quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

NÃO APENAS A ILUSÃO, MAS A REALIDADE DA 'MUDANÇA'"
Mumia Abu-Jamal

Qual melhor maneira de manipular as massas senão propagando mentiras como se fossem verdades, sem falar nada realmente importante como se o dito fosse o mais transparente possível. Este é o discurso dúbio do mais novo famoso norte americano, ainda que cínico e oportunista, chamado Barack Hussein Obama. Ele é mais uma prova de que "América é como um caldeirão de mistura. As pessoas do fundo se queimam e a espuma flutua no topo".

A superficialidade e o racismo da América branca é amplamente exposta pela tendência de hoje afirmar que uma real mudança econômica e política depende somente da cor de pele. É um fato, que com certeza, o Sr. Obama ou os seus companheiros não ignoram. Uma mulher branca, educadora de universidade e defensora de Barack Obama, recentemente afirmou em rede nacional que gostaria de "ver o componente 'cor' eliminado das 'ações afirmativas'", pois que "há igualdade de raça na América". Ela deixou claro que se acha injustiçada em sua missão racial porque, como ela orgulhosamente afirmou, depois de tudo, "voto em Barack Obama, um homem negro para Presidente dos Estados Unidos". Em nome de dar Poder aos oprimidos, Barack Obama e seus aliados estão realmente interessados nos negócios e na exploração de latinos, negros e indígenas.

Alguém se lembra da Condoleeza Rice? Ela é biologicamente negra e com certeza ela não representa mudança econômica e política. Ah, sim, e não podemos esquecer-nos do, também biologicamente negro, Colin Powell. Lembra-se dele, não lembra? O primeiro Secretário do Estado negro dos EUA, que foi às Nações Unidas e contou ao mundo todo a maior mentira, afirmando que "o Iraque possuía armas de destruição em massa", o que resultou na justificativa para a invasão e ocupação do Iraque pelos EUA. Assim, identificar mecanicamente a realidade e necessidade de mudanças sociais, políticas e econômicas com cor de pele é absurdo, é cínico e muito perigoso.

Mas trata-se de um fator importante do qual Barack Obama e seus manipuladores estão cinicamente contando. Eles sabem que uma parte significante da população americana, incluindo muitos brancos, quer reais mudanças. Então porque não dar a eles "meias verdades", grandes doses de discursos ambíguos ao invés da realidade? Esta estratégia serve para agradar, gerar confiança da população e ao mesmo tempo confundir eleitores, especialmente os jovens e aqueles que participam do processo pela primeira vez. É uma tática efetiva, mas cínica e desonesta.

Naturalmente, não resistindo à dose enorme de discurso ambíguo, há o disfarce de Obama, que retoricamente esconde-se "como candidato da paz", quando de fato ele é o candidato da guerra, tendo afirmado ser a favor de ações militares "unilaterais" dos EUA em outras nações -- supostamente em "busca dos reais terroristas". Em outras palavras, ele é a favor destas ações que são a sanção do Estado para supostamente perseguir indivíduos e organizações "terroristas" em outras nações. Enquanto esta retórica militarista disfarçada de Obama soa como mordidas saborosas para meios de comunicação, na verdade é material de cinismo, traição do povo e loucura.

Por mais de sete anos, George W. Bush e seu grupo, repetidamente, têm ilustrado um absurdo e perigoso programa, nacional e internacionalmente. Ainda, Obama, o tão chamado "candidato da mudança", está simplesmente trazendo as mesmas ações antigas, perigosas e falhas com uma retórica brilhosa, mas extremamente perigosa. Ele não é o candidato da paz. De acordo com o próprio Obama, ele está desejoso a empreender uma guerra, mas da "maneira correta", com uma máquina de matar mais eficiente.

Com certeza, ele nunca esteve pessoalmente em uma batalha mortal, nesta nação ou fora dela, onde partes do corpo se quebram e vidas se acabam. Ele nunca foi confinado e torturado em prisões norte americanas, ou teve familiares negros torturados por membros do Departamento de Polícia de Chicago ou Illinois. Esta não é a "maneira correta" de empreender uma guerra. Guerra não é anti-séptica. Não é limpa. É sangrenta e horrível: a única "maneira correta" de fazer Guerra é evitando-a e especialmente o uso da força militar unilateral dos USA.

