quinta-feira, 30 de outubro de 2008

A QUEM SERVIU O ÓDIO À ESQUERDA?

blog do Luiz Carlos Azenha

No post anterior falei sobre a ascensão dos neocons nos Estados Unidos, em aliança com a direita religiosa.

Faltou a pergunta principal: a quem serviu o ódio aos "liberais" e aos "esquerdistas", que esteve no centro do discurso disseminado pelos neocons em revistas, seminários, palestras, livros, na internet, no rádio e na televisão?

A quem servem Reinaldo Azevedo, Demétrio Magnoli, Ali Kamel e essa turma no Brasil? Trata-se apenas do bom combate ideológico?

Siga o dinheiro, é o que sugiro. Nos Estados Unidos os institutos que deram empregos e bolsas de estudos aos neocons foram financiados pelos capitães da indústria, que também financiaram revistas como a Weekly Standart e outras através de publicidade.

Alguns dos neocons atingiram um status financeiro notável, não só por conta de seu trabalho intelectual, mas em atividades na iniciativa privada, especialmente na área de consultoria.

Quais as idéias que eles promoveram?

-- Uma política externa ativista dos Estados Unidos, com o uso do poderio militar sempre que necessário.

Beneficiados: os fabricantes de armas.

-- Ataques aos sindicatos como corruptos ou símbolos do atraso.

Beneficiados: empresas que combateram e combatem a sindicalização -- Wal Mart, por exemplo -- como forma de "flexibilizar" o uso de mão-de-obra, cortar salários e benefícios.

-- Ataques ao funcionalismo público como "ineficiente" e custoso para a sociedade.

Beneficiados: todos aqueles que defendiam a redução da carga tributária na versão implantada por George W. Bush.

-- Ataques aos programas sociais do governo, como o "welfare", que dá ajuda a famílias de baixa renda.

Beneficiados: todos aqueles que defendiam a redução da carga tributária das empresas.

-- Ataques a um sistema nacional de saúde como "socializante".

Beneficiados: indústria farmacêutica e empresas de seguros de saúde privados.

-- Ataques ao Social Security, a previdência social dos Estados Unidos, com pedidos de privatização.

Beneficiados: empresas de previdência privada, como as que administram os planos 401(k), em que as aposentadorias rendem de acordo com as ações na bolsa de Valores de Nova York; através do pagamento de taxas e comissões esse sistema transferiu bilhões de dólares dos trabalhadores para as corretoras de Wall Street.

-- Ataques generalizados ao "governo que pesa nas costas do trabalhador" e pregação do "estado mínimo"

Beneficiados: as empresas que tiveram sua carga tributária reduzida; também tiveram os custos reduzidos por conta da desregulamentação do sistema financeiro; da perda de poder das agências fiscalizadoras do governo, dentre as quais a Food and Drug Administration (FDA), encarregada de alimentos e remédios; a FCC (Federal Communications Comission), que zelava por evitar a formação de monopólios da mídia; a EPA (Environment Protection Agency), encarregada de zelar pelo meio ambiente.

-- Ataques ao feminismo e a todos os movimentos sociais organizados.

Beneficiados: os empregadores, com a desmobilização dos grupos de pressão que defendiam direitos.

De acordo com o ex-presidente Bill Clinton, nos últimos oito anos 90% de toda riqueza gerada na economia americana beneficiou aos 10% mais ricos. Agora vocês entendem a quem serviram os neocons?

Yeda entra com ação contra piso dos professores e decide cortar ponto de grevistas


A governadora Yeda Crusius (PSDB) ingressou nesta quarta-feira, no Supremo Tribunal Federal (STF), com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) contra o piso nacional dos professores, fixado em R$ 950,00. Ela alega que o governo não tem como pagar o piso nacional. Além disso, diz a governadora, o pagamento do piso exigiria uma mudança completa do orçamento do Rio Grande do Sul. Yeda também assinou o decreto que determina corte no salário dos servidores públicos que entrarem em greve. O documento foi publicado no Diário Oficial desta quarta-feira.

O decreto provocou reação imediata dos policiais civis com paralisação marcada para o dia 4 de novembro. O sindicato da categoria (Ugeirm) criticou duramente a decisão:

“Yeda Rorato Crusius ameaça cortar ponto de policiais paralisados. A tucana, depenada pelas inexplicáveis situações que rondam seu governo e sua própria casa, baixou hoje, dia 29, um decreto. É um tiro. O alvo é você. Compete a você, e somente a você, fazer com que esse tiro saia pela culatra. No pior estilo paulista de tratar com as reivindicações dos policiais civis, a conhecida arrogância do Palácio Piratini partiu para a ofensiva. A governadora pretende fazer do delegado de Polícia, igualmente vítima do arrocho salarial, o X-9 que vê a miséria dos agentes e deve delatar os injustiçados que não têm mínimas condições de trabalho”.

“Antes nos enrolava, agora tem a cara-de-pau de tentar nos constranger! Justo ela, que ganhou 143% de aumento. Ágil numa tentativa de intimidação, às vésperas de mais três dias de protesto. Falta coragem à governadora e isso não nos falta. Yeda é um vexame público”.