quinta-feira, 15 de julho de 2010

A Grave crise pela qual passa o funcionalismo em Minas


150710_funcionalismo DdC - Anteontem, 13 de Julho, diversos sindicatos que representam o funcionalismo público mineiro, fizeram um grande ato no centro de Belo Horizonte, denunciando os oitos anos de descaso e sucateamento do serviço público.
Estavam presentes as entidades ligadas aos educadores, policiais civis, judiciário, saúde, fiscais da receita estadual, servidores do IPSEMG entre outros e em todas as falações o sentimento de indignação era evidente.
Ao longo desses últimos oito anos de gestão tucana em Minas, Aécio Neves promoveu um conjunto de reformas que reduziu investimentos e retirou direitos do funcionalismo através de metas de produtividade condicionando o reajuste salarial a consecução destas metas.
O Choque de Gestão como ficou conhecido o conjunto de ações coordenadas pela secretaria de governo, tendo a frente o secretário Antônio Augusto Anastasia, promoveu o maior conjunto de medidas da administração do Governo no sentido de cortar investimentos e promover o congelamento salarial sob o conjunto do funcionalismo.
A economia feita com essas medidas foi o que possibilitou o investimento da construção de uma verdadeira obra faraônica, o novo centro administrativo que custou mais de 1 bilhão e meio de reais, dinheiro suficiente para construir mais de 200 mil casas populares ou investir na abertura de novas vagas em dezenas de Hospitais Públicos em todo o Estado ou mesmo ter desapropriado dezenas de latifúndios em prol da reforma agrária!
Esse investimento em obras foi o foco do investimento em marketing do Governo Aécio, que esperava lograr êxito na pretensa candidatura a presidência da república.
Porém o Estado que possui o 2º maior PIB e que cresceu mais que o país no último trimestre, insistiu em penalizar o funcionalismo público que estrangulado, sofre com a falta de investimento, resultando em um atendimento de má qualidade a população do Estado.
Enquanto o gasto direto com investimentos no setor público era de 60% da receita do Estado no Governo Itamar, nos governos Aécio/ Anastasia esse investimento caiu para pouco mais de 45% de investimentos diretos, ao contrário do que aconteceu com os gastos com propaganda, que aumentaram mais de 300% ao longo desse período.
Segundo dados do sindicato dos fiscais de Minas Gerais, houve um aumento da arrecadação do Estado, a receita total em 2002 era R$ 17,59 bilhões e em 2009 subiu para R$ 40,56 bilhões, um aumento de 130%, muito abaixo da inflação no período que ficou em torno de 47% (IGP-DI e IPCA-IBGE).
Segundo o sitio do SindFisco, a receita do (ICMS) em Minas Gerais, em maio, chegou a R$ 2,099 bilhões, incremento de 21,82% em relação ao mesmo mês do ano passado, quando a arrecadação foi de R$ 1,723 bilhão, nesse mesmo período segundo dados do Sindute e do sindsaúde, os investimentos diretos com saúde e educação decaíram.
Os efeitos desse processo são nossos velhos conhecidos: sucateamento e arrocho salarial e a vítima direta é a população que depende do serviço público para o atendimento de suas demandas imediatas.
Nesse período eleitoral, muito há que se esclarecer à população sobre o (des) governo de Aécio Neves e o que significou de fato o "Choque de Gestão" neoliberal do PSDB.
É um compromisso dos comunistas do PCB nas eleições de 2010, fazer de nossa campanha um instrumento a serviço de todos aqueles que foram e estão sendo atingidos pelo neoliberalismo ainda presente em nosso Estado. Todos os nossos recursos de campanha, panfletos, programas de rádio e TV, debates e palestras entre outros, estarão voltados para esse fim.
Os comunistas sabem que a luta contra a alienação política talvez seja a mais difícil e desgastante, pois esse processo atinge o âmago da consciência dos trabalhadores (as) e consecutivamente a sua visão de mundo e a sua atitude política; mas estamos certos de que o custo do (des) compromisso falará mais alto e possivelmente, novas crises sociais e contradições revelaram a necessidade de se construir um novo patamar de luta e consciência que em nosso entender, passa nesse momento, pela construção de uma Frente Anticapitalista e antiimperialista, que possibilite reunir em um só movimento, todos os segmentos sociais que travam lutas contra as contradições e os agentes do modo de produção capitalista no Brasil assim como da nova fase de expansão imperialista que se estabelece em todo o mundo e na AL.
Nossa campanha terá como norte a denúncia e o combate não apenas as ações das elites representadas na Assembléia Legislativa e no Governo do Estado, mas também contra aqueles que de modo pusilânime, se abnegaram de cumprir o papel de lideranças sindicais e populares na perspectiva de conscientizar e organizar o povo para a luta pela construção de um Estado voltado para os interesses de classe dos trabalhadores do campo e da cidade.
* Por Fábio Bezerra (Fabinho), é natural de Belo Horizonte e é membro da Direção Nacional do PCB desde 2000. Atua nos movimentos sociais desde o início dos anos 90 tendo sido líder estudantil no Colégio Estadual Central e na Universidade Federal de Minas Gerais atuando em diversas lutas em defesa da Universidade Pública com os demais segmentos da Universidade.
Em 2000, já como professor de filosofia e história na rede pública estadual, foi eleito para a Direção Estadual da CUT e em 2003 foi diretor da Sub- sede do Sindute na região de Venda Nova. Participa do movimento sindical em Minas ajudando a construir a luta dos educadores contra a precarização e o sucateamento do serviço público.
Em 2010 cadidatou-se ao governo estadual pelo PCB com o número 21

