sexta-feira, 2 de maio de 2008

Consumo Solidário e Responsável
Como deveria ser o consumo humano?

Por Leonardo Boff.

O consumismo que a cultura do capital gestou está na base da fome de bilhões de pessoas e da atual falta de alimentos da humanidade. Face a tal situação como deveria ser o consumo humano?

Em primeiro lugar o consumo deve ser adequado à natureza do ser humano. Esta, por um lado, é material, enraizada na natureza e precisamos de bens materiais para subsistir. Por outro lado, é espiritual que se alimenta com bens intangíveis como a solidariedade, o amor, a acolhida e a abertura ao Infinito. Se estas duas dimensões não forem atendidas nos tornaremos anêmicos no corpo e no espírito. Em segundo lugar, o consumo precisa ser justo e equitativo. A Declaração dos Direitos Humanos afirma que a alimentação é uma necessidade vital e por isso um direito fundamental de cada pessoa humana (justiça) e conforme as singularidades de cada um (equidade). Não atendido este direito, a pessoa se confronta diretamente com a morte.

Em terceiro lugar, o consumo deve ser solidário. É solidário aquele consumo que supera o individualismo e se auto-limita por causa do amor e da compaixão para com aqueles que não podem consumir o necessário. A solidariedade se expressa pela partilha, pela participação e pelo apoio aos movimentos que buscam os meios de vida, como terra, moradia e saúde. Implica também a disposição de sofrer e de correr riscos que tal solidariedade comporta.

Em quarto lugar, o consumo há de ser responsável. É responsável o consumidor que se dá conta das conseqüências do padrão de consumo que pratica, se suficiente e decente ou sofisticado e suntuoso. Consome o que precisa ou desperdiça aquilo que vai faltar na mesa dos outros. A responsabilidade se traduz por um estilo sóbrio, capaz de renunciar não por acetismo mas por amor e em solidariedade para com os que sofrem necessidades. Trata-se de uma opção pela simplicidade voluntária e por um padrão conscientemente contido, que não se submete aos reclamos do desejo nem às solicitações da propaganda. Mesmo que não tenha conseqüências imediatas e visíveis, esta atitude vale por ela mesma. Mostra uma convicção que não se mede pelos efeitos esperados mas pelo valor que esta atitude humana possui em si mesma.

Por fim, o consumo deve ser realizador da integralidade do ser humano. Este tem necessidade de conhecimento e então consumimos os muitos saberes com o discernimento sobre qual deles convém e edifica. Temos necessidade de comunicação e de relacionamentos e satisfazemos esta necessidade alimentando relações pessoais e sociais que nos permitem dar e receber e nesta troca nos complementamos e crescermos. Às vezes esta comunicação se realiza participando de manifestações em favor da justiça, da reforma agrária, do cuidado pela água potável, da preservação da natureza, ou também vendo um filme, assistindo a um concerto, indo a um teatro, visitando uma exposição artística, participando de algum debate. Temos necessidade de amar e de sermos amados. Satisfazemos esta necessidade amando com gratuidade as pessoas e os diferentes de nós. Temos necessidade de transcendência, de ousarmos e de estarmos para além de qualquer limite imposto, de mergurlharmos em Deus com quem podemos comungar. Todas estas formas de consumo realizam a existência humana em suas múltiplas dimensões.

Estas formas de consumo não custam e não gastam energia, pressupõem apenas o empenho e a abertura para a solidariedade, para a compaixão e para a beleza.

Tudo isso não traduz aquilo que pensamos quando falamos em felicidade?

Curtas de Aki Kaurismäki


Curtas de Aki Kaurismäki
(Rocky VI, Thru The Wire, L. A. Woman,
These Boots, Those Were The Days)

Release exclusivo MKO

Cinco vídeos promocionais do grupo Leningrad Cowboys dirigidos por Aki Kaurismäki. Os vídeos contêm, em sua maioria, narrativas deliciosamente absurdas. Rocky VI é uma suposta continuação dos filmes do Sylvester Stalone, dessa vez ambientado na Rússia. Thru The Wire conta a história de um criminoso que escapa da prisão nos EUA e acaba por participar de um show dos Leningrad Cowboys. Those Were The Days é ambientado em Paris, onde um homem encontra dificuldades em ser aceito com seu burro. These Boots é uma versão peculiar da música cantada por Nancy Sinatra e pretende ser uma metáfora da História da Finlândia. L. A. Woman é um clipe da banda Leningrad Cowboys cantando ao vivo, numa performance curiosa.

