sexta-feira, 2 de maio de 2008

Enquanto isso, na Bolívia...

Evo nacionaliza companhia telefônica e três petrolíferas


O presidente da Bolívia, Evo Morales, nacionalizou nesta quinta-feira (1º), por decreto, três petrolíferas (que possuíam participação de investidores britânicos, peruanos e alemães). A companhia telefônica Entel, filial da multinacional italiana Telecom, também foi nacionalizada.


Com os decretos promulgados por Evo, em um ato na Plaza Murillo, em La Paz, o Estado boliviano passa a controlar 50% mais uma das ações da Chaco, do grupo British Petroleum (BP), e da Transredes, controlada pela britânica Ashmore e a anglo-holandesa Shell. Além disso, o Estado também adquire 100% do capital da Companhia Logística de Hidrocarbonetos, que estava em mãos de investidores peruanos e alemães.

Agora, a companhia estatal Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB) terá a maioria acionária na Andina e lhe permitirá, após 25 anos, participar das operações da empresa.

Como foi o processo

Para obter tais mudanças, o governo da Bolívia e a empresa hispano-argentina Repsol YPF assinaram um contrato que estipula que o país sul-americano venha a recuperar a condição de acionista majoritário da Andina, filial da Repsol YPF e cuja administração passará a ser compartilhada.

O acordo foi alcançado quando se completam exatamente dois anos do decreto pelo qual o presidente boliviano, Evo Morales, ordenou a nacionalização do setor de hidrocarbonetos e após intensas negociações mantidas nas últimas horas. Na quarta-feira expirou o prazo decretado no final de março por Morales para completar o processo de nacionalização. A medida afetou justamente as petrolíferas Chaco, Transredes e Companhia Logística de Hidrocarbonetos.

"Missão cumprida"

O ministro de Hidrocarbonetos boliviano, Carlos Villegas, disse que nos próximos dias será assinado um acordo de acionistas que fixará o modelo de "operação mista" para Andina, onde as cotas acionárias determinarão a participação da YPFB e da Repsol na Junta de Acionistas, no diretório, e na administração e gestão da empresa.

"Missão cumprida na negociação com a Repsol", disse Villegas ao líder, após expressar o compromisso do Governo para que a Repsol-Andina mantenha seus níveis de eficiência e rentabilidade e garantir uma política energética que assegure as demandas internas e externas do mercado.

Operação-modelo

Por sua parte, o diretor de Prospecção e Produção da Repsol YPF na Argentina, Tomás García Blanco, destacou que este acordo dá início a "uma nova etapa" na qual vão "conseguir uma operação-modelo conjunta" que "pode ser exemplo de sinergia e de trabalho em equipe entre uma companhia estadual e uma companhia privada".

A companhia petrolífera hispano-argentina Repsol YPF obteve em 2007 um resultado operacional de suas atividades na Bolívia de 92 milhões de euros (US$ 146 milhões), segundo dados da firma. O número equivale a 1,6% de seu lucro operacional consolidado, que chegou a 5,808 bilhões de euros (US$ 9,177 bilhões).

Nenhum comentário: