quarta-feira, 2 de março de 2011

Camponesas realizam jornada contra o abuso de agrotóxicos


Em todo o Brasil, as mulheres da Via Campesina deflagraram a Jornada de Lutas das Mulheres para denunciar a utilização excessiva de agrotóxicos nas lavouras brasileiras, responsabilidade do modelo de produção do agronegócio.

Até o momento, foram mobilizados seis estados — Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Sergipe, Minas Gerais, São Paulo — para denunciar os efeitos nocivos à saúde e ao meio ambiente. De acordo com dados do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Defesa Agrícola, a utilização anual de venenos alcança mais de um bilhão de litros. O Brasil ocupa o primeiro lugar na lista de países consumidores de agrotóxicos desde 2009.

Segundo Ana Hanauer, integrante da coordenação nacional do MST, as ações iniciais já movimentam cerca de 5 mil mulheres de todo o Brasil. “Nossa luta é para defender a Reforma Agrária, a agroecologia, a produção de alimentos saudáveis. Estamos mobilizadas para dar visibilidade aos problemas causados pelo agronegócio. Um dos principais é o uso indiscriminado dos agrotóxicos. O mercado de venenos é um problema para a nossa soberania, para nossa saúde e para o meio ambiente”, disse.

O lema da jornada é “Mulheres contra a violência do agronegócio e dos agrotóxicos: por reforma agrária e soberania alimentar”.

Bahia

Na segunda-feira (28), 1500 mulheres ocuparam a Fazenda Cedro pertencente à multinacional Veracel, no município de Eunápolis, na Bahia. As trabalhadoras denunciam a ação do agronegócio no extremo sul da Bahia, com a produção da monocultura de eucaliptos praticada pela Veracel na região de maneira irregular, pois ocupa terras devolutas. Encontros para discutir a agricultura camponesa e sementes crioulas também estão previstos para os dias 05 a 10 de março, envolvendo os municípios de Pindaí, Caetité, Riacho do Santana, Rio do Antônio, Caculé, Brumado.

Pernambuco

Em Pernambuco, 800 trabalhadoras rurais ligadas ao MST, ao Movimento de Pequenos Agricultores (MPA), ao Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB) e à Comissão Pastoral da Terra (CPT) marcharam na manhã desta terça-feira (1º) de Petrolina a Juazeiro, trancando a ponte que liga os dois municípios e denunciando a inoperância do Incra da região. Outras cerca de 500 mulheres ocuparam o Incra da cidade de Recife como forma de chamar a atenção para a Reforma Agrária.

Rio Grande do Sul

No Rio Grande do Sul, cerca de mil mulheres da Via Campesina, Movimento dos Trabalhadores Desempregados (MTD), Levante da Juventude e Intersindical protestaram, também nesta terça-feira (1º), em frente ao Palácio da Justiça, na Praça da Matriz, em Porto Alegre. Elas saíram em marcha do Mercado Público de Porto Alegre até a praça. Integrantes vestidas de preto permaneceram paradas em frente ao prédio, em silêncio, para lembrar que as mulheres têm sido silenciadas por várias formas de violência.

Outras mil manifestantes ocupam o pátio da empresa Braskem, do grupo Odebrecht, no Polo Petroquímico de Triunfo, região metropolitana de Porto Alegre. A manifestação tem o objetivo de denunciar que o plástico verde, produzido à base de cana-de-açúcar, é tão nocivo e poluidor quanto o plástico fabricado à base de petróleo.

Já em Passo Fundo (RS), 500 mulheres realizaram uma manifestação pública no centro, com atividades de formação no Seminário Nossa Senhora Aparecida.

Sergipe

No Sergipe, cerca de mil trabalhadoras rurais do estado estão acampadas na Praça da Bandeira de Aracaju. De 1 a 3 de março, elas participarão de atividades que denunciam os agrotóxicos, o agronegócio, a criminalização dos movimentos sociais e a violência da mulher.

Minas Gerais

Em Minas Gerais, o Fórum Regional por Reforma Agrária do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba ocupou a sede da Fazenda Inhumas, em Uberaba, no sábado (26). A ação envolveu cerca de 200 famílias. O evento marca as atividades do 8 de março — Dia Internacional das Mulheres — e discutirá com cerca de 500 mulheres a violência causada pelo agronegócio, as consequências do uso de agrotóxicos e as alternativas para transformação do modelo discriminatório estabelecido no campo e na cidade.

São Paulo

Em São Paulo, desde o início desta sexta-feira (25), várias mulheres do MST, realizam ato de denúncia e reivindicação na frente da Prefeitura de Limeira, próximo da Campinas. No último dia 24, cerca de 70 mulheres do MST e da Via Campesina realizaram a ocupação da prefeitura do município de Apiaí, localizado na região sudoeste do estado para reivindicar o acesso aos direitos básicos como: saúde, educação, moradia, transporte e saneamento básico, que vêm sendo negados pelo município às famílias acampadas.

Fonte: Portal do MST

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