Gênero: Curta
Diretor: Aki Kaurismäki
País de Origem: Finlândia
Idioma do Áudio: Inglês
IMDB / Ano / Duração:
Rocky VI (1986): 9 min
Thru the Wire (1987): 6 min
Those Were the Days (1992): 6 min
These Boots (1992): 5 min
L. A. Woman (1987): 6 min
Qualidade de Vídeo: DVD Rip
Vídeo Codec: DX50
Áudio Codec: mpga
Áudio Bitrate: 128 Kbps
Resolução: 704x528
Frame Rate: 25.000 FPS
Tamanho: 345 Mb

NÃO ESQUEÇA DE FAZER O REGISTRO NO MAKINGOFF ANTES DE BAIXAR O FILME

Download via torrent:
Arquivo anexado Aki_Kaurismaki_Short_Films.torrent


Enquanto isso, na Bolívia...

Evo nacionaliza companhia telefônica e três petrolíferas


O presidente da Bolívia, Evo Morales, nacionalizou nesta quinta-feira (1º), por decreto, três petrolíferas (que possuíam participação de investidores britânicos, peruanos e alemães). A companhia telefônica Entel, filial da multinacional italiana Telecom, também foi nacionalizada.


Com os decretos promulgados por Evo, em um ato na Plaza Murillo, em La Paz, o Estado boliviano passa a controlar 50% mais uma das ações da Chaco, do grupo British Petroleum (BP), e da Transredes, controlada pela britânica Ashmore e a anglo-holandesa Shell. Além disso, o Estado também adquire 100% do capital da Companhia Logística de Hidrocarbonetos, que estava em mãos de investidores peruanos e alemães.

Agora, a companhia estatal Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB) terá a maioria acionária na Andina e lhe permitirá, após 25 anos, participar das operações da empresa.

Como foi o processo

Para obter tais mudanças, o governo da Bolívia e a empresa hispano-argentina Repsol YPF assinaram um contrato que estipula que o país sul-americano venha a recuperar a condição de acionista majoritário da Andina, filial da Repsol YPF e cuja administração passará a ser compartilhada.

O acordo foi alcançado quando se completam exatamente dois anos do decreto pelo qual o presidente boliviano, Evo Morales, ordenou a nacionalização do setor de hidrocarbonetos e após intensas negociações mantidas nas últimas horas. Na quarta-feira expirou o prazo decretado no final de março por Morales para completar o processo de nacionalização. A medida afetou justamente as petrolíferas Chaco, Transredes e Companhia Logística de Hidrocarbonetos.

"Missão cumprida"

O ministro de Hidrocarbonetos boliviano, Carlos Villegas, disse que nos próximos dias será assinado um acordo de acionistas que fixará o modelo de "operação mista" para Andina, onde as cotas acionárias determinarão a participação da YPFB e da Repsol na Junta de Acionistas, no diretório, e na administração e gestão da empresa.

"Missão cumprida na negociação com a Repsol", disse Villegas ao líder, após expressar o compromisso do Governo para que a Repsol-Andina mantenha seus níveis de eficiência e rentabilidade e garantir uma política energética que assegure as demandas internas e externas do mercado.

Operação-modelo

Por sua parte, o diretor de Prospecção e Produção da Repsol YPF na Argentina, Tomás García Blanco, destacou que este acordo dá início a "uma nova etapa" na qual vão "conseguir uma operação-modelo conjunta" que "pode ser exemplo de sinergia e de trabalho em equipe entre uma companhia estadual e uma companhia privada".

A companhia petrolífera hispano-argentina Repsol YPF obteve em 2007 um resultado operacional de suas atividades na Bolívia de 92 milhões de euros (US$ 146 milhões), segundo dados da firma. O número equivale a 1,6% de seu lucro operacional consolidado, que chegou a 5,808 bilhões de euros (US$ 9,177 bilhões).

Fórum constata poucos avanços políticos e econômicos no governo Colom

Adital


Nos primeiros meses do governo Alvaro Colom, o Fórum Guatemala, composto por organizações sociais, fez uma análise da situação econômica e política do país, e incluiu que houve poucos avanços; especialmente, no que diz respeito à violência, tema que mais preocupa a população.