Mudanças no Código Florestal baseiam-se em ‘desconhecimento entristecedor’

Escrito por Aziz Ab’Saber   no Correio da Cidadania
 
Em face do gigantismo do território e da situação real em que se encontram os seus macrobiomas – Amazônia Brasileira, Brasil Tropical Atlântico, Cerrados do Brasil Central, Planalto das Araucárias e Pradarias Mistas do Brasil Subtropical – e de seus numerosos mini-biomas, faixas de transição e relictos de ecossistemas, qualquer tentativa de mudança no "Código Florestal" tem de ser conduzida por pessoas competentes e bioeticamente sensíveis.
 
Pressionar por uma liberação ampla dos processos de desmatamento significa desconhecer a progressividade de cenários bióticos, a diferentes espaços de tempo futuro. Favorecendo de modo simplório e ignorante os desejos patrimoniais de classes sociais que só pensam em seus interesses pessoais, no contexto de um país dotado de grandes desigualdades sociais.
 
Cidadãos de classe social privilegiada, que nada entendem de previsão de impactos. Não têm qualquer ética com a natureza. Não buscam encontrar modelos técnico-científicos adequados para a recuperação de áreas degradadas, seja na Amazônia, seja no Brasil Tropical Atlântico ou alhures. Pessoas para as quais exigir a adoção de atividades agrárias "ecologicamente auto-sustentadas" é uma mania de cientistas irrealistas.
 
Por muitas razões, se houvesse um movimento para aprimorar o atual Código Florestal, teria que envolver o sentido mais amplo de um Código de Biodiversidades, levando em conta o complexo mosaico vegetacional de nosso território. Remetemos essa idéia para Brasília e recebemos resposta de que era boa, mas complexa e inoportuna (…). Entrementes, agora outras personalidades trabalham por mudanças estapafúrdias e arrasadoras no chamado Código Florestal.
 
Razão pela qual ousamos criticar aqueles que insistem em argumentos genéricos e perigosos para o futuro do país. Sendo necessário, mais do que nunca, evitar que gente de outras terras, sobretudo de países hegemônicos, venha a dizer que fica comprovado que o Brasil não tem competência para dirigir a Amazônia (…). Ou seja, os revisores do atual Código Florestal não teriam competência para dirigir o seu todo territorial do Brasil. Que tristeza, gente minha.
 
O primeiro grande erro dos que no momento lideram a revisão do Código Florestal brasileiro – a favor de classes sociais privilegiadas – diz respeito à chamada estadualização dos fatos ecológicos de seu território específico. Sem lembrar que as delicadíssimas questões referentes à progressividade do desmatamento exigem ações conjuntas dos órgãos federais específicos, em conjunto com órgãos estaduais similares, uma Polícia Federal rural e o Exército Brasileiro. Tudo conectado ainda com autoridades municipais, que têm muito a aprender com um Código novo que envolva todos os macrobiomas do país e os mini-biomas que os pontilham, com especial atenção para as faixas litorâneas, faixas de contato entre as áreas nucleares de cada domínio morfoclimático e fitogeográfico do território.
 
Para pessoas inteligentes, capazes de prever impactos, a diferentes tempos do futuro, fica claro que ao invés da "estadualização" é absolutamente necessário focar para o zoneamento físico e ecológico de todos os domínios de natureza do país. A saber, as duas principais faixas de Florestas Tropicais Brasileiras, a zona amazônica e a zona das matas atlânticas; o domínio dos cerrados, cerradões e campestres; a complexa região semi-árida dos sertões nordestinos; os planaltos de araucárias e as pradarias mistas do Rio Grande do Sul; além de nosso litoral e o Pantanal mato-grossense.
 
Seria preciso lembrar ao honrado relator Aldo Rabelo, que a meu ver é bastante neófito em matéria de questões ecológicas, espaciais e em futurologia – sendo que atualmente na Amazônia Brasileira predomina um verdadeiro exército paralelo de fazendeiros que em sua área de atuação têm mais força do que governadores e prefeitos. O que se viu em Marabá, com a passagem das tropas de fazendeiros, passando pela Avenida da Transamazônica, deveria ser conhecido pelos congressistas de Brasília e diferentes membros do Executivo. De cada uma das fazendas regionais passava um grupo de cinqüenta a sessenta camaradas, tendo a frente em cavalos nobres o dono da fazenda e sua esposa e filhos em cavalos lindos.
 
E os grupos iam passando separados entre si, por alguns minutos. E, alguém a pé, como se fosse um comandante, controlava a passagem da cavalgada dos fazendeiros. Ninguém da boa e importante cidade de Marabá saiu para observar a coluna amedrontadora dos fazendeiros. Somente dois bicicletistas meninos deixaram as bicicletas na beira da calçada olhando silentes a passagem das tropas. Nenhum jornal do Pará, ou alhures, noticiou a ocorrência amedrontadora. Alguns de nós não pudemos atravessar a ponte para participar de um evento cultural.
 
Será certamente, apoiados por fatos como esse, que alguns proprietários de terras amazônicas deram sua mensagem, nos termos de que "a propriedade é minha e eu faço com ela o que eu quiser, como quiser e quando quiser"? Mas ninguém esclarece como conquistaram seus imensos espaços inicialmente florestados. Sendo que, alguns outros, vivendo em diferentes áreas do centro-sul brasileiro, quando perguntados sobre como enriqueceram tanto, esclarecem que foi com os "seus negócios na Amazônia" (…). Ou seja, através de loteamentos ilegais, venda de glebas para incautos em locais de difícil acesso, os quais ao fim de um certo tempo são libertados para madeireiros contumazes.
 
E o fato mais infeliz é que ninguém procura novos conhecimentos para reutilizar terras degradadas. Ou exigir dos governantes tecnologias adequadas para revitalizar os solos que perderam nutrientes e argilas, tornando-se dominados por areias finas (siltização).
 
Entre os muitos aspectos caóticos, derivados de alguns argumentos dos revisores do Código, destaca-se a frase que diz que se deve proteger a vegetação até sete metros e meio do rio. Uma redução de um fato que por si já estava muito errado, porém agora está reduzido genericamente a quase nada em relação aos grandes rios do país. Imagine-se que para o rio Amazonas a exigência protetora fosse apenas sete metros, enquanto para a grande maioria dos ribeirões e córregos também fosse aplicada a mesma exigência. Trata-se de desconhecimento entristecedor sobre a ordem de grandeza das redes hidrográficas do território intertropical brasileiro. Na linguagem amazônica tradicional, o próprio povo já reconheceu fatos referentes à tipologia dos rios regionais.
 
