domingo, 18 de fevereiro de 2007

Uma Breve Análise Sobre Bioética


Amely B. Martins*

Muito se fala atualmente na palavra bioética, caracterizando até mesmo um quadro de típico modismo, mas que pode levar a discussões sensivelmente importantes para a sociedade, quando não apenas pronunciada, mas avaliada e discutida em toda a sua profundidade de sentido.

O conceito de bioética tem sido trabalhado desde 1927 e, até os dias atuais, existem várias definições diferentes, porém todas voltadas para a importância da interdisciplinaridade que esta deve conter. Uma definição que contempla este aspecto tão importante da bioética foi proposta pelo professor Van Resselaer Potter, que afirma: “Eu proponho o termo Bioética como forma de enfatizar os dois componentes mais importantes para se atingir uma nova sabedoria, que é tão desesperadamente necessária: conhecimento biológico e valores humanos”. Segundo Potter a bioética seria uma nova ciência ética que combinaria responsabilidade e uma competência interdisciplinar, mantendo uma ampla abrangência, pluralismo, abertura e incorporação crítica de novos conhecimentos.

Esta interdisciplinaridade convida a sociedade, em toda sua diversidade de opiniões, crenças e atitudes, para as diversas discussões que permeiam e compõem a bioética, para refletir sobre a construção de suas diretrizes e preceitos. A doutrina espírita por sua vez deve também se fazer presente nestas discussões, sem esquecer de seus aspectos pluralista e progressista que podem servir como importante fator de intercâmbio entre a ciência acadêmica e o próprio aspecto científico do espiritismo, muitas vezes esquecido.

A bioética se propõe a estudar e discutir vários aspectos da condução das pesquisas e principalmente no tocante à aplicabilidade destas junto à sociedade, como por exemplo, as discussões mais atuais em torno da pesquisa e utilização de células-tronco embrionárias com fins terapêuticos ou clonagem terapêutica. Em todas estas discussões pode ter o espiritismo uma importante colaboração, com sua visão mais abrangente sobre a vida material e espiritual.

Além da colaboração que o espiritismo pode e deve oferecer a estudos sobre bioética, é importante também que este, utilizando-se de seu sentido progressista, também amplie seus horizontes, também cresça em suas discussões e princípios, bebendo da ciência novos conhecimentos que devem ser criticamente aliados às suas raízes já bastante consolidadas.

Por tratar-se também de acepções e conceitos que estão relacionados com a aplicabilidade da ciência na sociedade, e com as relações e modo de vida dos homens, a bioética, assim como todas as correntes filosóficas da ética, tem sua evolução diretamente ligada à educação do ser humano; e neste aspecto educativo tem também o espiritismo uma importante parcela de responsabilidade.

A educação integral do ser humano tem como uma de suas conseqüências a vivência natural da ética em todos os seus sentidos e, no tocante à bioética, homens e cientistas integralmente educados certamente serão naturalmente éticos em suas pesquisas, garantindo a utilização ética de todas as novas tecnologias, visando sempre à melhoria de vida da humanidade.

Homens e cientistas integralmente educados serão a garantia da utilização ética de todas as novas tecnologias, visando sempre à melhoria de vida da humanidade.

*Amely B. Martins, de João Pessoa/PB, é Bióloga e membro da ASSEPE – Associação de Estudos e Pesquisas Espíritas de João Pessoa. E-mail: assepe@assepe.org .