A população está submetida diariamente à violência de ações do narcotráfico e de gangues que disputam entre si controle territorial, sem que as estruturas de segurança guatemaltecas tenham capacidade de prevenção, combate e sanção. No âmbito da violência, tem um destaque negativo também a violência contra a mulher.

O feminicídio, que é o assassinato de mulheres em razão do gênero, segue fazendo vítimas em todas as faixas etárias no país. Segundo dados da Anistia Internacional, só entre 2002 e 2007, mais de 2.900 mulheres foram assassinadas no país, sem que 70% dos casos tenham sido sequer investigados. "As ações realizadas (pelo Estado) não reduzem os níveis de impunidade nos casos", disso o Fórum.

Para diminuir à violência, o Fórum pede que no marco da Lei de Segurança se estabeleça "uma estratégia nacional de segurança que incorpore a diversas instituições públicas, municipais, locais e de sociedade civil, que, além disso, se veja claramente refletido no Orçamento Nacional". É preciso ainda melhorar a efetividade da investigação criminal e dispor de uma maior movimentação da Polícia Nacional Civil para a prevenção do delito.

A economia, que no começo do ano gerou grandes expectativas de crescimento, está afetada pelo aumento nos preços do petróleo, milho, arroz e trigo, que já atingiu o mercado interno é elevou o preço da cesta básica.

Segundo o Fórum, para que esse crescimento corresponda às expectativas deve estar apoiado em uma gestão macroeconômica responsável, "cujos principais indicadores registram um nível saudável de reservas, estabilidade cambial e um manejo adequado das taxas de lucro".

O temor do Fórum é de que a economia seja afetada também por uma possível queda no envio de remessas do exterior, pela massiva deportação de guatemaltecos dos Estados Unidos, e pelo desemprego que afeta o país nortista, e em conseqüência a mão de obra estrangeira no país, resultado da recessão.

A escassez de alimento está causando problemas de segurança alimentar e nutricional também na Guatemala. Os índices de mortalidade infantil em conseqüência da fome e da desnutrição no país aumentaram. Assim, o Fórum pede o desenvolvimento de uma estratégia, junto aos agricultores e indígenas, que melhore a capacidade produtiva do país.


Nawang Khechog - Quiet Mind (The Musical Journey of a Tibetan Nomad)
1991 | MP3@256 Kbps | 54:36 min | 100,52 MB

http://i002.radikal.ru/0804/c0/bba142ac6801.jpg


01 - Year of Tibet
02 - Nomads of the Tibetan High Plateau
03 - The Flight of a Shepherd Boy
04 - Freedom in Exile
05 - A Sad Return to My Birthplace
06 - Giving and Forgiving
07 - The Power of Morality and Patience
08 - With Mindfulness and Wisdom
09 - Creating an Enlightened Society

Downloads abaixo:
http://rapidshare.com/files/111035745/nk_qm.part2.rar
http://rapidshare.com/files/111036350/nk_qm.part1.rar


Solta o Pavão

Esse é um disco que acabou se tornando meio que um "cult" entre os admiradores de Jorge Ben. É o sucessor de A Tábua de Esmeralda, e na verdade ele é um play que não fez muito sucesso, mas todas as faixas são ótimas! Não é de se estranhar que um disco tão bom não tenha repercutido muito, afinal de contas não é nada fácil ser lançado depois da obra-prima.


Jorge Ben - Solta o Pavão
1. Zagueiro
2. Assim Falou Santo Tomaz De Aquino
3. Velhos, Flores, Criancinhas E Cachorros
4. Dorothy
5. Cuidado Com O Bulldog
6. Para Ouvir No Rádio
7. O Rei Chegou, Viva O Rei
8. Jorge Da Capadócia
9. Se Segura Malandro
10. Dumingaz
11. Luz Polarizada
12. Jesualda

Créditos: TrabalhoMental - Kryz

A função racial da Universidade

Como já não é possível condenar as cotas sociais, os conservadores deciciram atacar a discriminação positiva em favor dos negros. Declaram-se republicanos e meritocratas. É como se vivessem num país onde não houve escravidão e não é preciso enfrentar agora a desigualdade racial

Bruno Cava -LeMonde-Brasil

"The past isn’t dead and buried. In fact, it isn’t even past."