Para eles, ali existem, em ordem crescente: igarapés, riozinhos, rios e parás. Uma última divisão lógica e pragmática, que é aceita por todos os que conhecem a realidade da rede fluvial amazônica.
 
Por desconhecer tais fatos os relatores da revisão aplicam o espaço de sete metros da beira de todos os cursos d’água fluviais sem mesmo ter ido lá para conhecer o fantástico mosaico de rios do território regional.
 
Mas o pior é que as novas exigências do Código Florestal proposto têm um caráter de liberação excessiva e abusiva. Fala-se em sete metros e meio das florestas beiradeiras (ripário-biomas) e depois em preservação da vegetação de eventuais e distantes cimeiras. Não podendo imaginar quanto espaço fica liberado para qualquer tipo de ocupação do espaço. Lamentável em termos de planejamento regional, de espaços rurais e silvestres. Lamentável em termos de generalizações forçadas por grupos de interesse (ruralistas).
 
Já se poderia prever que um dia os interessados em terras amazônicas iriam pressionar de novo pela modificação do percentual a ser preservado em cada uma das propriedades de terras na Amazônia. O argumento simplista merece uma crítica decisiva e radical. Para eles, se em regiões do centro-sul brasileiro a taxa de proteção interna da vegetação florestal é de 20%, por que na Amazônia a lei exige 80%? Mas ninguém tem a coragem de analisar o que aconteceu nos espaços ecológicos de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Minas Gerais com o percentual de 20%. Nos planaltos interiores de São Paulo a somatória dos desmatamentos atingiu cenários de generalizada derruição.
 
Nessas importantes áreas, dominadas por florestas e redutos de cerrados e campestres, somente o tombamento integrado da Serra do Mar, envolvendo as matas atlânticas, os solos e as aguadas da notável escarpa foi capaz de resguardar os ecossistemas orográficos da acidentada região. O restante, nos "mares de morros", colinas e várzeas do Médio Paraíba e do Planalto Paulistano, e pró-parte da Serra da Mantiqueira, sofreram uma derruição deplorável. É o que alguém no Brasil – falando de gente inteligente e bioética – não quer que se repita na Amazônia brasileira, em um espaço de 4.200.000 km².
 
Os relatores do Código Florestal falam que as áreas muito desmatadas e degradadas poderiam ficar sujeitas a "(re)florestamento" por espécies homogêneas pensando em eucalipto e pinus. Uma prova de sua grande ignorância, pois não sabem a menor diferença entre reflorestamento e florestamento. Esse último, pretendido por eles, é um fato exclusivamente de interesse econômico empresarial, que infelizmente não pretende preservar biodiversidades. Sendo que eles procuram desconhecer que para áreas muito degradadas foi feito um plano de (re)organização dos espaços remanescentes, sob o enfoque de revigorar a economia de pequenos e médios proprietários: o Projeto FLORAM.
 
Os eucaliptólogos perdem sentido ético quando alugam espaços por trinta anos de incautos proprietários, preferindo áreas dotadas ainda de solos tropicais férteis, do tipo dos oxissolos, e evitando as áreas degradadas de morros pelados reduzidas a trilhas de pisoteio, hipsométricas, semelhantes ao protótipo existente no Planalto do Alto Paraíba, em São Paulo. Isso ao arrendar terras de bisonhos proprietários, para uso em 30 anos, e sabendo que os donos da terra podem morrer quando se completar o prazo. Fato que cria um grande problema judicial para os herdeiros, sendo que ao fim de uma negociação as empresas cortam todas as árvores de eucaliptos ou pinus, deixando miríades de troncos no chão do espaço terrestre. Um cenário que impede a posterior reutilização das terras para atividades agrárias. Tudo isso deveria ser conhecido por aqueles que defendem ferozmente um Código Florestal liberalizante.
 
