Um blog de informações culturais, políticas e sociais, fazendo o contra ponto à mídia de esgoto.
segunda-feira, 26 de julho de 2010
Multa abre caminho para punir multi poluidora
Brizola Neto em seu blog Tijolaco
Uma notícia que não saiu, que eu visse, em qualquer jornal brasileiro, é importantíssima. A Justiça da Holanda condenou a multinacional Trafigura -
que opera na comercialização de petróleo e derivados – em 1 milhão de
Euros por ter ocultado a natureza tóxica de uma carga de gasolina com
alto teor de enxofre, transportada no navio Probo Koala e
tê-la exportado para Abdijan, na Costa do Marfim, sem antes saber se
haveria condição de tratar lá este lixo tóxico. A multa é menos
importante pelo seu valor em dinheiro – a Trafigura teve um lucro 340
vezes maior, ano passado – do que pelo caminho que abre para que a
empresa responda em diversas cortes pela intoxicação que seu produto
causou em milhares de marfinenses, levando 16 deles à morte, em 2006.
No ano seguinte, a empresa teria feito um acordo com o governo da
Costa do Marfim para evitar processos e iniciou uma ofensiva contra os
meios de comunicação para abafar o escândalo.
A Trafigura entrou com uma ação judicial para proibir o jornal britânico The Guardian de publicar um documento – conhecido como Relatório Milton – no qual especialistas atribuíam os problemas em Abidjan aos resíduos do Probo Koala. O jornal foi proibido de mencionar não só o relatório, como o próprio recurso judicial da Trafigura. Mas os detalhes do Relatório Milton,
e o próprio documento, rapidamente começaram a circular na Internet. A
ação foi movida também contra a BBC, que teve censurada, no final do
ano passado, uma peça jornalística anterior, com o título “Dirty tricks
and toxic waste in the Ivory Coast” (“Jogos sujos e lixo tóxico na
Costa do Marfim”). A estatal, porém, não parou de noticiar o caso.
A nossa imprensa, que diz estar tendo sua liberdade “ameaçada” –
ninguém sabe como nem porque – não se interessou em noticiar nem o caso,
nem a tentativa de abafá-lo na imprensa.
O Novo Transcendente
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Frei Betto * Adital
A história da humanidade é uma história de sujeições. No período
pré-moderno, sujeição aos deuses do politeísmo, ao Deus do monoteísmo,
ao Rei da monarquia e ao Povo (sujeito abstrato) da República. Havia
sempre uma figura do Outro ao qual todos deveriam se reportar.
* Escritor e assessor de movimentos sociais
Esse Grande Outro prescrevia o certo e o errado, o bem e o mal, a
graça e o pecado, a lei e o crime. O mundo se configurava de acordo com
os preceitos do Grande Outro. As alternativas eram simples: sujeitar-se
sob promessa de recompensa ou rebelar-se sob risco de punição.
Na modernidade, o Outro se multiplicou, adquiriu várias faces, descentralizou-se na diversidade de ideologias, sistemas de governo e crenças religiosas. Tanto a antiguidade quanto a modernidade nos remetiam à transcendência, ainda que fundada na razão. Se não era Deus, era o Partido, o líder supremo, as ideias inquestionáveis. Algo ou alguém nos precedia e determinava o nosso comportamento, incutindo-nos gratificação ou culpa.
A pós-modernidade, em cuja porta de entrada nos encontramos, promete fazer de nós sujeitos livres de toda sujeição. Seria a volta ao protagonismo exacerbado, em que cada indivíduo é a medida de todas as coisas. Já não se vive em tempos de cosmogonias e cosmologias, teogonias e ideologias. Agora todos os tempos convergem simultaneamente ao espaço reduzido do aqui e agora. Graças às novas tecnologias de comunicação, tempo e espaço ganham dimensão holográfica: cabem em cada pequeno detalhe do aqui e agora. Será que, de fato, a pós-modernidade nos emancipa do transcendente e da transcendência? Introduz-nos no "desencantamento do mundo" apontado por Max Weber?
A resposta é não.
Há um novo Grande Outro que nos é imposto como paradigma inquestionável: o Mercado. As sedutoras imagens deste deus implacável são disseminadas por seu principal oráculo: a publicidade. À semelhança de seu homólogo de Delfos, nos adverte: "Dize o que consomes e eu te direi quem és".
O grande teólogo desse novo deus foi Adam Smith. Inspirado na física de Newton, em "A riqueza das nações" e "A teoria dos sentimentos morais", Smith aplicou à economia a metáfora religiosa do Grande Relojoeiro que preside o Universo.