— - William Faulkner
[1]

A partir de 2002, as medidas afirmativas de cotas raciais intensificaram o debate e polarizaram o campo político de esquerda e direita. As primeiras universidades a reservar vagas de forma generalizada a negros e indígenas foram a Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e a Universidade Estadual do Norte Fluminense. Uma lei estadual fluminense, de 2001, determinou que as entidades reservassem, no vestibular, cotas de 20% para estudantes de escolas públicas, 20% para negros, 5% para indígenas e 5% para pessoas portadoras de deficiência. Desde então, pelo menos 32 outras entidades do ensino superior — como a UFRGS, a UFPE, a UEPB --- instituíram sistemática similar, seja mediante decisões legislativas, seja por deliberações internas.

As primeiras turmas da UERJ sob o novo regime de admissão graduaram-se no ano passado, sem registro de conflitos raciais sérios e com aproveitamento igual às turmas anteriores. Nessa universidade, os estudantes cotistas mantiveram um coeficiente de rendimento médio entre 5% abaixo e 5% acima dos demais, dependendo do curso. Isto é, não houve qualquer diferença mensurável de rendimento acadêmico entre alunos cotistas e não-cotistas.

Certamente não houve "queda do nível". Como também não houve com os ingressos do Programa Universidade para Todos (Prouni), que assegura bolsas para alunos pobres em faculdades privadas. Estes foram até melhor do que os outros, inclusive os admitidos no Prouni pelo critério racial. Se, de um lado, a política afirmativa não é um sucesso absoluto — principalmente nos cursos de menor procura, em que sobram vagas —, por outro "mudou a cara" da universidade, trazendo um colorido todo-especial de novas demandas, valores, idéias, estilos.

Apesar dos bons resultados e de 65% dos brasileiros apoiarem as cotas raciais (pesquisa Datafolha de 2006), a resposta reacionária a elas persiste. Por envolverem critério racial, as cotas vêm recebendo bombardeio mais feroz que as demais políticas de inclusão, tais como as vagas para estudantes de escolas públicas. Para muitos, o problema é a cor da cota. Na UFRGS, alguns gaúchos "indignados" picharam em letras garrafais, à frente do campus: "Negro só se for na cozinha do HU". Outros adversários, mais sofisticados, publicam livros extensos e "imparciais", para provar que a cota racial é ruim, porque não somos racistas.

Muitos mantêm uma atitude tipicamente brasileira: ser contrário em silêncio e guardar o racismo para si, negando-o, menosprezando a história do Brasil. Mas nem sempre o racismo é tão "cordial", como se viu no episódio dos estudantes africanos na UnB, ocasião em que se ateou fogo às suas portas, bem ao estilo Ku-klux-klan.

Argüir que cientificamente não há como definir a raça é tão estúpido quanto afirmar que o negro não existe. A raça não é um conceito biológico. Envolve noções culturais, econômicas e políticas

Que o Brasil seja um país racista é de uma evidência de doer aos olhos. Historicamente racista, economicamente racista, esteticamente racista, culturalmente racista. A democracia racial é um mito que serve à perpetuação das desigualdades socioeconômicas com modulação racial. A tese do povo brasileiro como miscigenação do branco, do indígena e do negro – o mestiço como o substrato da brasilidade – camufla a nossa história, que é a da explícita hegemonia do branco. A elite branca predomina nos cargos públicos de alto escalão, nas chefias empresariais e na direção da grande imprensa.

Negar a existência do racismo no Brasil é esquecer a desmesurada escravidão, que forjou os primeiros séculos desta sociedade. Como se, da abolição aos dias de hoje, aquela multidão de escravos tivesse sido incluída na partilha da produção de bens sociais. Não. A travessia formal do escravo ao negro liberto deu-se sem política de inclusão digna de nota. Manteve-se a posição explorada, subalterna, marginal, sob ininterrupta disciplina policial e preconceito racial. Da capoeira ao samba, do hip hop ao funk. No racismo, trata-se de reconhecer a ligação concreta entre a situação desvantajosa do escravo e a situação desvantajosa do negro no presente.

Argüir que cientificamente não há como definir a raça é tão estúpido quanto afirmar que o negro não existe. A raça não é um conceito biológico. A raça envolve noções culturais, econômicas e políticas. O negro existe. É o resultado de um processo de exploração atravessado por migrações forçadas, alienação do trabalho e repressão violenta, que não cessou até hoje e no qual a cor — seja ela "parda", "mulata", "escura", "morena" – é somente uma manifestação.

