza. Os sintomas são muito parecidos e se confundem: febre repentina, tosse, dor de cabeça, dores musculares, dores nas articulações e coriza. Por isso, ao apresentar esses sintomas, procure o seu médico ou um posto de saúde.
O vírus da gripe é mais violento do que o da gripe comum? Qual mata mais?
Inicialmente, acreditava-se que o vírus A (H1N1) fosse mais patogênico do que o da gripe sazonal, comum.  Porém, até o momento, ele não demonstrou ser mais violento ou mais mortal na população geral. A maioria das pessoas desenvolve a forma leve da doença e se recupera sem uso de medicamentos. Assim como na gripe comum, portadores de doenças crônicas, gestantes e crianças com menos de 2 anos são  os mais vulneráveis. A principal diferença é que o vírus da gripe A tem potencial maior de causar doença grave em pessoas saudáveis de 20 a 39 anos. Em compensação, tem afetado menos as com mais de 60 anos.
Por que não vacinar toda a população?
A vacinação em massa não tem sentido por um motivo bem simples: a contenção de segunda onda da pandemia de gripe A não é mais possível em todo o mundo.
Que critérios o Ministério da Saúde utilizou para selecionar os grupos prioritários para a vacinação? Esses grupos são os mais afetados ou os que têm maior risco?
Comecemos pelos trabalhadores da saúde. Eles precisam estar protegidos, pois são os que garantirão o funcionamento ininterrupto dos serviços de pronto-atendimento, vigilância em saúde, laboratório. Deles dependem todos os serviços de combate à pandemia de gripe A – da vacinação ao diagnóstico e tratamento. Não se pode correr o risco de colapso dessas atividades essenciais.
Os indígenas aldeados por dois motivos: são mais vulneráveis a infecções e têm maior dificuldade de acesso às unidades hospitalares, caso necessitem.
Os demais grupos prioritários são aqueles que, na primeira onda da pandemia, tiveram mais frequentemente a síndrome respiratória aguda grave (SRAG), que é a forma grave da influenza A. Por exemplo, entre as mulheres em idade fértil que apresentaram SRAG em 2009 devido à gripe A, 22% eram gestantes. Os jovens de 20 a 29 anos foram o grupo etário mais afetado: representam 24% do total de casos de SRAG por influenza A em 2009. Entre os adultos de 30 e 39 anos, ocorreu a maior taxa de mortalidade: 22% do total de óbitos.
Todos os trabalhadores da área de saúde precisam se vacinar?
Não. Apenas aqueles estão na rede de serviços, atendendo diretamente a população. Ou seja, aqueles que, em razão das suas funções, têm risco potencial de contrair a infecção pelo H1N1 no contato com possíveis suspeitos da doença. Portanto, devem se vacinar os trabalhadores da atenção básica (postos de saúde e  programa de saúde da família),  dos serviços de média e alta complexidade (pequeno, médio e grande porte) e aqueles que atuam na vigilância epidemiológica, especialmente na investigação de casos e em laboratório.
É importante que todos os trabalhadores da área de saúde informem-se nos seus serviços e na Secretaria Municipal ou na Secretaria Estadual de Saúde para conhecer os detalhes da vacinação, já que a imunização não será feita em 100%.
E a população indígena que vive em aldeias será 100% vacinada?
A partir dos 6 meses de idade, sim, devido à maior vulnerabilidade a infecções.
Por que vacinar portadores de doenças crônicas?
Devido às doenças crônicas eles já são naturalmente mais vulneráveis a infecções. E a maior vulnerabilidade aumenta a probabilidade de quadros de maior gravidade e óbito. Na pandemia de 2009, observou-se um alto percentual de pessoas com doenças crônicas entre os casos de SRAG.
Quem pode ser considerado portador de doença crônica?
A lista é grande. Estão nesse grupo, por exemplo:
* Pessoas com obesidade grau III, antigamente chamada obesidade mórbida, independentemente da idade.
* Pessoas com doenças renais, pulmonares, cardiovasculares, hepáticas e hematológicas crônicas
* Imunodeprimidos devido ao uso de certos medicamentos (por exemplo, contra rejeição de transplantes, cortiscosteróides e antineoplásicos) e de algumas doenças (como câncer e aids).
* Diabéticos.
E os idosos por que não estão entre os grupos prioritários?
Porque a influenza A afeta menos as pessoas com mais de 60 anos. Porém, se o idoso tiver alguma doença crônica, deverá ser vacinado contra a gripe suína. A vacina será feita durante a campanha anual de vacinação do idoso contra a gripe comum, de 24 de abril a 7 de maio. Portanto, o idoso com doenças crônicas tomará duas vacinas: contra a influenza A e contra a gripe comum.
O fato de as pessoas terem doenças crônicas não aumenta o risco de efeitos colaterais da vacina?
Não. A possibilidade de ocorrer um evento adverso após a administração da vacina em pessoas com doença crônica é a mesma de qualquer outra pessoa.
Por que as crianças com menos de 6 meses não estão incluídas nos grupos prioritários? Há alguma contraindicação?
É que não está comprovado que nessa faixa etária a vacina garante proteção.
Por que vacinar as grávidas contra a gripe suína se normalmente não são vacinadas contra a gripe comum?
Não há nenhuma contraindicação à vacinação de gestantes contra a gripe comum. Acontece que as campanhas anuais priorizam a população de maior risco – a população de 60 anos ou mais. Já em relação à influenza A as gestantes são consideradas como grupo de risco. Relembramos que, em 2009, entre as mulheres em idade fértil que apresentaram a forma grave da gripe A, 22% eram gestantes.
A vacina não oferece risco à grávida? E ao feto? Há risco de aborto?
Não há risco em vacinar grávidas. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) e os  laboratórios produtores, a vacina contra o vírus influenza A H1N1 é segura para a gestante. Também não há evidências de que possa causar aborto ou afetar o feto.
A grávida pode se vacinar em qualquer fase da gestação?
Sim, pois será utilizada para as gestantes a vacina que não contém o adjuvante.  Com base na experiência de outros países que estão vacinando desde novembro de 2009, a OMS e Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) orienta o uso da vacina com ou sem adjuvante. Porém, por cautela, a orientação do Ministério é utilizar em grávidas somente a vacina sem adjuvante.
Suponhamos que a mulher só se descubra grávida depois de 21 de maio. Ela poderá se vacinar, mesmo após o término da campanha de vacinação contra a gripe A?
As mulheres que se descobrirem grávidas ou engravidarem depois de 21 de maio poderão se vacinar depois, sim.
A vacina que será utilizada no Brasil é segura?
Sim. Ela já está em uso em outros países. Até o momento não foi observado neles a relação entre o uso da vacina e a ocorrência de efeitos adversos graves.A segurança da vacinação, porém, não depende apenas do imunizante. Está relacionada também à: 1) utilização de seringas e agulhas apropriadas; 2) adoção de procedimentos seguros no manuseio, no preparo e na administração da vacina, conforme normas técnicas estabelecidas; 3) conservação da vacina na temperatura adequada, conforme preconizado; qualidade da capacitação do pessoal envolvido, bem como da supervisão ao trabalho de vacinação. É fundamental, no entanto, o monitoramento de eventos adversos associados temporalmente à vacinação, para investigá-los.
Qual a eficácia da vacina a ser utilizada no Brasil?
Em média, acima de 95%. Proteção máxima é alcançada entre 14º e 21º dia após a vacinação.
A vacina que será utilizada no Brasil é inalável ou injetável?
Injetável, administrada por via intramuscular.