O relógio funciona graças à precisão mecânica fabricada por alguém fora dele e invisível a quem o porta: o relojoeiro. Assim, na opinião de Newton, seria o Universo. Na de Smith, a vida social regida por interesses econômicos. A diferença é que o Deus Relojoeiro de Newton é chamado de Mão Invisível por Smith. Segundo este, o egoísmo de cada um, guiado pela Mão Invisível, promoveria o bem de todos...
É exatamente o que afirma Milton Friedman, líder da Escola de Chicago: "Os preços que emergem das transações voluntárias entre compradores e vendedores são capazes de coordenar a atividade de milhões de pessoas, sendo que cada uma conhece apenas o próprio interesse".
Esse o fundamento do pensamento liberal e do sistema capitalista. É o principio do laisser faire, deixar (deus) fazer. O que, traduzido em termos políticos, significa desregulamentar, não apenas as esferas econômicas e políticas, mas também a moral. Abaixo a ética de princípios e viva a ética de resultados! Nesse protagonismo pós-moderno, cada ego é a medida de todas as coisas. O que imprime ao sujeito (no sentido latino de sujeição, submissão) a impressão de autonomia e liberdade.
O resultado do novo paradigma centrado no deus Mercado todos conhecemos: degradação ambiental; guerras; gastos exorbitantes em armas, sistemas de defesa e segurança; narcotráfico e dependência química; esgarçamento dos vínculos familiares; depressão, frustração e infelicidade.
Ainda é tempo de professarmos o mais radical ateísmo frente ao deus Mercado e, iconoclastas, apelarmos à ética para introduzir, como paradigma, a generosidade, a partilha dos bens da Terra e dos frutos do trabalho, a felicidade centrada nas condições dignas de vida e no aprofundamento espiritual da subjetividade.
Isso, contudo, só será possível se não ficarmos restritos à esfera da autoajuda, das terapias tranquilizadoras da alma para suportarmos o estresse da competitividade, e nos mobilizarmos comunitariamente para organizar a esperança em novo projeto político fundado na globalização da solidariedade.
Eis o desafio ético que, como assinalou José Martí, será capaz de articular emancipação política e emancipação espiritual.
[Autor de "A arte de semear estrelas" (Rocco), entre outros livros. www.freibetto.org twitter:@freibetto
Na modernidade, o Outro se multiplicou, adquiriu várias faces, descentralizou-se na diversidade de ideologias, sistemas de governo e crenças religiosas. Tanto a antiguidade quanto a modernidade nos remetiam à transcendência, ainda que fundada na razão. Se não era Deus, era o Partido, o líder supremo, as ideias inquestionáveis. Algo ou alguém nos precedia e determinava o nosso comportamento, incutindo-nos gratificação ou culpa.
A pós-modernidade, em cuja porta de entrada nos encontramos, promete fazer de nós sujeitos livres de toda sujeição. Seria a volta ao protagonismo exacerbado, em que cada indivíduo é a medida de todas as coisas. Já não se vive em tempos de cosmogonias e cosmologias, teogonias e ideologias. Agora todos os tempos convergem simultaneamente ao espaço reduzido do aqui e agora. Graças às novas tecnologias de comunicação, tempo e espaço ganham dimensão holográfica: cabem em cada pequeno detalhe do aqui e agora. Será que, de fato, a pós-modernidade nos emancipa do transcendente e da transcendência? Introduz-nos no "desencantamento do mundo" apontado por Max Weber?
A resposta é não.
Há um novo Grande Outro que nos é imposto como paradigma inquestionável: o Mercado. As sedutoras imagens deste deus implacável são disseminadas por seu principal oráculo: a publicidade. À semelhança de seu homólogo de Delfos, nos adverte: "Dize o que consomes e eu te direi quem és".
O grande teólogo desse novo deus foi Adam Smith. Inspirado na física de Newton, em "A riqueza das nações" e "A teoria dos sentimentos morais", Smith aplicou à economia a metáfora religiosa do Grande Relojoeiro que preside o Universo.
O relógio funciona graças à precisão mecânica fabricada por alguém fora dele e invisível a quem o porta: o relojoeiro. Assim, na opinião de Newton, seria o Universo. Na de Smith, a vida social regida por interesses econômicos. A diferença é que o Deus Relojoeiro de Newton é chamado de Mão Invisível por Smith. Segundo este, o egoísmo de cada um, guiado pela Mão Invisível, promoveria o bem de todos...
