sábado, 9 de fevereiro de 2008

Charlie Parker - Complete Jazz at Massey Hall (1953)

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Charlie Parker - Complete Jazz at Massey Hall (1953)
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Personnel:
Charlie Parker (alto saxophone)
Dizzy Gillespie (trumpet)
Bud Powell (piano)
Charles Mingus (double bass)
Max Roach (drums)



Tracks:
1. Perdido
2. Salt Peanuts
3. All the Things You Are
4. 52nd Street Theme
5. Drum Conversation - Max Roach
6. Cherokee
7. Enbraceable You
8. Hallelujah (Jubilee)
9. Sure Thing
10. Lullaby of Birdland
11. I've Got You Under My Skin
12. Wee (Allen's Alley)
13. Hot House
14. Night in Tunisia

EU OU POESIA?

Quero-te como jamais quis
Mas se minha frustrada iniciativa
Afastar-te de mim
Ou se nunca houvera alternativa
Que eu seja teu poeta
Minha poesia tão somente minha
Será meu vício noturno
A bohemia servida nos bares
Que me embriaga de desejo
E me deixa trêmulo
Ou o uísque servido puro
Com seu gosto turvo
Que amarga a boca
E deleita a mente
O vinho tinto suave
Que me deixa leve
Até o amanhecer...

Carlos Costa
Quando os opostos se atraem
Duas histórias distintas, embora antagônicas, no comentário do filme “O Gângster” de Ridley Scott
Texto: Elizandro Duarte
Divulgação






Numa luxuosa casa na cidade mais importantedo mundo,

o anfitrião recebe seus convidados para um jantar de gala.

No cardápio, estão os vinhos mais delicados que o dinheiro pode
comprar, além de carnes macias e suculentas
e toda a sorte de saladas e acompanhamentos. Tudo impecavelmente
servido em pratos de cristal fino e talheres de prata. A mãe, irmãos e
sobrinhos vestem o que há de mais moderno e caro – o que não
necessariamente significa bom gosto. O sorriso no rosto é a
manifestação mais visível do sentimento de felicidade que se
apodera do homem que proporciona à sua família momentos de tão
rara beleza. A consciência de que tudo ali fora realizado através do
dinheiro sujo do tráfico de drogas e da morte de muitas pessoas
parece em nada incomodar o bom andamento do jantar.
Há alguns pares de quilômetros dali, na mesma cidade, outro

homem prepara seu jantar. Juntando o que resta na geladeira com

um pouco de batatas fritas velhas, ele tenta fazer uma espécie

de sanduíche. A cozinha apertada, onde tenta tornar duas fatias

de pão com um pouco de recheio numa refeição decente, não

difere do restante da casa, decorada com o mobiliário mais barato

disponível no mercado. A consciência da importância do seu trabalho

e a certeza de que sua honestidade como policial é mais um motivo

de raiva do que de orgulho entre seus companheiros de distrito

também em nada influencia sua refeição.

“O Gângster”, dirigido por Ridley Scott, conta essas duas

histórias distintas que, embora antagônicas, invariavelmente

estão destinadas a se cruzarem. No papel do criminoso Frank

Lucas, está Denzel Washington. Sempre bem vestido, alinhado,

educado e disposto a meter uma bala na cabeça de quem

não segue as regras do seu jogo, Lucas se tornou o traficante

de drogas mais procurado dos Estados Unidos no início da

década de setenta. Com as táticas aprendidas com a máfia

italiana e com seu mestre que morre logo nos minutos iniciais do

filme, Frank Lucas construiu um verdadeiro império. Num

audacioso esquema que trazia a heroína pura do Vietnam em

aviões oficiais do exército americano, Lucas com sua elegância

e carisma se tornou o mais poderoso traficante de Nova Iorque.

O papel do homem da lei, por sua vez, cabe a Russell Crowe.

Para o detetive Richie Roberts a lei existe para ser cumprida.

Num universo de autoridades corruptas, subornadas pelos dólares

dos traficantes e satisfeitas com a propina que lhes cabe,

somente um policial incorruptível e disposto a perder amigos e

até mesmo a própria família é capaz de fazer um pouco de justiça.

Lucas e Roberts são os opostos perfeitos. O criminoso é elegante

e bem humorado. O policial é desleixado e rabugento. O traficante

é um homem de família, adora a mãe e cuida dos irmãos como

um pai. O detetive é negligente com a ex-esposa e esquece

até de ver seu único filho. Richie Roberts encontra uma

bolada em dinheiro sem marcas e devolve. Frank Lucas

oferece a mesma bolada para Roberts deixá-lo livre.