Os partidos dos Democrata e Republicano há um longo tempo se igualam por negarem, em qualquer sentido real, os interesses da vasta maioria da população. As políticas destes dois partidos continuam a mover a América, como uma nação, da frigideira ao fogo proverbial. Para pessoas negras, indíginas ou de qualquer outra etnia da América e por todo o mundo, isto deve ser - e é - uma grande preocupação.

Ironicamente, é uma séria candidata do povo quem está fora dos partidos Democrata e Republicano. Trata-se da a ex-integrante do Congresso Americano, Cynthia McKinney, que teve a integridade e bravura de deixar o partido Democrata e declarar seu apoio à coalizão nacional "Poder para o Povo", que hoje apóia a sua candidatura a Presidência dos EUA. Por isto, ela tem sido ignorada e freqüentemente atacada pela mídia dos EUA. Muitos na América do século 21, o povo, não tem acesso à integridade, mas sim à hipocrisia.

Mudança e poder real não virão de retórica cínica, sem substância e ofuscante que manipula a população. Antes, virá da mudança do sistema, começando pelas pessoas – que são alimentadas pelas conspirações e hipocrisias dos partidos Democratas e Republicanos.

Não importa o que aconteça em breve ou continue acontecendo nos meios de comunicação, referindo-se a comitês eleitorais nos Estados Unidos. Não importa quem esses meios de comunicação irão apresentar como grandes "favoritos" a presidência, pelos Democratas e Republicanos, pois justiça e integridade nunca pode emanar de um sistema intrinsecamente injusto, amoral e hipócrita, como dos EUA. Além do mais, quando vemos os candidatos destes partidos, incluindo a candidatura de Barack Obama, lembramo-nos de um velho provérbio africano: "Cuidado com o homem nu que te oferece vestimentas".

Neste ano de 2008 está na hora de analisar, organizar, educar e liberar verdadeiramente a nós, e nossos irmãos e irmãs. É tempo de fazer isto tornar se realidade. Vamos em frente. A luta continua.

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Mumia Abu-Jamal, jornalista, radialista e militante negro, foi apresentador do popular programa de rádio "A voz dos sem-voz". Mumia foi preso em 9 de dezembro de 1981, sob a acusação de ter assassinado um oficial de polícia de Filadélfia, EUA. Condenado à morte injustamente como suposto assassino, Mumia Abu-Jamal está há quase 27 anos no corredor da morte lutando por justiça e liberdade. É autor do livro "Ao vivo no corredor da morte" (Conrad Editora).

The Radical Alternative, coluna escrita em 28/1/08

Fonte: http://www.runcynthiarun.org/Endorsements/MumiaAbuJamal

(c) '08 Mumia Abu-Jamal

Tradução: Sara Rangel

Revisão: Alexandre Magalhães

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Carlos Montoya - The Gold Collection - 1998

The Gold Collection - 1998


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Disco 1
1. Tango Flamenco
2. Malagueña
3. Tango Antiguo
4. Granadinas
5. Soleares
6. Solea Cana
7. Levante
8. Chufla
9. Rumbeao
10. Aires de Genil
11. Variaciones
12. Seguiriya
13. Tanguillo; Zambrilla
14. Bulerias
15. Alhambra-Granada
16. Caribe E Flamenco

Disco 2
1. Fandango
2. Macerna en Tango
3. Alegrias
4. Farrúca
5. Jerez
6. Zambra
7. Saeta en Sevilla
8. Cante Jondo
9. Malaga
10. Provencal
11. Zapsteap
12. Taranto
13. Variaciones Por Rosa: Alegrias
14. Solea: Bulerias Por Solea
15. Bolero Maorquie/Castilla/Galicia
16. Fandango de Huelva y Verdiales


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“O embaixador dos EUA lidera a conspiração contra meu governo”

Presidente da Bolívia acusa embaixador dos Estados Unidos no país de conspirar contra o governo e de tentar repetir no país "o que fizeram no Kosovo". Evo Morales revela que camponeses e indígenas já pediram armas para defender o governo, mas defende revolução pelas urnas e não pelas armas.

Às sete da manhã, o Palácio Quemado já está um formigueiro e os ministros devem ter paciência para conversar com o chefe de Estado. “É assim mesmo”, diz um embaixador com experiência na dinâmica “evista” a um ministro novato no gabinete que se impacienta com a demora de Evo Morales em chegar a uma reunião com exportadores.