É exatamente o que afirma Milton Friedman, líder da Escola de Chicago: "Os preços que emergem das transações voluntárias entre compradores e vendedores são capazes de coordenar a atividade de milhões de pessoas, sendo que cada uma conhece apenas o próprio interesse".
Esse o fundamento do pensamento liberal e do sistema capitalista. É o principio do laisser faire, deixar (deus) fazer. O que, traduzido em termos políticos, significa desregulamentar, não apenas as esferas econômicas e políticas, mas também a moral. Abaixo a ética de princípios e viva a ética de resultados! Nesse protagonismo pós-moderno, cada ego é a medida de todas as coisas. O que imprime ao sujeito (no sentido latino de sujeição, submissão) a impressão de autonomia e liberdade.
O resultado do novo paradigma centrado no deus Mercado todos conhecemos: degradação ambiental; guerras; gastos exorbitantes em armas, sistemas de defesa e segurança; narcotráfico e dependência química; esgarçamento dos vínculos familiares; depressão, frustração e infelicidade.
Ainda é tempo de professarmos o mais radical ateísmo frente ao deus Mercado e, iconoclastas, apelarmos à ética para introduzir, como paradigma, a generosidade, a partilha dos bens da Terra e dos frutos do trabalho, a felicidade centrada nas condições dignas de vida e no aprofundamento espiritual da subjetividade.
Isso, contudo, só será possível se não ficarmos restritos à esfera da autoajuda, das terapias tranquilizadoras da alma para suportarmos o estresse da competitividade, e nos mobilizarmos comunitariamente para organizar a esperança em novo projeto político fundado na globalização da solidariedade.
Eis o desafio ético que, como assinalou José Martí, será capaz de articular emancipação política e emancipação espiritual.
[Autor de "A arte de semear estrelas" (Rocco), entre outros livros. www.freibetto.org twitter:@freibetto
Copyright 2010 - FREI BETTO - Não é permitida a reprodução deste artigo
em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem
autorização do autor. Assine todos os artigos do escritor e os receberá
diretamente em seu e-mail. Contato - MHPAL - Agência Literária (mhpal@terra.com.br)].
* Escritor e assessor de movimentos sociais
Banrisul instala em agência sensor que limita uso de banheiro
Equipamento foi instalado em unidade na zona sul de Pelotas-RS. Sindicato dos Bancários denuncia nova forma de assédio moral e constrangimento no trabalho.
Algumas agências do Banrisul da
região Sul do Estado estão adotando uma prática que, apesar de
inconcebível no mundo atual, é cada vez mais frequente em algumas
empresas: o assédio moral, conduta abusiva que pode ser praticada
através de gestos, palavras, comportamentos, atitudes.
O Assédio Moral atenta, seja por sua repetição ou sistematização, contra a dignidade ou integridade física de uma pessoa, ameaçando seu emprego ou degradando o ambiente de trabalho.
A situação numa determinada agência da região é talvez a que foi mais longe em termos de assédio: A gerência simplesmente instalou um sensor de presença nos banheiros da agência, onde os funcionários não podem permanecer por mais de um minuto, pois a luz se apaga após esse tempo.
Este é um inacreditável exemplo de onde o assédio pode chegar em termos de humilhação dos trabalhadores.
Essa exposição à tirania é mais frequente em relações hierárquicas autoritárias, nas quais predominam condutas negativas, relações desumanas de longa duração, exercidas por um ou mais chefes contra os subordinados, ocasionando a desestabilização da vítima com o ambiente de trabalho.
Veja algumas atitudes que caracterizam assédio moral:
O Assédio Moral atenta, seja por sua repetição ou sistematização, contra a dignidade ou integridade física de uma pessoa, ameaçando seu emprego ou degradando o ambiente de trabalho.
A situação numa determinada agência da região é talvez a que foi mais longe em termos de assédio: A gerência simplesmente instalou um sensor de presença nos banheiros da agência, onde os funcionários não podem permanecer por mais de um minuto, pois a luz se apaga após esse tempo.
Este é um inacreditável exemplo de onde o assédio pode chegar em termos de humilhação dos trabalhadores.
Essa exposição à tirania é mais frequente em relações hierárquicas autoritárias, nas quais predominam condutas negativas, relações desumanas de longa duração, exercidas por um ou mais chefes contra os subordinados, ocasionando a desestabilização da vítima com o ambiente de trabalho.