Apesar de atuarem junto somente nos minutos finais, é

no duelo entre as atuações de Washington e Crowe que o

filme se fortalece e, de fato, ganha vida. A direção de Scott

reflete a sobriedade e maturidade de um cineasta repleto

de sucessos avassaladores e fracassos retumbantes. Provando

que os opostos se atraem o diretor cria um filme clássico

de mocinhos e bandidos. Muito embora, às vezes, fica difícil

perceber onde começa a bondade de um ou acaba a maldade do outro.

Ficha técnica:

O Gângster

Título Original: American Gangster

Ano: 2007

Direção: Ridley Scott

Elenco: Denzel Washington, Russell Crowe

Mais detalhes em: http://www.imdb.com/title/tt0765429/

Essas mulheres de vento


Há em mim aquário despojado de água, mulheres nuas, arrozais do Ceilão, moedas de ouro da Pérsia. Despojado de tudo, menos deste quarteto de cordas de Wolfgang Amadeus Mozart. Depois que vi a palavra búzio, pude amar o búzio.
A palavra búzio não é búzio. O búzio, mesmo, é inédito. Qualquer abismo, sagrado: – nele habita o nada. E se pode ser nada, pode bosque vazio. Bosque vazio tua infância, bosque vazio teu primeiro rabisco no caderno de folhas alvas, carne de salmão? Foi aqui no bosque vazio que o sonho viu a vida pela última vez. Qualquer sonho, nada: – nele o bosque vazio. Enquanto o filósofo Mo tsi tenta fisgar as carpas se espelhando no vento, o milagre rabisca qualquer coisa no caderno de brisa. Súbito uma carpa carregada pelo vento entra pela única porta do Templo de Shirakawa. Os olhos do filósofo, assombrados, fogem na neblina e Mo tsi, cego, procura o caderno de brisa embaixo do rio, do córrego, do riacho, do arroio na copa das árvores, debaixo da pedra, nos bares, nos bordéis, nos hospitais, nas barcas, nos copos de conhaque, na infância, ah, e na infância encontra o caderno de brisa com os dois olhos de Mo tsi
desenhados pelo milagre. E se houver jardim de sopros no oco da estrela alfa de touro? Se pequeno mosteiro com pomar houver na constelação boreal de Cassiopéia? E se nada disso houver, que Houyhnhnms saiba imaginá-los. A imagem é a respiração daquele que é o Estranhíssimo. Te ofendo com apitos, meu deus, com pratos de plantas, para que aprendas a inutilidade do céu. Há mais pensamentos que coisas. Fico miosótis para o fim desaprendo a ira para pra te convencer que a morte não existe: essa pirataria sepulcral é só um jeito da gente brincar de sumiço. Te convenço que aqui no centro se unge com boana. Balanço cabeleira só pra ofender meu Deus. Ante o mar azulado, em sua cadeira de praia, ela dormindo sonha com o príncipe da neblina que se aproxima de sua orelha para esquecer ali a música verdejante. Certa mulher, mas não esta ou aquela, porque me refiro à que vive na ilha do Arvoredo – nas noites perigosas – é música atravessando o muro. Que a vir vê-las, posso coroá-las antigas: paraísas violas de relva. Uma que voa morde o calcanhar da estrela: há fogo e há chuva. Outra esparze o pó de Quevedo, mas pó enamorado, que a pouca poesia não ousaria entender. Aquela enlouquece entre salsos pendentes: escreve breviários, bestiários, conduz o velame de certa barca sendo sonhada. Por nós, os fracos, os de alma vil, se perfumam, às vezes espalham os cabelos nossos: essas mulheres de vento.

Fernando José Karl

Poesia de Pablo Neruda - Carmen Paris

A cantora Carme Paris interpreta uma poesia de Pablo Neruda:


Para Que Tú Me Oigas

Para que tú me oigas,
mis palabras
se adelgazan a veces
como las huellas de las gaviotas en las playas.

Collar, cascabel ebrio
para tus manos suaves como las uvas.

Y las miro lejanas mis palabras.
Más que mías son tuyas.
Van trepando en mi viejo dolor como las yedras.

Ellas trepan así por las paredes húmedas.
Eres tú la culpable de este juego sangriento.

Ellas están huyendo de mi guarida oscura.
Todo lo llenas tú, todo lo llenas.

Antes que tú poblaron la soledad que ocupas,
y están acostumbradas más que tú a mi tristeza.

Ahora quiero que digan lo que quiero decirte
para que tú me oigas como, quiero que me oigas.