Por todas as razões somos obrigados a criticar a persistente e repetitiva argumentação do deputado Aldo Rebelo, que conhecemos há muito tempo e de quem sempre esperávamos o melhor. No momento somos obrigados a lembrar a ele que cada um de nós tem de pensar na sua biografia e, sendo político, tem de honrar a história de seus partidos. Principalmente em relação aos partidos que se dizem de esquerda e jamais poderiam fazer projetos totalmente dirigidos para os interesses pessoais de latifundiários.
 
Insistimos que em qualquer revisão do Código Florestal vigente deve-se enfocar as diretrizes através das grandes regiões naturais do Brasil, sobretudo domínios de natureza muito diferentes entre si, tais como a Amazônia e suas extensíssimas florestas tropicais, e o Nordeste Seco, com seus diferentes tipos de caatingas. Trata-se de duas regiões opósitas em relação à fisionomia e à ecologia, assim como em face das suas condições sócio-ambientais. Ao tomar partido pelos grandes domínios administrados técnica e cientificamente por órgãos do Executivo federal, teríamos de conectar instituições específicas do governo brasileiro com instituições estaduais similares. Existem regiões como a Amazônia, que envolve conexões com nove estados do Norte brasileiro. Em relação ao Brasil Tropical Atlântico os órgãos do Governo Federal – IBAMA, IPHAN, FUNAI e INCRA – teriam que manter conexões com os diversos setores similares dos governos estaduais de norte a sul do Brasil. E assim por diante.
 
Enquanto o mundo inteiro repugna para a diminuição radical de emissão de CO2, o projeto de reforma proposto na Câmara Federal de revisão do Código Florestal defende um processo que significará uma onda de desmatamento e emissões incontroláveis de gás carbônico, fato observado por muitos críticos em diversos trabalhos e entrevistas.
 
Parece ser muito difícil para pessoas não iniciadas em cenários cartográficos perceber os efeitos de um desmatamento na Amazônia de até 80% das propriedades rurais silvestres.
 
Em qualquer espaço do território amazônico que vêm sendo estabelecidas glebas com desmate de até 80% haverá um mosaico caótico de áreas desmatadas e faixas de inter-propriedades estreitas e mal preservadas. Nesse caso, as bordas dos restos de florestas, inter-glebas, ficarão à mercê de corte de árvores dotadas de madeiras nobres. E, além disso, a biodiversidade animal certamente será profundamente afetada.
 
Seria necessário que os pretensos reformuladores do Código Florestal lançassem sobre o papel os limites de glebas de 500 a milhares de quilômetros quadrados, e dentro de cada parcela das glebas colocassem indicações de 20% correspondentes às florestas ditas preservadas. E, observando o resultado desse mapeamento simulado, poderiam perceber que o caminho da devastação lenta e progressiva iria criar alguns quadros de devastação similares ao que já aconteceu nos confins das longas estradas e seus ramais, em áreas de quarteirões implantados para venda de lotes de 50 a 100 hectares, onde o arrasamento de florestas no interior de cada quarteirão foi total e inconseqüente.
 
Aziz Ab’Saber é professor emérito de geografia da USP e já produziu diversos trabalhos sobre a Amazônia Brasileira, tendo mais de 400 trabalhos acadêmicos publicados.



Reflexões de Fidel Castro...