Qual a incidência de efeitos colaterais da vacina?
A grande maioria apresenta os mesmos da vacina contra a gripe em idosos, são reações leves: dor local, febre baixa, dores musculares, que se resolvem em torno de 48 horas.

Tudo bem tomar a vacina em clínica particular?
A vacina vai estar disponível em toda a rede pública de saúde do Brasil. Mas se você preferir vacinar-se em clínica particular, não há nenhum problema. O Ministério da Saúde não impôs nenhum obstáculo para o setor privado adquirir vacina contra a gripe A. O que pode ocorrer é não haver o produto disponível; isso dependerá da capacidade de fornecimento dos laboratórios produtores.

Se eu me vacinar contra a gripe comum estarei protegida contra a gripe A?
Não. Portanto, se faz parte dos grupos prioritários deverá se vacinar também contra a gripe A.
Supondo que eu faça parte dos grupos prioritários e não queira me vacinar, e aí?A vacina é obrigatória?
De modo algum, a vacina contra a gripe A é compulsória.  Nós, enquanto Ministério da Saúde, apenas recomendamos o que do ponto de vista de saúde pública julgamos necessário. A decisão é individual. Questão de livre arbítrio. Mas antes de decidir, reflita bem. Nós esperamos que você espontânea e conscientemente se imunize, caso faça dos grupos prioritários.