El viento de la angustia aún las suele arrastrar.
Huracanes de sueños aún a veces las tumban.
Escuchas otras voces en mi voz dolorida.
Llanto de viejas bocas, sangre de viejos súplicas.
Ámame, compañera. No me abandones. Sígueme.
Sígueme, compañera, en esa ola de angustia.

Pero se van tiñendo con tu amor mis palabras.
Todo lo ocupas tú, todo lo ocupas.
Voy haciendo de todas un collar infinito
para tus blancas manos, suaves como las uvas.

Créditos: AmericaLatinaPalavraViva

O DISCRETO CHARME DA BURGUESIA - 1972


O Discreto Charme da Burguesia
(Le Charme Discret de la Burgeoisie - 1972)
Direção: Luis Buñuel

Ano: 1972
País: Espanha, França, Itália
Gênero: Comédia, Drama, Fantasia
Duração: 102 min.
Áudio: Francês
RMVB Legendado
Cor
Créditos: Forum - Eudes Horonato



Elenco:
Delphine Seyrig, Milena Vukotic, Fernando Rey, Paul Frankeur, BulleOgier, Stéphane Audran, Jean-Pierre Cassel, Julien Bertheau, Maria Gabriella Maione, Claude Piéplu

Sinopse:
O Discreto Charme da Burguesia é uma sátira surrealista do diretor Luis Buñuel construída sobre uma narrativa que mistura as situações reais da história com os sonhos e devaneios dos personagens. O filme se passa numa tarde onde alguns amigos se encontram para jantar. Uma crítica à classe privilegiada, satirizando as situações e a hipocrisia nos encontros sociais da burguesia. Foi aclamado pela opinião pública e mostra toda a supremacia e técnica de Buñuel como um dos maiores artistas,
experimentalistas e satíricos diretores do cinema. Vencedor do Oscar de
Melhor Filme Estrangeiro, em 1972.

Links Rapidshare em quatro partes:
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http://rapidshare.com/files/68351959/O_Discreto_Charme_da_Burguesia.part2.rar
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Cultura: Berlim em frenesi

O 58° Festival de Cinema é um espelho fiel de Berlim hoje, atraindo milhares de fãs e cinéfilos da Europa e do mundo inteiros, uma prova da vitalidade dos processos culturais dessa cidade que, enfim, sobreviveu a tantas guerras e autoritarismos que a devastaram durante tanto tempo.

Há um frenesi nas ruas e em muitos cinemas de Berlim. As pessoas estão nervosas, alteradas, ainda que tudo aconteça com uma certa discrição, como é de costume nesta cidade por onde nos últimos 200 anos de algum modo passaram quase todas as revoluções e guerras da Europa, inclusive a Guerra Fria.

De 7 a 17 deste mês de Fevereiro acontece a 58ª edição da Berlinale, o Festival de Cinema de Berlim, um dos mais importantes da Europa e do mundo, que acorda o Urso de Ouro como prêmio máximo, já vencido pelo brasileiro "Central do Brasil". O Urso é o símbolo de Berlim, e está na bandeira da cidade.

O centro nervoso do Festival fica na hoje algo feérica Potsdammer Platz, símbolo da reunificação da cidade e da Alemanha depois de 1989, quando caiu o muro que a dividia em Ocidente e Oriente, capitalismo e comunismo. Nas imediações se concentram os artistas, cineastas e músicos esperados. Por ali, no saguão de entrada de um enorme e moderníssimo centro comercial, se compram as entradas para os filmes. Isso pode significar até duas horas ou mais numa fila, e várias vezes, pois as entradas são postas à venda apenas três dias antes dos filmes passarem. Freqüentemente a espera termina em frustração, pois há filmes disputadíssimos, com as entradas se esgotando rapidamente. E vende-se apenas o máximo de dois ingressos por pessoa para cada espetáculo.

Tal interesse tem raízes históricas compreensíveis, além do enorme interesse que o cinema gera nesta cidade, que está longe da situação de outras em que os cinemas (como em muitas cidades brasileiras, por exemplo) foram fechando nas últimas décadas, dando lugar a igrejas e bingos. Este é um fenômeno berlinense a ser estudado.

Desde que renasceu literalmente dos escombros da Segunda Guerra, Berlim passou 44 anos de sua vida ocupada pelos vencedores e dividida entre as potências que emergiram ou sobraram naquele conflito. A partir de 1961 a construção do Muro selou a divisão da cidade, e deu a Berlim Ocidental uma condição que em algum lugar Ignácio de Loyola Brandão chamou de “vida numa ilha”, ou algo assim. Era verdade. Berlim Ocidental estava encravada no meio da Alemanha Oriental. Era mais simples o cidadão ir para o aeroporto e de lá para Paris ou o Brasil, do que passar de um lado para o outro do Muro, e voltar.