Fidel: “Os EUA não jogam limpo nem dizem nenhuma verdade”
(Extraído do CubaDebate)
 “OS Estados Unidos não jogam limpo nem dizem nenhuma verdade”, afirmou o Comandante-em-chefe Fidel Castro na Mesa-Redonda especial que transmitiu a Televisão Cubana na tarde da segunda-feira, dia 12, conduzida pelo jornalista Randy Alonso.
Fidel fez uma análise exaustiva da situação no Oriente Médio, particularmente a crise provocada pelos Estados Unidos e por Israel em sua política de fustigação ao Irã, além de avaliar o arsenal nuclear de que as grandes potências internacionais dispõem e o afundamento do Cheonan, que foi navio-insígnia da armada sul-coreana, ação que foi imputada à Coreia do Norte. 
Ao reiterar o perigo de guerra com o emprego de armas nucleares que vinha alertando em sua Reflexões, o Comandante-em-chefe ofereceu um enorme leque de argumentos e comentou opiniões de analistas políticos que vêm acompanhando os últimos acontecimentos no Oriente Médio.
Na Mesa-Redonda na qual, além do diretor do programa televisivo, encontrava-se o historiador Rolando Rodríguez; o diretor do Centro de Pesquisas da Economia Mundial, Osvaldo Martínez, e o diretor do Centro Nacional de Pesquisas Científicas (CNIC), doutor Carlos Gutiérrez, Fidel analisou o enorme arsenal de guerra de que dispõem as principais potências mundiais, lideradas pelos Estados Unidos: “é demencial o número de ogivas estratégicas”, assegurou.
Os dados do Instituto de Pesquisas para a Paz de Estocolmo (Sipri), disse Fidel, não deixam dúvida alguma do perigo que ameaça a humanidade. O gasto militar total dos Estados Unidos, em 2009, foi de US$1,531 trilhão, o que significa um incremento de 49% a respeito do ano 2000.
Não é difícil imaginar o que aconteceria se for utilizada ao menos uma parte desse arsenal, e “no Congresso (dos Estados Unidos) há posições ainda mais agressivas que as do presidente”, acrescentou o líder da Revolução.
Os gastos militares dos EUA não deixaram de crescer. Fidel comentou que o orçamento da Defesa desse país passou de US$316 bilhões em 2001 a US$565 bilhões em 2010, para um incremento em 2,16 vezes.
“Os Estados Unidos apenas gastam mais que todos os países juntos”, disse. “Tem 2.002 ogivas estratégicas, e 500 não-estratégicas. Dispersaram 2.702, enquanto a Rússia tem 2.787 estratégicas, e 2.047 não-estratégicas. Entre os dois, têm quase sete mil ogivas estratégicas. Este número é demencial”.
CONCORDO COM O RISCO DE UMA GUERRA
Ante um comentário de Randy sobre o risco de que possa produzir-se uma guerra no Oriente Médio, Fidel assegurou: “concordo plenamente com o risco iminente de uma guerra”, e acrescentou: “Eu comecei a escrever sobre este tema depois da acusação contra a Coreia do Norte, à qual imputavam o afundamento do navio sul-coreano muito sofisticado, um dos mais modernos com que conta a indústria norte-americana, que usa metais especiais, artigos que não vendem à Coreia do Norte”.
Ironizou sobre a acusação contra a Coreia do Norte, à qual culpam de usar um velho torpedo dos anos 1950. “Imagine, um velho torpedo contra esse navio sofisticado!”, comentou.
Assegurou que um analista norte-americano deu uma explicação lógica: “A Coreia do Sul estava fazendo uma manobra com seu aliado, os Estados Unidos. O difícil que tem este fato, o que custa muito admitir aos EUA, é que foram eles que afundaram o navio sofisticado da Coreia do Sul. Morreram 46 homens... Uma embarcação assim apenas pode ser explodida com uma mina. E foi o que fizeram”.
Fidel disse ter a certeza de que se esta situação com a Coreia fugia ao controle, a situação teria sido dramática, e lembrou a frase utilizada pelos coreanos: “haverá um mar de fogo, de chamas”. Reconheceu que “isso era o que pensava inicialmente, que o problema ia desatar-se por ai, porque ainda não estava a resolução (do Conselho de Segurança) sobre o Irã”.