O vírus da gripe suína, como já dissemos, é transmitido da mesma forma que o da gripe sazonal: por gotículas que são expelidas quando a pessoa infectada fala, espirra ou tosse. E as medidas de prevenção são as mesmas para o controle e prevenção da gripe sazonal e de outras doenças respiratórias.Por isso, as medidas de prevenção são muito importantes, principalmente as individuais, pois evitam que uma pessoa doente transmita o vírus para outra. Questão de respeito com a saúde do outro:
* Cubra a boca e o nariz com lenço descartável ao tossir e espirrar; é para evitar que gotículas atinjam os que estão próximos.
* Lave frequentemente as mãos com água e sabonete. Faça isso, pelo menos: depois de tossir ou espirrar. Após usar o banheiro; antes de comer; e antes de tocar os olhos, boca e nariz
* Evite compartilhar pratos, talheres e alimentos.
* Evite colocar as mãos nos olhos, nariz ou boca após pegar mexer com dinheiro, pegar produtos no supermercado ou ter contato com superfícies que não estejam devidamente higienizadas.
* Procure ter hábitos saudáveis, como alimentação adequada, ingestão de líquidos e atividade física.
Afinal de contas, quanto mais prevenção mais proteção.

John Lee Hooker - Live in Montreal (DVDRIP divx)



John Lee Hooker - Live in Montreal 2002


  • It Serves Me Right to Suffer
  • One Bourbon One Scotch One Beer
  • I'll Never Get Out of These Blues Alive
  • Roll Me Like You Roll a Wagon Wheel
  • Boom Boom
  • I'm in the Mood
  • Look at What You Did to My Life
  • Chicken and Gravy
  • We're Gonna Do the Shout

Críticas a Israel.....

Israel: defensores dos direitos humanos temem “caça às bruxas”


 Editado por Carlos Gorito - Le Monde – Paris
JERUSALÉM – Os especialistas falam de um clima de “caça às bruxas”, e Gideon Levy, editor independente do jornal Haaretz, não hesita em denunciar a orientação “macartista” do movimento Im Tirtzu. Defendendo os “valores do sionismo”, este lançou uma violenta campanha contra o New Israel Fund (Novo fundo israelense, NIV), uma fundação que financia as principais organizações de defesa dos direitos humanos israelenses, e sua presidente, a professora Naomi Chazan.
 
Segundo o Im Tirtzu, que recebeu o poderoso apoio do jornal popular Maariv, o NIV financia as dezesseis organizações não governamentais (ONG) que forneceram “92% das referências negativas” contidas na relação do juiz sul-africano Richard Goldstone, o qual acusa Israel de ter cometido “crimes de guerra” durante a guerra de Gaza entre dezembro de 2008 e janeiro de 2009. Conhecido por sua orientação de extrema direita, o Im Tirtzu está próximo dos meios evangélicos americanos.
Ele acaba de obter uma primeira vitória: Naomi Chazan, editora respeitada do Jerusalem Post há dez anos, recebeu um e-mail anunciando-lhe que seu vínculo havia terminado. Mas o confronto não acabou: na Knesset, o Parlamento israelense, vários deputados comandam uma ofensiva brutal, qualificando as ONGs visadas de “traidoras” pertencendo a uma “quinta colônia”.
Uma proposta de criação de comissão de inquérito parlamentar foi apresentada, com o objetivo de desvelar as fontes de financiamento do New Israel Fund. Ele, que foi criado em 1979, tem sua sede em Washington. Recebe doações dos judeus americanos, e direcionou após sua criação mais de 200 milhões de dólares a numerosas organizações que partilham os ideais de democracia e de justiça social.
Entre elas temos B’Tselem, Breaking the Silence, a Associação pelos Direitos Cívicos em Israel, o Comitê Público contra a Tortura, Médicos pelos Direitos do Homem, Yesh Din, Adalah, Hamoked, etc., ou seja, as principais organizações que defendem os direitos dos Palestinos, dão a palavra aos soldados israelenses amordaçados pela censura militar e, de uma maneira geral, conduzem o combate da liberdade de expressão.
Movimento de repressão
Em nome de treze dessas organizações, a B’Tselem escreveu ao presidente Shimon Pérès, ao primeiro ministro, Benyamin Nétanyahou, e ao porta-voz da Knesset, Reuven Rivlin, para denunciar uma “campanha crescente e sistemática”.Uma democracia não deve reduzir ao silêncio as vozes críticas; defender os direitos do homem é vital”, sublinha esse manifesto.
As organizações humanitárias israelenses temem que a campanha do Im Tirtzu se insira em um movimento mais geral de repressão, como aquela que atinge os militantes palestinos e israelenses que protestam contra a “cerca de segurança” e as expulsões de famílias palestinas do bairro de Cheikh Jarrah, na parte leste de Jerusalém.


Laurent Zecchini
Tradução de Liziane Mayer

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