Em um intervalo de alguns minutos, o líder cocalero conversou com Il Manifesto sobre temas da atualidade nacional e internacional. Enquanto tomava um suco de mamão, acusou o embaixador dos Estados Unidos, Philip Goldberg, de conspirar contra seu governo e de tentar repetir na Bolívia “o que fizeram no Kosovo”. Admite que camponeses e indígenas pediram armas para defender o governo diante das demandas autonomistas de Santa Cruz. E assinala que, se o diálogo não avançar, a saída será convocar um referendo revogatório para o presidente e os governadores, “para que o povo diga a quem apóia”.

Il Manifesto: Como é possível retomar o diálogo com os governadores opositores?
Evo Morales: Nós apostamos na autonomia. No referendo de 2006, a maioria dos bolivianos disse “Não”, mas em quatro regiões ganhou o “Sim”. Por isso garantimos autonomias na nova Constituição e sinto que é necessário criar um espaço no Poder Executivo, um ministério de Autonomias que comece a construir com os movimentos sociais uma autonomia baseada na legalidade e na solidariedade entre regiões. Mas alguns grupos confundem autonomia com separação ou independência.

Il Manifesto: Santa Cruz segue avançando direção de seu referendo autonomista de 4 de maio...
Evo Morales: Gostaríamos que parassem para que pudéssemos avançar juntos.

Il Manifesto: Se o diálogo fracassar segue valendo a proposta do referendo revogatório?
Evo Morales: Exato. Por isso dissemos que apostamos nas urnas e não nas armas.

Il Manifesto: Mas admitiu também que alguns setores campesinos pediram armas para defender o governo. Como é isso?
Evo Morales: Recebi algumas ligações telefônicas e sou transparente. Comentei com a imprensa que tergiversou sobre minhas declarações. Preocupou-me bastante receber chamadas de companheiros do campo e da cidade que me disseram textualmente: “Irmão presidente, quando era dirigente sindical você se fez respeitar, agora nós faremos respeitar, nos dê armas”. Eram fortes as chamadas. Em um certo momento tive que desativar meu celular, que atendo só de madrugada.

Il Manifesto: E qual foi sua resposta a esses pedidos?
Evo Morales: Por certo não estamos de acordo com isso. Disse que é preciso fazer uma revolução nas urnas e não com armas, e estamos cumprindo isso. Mas as agressões e humilhações causam estas reações em nossos companheiros. Inclusive houve uma marcha a La Paz pedindo-me armas. Tudo isso é provocado por uma direita racista que já me chamou de macaco. E se tratam o presidente como um animal, o que podem esperar os camponeses e indígenas?

Il Manifesto: O sr. se referiu ao Kosovo. Crê que pode ocorrer o mesmo na Bolívia?
Evo Morales: Quero que o mundo inteiro saiba é que há uma conspiração contra minha pessoa encabeçada pelo embaixador dos Estados Unidos (Philip Goldberg). Perguntemo-nos de onde veio o embaixador estadunidense (que atuou no Kosovo). Não vamos permitir que os Estados Unidos sigam conspirando para dividir a Bolívia com grupos oligárquicos e mafiosos. Se os EUA lutam contra a corrupção e a injustiça por que não extraditam o ex-presidente Gonzalo Sánchez de Lozada? (acusado por quase uma centena de mortes, produto da repressão na “guerra do gás” de 2003). Quando os povos se levantam, estas autoridades pró-império e pró-capitalistas correm para onde isso ocorre. Quando já não podem dominar, porque há democracias libertadoras e não comprometidas, os EUA fomentam a divisão.

Il Manifesto: Considera encerrado, com as desculpas do embaixador, o caso da utilização de bolsistas como informantes?
Evo Morales: O senhor Vincent Cooper (funcionário da segurança da embaixada dos EUA) é persona non grata para a Bolívia e o assunto está sendo investigado. Hoje sabemos que utilizam seus estudantes, que vêm com vontade de aprender, para fazer espionagem. Descobrimos até que a polícia boliviana fazia espionagem e perseguições para a embaixada-norte-americana.

Il Manifesto: Acredita que uma vitória democrata nos EUA poderia melhorar as relações?
Evo Morales: Entendo que há políticas de Estado nos EUA, mas gostaríamos que começassem a respeitar os direitos humanos e os processos de libertação e as transformações profundas que estão ocorrendo na América Latina. Para isso, devem pôr fim à prática da espionagem, da tentativa de submissão e da soberba. O ex-embaixador Manuel Rocha chamava-me de Bin Laden.