Quando esta foi aprovada, “evidenciou-se que primeiro se desataria o conflito com o Irã, e depois na Coreia. A Coreia do Norte deve acompanhar com muita atenção o que acontecer no Irã uso e minh do Norte"tentos do que aconteça no Ira sao ois na Coreia.ai, porque ainda nao estava a resoluçao dñu ”.
A CRISE MAIS SÉRIA DE OBAMA
Fidel comentou as recentes declarações do acadêmico norte-americano Noam Chomsky, quem garantiu que a posição dos Estados Unidos frente ao Irã, ”é a crise de política externa mais séria que tenha enfrentado a administração de Obama”.
“O Irã é a maçã da discórdia”, assegurou Fidel, “porque certamente não vão poder inspecionar esse país. Há 31 anos, quando travaram a guerra química contra a revolução do aiatolá Khomeini, que derrubou sem armas o xá do Irã, esse país não tinha exército, tinha os Guardiões da Revolução”.  
Fidel acrescentou que Ahmadineyad não é um improvisado — pode-se concordar com ele ou não — mas não é um improvisado. Calcular que os iranianos vão se ajoelhar e pedir perdão aos ianques é absurdo”.
Arguiu que os iranianos “levam 30 anos se preparando, com um desenvolvimento industrial, adquirindo aviões, radares, armas antiaéreas... Os russos comprometeram-se a fornecer-lhes o (míssil) S-300, mas o fazem muito devagar e ainda não os entregaram. Compraram todos os aviões que puderam comprar. Têm armas russas. Têm centenas de lançadeiras de mísseis. O Exército também dispõe de forças de ar, mar e terra. A Marinha também tem forças de ar, mar e terra. Os Guardiões da Revolução têm mais de um milhão de soldados. Estão treinando todas as pessoas maiores de 12 anos e menores de 60. E são 20 milhões de muçulmanos xiítas. Quem vai simpatizar com esse inimigo que quer destruir tudo e que, aliás, o diz abertamente.
Fidel assegurou que entre todas as potências nucleares dispõem de umas 20 mil armas nucleares e é ridículo o pretexto que alegam contra o Irã: “É ridículo este problema criado e todas as resoluções (do Conselho de Segurança da ONU). O risco de que o Irã desenvolve ou fabrique duas bombas nucleares daqui a dois ou três anos. Onde está a lógica? Todo esse grande problema é por causa disso.”
Segundo o Comandante-em-chefe, a verdadeira causa é “o controle, a influência que tem o Estado de Israel sobre os Estados Unidos. Um país que em poucos anos se converteu numa potência nuclear”.
Afirmou que Cuba conhece muito bem acerca da experiência nuclear. “Nós estivemos sob o risco de que nos atacassem. Quando do governo de Ronald Reagan fizeram um teste nuclear no mar. Em um navio. Adivinhamos aquilo porque tínhamos as tropas viajando rumo à Namíbia”.
Através de Israel, “entregaram aos sul-africanos como 14 bombas nucleares, mais poderosas que as que jogaram em Hiroshima e Nagasaki. Essa circunstância não é nova. Nós tínhamos ali (Angola) uns 60 mil homens avançando. E já tínhamos vivido sob o risco de uma experiência nuclear”. 
Lembrou o momento em que os soviéticos instalaram seus projéteis nucleares em Cuba, que, por sinal, nós não gostávamos muito, porque quando fizemos esta Revolução, não contamos com nenhuma aliança com a URSS”. Essa aliança “foi boa para nós, porque quando (os EUA) nos tiraram o petróleo, (a URSS) nos forneceu petróleo. Não estamos falando sem ter vivido uma experiência: vivemo-la em 1962 e em 1970 e pouco, durante uma missão internacionalista. E adotamos todas as medidas: avançarmos e refugiarmo-nos sob a terra. Não podíamos esperar uma casualidade. Tudo foi verificado. Nem sequer Mandela sabe o que fizeram com essas armas nucleares. Perguntei-lhe: “Ninguém sabe!”, disse. Lavaram-nas. Nunca atuaram de forma limpa.”
Por acaso pode-se brincar com isso?”, acrescentou. “Se você fala da hipótese não vai convencer ninguém. Não é preciso dramatizar, porque os fatos são dramáticos mesmo.“
O Comandante-em-chefe anunciou novas análises sobre estes perigosos acontecimentos para a Humanidade em sua reflexão publicada no site Cubadebate, na noite de domingo.

Ações pelo plebiscito sobre limite da propriedade da terra se intensificam






Karol Assunção * - Adital 
 
 Segundo dados da Campanha Nacional pelo Limite da Propriedade da Terra, nos últimos 25 anos, 765 conflitos no Brasil estavam diretamente relacionados à luta pela terra e 1.546 trabalhadores foram assassinados. Esses são apenas alguns números relacionados à questão da terra no país. Para chamar a atenção da sociedade para o quadro agrário brasileiro, a Campanha Nacional pelo Limite da Propriedade da Terra realiza, entre os dias 1º e 7 de setembro, um Plebiscito Popular pelo Limite da Propriedade da Terra.
De acordo com Gilberto Portes de Oliveira, coordenador do Fórum Nacional pela Reforma Agrária e Justiça no Campo (FNRA), o objetivo da Campanha "é colocar a reforma agrária no centro do debate político nacional". Além de pautar o debate dos candidatos às eleições deste ano, Portes comenta que a ação pretende ainda estimular a discussão no país. "Queremos ajudar a sociedade a entender as raízes dos problemas, tanto rurais quanto urbanos", comenta.
Outra intenção é propor ao Legislativo a inclusão de um inciso na Constituição nacional que limite a propriedade de terra em até 35 módulos fiscais. A sociedade brasileira também é convidada a expressar a opinião sobre o assunto no Plebiscito Popular que acontecerá em todos os estados do país durante a primeira semana de setembro. Apesar de não possuir um valor jurídico legal, Portes acredita que a consulta popular é um forte instrumento simbólico de pressão da sociedade. "Queremos ver o que os congressistas vão dizer com a pressão de milhares de pessoas", afirma, destacando que esse será o quarto Plebiscito Popular no país. "Já tivemos o da Dívida Externa [2000], o da Alca [sobre a Área de Livre Comércio das Américas, ocorrido em 2002], e o da Vale [sobre a privatização da Companhia Vale do Rio Doce, em 2007]. Ainda tivemos uma experiência riquíssima de participação popular no Ficha Limpa", lembra.
Para o coordenador do Fórum, o mais importante da ação será o debate e a manifestação da sociedade, já que a ideia é fazer com que o problema agrário se torne pauta política permanente. "O Plebiscito faz parte de um processo. A Campanha começou em 2000 e continua. Independente do resultado de setembro, nós vamos continuar a aprofundar o debate", garante.
Portes comenta ainda que a Campanha não se intimidará com a reação de setores ligados ao agronegócio. "A presidente da CNA [Confederação da Agricultura e da Pecuária do Brasil] já foi tirar satisfação querendo desqualificar o processo", afirma. Segundo o coordenador do FNRA, a Campanha já esperava a acusação de opositores. "Esperamos é que eles venham para o debate", ressalta, afirmando que a intenção é mostrar para a população brasileira "quem produz de verdade para o país".
Preparação
Pouco mais de dois meses para o Plebiscito Popular pelo Limite da Terra e a preparação segue em ritmo acelerado. De acordo com Gilberto Portes, coordenador nacional do FNRA, entre os dias 15 e 17 deste mês, representantes da organização do Plebiscito de todos os estados e do Distrito Federal estarão reunidos em Brasília para definir os "detalhes de organização e consolidação do Plebiscito".
Segundo ele, a intenção é que, até meados de agosto, todos os Estados já estejam totalmente preparados e organizados para a execução da consulta popular. Portes comenta que, em alguns estados, a discussão com a sociedade já está bem avançada. "A sociedade começa a se manifestar", afirma, destacando também o papel de militantes e de mídias alternativas na divulgação da Campanha.

Mais informações sobre a Campanha e o Plebiscito Popular pelo Limite da Propriedade de Terra em: http://www.limitedaterra.org.br/index.php


* Jornalista da Adital