Quer dizer: a Berlinale era um dos momentos em que o mundo vinha até Berlim. Colocada no meio das duas Europas, Berlim atraía cinemas e cineastas do mundo inteiro, o que se reflete inclusive em alguns aspectos desta 58a. edição, de que falarei mais adiante.

São cerca de 200 filmes exibidos em onze dias, dez, na verdade, descontando-se o da abertura, em que foi exibido com grande sucesso o documentário de Martin Scorsese sobre os Rolling Stones, “Shine a Light”, a partir de uma apresentação da banda de sexagenários em Nova Iorque, em 2006.

O festival é muito complexo. Além da competição oficial, onde concorrem 26 filmes, inclusive o controvertido brasileiro “Tropa de Elite”, de José Padilha, há “seções”, como “Panorama”, cujo nome revela sua natureza de recolha do cinema mundial, “”Fórum”, aberto ao cinema mais inovador e também experimental, seções destinadas às crianças e adolescentes, aos jovens talentos, além de uma retrospectiva de Luis Buñuel e uma homenagem a Francesco Rosi.

Uma das atividades mais importantes da Berlinale é a das oficinas, em que diretores e artistas de cinema, roteiristas, críticos e técnicos se encontram com jovens cineastas para troca de experiências. Nesta edição há profissionais como Mike Leigh, Stephen Daldry e o legendário Andrzej Wajda, de clássicos como “Cinzas e diamantes” e “O homem de mármore”, do cinema polonês.

Nas retrospectivas há uma mostra de filmes norte-americanos sobre a guerra do Vietnã, tema mais que oportuno neste momento de novas guerras a fundo perdido, como a do Iraque e a do Afeganistão, em que tropas da OTAN e aliados se atolam cada vez mais, como naquela do passado aconteceu com os EUA. Essa mostra faz uma retrospectiva colateral do Congresso sobre o Vietnã, realizado pelo movimento estudantil de Berlim em fevereiro de 1968, acontecimento que deflagrou a série de confrontos e desafios da juventude na Alemanha, na Europa e no mundo inteiro, que fizeram daquele ano um dos anos legendários da história do século XX: quem viveu, e se venceu ou perdeu, até que não importa: viu e participou.

Não me arriscarei a fazer previsões sobre favoritos para o Urso de Ouro. O júri, formado na maioria por cineastas e artistas europeus, é liderado por Costa-Gravas, e tem 26 filmes de peso pela frente, entre eles o já citado “Tropa de Elite”, que chega precedido pelo impacto das polêmicas que despertou no Brasil. Disso e dos outros filmes brasileiros, trataremos mais adiante: na semana que vem há uma coletiva com diretores e cineastas brasileiros na Embaixada do Brasil, na quarta-feira, às cinco da tarde.

Muitas estrelas são esperadas em Berlim: Julia Roberts, Madonna... Mas dando prova de sua abertura mundial, as estrelas que têm maior expectativa nessa 58ª edição não vêm de Hollywood, sequer da Europa: são Shah Rukh Khan, ator de Bollywood, na Índia, centro cinematográfico que produz 700 filmes por ano, e a nigeriana Kate Henshaw-Nutall, de Nollywood, da Nigéria, que, como sua congênere indiana, emerge como uma nova potência cinematográfica.

O Brasil está presente com oito filmes, além do já citado: “Mutum”, de Sandra Kogut, “Cidade dos homens”, de Paulo Morelli, “Maré, nossa história de amor”, de Lúcia Murat, e os curtas “Café com leite”, de Daniel Ribeiro, “Ta”, de Felipe Sholl, “Dreznica”, de Anna Azevedo, e dois filmes que serão exibidos na curiosa mostra “Cinema culinário”: “Mr. Bené góes to Italy”, de Manuel Lampreia, e “Estômago”, de Marcos Jorge. Nesta seção, além da exibição dos filmes, entre eles “O discreto charme da burguesia”, de Buñuel, haverá comentários de cozinheiros ;profissionais e degustação de pratos inspirados pelos filmes.

Cosmopolita e variegada, a Berlinale é um espelho fiel da Berlim de hoje, atraindo milhares de fãs e cinéfilos da Europa e do mundo inteiros, uma prova da vitalidade dos processos culturais dessa cidade que, enfim, sobreviveu a tantas guerras e autoritarismos que a devastaram durante tanto tempo. Uma homenagem aos poderes criativos e solidários da humanidade, que, ainda que precários, é o que temos de melhor para combater os destrutivos e devastadores.

Zé Ramalho - A Peleja do Diabo Com O Dono do Céu (1979)




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