Il Manifesto: Como viu a saída de Fidel Castro do poder?
Evo Morales: Como o Che, Fidel é um símbolo imbatível para toda a humanidade. É um homem histórico. Em minhas conversas de horas e horas com Fidel ele sempre me falava da vida, da saúde e da educação Hoje isso se materializou na Bolívia com a Operação Milagre, com mais de 100 mil pessoas operadas dos olhos gratuitamente. Ficará um grande vazio.

* Entrevista publicada originalmente em Il Manifesto, Itália

Tradução: Marco Aurélio Weissheimer

"O socialismo cubano não deve deixar de sonhar"

Para o cantor, antes e depois de Fidel, o socialismo deve ser sempre aperfeiçoável. "Somos parte do chamado Terceiro Mundo, onde o modelo neoliberal está em crise. Ou seja, por história, por possibilidades, nível de desenvolvimento e até por geografia acho que o sistema que nos corresponde é o mesmo que temos, ou seja o socialismo", diz Silvio Rodriguez.

O cantor cubano fala em uma entrevista sobre a sucessão de Fidel e garante que não poderia suportar "que se pretenda humilhar nossa história e submeter nossa soberania"

Il Manifesto: Como você imagina a evolução do seu país depois da renúncia de Castro?
SILVIO RODRIGUEZ: Antes, e também depois, da renúncia de Fidel, meu desejo é que o socialismo cubano, sem deixar de pensar no amanhã, esteja também à altura das necessidades de hoje. Que não deixe de sonhar e desejar um ser humano e uma sociedade melhores, mas desde a perspectiva que a atualidade dá, não desde aquela que prefiguraram os pioneiros do socialismo. Uma vez eu já disse isso na Assembléia, quando fui Deputado: que o nosso socialismo devia ser sempre aperfeiçoável.

IM: Que papel terá o Partido Comunista Cubano (PCC)? Pode atrapalhar a abertura, se chegasse a ter uma?
SR: Desde a minha visão de homem sem partido, ainda que com critério, o PCC tem o dever de recolher todas as opiniões do país, não só a daqueles que estão em seu favor. O PCC, por ser partido único, está obrigado a ser plural e polêmico em si mesmo, porque as contradições, a crítica e a autocrítica são fontes muito importantes para o avanço de qualquer sociedade.

IM: E quanto à emigração e exílio?
SR: Ambas as palavras parecem substantivas. A gente diz emigração e pensa em economia, e diz exílio e imediatamente pensa em política. Acho que ambas podem ter um papel no futuro cubano, cada uma na sua medida. A emigração porque tem sido uma vítima da realidade. O exílio porque é uma resposta para si mesma. A única coisa que não suporta nem acho que venha a suportar a maioria dos cubanos é que se pretenda humilhar nossa história e submeter nossa soberania, e com isso trair os ideais de José Martí.

IM: Qual é o principal risco que corre Cuba neste novo período?
SR: Uma interpretação errada dos sinais sociais, ficarmos cegos diante da necessidade de um crescimento, apesar de que não acredito que isso seja o que vai acontecer. Eventualmente, também poderia aparecer algum "gênio" da Casa Branca que de repente decida "nos ajudar" com marines. Esse tipo de barbaridade está sempre latente, por desgraça.

IM: Você acha que a ingerência estrangeira poderia levar a Cuba para a Guerra Civil?
SR: Uma ingerência estrangeira fundiria a nação cubana na sagrada função de se defender.

IM: Que papel pode desempenhar a Espanha neste processo?
SR: Acho que o papel que está desempenhando ultimamente não está mal. Um diálogo fraterno sempre ajuda.

IM: Que modelo de país, que sistema você desejaria para o progresso de Cuba?
SR: Somos parte do chamado Terceiro Mundo, onde o modelo neoliberal está em crise, por ser caminho de exploração e submissão. Ou seja, por história, por possibilidades, por nível de desenvolvimento e até por geografia acho que o sistema que nos corresponde é o mesmo que temos, ou seja o socialismo. Também não tenho dúvida de que o socialismo algum dia pode ceder lugar a um sistema superior, mas isso ainda está por ver.

IM: Ainda é possível ser revolucionário?
SR: Em Cuba, na América Latina, sem dúvida. Espero que também seja possível, ou que pelo menos se compreenda, na Europa.

Tradução: Naila Freitas / Verso Tradutores

Thiago Espírito Santo - Thiago (2005)




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