A cota puramente econômica não é suficiente. Mesmo que, em princípio, o branco-pobre tenha as mesmas chances do negro-pobre, eles não têm as mesmas chances na sociedade

A ação afirmativa não fomenta o racismo, porém o reconhece para daí se fazer justiça frente a seus efeitos. Fingir que as diferenças não existem não as faz desaparecer como por mágica. O caso não é eliminar as diferenças raciais, mas não permitir que elas sigam refletindo brutais desigualdades. Se reconhecer a obviedade de que existam raças é racismo, então é necessário por assim dizer ser "racista", pois só assim se poderá viabilizar a discriminação positiva.

Alegar que a cota racial é incompatível com a república, por causa da cidadania formal, é viver num mundo abstrato de conto-de-fadas, que favorece a perpetuação das disparidades e da injustiça. A igualdade formal achata as diferenças materiais que são a própria substância da justiça. Tratar os desiguais na medida da desigualdade... Absolutizar a meritocracia é consagrar o egoísmo e o individualismo. Ademais, a meritocracia sozinha é injusta, porque o concurso é uma fotografia que não capta a estrutura socioeconômica e familiar, que também determina o preparo dos concursandos. O concurso não pode ser um critério exclusivo.

A cota puramente econômica não é suficiente. Mesmo que, em princípio, o branco-pobre tenha as mesmas chances do negro-pobre no vestibular, eles não têm as mesmas chances na sociedade como um todo. A Universidade não é um microcosmo nem uma torre de marfim, como a enxergam muitos intelectuais. A universidade conecta-se à sociedade. A sociedade justa depende do ensino justo, que por isso mesmo é o melhor ensino.

Defender a melhoria genérica do ensino fundamental e médio como medida "menos gravosa" às quotas significa mandar a ação afirmativa às calendas gregas, perpetuando a ditadura racial. Uma coisa é diferente da outra. As duas políticas não se excluem, elas se complementam. Passaram-se muitos anos de desídia e hipocrisia nessa questão. A exigência é realizar a democracia racial – no concreto das diferenças – não daqui a cem, vinte ou dez anos, mas aqui e agora. Já!

A militância dos movimentos negros é a melhor maneira de fazer frente à opressão racial. Através da resistência, manifesta seu projeto de justiça e se define como sujeito político. Mais do que em um catálogo de diferenças empíricas, é na própria luta comum que se assenta a singularidade da raça. Expressa-a perante uma sociedade que – da esquerda à direita, a juventude inclusive – não lhe endossa e, quando o faz, resume-se à cômoda indignação.


Adilson Troca recebe ordens para enterrar a CPI do Detran o mais rápido possível


O relator da CPI do Detran, deputado Adilson Troca (PSDB), recebeu ordens da governadora Yeda Crusius (PSDB) para enterrar as investigações da comissão o mais rápido possível. A determinação, extensiva a toda base de apoio do governo na Assembléia, está fazendo com que os tucanos e seus aliados deixem as sutilezas de lado. E a prudência também. Os últimos movimentos e declarações de Troca colocam sob suspeita o relatório que ele produzirá sobre os trabalhos da CPI.

O deputado tucano deixou a entender que manteve contato com um dos principais acusados de envolvimento na fraude do Detran, o empresário-lobista Lair Ferst. Foi o próprio Troca que revelou a vontade de Lair: “Ele não vai ficar de cabeça baixa e vai falar mesmo”, disse o deputado tucano ao defender a convocação imediata do empresário para depor. A idéia é acelerar o máximo os depoimentos, não prorrogar os trabalhos da CPI e produzir um relatório morno, sem maiores problemas para o governo.

Para tanto, Troca apresentou uma proposta para acelerar as sessões da CPI. Essa proposta prevê a realização de até cinco oitivas num só dia. A deputada Stela Farias (PT) fez as contas: com um tempo médio de três horas por depoimento, a sessão, que inicia às 18 horas, só terminaria às 8 horas da manhã seguinte. “Esse plano de trabalho é uma receita de pizza”, acusou Stela.

Técnico contábil de formação, Adilson Troca faz as contas para enterrar a CPI nas próximas semanas. Já diz que trabalhará “de manhã, de tarde e de noite” para terminar logo o relatório. Quer se livrar logo da missão recebida da governadora Yeda Crusius.

A imagem do deputado pizzaiolo é do site PTSul.

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