quarta-feira, 18 de março de 2009

Sobre a mídia...

a circulação de jornais e as mudanças na mídia

Um estudo amplo sobre os dados do Instituto Verificador de Circulação (IVC) – que audita a tiragem de jornais e revistas – e do Ibope – para TV e rádio – comprova que a última década foi de mudanças estruturais. Essas modificações reduziram sensivelmente o papel e a influência da chamada grande mídia – categoria onde entram a Rede Globo, os jornais Folha de S.Paulo, Estado de S. Paulo, O Globo, Jornal do Brasil e Correio Braziliense. E um sensível aumento de competidores, da imprensa do interior e dos jornais populares.

Por Luis Nassif, em seu blog



Entre as TVs abertas, a Globo tinha um share de audiência de 50,7% em 2001. Chegou a bater em 56,7% em 2004 – coincidindo com a queda de audiência do SBT. Hoje está em 40,6% – coincidindo com a subida da TV Record – que saiu de 9,2% em 2001 para 16,2%.

Nas três últimas semanas, o Jornal Nacional deu 26% de audiência em São Paulo. Seis anos atrás, era de 42%. Nessa época, quando o JN caiu para 35% houve um reboliço na Globo. A ponto de edições do JN terem blocos de 22 minutos com várias matérias de apelo.

Aparentemente, perdeu esse pique.

O que interessa

Com os jornais da chamada grande mídia, repete-se o mesmo fenômeno. O estudo dividiu os jornais entre tradicionais (Folha, Estado, Globo, JB e Correio Braziliense), jornais das capitais, jornais do interior e jornais populares.

De 2001 a 2009, os tradicionais perderam 300 mil exemplares diários – de 1,2 milhão para 942 mil, queda de 25%. Os jornais de capitais (excetuando os do primeiro grupo) cresceram de 1,2 milhão para 1, 37 milhão – crescimento de 10,5%. Os jornais populares passaram de 663 mil para 1,2 milhão – alta de 85%. E os jornais do interior saltaram de 300 mil para 552 mil – alta de 83,5%.

Não apenas isso. Nos últimos anos, gradativamente os jornais estão se desvencilhando da pauta da chamada grande mídia. Antes, havia um processo de criação de ondas concêntricas em torno dos temas levantados pelo núcleo central, com os demais jornais acompanhando as manchetes e as análises.

De alguns anos para cá, essa dependência cessou. Um estudo de caso analisou bem essa diferença de enfoque. Lula esteve em São Paulo. Anunciou que as informações do INSS seriam fornecidas em três horas. Os grandes jornais e o JN deram destaque para a visita a uma sinagoga (para repercutir a questão do Holocausto) e para intrigas políticas. Todos os jornais populares, do interior e das capitais, deram destaque àquilo que interessava diretamente ao seu leitor: a diminuição dos prazos de informações do INSS.

Caminho longo

Esse exemplo sintetiza a armadilha na qual se meteu nos últimos anos a chamada grande mídia. Perdeu-se a noção dos temas relevantes ao leitor. Em vez de buscar a informação útil, enrolaram-se no chamado jornalismo de intriga – sempre procurando frases ou enfoques que privilegiassem conflitos.

Enquanto isto, os jornais populares – com exceção dos paulistanos (Agora, Diário de S.Paulo e Jornal da Tarde), que não decolaram – passaram a tratar dos temas de interesse de seu público, assim com os jornais de interior e da capital.

Vai ser um longo trajeto para recuperar os princípios do jornalismo.




Apicultores uruguaios em Emergência Nacional por causa de agroquímicos









Adital -

A Sociedade Apícola do Uruguai (SAU) exige, desde o final de ano passado, que se proíbam as aspersões com Fipronil, que provocaram a morte de milhares de colméias no país. A Rede de Ação em Praguicidas e suas alternativas para América Latina (RAP-AL Uruguai) acompanha a demanda da SAU.

Esta Rede vem denunciando os perigos do Fipronil desde o ano 2004. Além disso, se exige a realização de estudos de impacto ambienta deste e de outros inseticidas. O Fipronil foi estabelecido como substituto do Mirex (para combater formigas) pelo Ministério da Pecuária, Agricultura e Pesca (MGAP) no ano de 2004, quando na França já tinha sido suspensa a venta do produto.

RAP-AL denuncia que essa substância afeta particularmente as abelhas, mas também peixes e aves, e que é nociva para a saúde humana e animal em geral. Entre 2005 e 2008, as importações de Fipronil se multiplicaram vinte vezes no Uruguai. No mês de dezembro passado, houve no Uruguai uma praga de insetos em vários departamentos.

Segundo a coordenadora de RAP-AL Uruguai, Maria Isabel Cárcamo, o governo recomendou o uso do Fipronil para combatê-las. Para RAP-AL, isso "foi uma aberração terrível porque matou milhares de colméias em todo o país". os departamentos mais afetados foram Colonia, Florida, Paysandu e Flores. Em finais de fevereiro de 2009, a Direção Geral de Serviços Agrícolas (DGSA) resolveu uma restrição parcial do uso do Fipronil, proibindo seu uso "em floração de cultivos, prados e campos naturais".

RAP-AL entende que embora isso possa ser considerado um "avanço", "é a todas luzes insuficiente". Segundo Cárcamo, a restrição "nada diz de que não possa seguir usando em outros cultivos onde não haja floração".

A nota é da Púlsar