Waldemar Rossi - Correio da Cidadania | |
A euforia toma conta do mercado financeiro e a mídia nos mostra isso
como uma grande vitória do país. Muita gente, desabituada a ver as
notícias com olhos críticos, acaba por recebê-las com um grande sorriso
nos lábios. Segundo a crença popular, cuja opinião é formada pelos meios
de comunicação, isso é um sinal de que o país caminha certo e que nosso
povo, finalmente, "terá paz e sossego na vida", como se canta durante a
passagem do dia 31 de dezembro para o primeiro de janeiro. Desabituado a
acompanhar no dia a dia o "vai e vem da valsa" financeira, não percebe
que isto é um mero jogo fiscal e que quem ganha é exatamente quem vive
como urubu que se nutre da carniça dos outros.
No último dia 19 a imprensa nos revelou que grandes empresas investiram
12 bilhões de dólares no país, entre janeiro e maio, na ciranda
financeira dos altos juros que nosso governo garante e que são, segundo a
mesma imprensa, os juros mais altos de todo o planeta.
A idéia que passa pela cabeça do povo é que a entrada de mais dinheiro
no país significa mais produção, mais emprego e melhores condições de
vida para todos. Infelizmente, inúmeros militantes partidários crêem que
isto é bom para o país ou simplesmente repassam a "boa nova" como
mérito do governo, até porque estão encastelados em gabinetes de
parlamentares e se vêem forçados a aceitar a versão dos chefes, que lhes
garantem uma renda mensal, também tirada do bolso do povo a quem
enganam.
Muito ruim para o povo que vai se alimentando da ilusão. Não sabem que o
enorme lucro que tais empresas financeiras obtêm da noite para o dia é
fruto da espoliação aplicada em cima do próprio povo; que em vez de
gerar mais desenvolvimento e distribuição de renda o que tais
investimentos fazem é retirar lucro daquilo que é produzido pelos que
trabalham; que o governo compra esses dólares com "papéis" oficiais,
pagando os tais juros mais altos do planeta, e que esses dólares são
aplicados no criminoso "superávit primário", que por sua vez serve para
pagar os serviços da dívida pública, sem, porém, fazê-la baixar. Até
pelo contrário, porque a dívida pública continua crescendo a passos de
elefantes e velocidade de guepardo.
Em ano eleitoral, tudo o que se pode usar para alavancar candidaturas é
usado e tido pelos espertos como válido, num condenável raciocínio de
que os fins justificam os meios. Fala-se muita mentira e outro tanto de
meias verdades para enganar os menos informados. Assim, o governante de
plantão é tido como um estadista porque se locomove com desenvoltura no
cenário internacional. E como não é nada bobo, e até muito "raposa",
aproveita dessa popularidade plantada pelos meios de comunicação para se
legitimar.
Mal compreende a maioria dos brasileiros que tal popularidade é também, e
muito, fruto de um belo plano do capital nacional e internacional para
garantir sua continuidade (seja com "A" ou com "B"), para que não se
mate "a galinha de ovos de ouro" dos juros e da dívida eterna. Afinal,
como nos informou o próprio presidente, "nunca antes neste país os ricos
ganharam tanto dinheiro como neste governo". Lembram-se desta frase?
"Há dezesseis anos que faço viagens internacionais para ‘vender’ Brasil e
essa é a primeira vez que venho exclusivamente para trabalhar renda
fixa" (altos ganhos com juros assegurados), relatou Dalton Gardman,
responsável pela área de pesquisa em renda fixa do Bradesco. Precisa
dizer mais?
Pois é isto o que pensa o capital. Os donos do dinheiro querem e
planejam para que aconteça: os povos de países como o Brasil devem
trabalhar e produzir ao máximo, pagar bons impostos porque essa é a
fonte dos nossos interesses.
Nós produzimos e eles faturam às nossas custas! E o povo torce por "S" ou por "D" chegar ao governo!
Waldemar Rossi é metalúrgio aposentado e coordenador da Pastoral Operária da Arquidiocese de São Paulo.
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Um blog de informações culturais, políticas e sociais, fazendo o contra ponto à mídia de esgoto.
segunda-feira, 26 de julho de 2010
Vocês produzem, nós ganhamos!
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