Veja algumas atitudes que caracterizam assédio moral:
- Controlar o tempo de permanência no banheiro através de sensor de presença (mais de um minuto a luz se apaga)
- Funcionários humilhados por meio de broncas, gritos e até xingamentos, levando-os ao choro e muitas vezes ao desgaste emocional;
- Quando há prática antisindical. É atribuída ao Sindicato e seus dirigentes a culpa por questões que são legítimas de serem defendidas, como cumprimento de leis, boas condições de trabalho, melhores salários, manutenção do emprego;
- Relações interpessoais hierárquicas que dividem os colegas entre colaboradores e não colaboradores, prática que piora substancialmente o ambiente de trabalho.
Vocês produzem, nós ganhamos!
Waldemar Rossi - Correio da Cidadania | |
A euforia toma conta do mercado financeiro e a mídia nos mostra isso
como uma grande vitória do país. Muita gente, desabituada a ver as
notícias com olhos críticos, acaba por recebê-las com um grande sorriso
nos lábios. Segundo a crença popular, cuja opinião é formada pelos meios
de comunicação, isso é um sinal de que o país caminha certo e que nosso
povo, finalmente, "terá paz e sossego na vida", como se canta durante a
passagem do dia 31 de dezembro para o primeiro de janeiro. Desabituado a
acompanhar no dia a dia o "vai e vem da valsa" financeira, não percebe
que isto é um mero jogo fiscal e que quem ganha é exatamente quem vive
como urubu que se nutre da carniça dos outros.
No último dia 19 a imprensa nos revelou que grandes empresas investiram
12 bilhões de dólares no país, entre janeiro e maio, na ciranda
financeira dos altos juros que nosso governo garante e que são, segundo a
mesma imprensa, os juros mais altos de todo o planeta.
A idéia que passa pela cabeça do povo é que a entrada de mais dinheiro
no país significa mais produção, mais emprego e melhores condições de
vida para todos. Infelizmente, inúmeros militantes partidários crêem que
isto é bom para o país ou simplesmente repassam a "boa nova" como
mérito do governo, até porque estão encastelados em gabinetes de
parlamentares e se vêem forçados a aceitar a versão dos chefes, que lhes
garantem uma renda mensal, também tirada do bolso do povo a quem
enganam.
Muito ruim para o povo que vai se alimentando da ilusão. Não sabem que o
enorme lucro que tais empresas financeiras obtêm da noite para o dia é
fruto da espoliação aplicada em cima do próprio povo; que em vez de
gerar mais desenvolvimento e distribuição de renda o que tais
investimentos fazem é retirar lucro daquilo que é produzido pelos que
trabalham; que o governo compra esses dólares com "papéis" oficiais,
pagando os tais juros mais altos do planeta, e que esses dólares são
aplicados no criminoso "superávit primário", que por sua vez serve para
pagar os serviços da dívida pública, sem, porém, fazê-la baixar. Até
pelo contrário, porque a dívida pública continua crescendo a passos de
elefantes e velocidade de guepardo.
Em ano eleitoral, tudo o que se pode usar para alavancar candidaturas é
usado e tido pelos espertos como válido, num condenável raciocínio de
que os fins justificam os meios. Fala-se muita mentira e outro tanto de
meias verdades para enganar os menos informados. Assim, o governante de
plantão é tido como um estadista porque se locomove com desenvoltura no
cenário internacional. E como não é nada bobo, e até muito "raposa",
aproveita dessa popularidade plantada pelos meios de comunicação para se
legitimar.
Mal compreende a maioria dos brasileiros que tal popularidade é também, e
muito, fruto de um belo plano do capital nacional e internacional para
garantir sua continuidade (seja com "A" ou com "B"), para que não se
mate "a galinha de ovos de ouro" dos juros e da dívida eterna. Afinal,
como nos informou o próprio presidente, "nunca antes neste país os ricos
ganharam tanto dinheiro como neste governo". Lembram-se desta frase?
"Há dezesseis anos que faço viagens internacionais para ‘vender’ Brasil e
essa é a primeira vez que venho exclusivamente para trabalhar renda
fixa" (altos ganhos com juros assegurados), relatou Dalton Gardman,
responsável pela área de pesquisa em renda fixa do Bradesco. Precisa
dizer mais?
Pois é isto o que pensa o capital. Os donos do dinheiro querem e
planejam para que aconteça: os povos de países como o Brasil devem
trabalhar e produzir ao máximo, pagar bons impostos porque essa é a
fonte dos nossos interesses.
Nós produzimos e eles faturam às nossas custas! E o povo torce por "S" ou por "D" chegar ao governo!
Waldemar Rossi é metalúrgio aposentado e coordenador da Pastoral Operária da Arquidiocese de São Paulo.
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